Suínos Suinocultura
Detecção de Senecavírus A ainda é desafio em granjas brasileiras
Presente na população de suínos desde 1988, é uma doença que merece a atenção do suinocultor. Conforme o médico veterinário e estudante da Universidade de Minnesota, Guilherme Milanez Preis, este é um vírus que tem maior sensibilidade ao calor, sabão e detergente, o que facilita a sua esterilização.

Presente na população de suínos desde 1988 o Senecavírus A, anteriormente conhecido como Seneca Valley, é uma doença que merece a atenção do suinocultor. Durante o 13° Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), que aconteceu pela primeira vez de forma totalmente on-line, o médico veterinário e estudante da Universidade de Minnesota, Guilherme Milanez Preis, falou sobre as novidades da doença.
De acordo com o profissional, este é um vírus que é mais resistente ao sabão e aos detergentes que outros patógenos e, por vezes, o profissional da suinocultura terá que ajustar o protocolo de limpeza e desinfecção para conseguir eliminá-lo.
Ele informa que em 2014 houve um surto grande de doença vesicular no Brasil e nos EUA. “Estamos vendo no campo lesões no focinho e o Seneca também causa lesões inespecíficas que podem ser confundidas com qualquer outra lesão, o que dificulta o diagnóstico e visualização do surto na granja”, comenta.
Preis explica que de maneira geral, a partir do primeiro dia após a infecção já é possível detectar a doença. “O pico acontece até cinco dias e o Seneca se dá até 10 dias de infecção. A diminuição da curva coincide com a resposta celular do animal”, comenta. Ele diz que a excreção do vírus no ambiente acontece já a partir do primeiro dia. “Isso acontece até aproximadamente 28 dias dos animais infectados, após esse tempo fica difícil detectar”, conta. Além disso, ele informa que em relação ao vírus infectante, todos os vírus excretados, de maneira geral, podem infectar os animais suscetíveis a doença do sétimo até o 21° dia.
Observando as doenças vesiculares em suínos, Preis conta que foi possível observar que nos EUA em 2009 o número era baixo, com menos de 500 casos/ano. Já a partir de 2012 passou a aumentar. “O interessante é que a partir de 2015 começamos a perceber um surto de seneca em granjas onde os números começaram a aumentar. Havia quase dois mil casos de doenças vesiculares”, diz.
O profissional explica que, assim como nos EUA, desde 2005 havia pouca investigação sobre doenças vesiculares. “Com a chegada do Seneca a partir de 2015 houve um salto na investigação por conta das doenças vesiculares nos EUA”, comenta. Ele diz que a proporção de casos de doenças em suínos é muito baixa porque houve um aumento nos casos quando começou a causar problemas na granja. “Porque não tem confirmação, o Seneca se dá o diagnóstico molecular e não sorológico. Então estamos com outro causador de doença vesicular e não estamos detectando ou estamos com muito falso negativo”, diz. Para ele, o que acontece é que são muitos falsos negativos por conta de detecção tardia do surto e do acionamento tardio da vigilância. “Na maioria dos casos, as doenças vesiculares começam a ser investigadas no abatedouro ou frigorífico”, comenta.
Segundo Preis, há um trabalho onde estavam tentando avaliar infecção persistente em animais e transmissão de porcas para leitões. Assim, eles foram divididos em quatro grupos, sendo um controle e outros três de tratamento. “Foi possível perceber muito estresse durante o transporte e a detecção do seneca foi feita praticamente em todos os grupos estressados”, comenta.
A partir deste estudo também estavam tentando responder qual o tipo de amostra deve ser feita para detectar o seneca em animais vivos. “Temos um grupo de animais inoculado com a cepa histórica, de 1999, e outro grupo inoculado com a cepa contemporânea, de 2021. Até 35 dias após a infecção em ambos os grupos foram detectados a doença”, comenta. Após a infecção dos animais, diferentes tipos de testes foram feitos, onde foram coletadas amostras sub oral, retal, tonsila, entre outras. “No dia 1 até o 10, 100% dos animais estavam positivos para todo tipo de amostras. No dia 14 apenas 15% deu positivo para swab oral. Temos uma baixa proporção de casos confirmados em suínos com doenças vesiculares muito provavelmente por conta dos falsos negativos”, comenta. O estudo ainda mostrou que a coleta via tonsila é mais eficaz. “O raspado de tonsila é a amostra de maior sensibilidade de detecção do Senecavírus em animais vivos”, informa.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



