Suínos
Diarreia neonatal: ainda é preciso falar sobre isso
Cuidados essenciais devem ser tomados dentro da granja para que os leitões não fiquem doentes
Um problema que ocorre com frequência nas granjas brasileiras e que pede a atenção de suinocultores, veterinários e zootecnistas é a diarreia neonatal. Com os sintomas vistos, muitas vezes, tarde demais, a doença pode causar perdas e prejuízos ao produtor. Alguns cuidados como ambiente limpo, fornecimento do colostro e aquecimento adequado devem ser tomados para que a infecção não atinja a granja em grandes escalas.
A diarreia neonatal suína, dependendo da frequência e intensidade com que ocorre, ocasiona prejuízos econômicos de forma direta e indireta ao produtor. Os principais prejuízos econômicos diretos são o aumento na mortalidade de leitões, gastos adicionais com medicamentos e desinfetantes, intensificação da mão de obra e aumento no custo de produção. Já entre os prejuízos indiretos há o aumento da taxa de conversão alimentar, redução no ganho de peso, desuniformidade das leitegadas, diminuição do peso ao desmame, queda na imunidade e, consequentemente, predisposição para a ocorrência de infecções secundárias, particularmente as respiratórias, informa a médica-veterinária e especialistas em suínos Brenda Maria Prado Marques.
E para que o suinocultor não tenha dor de cabeça, é preciso tomar alguns cuidados dentro da granja. Segundo a profissional, alguns pontos são essenciais para que as diarreias neonatais não atinjam as granjas. Brenda afirma que é fundamental que o ambiente onde estão os leitões seja limpo e desinfetado, que eles façam a ingestão do colostro nas primeiras 24 horas após o nascimento e que o aquecimento seja suplementar nas primeiras semanas de vida. A veterinária ainda frisou que é essencial que as marrãs e matrizes estejam imunizadas com um programa de vacinação eficiente para as diarreias neonatais, além de ser importante selecionar fêmeas com um bom aparelho mamário. “Devemos ser criteriosos na seleção de futuras matrizes, pois as leitegadas são cada vez mais numerosas e precisamos de fêmeas saudáveis e com boa estrutura corporal”, comenta.
A especialista ainda acrescenta que os primeiros três dias após o nascimento é um período crítico para a sobrevivência do leitão, onde geralmente ocorre 80% das mortes na fase de maternidade, especialmente nas primeiras 24 horas de vida. “A equipe de maternidade deve estar atenta neste período para realizar o acompanhamento do parto adequadamente. Basicamente, no primeiro dia de vida, a equipe de maternidade deve se preocupar em garantir conforto térmico adequado a este leitão e auxílio nas primeiras mamadas, de forma a garantir que todos ingiram uma boa quantidade de colostro, especialmente os leitões menores do grupo, que vão exigir atenção redobrada da equipe. Após as 36 horas de vida, a absorção de colostro pelo leitão é mínima, portanto, o primeiro dia de vida é de extrema importância”, explica.
A profissional ainda comenta que são comuns leitegadas cada vez mais numerosas, havendo a presença de leitões menores do restante do grupo. Por isso, práticas de uniformização de leitegadas são necessárias, mas é preciso evitar o excesso de movimentação de leitões na maternidade, tendo cautela de realizar o manejo no máximo até 24 horas após o nascimento. “Intercorrências dentro da maternidade sempre ocorrem, novamente friso que a equipe de maternidade deve estar atenta para agir o mais rápido possível”, afirma.
O ambiente também foi um ponto citado pela especialista, que diz ser importante manter um bom local para que a doença não se desenvolva. Entre as citações estão a temperatura, ventilação e umidade da granja. “Na primeira semana de vida, as exigências térmicas do leitão são de 30-32ºC enquanto a da porca é em torno de 18-20ºC. Mesmo em granjas não climatizadas, é fundamental um bom manejo de cortinas visando controlar o calor e também o excesso de correntes de ar, que são prejudiciais aos leitões recém-nascidos”, diz. A profissional acrescenta que altas temperaturas na sala de maternidade influenciam diretamente a produção de leite pela porca, portanto um bom resultado na maternidade está diretamente ligado à ambiência do local.
Brenda ainda comenta que baias úmidas predispõem a ocorrência de diarreias. Para a limpeza diária das baias, não é recomendado o uso de água. Além disso, deve ser dada uma atenção especial ao ambiente do escamoteador, já que em muitas granjas é comum os leitões utilizarem este espaço para defecar/urinar, pois não encontram lá um ambiente aquecido e confortável, onde entendem que devam ir após as mamadas. “Logo, eles ficam deitados próximos a porca, ou amontoados para se aquecer, correndo o risco inclusive de serem esmagados pela porca”, diz.
Diagnóstico
A doença, apesar de conhecida, pode ser de difícil diagnóstico, tanto por parte de produtores quanto pelos profissionais. “Geralmente é difícil de se definir um diagnóstico somente através do quadro clínico. A confirmação requer uma associação entre anamnese, quadro clínico e exames laboratoriais”, conta a médica veterinária. Segundo ela, as técnicas evoluíram bastante nos últimos anos, porém a escolha da técnica ideal é importante para o correto diagnóstico. “De forma geral, deve-se associar a detecção do agente com o tipo de lesão presente no aparelho digestivo. Isto diminui as chances de se obter resultados falsos positivos, especialmente nos casos em que as doenças estiverem ocorrendo numa forma endêmica. Neste sentido, o exame histopatológico é de extrema importância para a definição do diagnóstico”, comenta Brenda. Para ela, a escolha de animais que sejam representativos para o quadro clínico da diarreia e uma boa amostragem são pontos fundamentais para obter maior sucesso no diagnóstico.
A profissional ainda informa que para ter um diagnóstico mais preciso é fundamental uma anamnese completa do problema, em que é preciso investigar fatores relacionados a granja, manejo, nutrição, mão de obra, entre outros fatores. “A visão deve ser ampla, pois o problema das diarreias neonatais é multifatorial e geralmente vários fatores estão envolvidos”, afirma. Conforme Brenda, a coleta de materiais para diagnóstico deve ser criteriosa, com boa amostragem, animais com sinais clínicos no início da doença e que não tenham recebido medicação. “Muitas vezes, pensa-se em uma causa bacteriana e no momento do envio do material, não se pede uma pesquisa para outros agentes, o que é um erro. Além disso, não devemos nos esquecer, que antes de coletar material para exame laboratorial, o exame clínico associado com uma boa anamnese pode auxiliar muito e já nos direciona para que tipo de exame solicitar”, explica.
Brenda ainda destaca que, apesar da evolução no diagnóstico, ainda existem dificuldades no isolamento do alguns agentes e na identificação de fatores de virulência para que haja certeza de que o agente é realmente o causador da diarreia. “Novamente ressalto a importância de uma investigação completa, nessa hora, o veterinário tem que ser detetive. Normalmente quando visito uma granja com problemas de diarreia, além de ouvir os relatos dos funcionários, eu busco acompanhar os manejos para entender onde pode estar começando o problema”, conta.
Causas e sintomas
Com um diagnóstico muitas vezes difícil, é preciso ficar atento aos sintomas do animal. Brenda explica que os primeiros sintomas apresentados pelo leitão e que podem ser facilmente vistos, facilitando o diagnóstico, são animais com a região perianal suja, pelos arrepiados, e no piso da baia pode ser vista a alteração na consistência das fezes. Outro sintoma fácil de ser percebido, segundo ela, é a perda de peso do animal conforme a evolução da doença.
A médica-veterinária informa que os principais agentes causadores de diarreia neonatal suína podem ser divididos em: virais (rotavírus), bacterianos (Escherichia coli, Clostridium difficile e Clostridium perfringens tipos A e C) e parasitários (Isospora suis). “De forma geral, hoje a Escherichia coli é a principal causa de diarreia neonatal”, comenta. Ela ainda acrescenta que na maioria dos suínos as diarreias têm origem infecciosa. “Esses agentes costumam estar presentes na maioria das nossas granjas e o que vai determinar a ocorrência ou não de um quadro clínico associado a algum deles é a existência de um desequilíbrio de um delicado complexo multifatorial que envolve fatores como grau de patogenicidade do agente, resistência a antimicrobianos, higiene, ambiente, nutrição, manejo, imunidade, programas de vacinação e medicações preventivas e estresse”, explica.
Mais informações você encontra na edição impressa de Suínos e Peixes de maio/junho de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
