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Avicultura

Dez gramas a mais no 7º dia podem representar até 100 gramas a mais no peso final

Atenção em pontos como qualidade da água e ração, conforto térmico e manejo adequado fazem toda a diferença nos resultados finais

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O produtor que busca por uma boa produção tende a prestar atenção em todos os detalhes na criação dos seus animais. Um quesito que não pode passar despercebido é a importância dos cuidados dados aos pintinhos na primeira semana. Com necessidades diferentes de frangos, os pintinhos na primeira semana possuem condições fisiológicas, metabólicas e anatômicas bem distintas de frangos. Prestar atenção em manejo, alimentação e qualidade da água faz total diferença nos resultados finais do peso de abate. Para falar mais sobre o assunto, o professor doutor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Realeza, PR, Antonio Carlos Pedroso, tratou da “Importância do manejo e qualidade intestinal na primeira semana sobre o peso de abate”, durante o Simpósio Brasil Sul de Avicultura, em Chapecó, SC.

Segundo Pedroso, especificadamente quando se fala na primeira semana, o produtor recebe a ave, e por mais que veja pintinhos, o pensamento já está em frangos pesados ao abate com uma boa conversão alimentar e ótima renda. “O produtor deve ter consciência que pintinhos não são frangos pequenos, são aves que têm nos primeiros dias de vida condições distintas dos frangos”, avisa. O professor acrescenta que em cima dessas condições diferenciadas, as exigências das aves são outras e pedem por práticas nutricionais e de manejos distintos. “Quando se conversa com os produtores sobre qual a principal atenção deve-se dar na criação de primeira semana a escolha da maioria será o aquecimento. Mas, um dos maiores equívocos é depositar no controle da temperatura a responsabilidade para o sucesso da produção”, alerta. Pedroso explica que as temperaturas ambientais de sensação para os pintinhos por faixa de idade, que também levam em consideração a umidade, estão muito bem definidas pelas linhagens comerciais, já que há os centros de pesquisa que conseguem definir o “ótimo” em locais avaliativos totalmente controlados, explorando o máximo do potencial genético.

Para o professor, são muitos os detalhes nas outras variáveis que formam o manejo, e que inclusive a associação entre eles, muitas vezes, intensifica o mal manejo. “O manejo não pode estar focado somente em fornecer uma temperatura de cama e ambiente ideal, o produtor tem que partir do princípio que os pintinhos têm que comer, beber e respirar bem”, conta. Pedroso esclarece que este “bem” é se alimentar em densidade adequada sem disputa por equipamentos de água e ração, regulagens e vazões adequadas sem desperdícios e água em total qualidade microbiológica, física e química. “A mesma água que os pintinhos bebem, o produtor pode beber também. Se ele não tem coragem de beber, algo está errado”, alerta.

Outro ponto destacado pelo professor é a necessidade de o pintinho também respirar bem, tendo renovação de ar, incluindo oxigênio e retirando gases indesejáveis, principalmente amônia e gás carbônico. “Um dos principais efeitos negativos do excesso de gás carbônico – acima de 3000ppm – é causar sonolência nas aves, e consequentemente menor atividade e estímulo para buscar o alimento”, avisa. Pedroso fala que o índice desejado de níveis de amônia é com patamares abaixo de 10ppm, já que seus efeitos indesejáveis são presença de conjuntivite, cegueira e problemas respiratórios. “É importante ressaltar que o campo não corrige erros de processos anteriores da cadeia avícola, ou seja, das matrizes, incubatório e fábrica de ração. Pelo contrário, em condições de mau manejo tendem a piorar o quadro, e quando alojados em bom manejo, tendem a minimizar os impactos negativos das cadeias anteriores”, comenta.

Partindo do pressuposto que a “bola” chegue redondinha ao produtor, ou seja, uma analogia que os pintinhos cheguem em boa qualidade para serem alojados, há disponibilidade de uma ração balanceada em nutrientes, com granulometria e forma física adequada, além de serem recebidos com bom manejo pelo produtor, as condições ofertadas para se colher bons resultados ao sétimo dia serão altas, revela o Pedroso. “Um manejo correto auxiliará na metabolização do saco vitelino (saco de gema). O rápido desenvolvimento estrutural e funcional do trato gastrointestinal tem seu pique entre o terceiro e sétimo dia de idade, trato gastrointestinal bem formado é sinal de boa absorção, digestibilidade e cumprimento das exigências das rotas fisiológicas para o melhor desenvolvimento da estrutura óssea, muscular e do sistema imune, e como resultado final, ótimo ganho de peso”, conta. Ele acrescenta que uma boa referência de peso ao sétimo dia é ter um ganho de 4,5 vezes o peso inicial de um dia no alojamento. “A primeira semana é a preparação do alicerce para garantir boa estrutura nos ganhos das semanas subsequentes”, afirma.

Para Pedroso, a cadeia nunca vai parar de fazer pequenos ajustes de melhorias nas práticas de manejo já consolidadas. “Temos ainda que fazer melhorias na ventilação mínima para as aves, principalmente na primeira semana, quando temos que ajustar as necessidades de renovar o ar e aquecer ao mesmo tempo, esse antagonismo: fornecer calor e tirar calor, muitos produtores ficam confusos, já que fornecer calor tem um custo – a lenha nos custos variáveis fica como segundo item de maior custo quando produção de griller e terceiro quando criação de aves mais pesadas, com pesos acima de 2,2 quilos”, conta.

O professor ainda chama a atenção para garantir que a temperatura da água de consumo fique entre 15° C a 21° C em todo o período de criação. “Normalmente a temperatura da água nos canos dos bebedouros tende a ficar próxima à temperatura ambiente, portanto a primeira semana tem os parâmetros mais distantes desses valores recomendados”, afirma, acrescentando que em climas quentes pode haver uma redução do consumo de água devido a um aumento na temperatura da água. “A ingestão de água é proporcional ao consumo de ração. Sempre que as aves estão em conforto ambiental, o volume de água ingerido é cerca de duas vezes maior do que a ração”, diz.

Ração

Pedroso explica que a primeira semana de vida da ave tem especial relevância no processo de maturação intestinal, no qual o tamanho relativo do intestino e a produção enzimática são otimizados. “Por conta disso, todo o manejo deve girar em torno para se conseguir o melhor desenvolvimento intestinal, deve-se estimular e dar condições para adaptar a capacidade da ave de digerir e assimilar os alimentos”, conta. O professor ainda diz que consequentemente, ocorrendo mais cedo o bom desenvolvimento intestinal, mais rápido e precocemente acontece a intensificação do potencial genético de crescimento. “Além de externar uma boa capacidade imunitária para responder as vacinas recebidas e resistir as infecções, é importante ressaltar que 70% da resposta imune é estimulada no trato digestório”, afirma.

O profissional alerta que em todas as fases de criação as rações fornecidas devem ser balanceadas com granulometria e forma física mais otimizadas possível pela idade. “Essa ração deve passar por um bom controle de qualidade, com níveis de contaminantes dentro de especificações toleráveis, além de ter uma especial atenção as micotoxinas”, conta. O professor comenta que da parte do manejo no campo, as atenções estão voltadas à boa oferta da ração para as aves, por isso as quantidades das proporções aves/comedouros devem ser respeitadas. “As orientações variam de 60 a 80 aves por comedouro na fase inicial, e que chegue a 45 aves por comedouro na fase final, evitando-se com isso a disputa por comedouros, principalmente nos momentos de picos de consumo”, aponta.

É recomendado ainda que a distância entre as linhas não ultrapasse mais do que quatro metros uma da outra, as regulagens, tanto em altura dos comedouros como níveis de ração no prato, devem ser executadas para proporcionarem a facilidade do acesso e evitar desperdícios das rações, com impacto direto na conversão alimentar, avisa Pedroso. “Uma boa prática é o uso do papel kraft gramatura de 80g com ração em cima. É recomendado que esse papel seja colocado do lado dos bebedouros, oportunizando imediatamente o contato com a ração e a água. Essa prática até o terceiro dia serve de estímulo ao consumo de ração e facilita para o mais cedo contato com a ração”, afirma.

Pedroso conta que a boa qualidade intestinal está relacionada ao bom desenvolvimento das vilosidades intestinais, que proporcionam um aumento na superfície interna do órgão e consequentemente uma boa digestão e absorção. “Por isso manejos que restringem o acesso a ração e água causam redução na área superficial dos vilos. De modo geral, com bom consumo de ração, sem interferências sanitárias ou imbalanço nutricional, o peso final será bom”, revela.

Na Propriedade

Com tanta informação, muitas vezes o produtor fica sem saber ao certo o que fazer para garantir melhor qualidade. Pedroso expõe que o avicultor deve buscar práticas e execuções de manejo que estimulam o consumo de ração, fornecendo um ambiente favorável para a ave expressar seu potencial genético. “Ambiente confortável passa desde o fornecimento de uma espessura mínima de 10 cm na cama sobre o chão, para evitar excesso de umidade na cama, que poderá formar cascões e gases no interior, impossibilitando respectivamente a formação de calo de patas e os efeitos indesejáveis da amônia”, comenta. “É imprescindível o suprimento de um bom ambiente térmico e uma boa qualidade de ar, que passa por uma associação e combinação dos parâmetros de temperatura, umidade e ventilação mínima”, acrescenta.

O aquecimento também merece atenção, segundo o professor. Ele conta que no Sul do país é uma prática comum o uso de queimadores de lenha para suprir a necessidade de aquecimento. “Os queimadores de lenha automático ou fornos com chaminé são comuns nos três estados. Já no restante do país há uma alta porcentagem do uso de campânulas a gás butano e com menor proporção ao uso de fonte de diesel e não de lenha nos queimadores automáticos”, conta. Ele diz que para o atendimento ao aquecimento é preciso que o produtor se pergunte: há lenha seca e disponível o suficiente? Ela está depositada em local protegido de chuvas? “É comum os produtores usarem lenha verde, que além de não darem um bom aquecimento, podem causar entupimento ou afogamento da máquina automática, além de fazer ou levar muita fumaça para dentro do aviário”, explica. Pedroso conta que a lenha de melhor poder calorífico utilizada é o eucalipto, por ter forte teor de lignina em sua formação. Ele ainda diz que existe disponível os aquecedores automáticos a pellet, e que nesse caso, quando em uso, a qualidade e o poder calorífico dos pellets é bem maior que a lenha em si e cavaco, por ter baixo percentual de umidade – em torno de 5%.

Outro destaque dado pelo profissional é quanto aos alimentos. “A ração deve ser mantida limpa, sem a presença de fezes ou cama, a fim de proporcionar um melhor aspecto de qualidade e facilitar o consumo pelas aves”, afirma. Pedroso diz que sempre que possível deve-se caminhar entre as aves, promovendo a movimentação delas e o deslocamento até os comedouros e bebedouros. “A água é o principal alimento e muitas vezes, esquecido. Os principais erros no campo é não fornecer uma água clorada que minimize incidências de transtornos gastrointestinais, trabalhar com vazões erradas e temperaturas inadequadas que podem diminuir o consumo”, alerta. Pedroso comenta que fornecimento de água com temperaturas inadequadas podem estar relacionada desde a falta de bom sombreamento de caixas d’água ao aterramento de canos que ficam entre os reservatórios de água e os aviários. “A água deve ser clorada desde o dia do alojamento até a saída do lote, com dosagens de cloro que garantam no bebedouro a quantidade e 3 a 5 ppm no final da linha – ponto mais distante da entrada de água nos aviários”, conta.

A prática do adensamento do prato comando, a partir do alojamento das aves, é uma forma de estimular o consumo de ração pelos vários acionamentos das linhas de comedouros, informa Pedroso. “Esse estímulo sonoro faz as aves levantarem e buscarem os comedouros. É recomendado instalar um ponto de luz móvel no prato comando, ao qual quando em execução do manejo de luz com intensidade baixa, o prato comando terá uma intensidade luminosa bem maior que servirá de chamativo para as aves”, recomenda.

Ele diz que a luminosidade na primeira semana tem como objetivo aumentar a atividade da ave, principalmente estimular o consumo de ração. “Com isso, haverá minimização de baixo ganho de peso e do aparecimento de aves refugos”, diz. E já nas semanas subsequentes tem como objetivo controlar a taxa de crescimento das aves, monitorando o consumo de ração e com isso evitando maiores ocorrências de distúrbios metabólicos, como morte súbita e hidropericardio. “Ainda nas fases subsequentes o manejo da luminosidade pode interferir na diminuição da mortalidade e da ocorrência de problemas locomotores”, informa.

Para o professor, as melhorias podem advir de aquisição de equipamentos, ou uma boa manutenção deles, ou até mesmo de práticas de manejo “braçal”, que serão a simples mudança de atitude. “O produtor que segue na íntegra ou com pequenos ajustes as recomendações técnicas da empresa integradora terá alto percentual de sucesso na sua produção”, finaliza Pedroso.

Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

No Dia Mundial do Frango, foco setorial se concentra na garantia de abastecimento

Além da segurança alimentar, setor detém importante papel socioeconômico no Brasil.

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Foto: Shutterstock

Hoje, 10 de maio, é o Dia Mundial do Frango, data criada pelo Conselho Internacional da Avicultura (IPC, sigla em inglês) para celebrar a cadeia produtiva e estimular o consumo de uma das mais importantes e versáteis proteínas animais do mundo.

Neste ano, a avicultura do Brasil abordará uma perspectiva diferente dos anos anteriores. A celebração deste ano exaltará a importância desta proteína para a garantia de segurança alimentar e para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Em toda a cadeia produtiva, são 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Apenas nas fábricas são mais de 300 mil postos de trabalho de um setor com Valor Bruto de Produção superior a R$ 90 bilhões.

É uma enorme força de trabalho que produziu no ano passado 14,8 milhões de toneladas em território brasileiro – desde 2013, o Brasil adicionou cerca de 2,5 milhões de toneladas em sua produção.

Quase 35% disto é direcionado a mais de 150 países nos cinco continentes – capilaridade que proporcionou ao Brasil a liderança mundial nas exportações da proteína, sendo responsável por 38% do total do comércio internacional. Para fins de comparação, as agroindústrias brasileiras exportaram no último ano mais que as vendas internacionais de Estados Unidos e União Europeia – segundo e terceiro maiores, respectivamente – somadas, e é maior do que toda a produção da Rússia (quinto maior produtor global da proteína). São embarques que geram receitas próximas a US$ 10 bilhões (dados de 2023).

O impacto econômico e social da carne de frango para o Brasil não está apenas nos dados macroeconômicos. O peso social individualizado da proteína se vê em seu consumo per capita. Cada brasileiro consome, em média, 45 quilos da proteína – índice alcançado em 2020 e que se mantém desde então. É, de longe, a proteína animal mais consumida pelo brasileiro.

São números que mostram a relevância e a missão deste setor com o Brasil – para onde é destinada 65,3% de toda a produção nacional. “Nossa cadeia produtiva é continental, e tem papel determinante nos hábitos, na economia e na cultura gastronômica de Norte a Sul. Do campo às fábricas, são bilhões em investimentos em tecnologia de ponta para garantir a qualidade e a sanidade dos produtos, com maior produtividade. É um dos alicerces alimentares do País, e pilar econômico de diversas regiões. Neste dia, celebramos um setor resiliente, que cumpre seu papel e que seguirá atuando para que não falte o acesso a este alimento de alta qualidade para as famílias de todo o país”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Fonte: Assessoria ABPA
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Avicultura

Especialista aponta umidade e profundidade da cama como fatores críticos ao desenvolvimento das aves

Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

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Fotos: Shutterstock

O manejo adequado da cama de frangos de corte é uma peça fundamental no quebra-cabeça da produção avícola. Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

Bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou: “Não há um sistema de gestão único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos” – Foto: Arquivo pessoal

A bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou, elenca que o manejo correto da cama visa garantir um ambiente propício para o desenvolvimento saudável das aves. “Para alcançar esse objetivo é essencial gerenciar e manter as propriedades benéficas da cama, como absorção, evaporação, isolamento e amortecimento, com foco especial em conservar a umidade entre 20 e 25%”, ressalta Connie. Ela vai tratar deste assunto no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que acontece entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó, SC.

Controlar a umidade da cama é fundamental para prevenir o crescimento de microrganismos patogênicos e garantir a saúde das aves. Uma cama bem manejada também proporciona um ambiente confortável para as aves se movimentarem, descansarem e se alimentarem, contribuindo assim para o bem-estar animal e o desempenho produtivo. Além disso, o manejo correto da cama pode ter benefícios ambientais, como a compostagem do material usado, que pode ser reaproveitado como fertilizante orgânico, contribuindo para a sustentabilidade da operação avícola.

Qualidade da cama

A qualidade da cama é de extrema importância no desempenho das aves e na saúde intestinal. A especialista em avicultura, ressalta que se a cama for mal gerida, pode se tornar um ambiente ideal para o desenvolvimento de agentes patogênicos nocivos, que podem acabar afetando as aves e provocando doenças. “Níveis excessivos de umidade na cama podem contribuir para o desenvolvimento de lesões nas patas das aves. Além disso, a cama desempenha um papel importante na produção de amônia, se não for cuidadosamente gerenciada, pode levar a níveis elevados de amônia no ambiente, o que foi demonstrado em pesquisas como prejudicial ao sistema respiratório das aves, impactando a função do sistema imunológico, podendo também aumentar o risco de proliferação de bactérias oportunistas.

Vários fatores podem influenciar a umidade da cama, incluindo o uso de água pelas aves, a densidade e as taxas de ventilação. De acordo com a doutora em Gestão Ambiental de Aves, a melhor maneira de abordar o manejo da cama é monitorar a umidade relativa do aviário constantemente e manter um registro histórico de qual é a umidade relativa do ar no aviário ao longo da vida do lote, entre lotes, para entender quão bem está sendo feito o trabalho dentro do aviário, a fim de garantir um equilíbrio adequado de umidade.

Connie diz que nos Estados Unidos aprendeu-se ao longo dos últimos 20 anos que o sucesso da gestão da cama é fortemente influenciado pela educação do produtor. “Existem diversos sistemas de gestão disponíveis para manejo das camas, porém, o sucesso deles depende da capacitação adequada dos produtores. Não há um sistema único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos”, salienta.

Quanto aos sinais de que a cama precisa ser renovada, a especialista conta que nos Estados Unidos a troca acontece quando começa a aparecer areia na cama ou quando se torna muito profunda. “Um sistema não precisa de uma cama com mais de seis polegadas, cerca de 15 cm de profundidade, pois uma cama mais profunda pode dificultar o gerenciamento da amônia e da umidade”, aponta.

Quanto ao reaproveitamento da cama, quando gerenciado corretamente, pode ser mais benéfico do que prejudicial. Isso ocorre porque a cama reutilizada já possui uma população microbiana estabelecida, o que pode acelerar o desenvolvimento da imunidade das aves. “Já em camas novas é muito mais imprevisível quais microrganismos irão povoar as aves desse alojamento, o que pode impactar o desenvolvimento do sistema imunológico dos frangos”, expõe.

Ventilação

Quanto ao manejo adequado da ventilação, seu impacto na qualidade da cama e na saúde das aves é significativo. O objetivo principal da ventilação é remover a umidade gerada pelas aves, o que está diretamente ligado à qualidade da cama e à saúde das aves. “Sem um programa de ventilação adequadamente executado, nunca será possível alcançar uma boa qualidade da cama e, consequentemente, uma boa saúde das aves. Portanto, o manejo adequado da ventilação é essencial para garantir um ambiente saudável e higiênico para as aves durante todo o ciclo de produção”, frisa a mestre em Nutrição de Aves.

Preparação do alojamento

Para garantir um ambiente saudável para as aves, as melhores práticas para a preparação inicial do alojamento antes da chegada dos pintinhos incluem o gerenciamento dos níveis de umidade, mantendo-os abaixo de 20%, e garantindo uma profundidade adequada da cama para acompanhar a deposição de umidade das aves. “É importante observar a aparência da cama, pois se ela ficar muito fina, há maior chance de níveis mais elevados de amônia. Se não houver opção de tratamento de cama para reduzir a amônia no início do lote, torna-se ainda mais crítico gerenciar”, salienta a bacharel em Ciência Animal.

Controle da proliferação de patógenos na cama

Em relação ao controle da proliferação de patógenos na cama, como Salmonella e Escherichia coli, é importante entender que nunca será possível controlar totalmente esses microrganismos, mas apenas gerenciá-los. “A área do microbioma nos aviários ainda é muito mal compreendida, e há muito a ser aprendido sobre como esses organismos interagem. No entanto, uma estratégia eficaz é gerenciar a umidade da cama, pois a água é um dos principais fatores que esses microrganismos precisam para sobreviver”, expõe Connie, acrescentando: “Mantendo a cama o mais seca possível e pelo maior tempo possível, podemos reduzir as chances de crescimento desses patógenos a níveis que impactariam negativamente nossas aves”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura ARTIGO

Será que o Brasil sabe a dimensão do desastre no Rio Grande do Sul?

Você está fazendo tudo o que pode mesmo? Quem sabe você pode ajudar só um pouquinho mais

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Fotos : divulgação Governo do Estado

O Estado do RS acabou. Da forma como a gente o conhecia, ele não existe mais. Nos resta rezar a Deus e torcer para que o Brasil e o mundo nos ajude a enterrar nossos mortos e a reconstruir um pouco do que foi devastado pelas águas – e ainda vai ser devastado, pois vem mais ciclone por aí. Quem sabe, em meio ao caos, no fundo do poço, a gente encontre uma força que nem a gente saiba que tem, algo como o Japão que se reconstrói em tempo recorde após os terremotos. ou como a Flórida, que enfrenta dezenas de furacões anuais e continua em pé!
Talvez estas palavras iniciais sejam fortes, Mas, talvez a maioria das pessoas de outras regiões do Brasil não tenha se dado conta do tamanho da tragédia. Ela é muito pior do que você vê na TV ou nos vídeos de WhatsApp! Muito, mas muito pior! É como se todo mundo desta região aqui perdesse sua casa, se enchesse tudo isso de água, por dias e mais dias, fechando estradas, escolas, lar de idosos, empresas… tudo!

Você já parou para pensar!? Então, você vai ajudar mais!?

 

Muitos não ajudam pelo medo do julgamento alheio

Por outro lado, felizmente muitas regiões do país estão ajudando, botando a mão na massa, salvando pessoas.

Cito aqui o exemplo do Pablo Marçal, que vai e volta quase todo dia a São Paulo e salvou mais gente da água do que eu e você juntos – sem contar que deu uma aula em poucos minutos ali no centro de distribuição de doações. Eu estive lá em Hamburgo Velho e agradeci a Deus por estar do lado de cá dos gradis, que separavam a fila gigantesca para buscar donativos, das pessoas que foram doar ou tomar uma dose de coragem para ajudar mais!

O Marçal poderia estar torrando o dinheiro em Dubai, mas estava em cima de uma empilhadeira, no meio da rua, discursando para arrebanhar pessoas para ajudar daqui pra frente, pois talvez o pior esteja daqui pra frente, acredite! Você não precisa gostar dele, não precisa gostar da Globo, mas toda ajuda é muito bem-vinda! E, ao citar o Marçal, cito cada um aqui da região que está empenhado em ajudar, com grana, com barco, separando doações, tirando gente da água, doando…

Temos percebido muitos golpes, muita gente reclamando, muita gente se aproveitando para aparecer… e muita gente ou empresa querendo ajudar, mas não ajuda porque tem medo de que vão dizer que está querendo fazer propaganda. Vocês não têm noção a quantidade de pessoas (ou empresas) que vem me falar isso! Ora, vamos parar de ter medo destes juízes de sofá da sala, que se escondem em casa e ficam só metendo o pau nos outros; e não fazem nada! Deixe ‘essa gente pra lá’ e daí que a Globo só veio depois da Madona, e daí que alguns dizem que o Pablo Marçal está fazendo marketing, e daí que muitos só reclamam e apontam o dedo, daí que tem gente que vai na fila duas vezes pegar 2kg de arroz e 2 litros de leite, e daí, que se danem! Ora, manda a m… diz assim: “vá cuidar da tua vida”!
E se esta tragédia tocou seu coração, vai lá você e bota o pé na lama, porque você sabe que quem reclama não fará nada, estará muito ocupado dando opinião e reclamando.

O Brasil pode fazer muito mais

Se não tua casa, graças ao bom Deus, não teve mortes, somente alguns alagamentos, pessoas perderam bens materiais e… e estamos tocando nossa vida normalmente, limpando o guarda-roupa, fazendo uma comprinha maior para doar e… e deu! Era isso, a ajuda é só isso! Mas você pode fazer mais, todo mundo pode fazer mais!

Eu sinto que muita gente ainda não acordou para o tamanho da tragédia (e está tudo certo, cada um é cada um, não reclamo destes). Mas gostaria de ajudar, então, se você quiser dormir com a consciência tranquila, faça mais. “Teoricamente” só morreram 100, mas você sabe que esse número vai aumentar muito. Quantos idosos foram levados por não conseguir se locomover, quantos bebês morreram, quantos animais ainda estão ilhados ou foram levados, bichinhos de estimação que estão abandonados, quanta gente vai morrer de doença, de leptospirose, de hipotermia (vem o frio aí), e tem muitos outros problemas que vão aparecer.
Quantas crianças não terão mais aulas, quantas crianças não terão mais pais ou avós ou amiguinhos – que viraram estrelinhas ou ainda vão virar?
Quantas crianças perderam seu bichinho de estimação ou vão perder por falta de ração? Quantos avós perderam seus netos ou ainda vão perder!
A gente não sabe nada, não sabe a dimensão desta “desgraceira” toda! Não é uma enchentezinha que sobe, alaga e no dia seguinte volta para o rio, aí você vai lá e mete o lava-jato e tudo volta ao “normal”. Serão semanas, meses, vai ter lodo, lama até nos fios da luz.
Tem cidade inteira no Vale do Taquari que acabou, estão pensando em mudar a cidade de lugar, recomeçar. Você tem noção do tamanho da tragédia? Então, graças a Deus você está bem, seu vizinho está bem, mas tem muita gente que precisa de ti, tire um tempo, reserve um dinheiro, faça sua doação, ajude mais, você pode, sim! Se você não tem grana, não tem alimento, não tem colchão, doe tempo, doe uma palavra, vá lá no campo de batalha lutar, senão, jamais ouse cantar aquele pedaço do Hino Rio-grandense que diz “Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra”… eu não quero que “nossa façanha sirva de modelo a toda terra”, eu só peço a Deus e a você que ajude a salvar o máximo de gente possível “nesta ímpia e injusta guerra”.

 

Por
Mauri Marcelo ToniDandel
Jornalista – Dois Irmãos

Fonte: Mauri Marcelo ToniDandel
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CBNA – Cong. Tec.

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