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Diagnóstico tardio dificulta tratamento de claudicação em animais em crescimento

Podem ser consequência de processos infecciosos ou metabólicos, assim como ter origem genética, nutricional, no manejo ou ambiente

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Artigo escrito por Ton Kramer, médico veterinário, especialista em Produção Animal, mestre em Ciência Animal, com ênfase na saúde do aparelho locomotor dos suínos e gerente Comercial de Suínos da Zinpro Animal Nutrition

A claudicação e a saúde do aparelho locomotor dos suínos em crescimento têm grande impacto no desempenho produtivo e econômico da produção, além de íntima relação com o bem estar animal. A origem da claudicação e dos problemas locomotores é multifatorial e pode estar relacionada com alterações em outros órgãos ou sistemas. Podem ser consequência de processos infecciosos ou metabólicos, assim como ter origem genética, nutricional, no manejo ou ambiente.

Acredita-se que as perdas relacionadas com a claudicação, incluindo morte e descarte de animais, representam pelo menos entre 1 a 5% da produção. O presente trabalho tem como objetivo entender as causas que levam os animais em crescimento à claudicação, bem como suas consequências no desempenho dos animais.

A claudicação é a manifestação do desconforto ou dor em um membro quando o animal caminha ou mantém-se em pé. É a principal causa de perdas por descarte prematuro de porcas e pela redução do ganho de peso diário em animais em crescimento. Claudicação em animais nas fases de creche, crescimento e terminação é a terceira principal razão de uso de antibióticos nestas fases, além de aumentar a probabilidade de descarte ou eutanásia.

Levantamentos de prevalência de claudicação em animais em crescimento mostram que 10 a 40% dos animais apresentaram claudicação. As principais causas de claudicação nos animais em crescimento são lesões nos cascos, osteocondrose, artrites infecciosas e fraturas. Outras causas, distribuídas ao longo das idades aproximadas de manifestação.

Fatores de risco relacionados com a ocorrência de claudicação nos animais em crescimento incluem o peso elevado dos animais, velocidade no ganho de peso, qualidade do piso e do ripado, presença de umidade, dejetos e lâmina d’água, superlotação e alojamento dos animais em grandes grupos. Os principais agentes patogênicos associados com claudicação incluem Mycoplasma hyosynoviae, M. hyorhinis, Erysipelothrix rhusiopathiae, Haemophilus parasuis, Streptococcus suis, Trueperella (Arcanobacterium) pyogenes, entre outras bactérias associadas com septicemia.

 Os processos infecciosos que levam à claudicação normalmente são secundários e estão relacionados a outros tipos de lesão ou processos patológicos primários. É comum que lesões na pele, especialmente em leitões lactentes e na fase de creche, resultem no desenvolvimento de artrites . Em leitões lactentes, a exposição da polpa dentária pelo corte ou desgaste profundo do dente é importante porta de entrada para bactérias que podem se instalar nas articulações.

 A redução dos fatores de risco relacionados com o desenvolvimento de lesões de casco e nos membros certamente diminuirá a ocorrência de artrites e claudicação de origem infecciosa.

Agentes virais também estão relacionados com a ocorrência de claudicação em suínos. Doenças vesiculares, como a febre aftosa, estomatite vesicular, doença vesicular dos suínos e exantema vesicular suíno, apesar de erradicadas ou controladas, são exemplos.

O Senecavirus A, identificado nos últimos meses no Brasil e Estados Unidos, está relacionado com claudicação, lesões nos cascos, desenvolvimento de vesículas e mortalidade de animais. Com relação aos cascos, as superfícies laterais das bandas coronárias das unhas laterais dos membros anteriores apresentaram úlceras crônicas e profundas, com crostas e descamação da parede distal do casco.

 Avaliação microscópica da banda coronária apresentou infarto epitelial, com acantose e hiperqueratose. As lesões foram observadas em leitões lactentes, porcas em lactação e animais na fase de crescimento.

Lesões nos Cascos e Pernas

Os cascos fazem a interface entre o animal e o ambiente. Sua integridade é dependente das influências internas, do metabolismo e, ao mesmo tempo, dos impactos mecânicos, químicos e biológicos externos, oriundos do ambiente onde os animais se encontram. A capacidade do casco em resistir a estas influências é determinada por aspectos genéticos. A interação entre as estruturas que compõem o casco e o ambiente resulta em uma cascata de eventos fisiopatológicos que resultam, por sua vez, em mudanças adaptativas, alterações ou lesões nos tecidos.

As lesões de casco normalmente não se desenvolvem nas unhas de forma semelhante e são resultados de um somatório de fatores relacionados com genética, manejo, nutrição, instalações e comportamento dos animais. Com o avançar da idade, aumentam estas interações e, consequentemente, aumenta a probabilidade do desenvolvimento de lesões. De maneira geral, as lesões de casco têm origem em três causas principais: inflamação, traumatismos e fatores mecânicos relacionados à qualidade do tecido córneo do casco.

Levantamento realizado no Brasil, no qual foram avaliados 845 animais na linha de abate, de diferentes origens e linhas genéticas, demonstrou que 88% dos animais apresentaram alguma lesão nos cascos. Este trabalho evidenciou, ainda, que 32% dos animais abatidos apresentaram lesões severas, com destaque para a lesão na linha branca.

Osteocondrose

A osteocondrose é uma doença degenerativa e não infecciosa da cartilagem articular epifiseal e da placa de crescimento, com alterações no osso subcondral, decorrente de falha no processo de ossificação endocondral. É reconhecida como a principal causa de claudicação de origem articular ou estrutural em suínos de rápido crescimento, assim como a principal causa de artrite em suínos abatidos.

Suas lesões caracterizam-se pelo espessamento da cartilagem articular, alterações na superfície da cartilagem, fissuras entre a cartilagem e o osso subcondral, formação de abas na cartilagem e necrose do osso subcondral. Elas ocorrem principalmente no complexo articular-epifisário do úmero (côndilo e cabeça) e do fêmur distal (especialmente o côndilo femoral medial), além de outras estruturas anatômicas.

 Fatores genéticos, velocidade de crescimento, percentual de carne magra e estresse mecânico estão entre os fatores de risco associados ao desenvolvimento da osteocondrose. O risco de lesões de osteocondrose, especialmente no côndilo umeral, aumenta com a maior taxa de ganho de peso, tanto na fase de creche, como na fase de crescimento, e maior percentual de carne magra. Evidencia-se uma “janela de suscetibilidade” nestas fases, especialmente entre os 56 e 84 dias de idade. Para cada 100 g de ganho de peso diário adicional observou-se um aumento de 20% no risco de desenvolvimento de lesões de osteocondrose.

Consequências da Claudicação

A claudicação está intimamente ligada com dor e sofrimento do animal. Como consequência, há redução de mobilidade por parte do animal, resultando na falta de capacidade para disputas, prejuízo no consumo de água e alimento e na interação social. Decorrente disso, independente da fase de produção, a claudicação leva a aumento no custo de produção, seja por perdas no desempenho zootécnico, pelo aumento no uso de medicamentos ou pela maior demanda de mão de obra.

Assim, o custo atribuído à claudicação em animais em crescimento representa a soma do aumento de trabalho para identificar e tratar os animais, o custo dos medicamentos utilizados no tratamento e a perda no desempenho dos animais. No entanto, desmotivação da equipe em decorrência do problema e questões de bem estar são difíceis de quantificar, mas devem ser considerados nos custos.

A média de tratamentos diários para claudicação durante o período de terminação é de aproximadamente 5,4/1.000 suínos, equivalente a 30-90 minutos de trabalho diário adicional por 1.000 animais. Aproximadamente 10% dos leitões são tratados para claudicação durante as primeiras três semanas de vida. Estes leitões são aproximadamente 1 kg mais leves do que os leitões que não apresentam claudicação às 9 semanas de idade. Além disso, a probabilidade de novo tratamento para claudicação durante a fase de terminação é 2,5 vezes maior para os animais que foram tratados quando lactentes, evidenciando o potencial de recorrência da claudicação ao longo da vida do animal.

Um levantamento realizado com oito especialistas considerou as perdas no desempenho de animais terminados, de acordo com as causas de claudicação. Nesta condição, fica claro que osteocondrose e lesões de casco são as causas de maior impacto na perda de produção de animais terminados.

Conclusão

A claudicação em animais em crescimento é um grande desafio para produtores e veterinários. Este desafio está relacionado com a dificuldade do rápido e correto diagnóstico, da ampla relação de causas potenciais, do tempo e custo associados ao tratamento, bem como dos impactos negativos da claudicação no desempenho dos animais e seu impacto no bem estar.

Programas efetivos de prevenção e tratamento da claudicação implicam em entender corretamente as causas e agir de forma apropriada, evitando-se subestimar o impacto deste desafio. Genética, nutrição, manejo e instalações devem ser considerados.

Osteocondrose e lesões nos cascos merecem maior atenção por parte de produtores e técnicos quanto à claudicação, uma vez que são as causas de maior impacto nas perdas produtivas. A redução da prevalência da claudicação nos plantéis, além de reduzir as perdas produtivas, resultará no menor uso de medicamentos na produção e na melhora no desempenho do sistema produtivo.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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