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Suínos / Peixes Manejo

Diarreias na maternidade: como diagnosticar o agente que está causando o problema?

A fim de reduzir as perdas e economizar recursos com medicamentos, o diagnóstico assertivo da doença é crucial

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito por Sarah Rodrigues Chagas, médica veterinária, doutoranda em Ciência Animal pela Universidade Federal de Goiás; Lívia Mendonça Pascoal, médica veterinária, professora de Sanidade de Suínos da Universidade Federal de Goiás; e Mariana Dall’Agnol, médica veterinária, especialista em Sanidade Animal pela Universidade Federal de Goiás

As diarreias na maternidade são causas recorrentes de preocupação para produtores rurais e veterinários. Em geral, quando ocorrem acometem grande parte dos leitões, causando aumento de mortalidade, perda de peso, desuniformidade e aumento dos gastos com medicamentos. A fim de reduzir as perdas e economizar recursos com medicamentos, o diagnóstico assertivo da doença é crucial. Para isso, existem algumas particularidades que devem ser levadas em consideração na coleta e envio da amostra dependendo da suspeita diagnóstica.

Suspeita de colibacilose neonatal

Causada pela Escherichia coli, essa doença é talvez a mais comum na maternidade de granjas de suínos. A suspeita recai sobre a colibacilose neonatal quando a diarreia tem início nas primeiras horas de vida do leitão, podendo também surgir até o terceiro dia de vida. Em geral, toda a leitegada é acometida, apresentando diarreia aquosa amarelada, rápida desidratação e “aspecto sujo”. A mortalidade é alta.

Para diagnóstico laboratorial, deve-se enviar pool de fezes de leitões acometidos, colhidas diretamente da ampola retal, utilizando suabe ou coletor universal esterilizado evitando o contato do frasco coletor com a pele do leitão. Em caso de necropsia, pode-se enviar também alças intestinais. O material deve estar refrigerado e chegar ao laboratório em até 48 horas.

Suspeita de clostridioses

Existem três espécies de Clostridium mais conhecidas por causarem diarreias em maternidade: C. perfringens tipo A, C. perfringens tipo C e C. difficile. O tipo C é raro no Brasil e se diferencia das demais por causar diarreia sanguinolenta. Os outros dois causam diarreias amareladas, que variam de aquosa à pastosa, e acometem leitões na primeira semana de vida, mas em geral C. difficile leva à uma maior mortalidade.

Por se tratarem de bactérias anaeróbias, nem todos os laboratórios de bacteriologia conseguem realizar seu isolamento. É recomendado verificar e garantir que o laboratório para o qual a amostra será enviada faz esse tipo de cultivo. O ideal é realizar necropsia de alguns animais acometidos e coletar alças intestinais com conteúdo fecal, amarrando as extremidades com barbante, antes de realizar o corte, para garantir que não haja entrada de oxigênio. Outra opção é realizar um suabe retal e acondicionar em meio de cultura específico, como o tilglicolato. Diferente da amostra com suspeita de colibacilose, o tempo entre envio e processamento deve ser o menor possível, não ultrapassando quatro horas.

O curto tempo pode ser impeditivo para a realidade do campo, de forma que a solicitação de um exame de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) pode ser mais adequado. Nesse caso a amostra pode chegar ao laboratório em até 48 horas, devendo ser encaminhada refrigerada.

Suspeita de rotavirose

Rotavírus é o principal agente viral que causa transtorno gastrointestinal em leitões de maternidade. Acomete os animais nos primeiros dias de idade, causando vômitos e diarreia branco-amarelada que não responde à antibioticoterapia. A severidade varia de acordo com manejos e grau de imunidade das matrizes, e a letalidade fica entre 3 e 30%, podendo chegar a 50%.

Para diagnóstico laboratorial, deve-se colher amostras de fezes em coletor universal esterilizado nas primeiras 24h após o início da diarreia e enviar a um laboratório que realize PCR. A amostra deve ser enviada refrigerada e é recomendada a busca de outros agentes pois infecções bacterianas concomitantes são comuns.

Suspeita de Cistoisosporose

Essa doença é causada pelo protozoário Cystoisospora suis, anteriormente denominado Isospora suis. Por esse motivo, muitos ainda fazem referência à doença como isosporose. Os sinais clínicos de diarreia ocorrem entre cinco e 25 dias de vida, não ocorrendo antes do quinto devido ao ciclo de vida do agente. A diarreia é amarelada, cremosa ou pastosa, possui odor rançoso ou azedo e não responde a antibióticos. Em geral, a maior incidência se dá em períodos quentes e úmidos que favorecem a esporulação do oocisto no ambiente.

O ideal é coletar pool de fezes de vários animais diretamente da ampola retal. A coleta de fezes diretamente do piso também é possível, pois não compromete o resultado do exame parasitológico (técnica de contagem de ovos por grama de fezes – OPG). Porém, deve-se ter o cuidado de não coletar detritos do piso, pois esses sim podem afetar o correto diagnóstico. Vale lembrar também que a amostra coletada do piso não pode ser destinada a outros exames. A amostra deve ser enviada em refrigeração e chegar ao laboratório em no máximo 48 horas após a coleta.

Pontos importantes

Vale ressaltar que esses agentes patogênicos podem acometer os animais concomitantemente e, por isso, pode ser necessário mais de um teste diagnóstico.

Encaminhar junto às amostras uma ficha de identificação dos animais e da propriedade também é importante. Em geral, os laboratórios possuem uma ficha própria e, por isso, é recomendável acessar o site do seu laboratório de preferência ou entrar em contato via telefone e e-mail, solicitando esse documento. As informações pedidas incluem nome do solicitante, contato (endereço, telefone, e-mail), espécie animal, faixa etária, curso da doença e achados de necropsia.

É recomendado também contatar o laboratório antes do envio das amostras para esclarecer qualquer possível dúvida, garantindo a qualidade da amostra e seu processamento.

Existem ainda outros exames laboratoriais que podem ser solicitados para auxiliar no diagnóstico das doenças. Entre eles está o exame histopatológico, que é complementar aos exames de identificação do agente; todavia, esse não foi o foco do presente artigo.

Considerações finais

O diagnóstico laboratorial é uma importante ferramenta para o profissional de campo. Esse deve ser sempre associado à experiência do clínico para a tomada de decisão sobre a saúde da granja.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo e da carne recuam; poder de compra cai frente ao farelo

Esse cenário força frigoríficos paulistas a reajustarem negativamente o preço negociado, em busca de maior liquidez e de evitar o aumento dos estoques.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo e da carne caíram nos últimos dias, conforme apontam levantamentos do Cepea.

Para o animal, pesquisadores deste Centro explicam que a pressão vem da demanda interna enfraquecida e da oferta elevada.

No atacado, o movimento de baixa foi observado para a maioria dos produtos acompanhados pelo Cepea e decorre da oferta oriunda da região Sul do Brasil (maior polo produtor) a valores competitivos.

Esse cenário, segundo pesquisadores do Cepea, força frigoríficos paulistas a reajustarem negativamente o preço negociado, em busca de maior liquidez e de evitar o aumento dos estoques.

Diante da retração dos valores pagos pelo vivo no mercado independente em abril, o poder de compra do suinocultor paulista caiu frente ao farelo de soja; já em relação ao milho, cresceu, uma vez que o cereal registra desvalorização mais intensa que a verificada para o animal.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Brasil conquista dois novos mercados para pescados na Índia

Agronegócio brasileiro alcançou a 30ª abertura comercial internacional apenas neste ano. Nos últimos 16 meses, foram abertos 108 novos mercados em 50 países.

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Foto: Shutterstock

A missão do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, à Índia em novembro do ano passado segue gerando resultados positivos para o Brasil. Após encontros com Shri Parshottam Rupala, ministro da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia e Kamala V Rao, CEO da Autoridade de Segurança dos Alimentos da Índia, o Brasil obteve, na última sexta-feira (19), a confirmação da abertura de dois novos mercados: pescado de cultivo (aquacultura) e pescado de captura (pesca extrativa).

O anúncio se soma a expansões recentes da pauta agrícola do Brasil para o país asiático. Nos últimos 12 meses, o governo indiano autorizou a importação de açaí em pó e de suco de açaí brasileiros.

Em 2023, a Índia foi o 12º principal destino das exportações agrícolas brasileiras, com vendas de US$ 2,9 bilhões. Açúcar e óleo de soja estiveram entre os produtos mais comercializados.

Segundo o Agrostat (Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro), nos três primeiros meses deste ano, o Brasil exportou mais de 12 mil toneladas de pescado para cerca de 90 países, gerando receitas de US$ 193 milhões. Esse valor mostra um aumento de mais de 160% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando as vendas foram de US$ 74 milhões.

“Seguimos comprometidos em ampliar a presença dos produtos agrícolas brasileiros nas prateleiras do mundo. Essa estratégia não apenas abre mais oportunidades internacionais para nossos produtos e demonstra a confiança no nosso sistema de controle sanitário, mas também fortalece a economia interna. Com as recentes aberturas comerciais estamos gerando mais empregos e elevando a renda dos produtores brasileiros”, ressaltou o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Roberto Perosa.

Com estes novos mercados, o agronegócio brasileiro alcançou a 30ª abertura comercial internacional apenas neste ano. Nos últimos 16 meses, foram abertos 108 novos mercados em 50 países.

Fonte: Assessoria Mapa
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Suínos / Peixes

Peste Suína Clássica no Piauí acende alerta

ACCS pede atenção máxima na segurança sanitária dentro e fora das granjas

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Presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi - Foto e texto: Assessoria

A situação da peste suína clássica (PSC) no Piauí é motivo de preocupação para a indústria de suinocultura. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) registrou focos da doença em uma criação de porcos no estado, e as investigações estão em andamento para identificar ligações epidemiológicas. O Piauí não faz parte da zona livre de PSC do Brasil, o que significa que há restrições de circulação de animais e produtos entre essa zona e a zona livre da doença.

Conforme informações preliminares, 60 animais foram considerados suscetíveis à doença, com 24 casos confirmados, 14 mortes e três suínos abatidos. É importante ressaltar que a região Sul do Brasil, onde está concentrada a produção comercial de suínos, é considerada livre da doença. Portanto, não há risco para o consumo e exportações da proteína suína, apesar da ocorrência no Piauí.

 

Posicionamento da ACCS

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, expressou preocupação com a situação. Ele destacou que o Piauí já registrou vários casos de PSC, resultando no sacrifício de mais de 4.300 suínos. Com uma população de suínos próxima a dois milhões de cabeças e mais de 90 mil propriedades, a preocupação é compreensível.

Uma portaria de 2018 estabelece cuidados rigorosos para quem transporta suínos para fora do estado, incluindo a necessidade de comprovar a aptidão sanitária do caminhão e minimizar os riscos de contaminação.

Losivanio também ressaltou que a preocupação não se limita aos caminhões que transportam suínos diretamente. Muitos caminhões, especialmente os relacionados ao agronegócio, transportam produtos diversos e podem não seguir os mesmos protocolos de biossegurança. Portanto, é essencial que os produtores mantenham um controle rigoroso dentro de suas propriedades rurais para evitar problemas em Santa Catarina.

A suinocultura enfrentou três anos de crise na atividade, e preservar a condição sanitária é fundamental para o setor. “A Associação Catarinense de Criadores de Suínos pede que todos os produtores tomem as medidas necessárias para evitar a entrada de pessoas não autorizadas em suas propriedades e aquel a que forem fazer assistência em visitas técnicas, usem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para minimizar os riscos de contaminação. Assim, a suinocultura poderá continuar prosperando no estado, com a esperança de uma situação mais favorável no futuro”, reitera Losivanio.

Fonte: ACCS
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