Avicultura
Dias quentes e noites frias produzem maiores problemas de manejo
Tarefas mais importantes nas granjas são manter as aves em homeotermia, efetivar aquecimento adequado, temperaturas desejadas, controle de umidade, vedando e isolando granjas, entre outros
Artigo escrito por José Luís Januário, médico veterinário e especialista em ambiência da Cobb-Vantress para a América do Sul
A maioria dos produtores em granjas tenta se preparar para enfrentar as mais duras mudanças de tempo durante os dias e noites. Mas quão eficiente é essa preparação? Temos tecnologias, equipamentos, sistemas de aquecimento e estrutura de construções de aviários para nos ajudar nisso?
A segunda quinzena do mês de julho de 2017 registrou uma das noites mais frias que o Brasil já teve durante o inverno. Embora tenha sido apenas uma noite, diferente do que ocorreu no ano passado, tivemos nossas maiores fragilidades expostas: a dificuldade em aquecer granjas e vedar de maneira satisfatória os aviários, com o uso de estruturas e manejos efetivos para tornar o bem-estar das aves mais agradável, em busca de melhores resultados zootécnicos.
No mês de agosto, registramos dias quentes e noites frias, quando os maiores problemas de manejo acontecem. As aves necessitam de ventilação mais efetiva, com mais velocidade de ar durante o dia, por ventiladores convencionais ou por exaustores climatizados nos aviários, com pressão estática negativa. No período entre o fim de tarde e o amanhecer, o delta de temperatura ou a amplitude térmica aumentam muito entre dia e noite, e a ventilação mínima é requerida para não gerarmos sensações de vento frio sobre as aves.
Isolamento e vedação de aviários
Já sabemos que granja forrada, além de ajudar na insolação que vem do telhado, diminui o espaço físico, ou seja, a área a ser aquecida. Também já não deve ser protocolo de teste nenhum fazer um bom cortinado duplo para isolar as intempéries climáticas.
As cortinas de vedação dos aviários estão entre as tecnologias e equipamentos que devem ser instaladas de maneira correta nas granjas. Que sejam, no mínimo, um cortinado duplo, instaladas uma do lado interno e outra do lado externo das colunas dos aviários. Elas também devem ser cortinas plásticas de rafia e com laminação dos dois lados. Essas duas cortinas devem ter sua vedação em forma de envelope nas laterais e parte de cima, e devem ser bem fixadas na mureta interna e externa dos aviários.
Outro ponto importante é que as cortinas duplas devem abrir de cima para baixo, para que o ar mais frio entre no aviário sempre pela parte superior. Este ar, que entra mais denso e pesado, deve se misturar com o ar quente e menos denso que se acumula na parte superior interna dos pinteiros e, assim, fazer o propósito de se aquecer antes de baixar ao nível das aves, sem velocidade de vento sobre elas e com temperatura mais alta.
Os galpões convencionais de pressão positiva, que são a ampla maioria no Brasil, têm seus melhores resultados nos períodos frios, pelo fato de fecharmos as cortinas, colocarmos cortinas duplas e ventilarmos minimamente para não perder calor do pinteiro. Estes aviários muitas vezes ganham em performance no inverno dos galpões modernos climatizados, mas eles poderiam ter resultados melhores com manejo simples de cortina, de forma mais frequente durante a noite.
Contudo, o manejo é manual e sabemos que a renovação do ar é mais eficiente pela abertura sistemática das cortinas interna e externa. Uma solução para isso seria um mecanismo eletromecânico que controla a abertura e o fechamento das cortinas. Já existente no mercado esse equipamento, que realiza de forma eficiente e automática a abertura e fechamento durante todo o dia, de acordo com a necessidade de renovação do ar dos pinteiros.
Uso de inlets, janelas de entrada de ar
Quanto aos galpões climatizados de pressão estática negativa, sabemos da importância de utilizarmos os “inlets”, as chamadas janelas de entrada de ar. Os depoimentos das pessoas que estão dominando o uso correto deste equipamento são cada vez mais positivos, com garantia de melhoras significativas na performance das aves. Eles são usados para segmentar a entrada de ar ao longo da lateral dos aviários, direcionar este ar para entrar sempre pela parte superior dos pinteiros e aquecer gradativamente o ar que entra frio e mais úmido. Com o aquecimento do ar, a umidade vai inversamente diminuindo sua concentração.
Estão equivocados os que pensam que este equipamento não tem utilidade nas granjas de países tropicais como o nosso. Nos chegam cada vez mais números e relatos de que os manejos de ventilação mínima e transição nestes tipos de aviários, com os inlets, estão mais eficientes e mostrando melhores números a cada dia.
Os inlets conseguem subir até 20° Celsius da temperatura do ar que entra e abaixar em até 75% a umidade do ar de fora para dentro da granja. Em números práticos e importantes, conseguimos manter as temperaturas mais aquecidas dentro das granjas, com baixíssima sensação de vento sobre as aves, e de maneira mais importante ainda para o controle de ventilação mínima e de umidade, baixamos a umidade relativa do ar interna da granja em até cerca de 25%. Lembremos aqui que a umidade é a grandeza de maior impacto no manejo de ventilação e ambiência da avicultura.
Sistemas de aquecimento nas granjas
Não menos importante, deixamos para falar ao final desta matéria, os sistemas de aquecimento vão ser decisivos para manter as aves nas zonas de temperaturas desejadas em cada idade, mas principalmente nas fases inicias, antes do empenamento completo que ocorre por volta dos 28 dias de vida. A manutenção da homeotermia é condição essencial e imprescindível para manter as aves em um equilíbrio metabólico de trocas de calor com o ambiente.
A maioria das granjas de frangos de corte está utilizando de maneira mais sustentável a madeira, em forma de lenha, cavaco e pellets (este último tem se mostrado uma forma pouco mais custosa, mas, sem duvida uma fonte mais limpa, segura, de excelente poder calorífico, de melhor autonomia de tempo de queima, entre outras vantagens sobre a lenha em toras e o cavaco de madeira).
Muitas granjas de matrizes e algumas de frango de corte já mudaram para aquecimento de campanulas a gás, relatando também excelente aquecimento de cama pela radiação direcionada mais fácil do sistema ao piso, maior uniformidade de temperatura ao longo do aviário nas aberturas de espaços do pinteiros.
Mas sempre devemos fazer os cálculos ideais e corretos, com sobra de aquecimento, pensando sempre atender com eficiência nos meses mais frios. Um número sugestivo, deveríamos ter ao menos 170 BTUs/metros cúbico do aviário ou 0,05K Watts/hora de poder calorífico para um sistema funcionar mais eficiente possível nas granjas.
Conclusões
As tarefas mais importantes nas granjas são manter as aves em homeotermia, efetivar aquecimento adequado, temperaturas desejadas, controle de umidade, vedando e isolando granjas, controlando a ventilação mínima e tentando ao máximo manter os parâmetros de conforto das aves. Isto são condições simples e mínimas para termos melhores resultados em nossas criações.
Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2017.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
