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Dia de Campo demonstra cultivares de pastagem de inverno anual no Vale do Itajaí
O evento ocorreu na propriedade do produtor e presidente do Sindicato Rural de Pouso Redondo, Luis Sandro de Liz, que faz parte da ATeG desde 2019.

Transmitir informações sobre manejo, correção e fertilidade de solo e sobre cultivares de pastagem anual de inverno. Com esse objetivo o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc), promoveu em parceria com o Sindicato Rural de Pouso Redondo, o Dia de Campo, reunindo produtores do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Bovinocultura de Leite, de Corte e Ovinocultura, no Vale do Itajaí.
O evento ocorreu, na última semana, na propriedade do produtor e presidente do Sindicato Rural de Pouso Redondo, Luis Sandro de Liz, que faz parte da ATeG desde 2019. As atividades foram conduzidas pelo supervisor técnico da ATeG, Gerson Cunha (engenheiro agrônomo) e pelos técnicos de campo do programa, Gabriel Miranda Ribeiro (médico veterinário), Lucas José Oberosler (zootecnista) e Eduardo Borges Pereira (médico veterinário).
Participaram 75 pessoas produtores rurais assistidos pelas três cadeias produtivas e 12 técnicos de campo do Vale do Itajaí (Aline Melo, Maria José, Ane Hoffmann, Antonio Junior, Artur Barbosa, Gustavo Heck, Gabriel Wiggers, Bruna Camila, Bruna Schaffer). Também esteve presente o presidente do Sindicato Rural de Rio do Sul, Ereno Marchi.
O Dia de Campo oportunizou demonstrar as 24 cultivares diferentes implantadas na propriedade, bem como manejo de pastagem com altura de entrada e saída dos animais, tempo de ocupação, período de descanso, e estrutura fisiológica das plantas e sua melhor forma de colheita, para mostrar o que esse conjunto de ações podem proporcionar em aumento de produtividade e rentabilidade usando a mesma área de maneira eficiente.
De acordo com Gerson Cunha, o evento teve ótima adesão pelos produtores e os assuntos foram pertinentes. Ele destaca, ainda, que as ações vivenciadas, na prática, poderão auxiliá-los nas tomadas de decisões para melhorar a qualidade de solo, da pastagem com o manejo adequado para cada cultivar de pastagem e, consequentemente, uma produtividade maior atingindo o objetivo com diminuição de custo e aumento de renda na propriedade rural.
“Com isso, atingimos nosso objetivo, pois a troca de informações e conhecimento entre técnicos e produtores nos trazem a certeza que estamos no caminho certo, fazendo ajustes na sua tomada de decisões para levarmos aos nossos produtores as melhores alternativas em busca de melhor qualidade de vida e renda no meio rural”, observou o supervisor técnico.
Luis Sandro de Liz salientou que foi gratificante sediar o Dia de Campo em sua propriedade e contribuir para a evolução dos negócios de todo o grupo presente no evento. “Foram experiências de conhecimento e troca de ideias que serão essenciais para futuras tomadas de decisões em momentos estratégicos nas propriedades”.
Ateg
A ATeG nos três segmentos (Leite, Corte e Ovinocultura) iniciou em Santa Catarina em 2016 e, desde então, contabiliza expressivos resultados. A ATeG Pecuária de Leite já atendeu mais de 5.200 produtores em 209 municípios catarinenses. A ATeG Corte atendeu mais de 3.000 produtores em 197 municípios catarinenses e, na Ovinocultura de Corte, 819 produtores participaram do programa.
O presidente do Sistema Faesc/Senar-SC, José Zeferino Pedrozo, avalia que a implementação da ATeG aliada às demais ações do Senar/SC e de outras entidades e órgãos, tornou as propriedades catarinenses em excelentes exemplos de empreendedorismo e inovação no campo. “Os significativos resultados são realidade porque o produtor está cada vez mais interessado em obter conhecimentos e porque contamos com a dedicação de eficientes equipes e excelentes parceiros em todas as áreas”.
Com duração de dois há quatro anos, a metodologia é aplicada em cinco etapas: diagnóstico produtivo individualizado; planejamento estratégico; adequação tecnológica; capacitação profissional complementar e avaliação sistemática dos resultados. Os produtores assistidos recebem a visita do técnico uma vez por mês, além de acompanhamento contínuo a distância. “As nossas metas incluem buscar eficiência para elevar a renda e a produtividade dos produtores, elaborar o planejamento estratégico das propriedades e capacitar os trabalhadores para o empreendedorismo e a gestão dos negócios”, realça o superintendente do Senar/SC, Gilmar Antonio Zanluchi.
A coordenadora da ATeG SC, Paula Coimbra Nunes, observa que, com o programa, o produtor explora novas ferramentas que potencializam o crescimento de seus negócios. “É uma oportunidade para aprimorar as técnicas e o gerenciamento dos negócios, tornando a produção mais eficiente e lucrativa. As atividades são realizadas com grupos de 25 a 30 produtores organizados de acordo com a cadeia produtiva. Quem tiver interesse em participar pode entrar em contato com o Sindicato Rural de sua região”.

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Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.
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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock
Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.



