Avicultura
Dieta da primeira semana de vida define resultado final do frango
Qualidade na produção industrial de pintos de 1 dia é de suma importância para a melhor produtividade do lote
Artigo escrito por Paulo Alfredo Nicolau, Médico Veterinário e gerente de Produtos Aves da Wisium
Evoluindo a uma média de 2,6% ao ano, dentro de dez anos a produção brasileira de carnes deve aproximar-se dos 35 milhões de toneladas. Então, a carne de frango – que já responde por mais da metade da produção atual – deverá corresponder por 56% do volume previsto. A projeção, atualizada anualmente, é da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura.
Muitos são os fatores que contribuem para a produção do frango de corte: os avanços em incubação, instalações e equipamentos, manejo, sanidade e nutrição propiciaram a redução dos custos e a maior produtividade.
A qualidade na produção industrial de pintos de 1 dia é de suma importância para a melhor produtividade do lote. Aves com aspecto de vivacidade, uniformes, umbigos cicatrizados, hidratadas, livres de defeitos físicos, contaminações bacterianas e fúngicas, são sinônimo de animais de qualidade.
Os desafios para um bom desenvolvimento começam na fase de incubação e continuam na fase pós-eclosão, quando a eficiência digestiva se desenvolve rapidamente durante os primeiros dias de vida. O intestino é órgão de maior desenvolvimento representando 13% do peso vivo do pintinho aos 4 dias de vida.
Instalações e Equipamentos
O investimento em instalações e equipamentos são fundamentais para a evolução dos resultados em frangos de corte. Eles devem atender as exigências mínimas de conforto e controle ambiental para as aves – a ventilação deficiente vai aumentar a temperatura, umidade, gases, pó e da contaminação do ar com o aumento dos agentes patogênicos, comprometendo a saúde das aves. Ainda devem passar por processos de higiene e desinfecção (biosseguridade). Instalações inadequadas reduzem a eficiência dos equipamentos, aumentam os custos e comprometem o desempenho das aves. Há necessidade de equipamentos adequados para atender as dimensões dos galpões quanto à densidade (aves/m²), garantido livre acesso ao alimento e água de boa qualidade que garantem o bom desempenho das aves. A infraestrutura deve garantir a eficiência dos principais parâmetros ligados à ambiência por fase de criação (ventilação mínima, aquecimento para os pintos na fase inicial e resfriamento para os frangos nas fases de crescimento e abate).
Ambiência é um caminho “sem volta “ para obtenção de resultados; aves fora da zona de conforto gastam mais energia e apresentam queda de desempenho.
Manejo
“Manejo significa proporcionar conforto, bem estar e desempenho zootécnico satisfatório para qualquer espécie animal”. Para que se tenha lucro faz-se necessário investir em estrutura e mão-de-obra treinada para desenvolver as práticas de manejo e garantir o bom desenvolvimento do lote. Proporcionar o consumo adequado das aves nas fases de criação para não comprometer a mucosa intestinal; é preciso garantir o livre acesso ao alimento nas primeiras horas de alojamento. Alguns autores descrevem que o jejum de 24 horas de água e/ou ração afeta de forma negativa o desenvolvimento da mucosa intestinal de pintos recém eclodidos.
A primeira semana de vida de um frango representa em média de 15 a 20% do ciclo de produção, mas é extremamente importante para o resultado final. Existe uma correlação positiva do peso de primeira semana com o peso aos 42 dias.
Sanidade
A sanidade animal sempre foi importante e estratégica para a busca de resultados garantindo a saúde dos plantéis. Os resultados nos programas de sanidade animal devem garantir que “novas doenças” não acometam a produção causando prejuízos zootécnicos e econômicos para o país.
A limpeza interna e externa do aviário, qualidade de água, vacinação, controle de umidade de cama, parasitas, fermentação de cama, controle de vetores, como o Cascudinho, são fundamentais para a manutenção do status sanitário dos plantéis dentro do sistema de integração.
Outros pontos a serem observados são relacionados com a “pressão de criação”, com vazio sanitário reduzido aumentando a carga de contaminação. Isso compromete o ganho de peso e a conversão alimentar. A compostagem é outra pratica fundamental dentro do processo de sanidade e consiste na decomposição através do processo de fermentação dos resíduos; simplifica muito a destinação dos resíduos que eram eliminados em fossas, queimados ou enterrados com produção de mau cheiro e de moscas.
Conciliar a produtividade à preservação do meio ambiente e fomentar a conscientização dos produtores em resposta ao aumento da vigilância ambiental.
Dieta
Recomenda-se uma dieta diferenciada para as aves durante a primeira semana de vida, com ingredientes de alta qualidade e digestibilidade. A qualidade do produto deve refletir melhores resultados e lucratividade com a redução dos custos, ganho de peso, conversão alimentar e produção de carne, que é importante para a indústria avícola, conferindo melhor rendimento dos cortes (valor agregado ao produto final).
O sistema imune é influenciado pela condição nutricional da ave. O consumo de alimentos produz um efeito positivo sobre o sistema, com respostas adequadas a agentes estranhos ao organismo e que podem resultar em doenças.
O avanço das tecnologias em processamento de rações peletizadas busca garantir o máximo desenvolvimento das aves. Para tanto, é necessário que as empresas invistam em equipamentos, monitorias constantes de qualidade, produtos que melhorem a qualidade dos pellets e ingredientes de alta qualidade.
Benefícios de uma ração pré-inicial de melhor qualidade e peletizada
– Aumenta o peso ao abate;
– Melhor conversão alimentar;
– Melhor uniformidade dos lotes;
– Melhor suporte imunitário;
– Melhor ganho de peso diário;
– Reduz a mortalidade;
– Melhorar a rentabilidade.
Peletização
A peletização é um processo industrial extremamente importante que deve garantir a granulometria ideal para as aves com a presença de um percentual adequado de pellets íntegros (ausência de “finos”). O melhor ganho de peso e a conversão alimentar são os benefícios evidentes com a redução da apreensão seletiva do alimento, menor esforço físico das aves para o consumo, menor gasto energético, resultando em maior disponibilidade de energia destinada para a produção.
Conclusão
Acompanhar as mudanças tecnológicas na área de nutrição e produção de frangos será o grande diferencial em produtividade com a redução de custos fixos. Os benefícios podem ser observados no ganho de peso, rendimento de carcaça, conversão alimentar e até mesmo na produção de ovos. Sempre fornecer um alimento completo e de alta qualidade.
Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
