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“Devemos unir forças para mudar práticas e deter mudanças climáticas”, afirma presidente da Apex Brasil
Durante o Fórum Internacional da Agropecuária (FIAP), em Mato Grosso, dirigente da Agência lembra que fogo contamina o ar e afeta, inclusive, quem planta e quem cria.


Presidente da Apex Jorge Viana: “Nós avançamos muito, nunca se usou tanta tecnologia e isso é uma conquista” – Foto: Divulgação/Apex Brasil
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana, afirmou na última segunda-feira (09), durante a abertura do Fórum Internacional da Agropecuária (FIAP), em Mato Grosso, que “não temos que buscar culpados para a fumaça que toma os céus de várias cidades brasileiras”. Segundo ele, entender e enfrentar a crise climática é um desafio de todos no Brasil e no mundo. “Nós avançamos muito, nunca se usou tanta tecnologia e isso é uma conquista. No entanto, ninguém faz nada se não tiver o meio ambiente como aliado, inclusive pensando no papel que o Brasil tem na segurança alimentar. Para quem não acredita em mudança climática, essa fumaça está ensinando. Ao colocar fogo, contamina-se o ar e agrava-se o efeito estufa”, disse Jorge Viana, lembrando que “as queimadas afetam também a vida de quem planta e quem cria.”
O FIAP precede e faz parte das atividades do G20 Agro, marcado para o período de 10 a 13 de setembro, na Chapada dos Guimarães (MT). O G20 Agro vai reunir ministros da agricultura de 19 países e 30 delegações internacionais, incluindo União Europeia e União Africana. “A realização desse fórum marca um momento histórico, que divide o país entre o passado e o futuro. Sediar o G20 é a oportunidade de construir uma narrativa verdadeira, correta, sobre o potencial desse país incrível. É isso que o presidente Lula está fazendo, e nós buscamos fazer na ApexBrasil”, pontuou Viana.
O presidente da Agência também alertou sobre a responsabilidade do Brasil com as questões ambientais. “Esses tempos de mudança climática, de desafio da insegurança alimentar, de transição energética, nos impõe a pensar que vivemos no mesmo planeta, que somos habitantes do mesmo planeta, que precisamos pensar no futuro”, afirmou, ressaltando os desafios da criação do Código Florestal no Congresso Nacional. “Não tem nada mais complicado do que fazer uma lei que estabelece limites para o uso da terra nas cidades e nas áreas rurais. Mas fizemos pensando no futuro”, reforçou Viana.
Agricultura tropical
Para o gerente do Agronegócio da ApexBrasil, Laudemir Müller, que falou em um painel sobre a Contribuição do Brasil para o Desafio Global da Segurança Alimentar e Transição Energética, o Brasil criou um modelo de agricultura tropical próprio, diferente do resto do mundo. “Por isso mesmo, pode contribuir com o dilema global da segurança alimentar, ajudando a preservar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, contribuindo com empresas que mais apostam em transição energética, em tecnologia e em redução de emissão de carbono”, destacou.
Laudemir lembrou que a ApexBrasil apoia diretamente 22 setores do agronegócio, equivalendo a 2.500 empresas, produtores rurais e cooperativas, que representam US$ 89 bilhões. “O Brasil é o grande polo de desenvolvimento da agricultura, equivalente à China no setor industrial”, afirmou.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, falou da “boa política” trazida com a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e lembrou que, refazendo as boas relações comerciais, foram abertos, em números atuais, 184 novos mercados para a agropecuária brasileira. “Os desafios para o futuro são muito maiores e precisamos pensar como produzir para o futuro”, afirmou. “Vamos intensificar nossa produção não sobre a floresta, não sobre o cerrado, mas sobre as muitas áreas degradadas que temos”, acrescentou.
Responsabilidade ambiental
“Pensar no que o mundo espera do agronegócio brasileiro incomoda, e isso é positivo, tira a gente da zona de conforto. O país precisa de um posicionamento estratégico que nos leve na mesma direção. Temos que nos posicionar nos temas da sustentabilidade, e não minimizar temas como rastreabilidade, queimadas, entre tantos outros”, disse o governador do estado do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel.
“Nos dias atuais está posto o grande desafio ao Brasil de encontrar a conjugação da sustentabilidade econômica, social e ambiental. E o mercado internacional nos aponta que temos que ter gestão com integridade para que esses mercados estejam abertos, garantindo integridade produtiva. Acreditamos que floresta viva vale mais que floresta morta”, fez coro o governador do estado do Pará, Helder Barbalho. Belém sediará a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em novembro de 2025.
O governador do estado de Mato Grosso, Mauro Mendes, anfitrião do evento, cobrou que o mundo também faça a sua parte, reduzindo as emissões, e reforçou os desafios do Brasil, especialmente os do setor do agronegócio. “É preciso combater as ilegalidades ambientais e acabar com o desmatamento clandestino e exigir um seguro agrícola mais robusto e uma maior política pública de investimentos”.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



