Conectado com
VOZ DO COOP

Avicultura

Desperdício de ração gera custo médio de R$ 0,40 a mais por frango

Um dos fatores que faz a alimentação ter um custo tão elevado na produção animal está relacionado ao desperdício de ração que, em média, se estima no Brasil que esteja em torno de 5,3%.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Definida pelo consumo total de ração dividido pelo peso médio do lote, a taxa de conversão alimentar é um dos indicadores mais importantes na avicultura industrial, ainda mais nos tempos atuais, em que a alimentação representa por 69% do custo final de produção do frango de corte, o que torna um desafio constante para a cadeia conseguir melhorar esse índice de eficiência produtiva dos animais.

Os caminhos que os produtores devem buscar para obter melhores resultados e os principais fatores que afetam a conversão alimentar foram abordados pelo engenheiro agrônomo Marcelo Torretta em palestra realizada no 2º Dia do Avicultor O Presente Rural em formato híbrido no dia 25 de agosto. O evento alcançou mais de 6,5 mil pessoas, entre participantes presenciais e aquelas que acompanharam a transmissão online e on demand.

Engenheiro agrônomo, Marcelo Torretta: “Ar fresco e limpo é tão importante para o ganho de peso do frango, quanto ração de qualidade e água fresca” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

O profissional salienta que o produtor deve enxergar a sua granja como um negócio e aplicar um sistema de gestão que converta em resultados efetivos os processos produtivos adotados dentro da propriedade, como o ciclo PDCA, uma ferramenta que permite o gerenciamento contínuo de todos os processos da atividade e se baseia em quatro etapas: planejar (plan), fazer (do), checar (check) e agir (act). “Com essa metodologia o produtor define metas, determina os métodos para alcançar seus objetivos, promove treinamento para qualificar os trabalhadores a fim de melhorar a execução das atividades na granja, analisa os efeitos do trabalho executado e atua no processo para obter melhores resultados”, expôs Torretta, ampliando: “A avicultura é dinâmica, rápida e visa lucratividade, porque sem lucro não sobrevive. Está nas mãos dos produtores a eficiência da produção e para entregar um resultado desejado é fundamental fazer a gestão do negócio”, enfatiza.

Conforme o engenheiro agrônomo, um dos fatores que faz a alimentação ter um custo tão elevado na produção animal está relacionado ao desperdício de ração que, em média, se estima no Brasil que esteja em torno de 5,3%. “Em um estudo adaptado com custo médio da ração de R$ 1,980/kg, com conversão de 1.60, para a ave atingir 2,800 de peso vivo para o abate em até 42 dias, revela que o produtor brasileiro pode ter um custo com perda de até R$ 1,50 por ave se atingir 15% de desperdício de ração, mas, se manter a média nacional terá um custo com desperdício de ração superior a R$ 0,40 por ave produzida”, salienta Torretta.

Custo do desperdício – ¹ Período de 0 a 42 dias com 2,800kg de peso vivo, assumindo conversão de 1,60. ² Custo médio da ração de R$ 1,980kg. Adaptado de Schell et al. (2007) – Torreta (2022).

GPD

E como consequência deste desperdício o ganho diário de peso é baixo. Torreta menciona que a mudança de ração farelada para uma ração peletizada na dieta do plantel pode representar uma melhoria de 100 a 200 gramas na conversão alimentar dos frangos de corte, ressaltando a importância da ração chegar íntegra no bico da ave. “Se a ração peletizada chega ao comedouro desintegrada, o frango precisa dar de 10 a 15 bicadas para pegar a quantidade de um pellet e este gasto de energia rouba a conversão alimentar, por isso o indicado é que a ração chegue ao bico da ave, no mínimo, com 60% de pellet íntegro para que a conversão obtenha ganhos satisfatórios, do contrário isso pode custar mais de dez pontos na conversão”, pontua.

Ganho financeiro com 100 gramas a mais na conversão alimentar até o abate

De acordo com Torreta, para aumentar o consumo diário de 100 gramas de ração até a ave atingir peso de abate de 2,853kg, com valor médio do quilo de ração a R$ 1,937, o custo para um milhão de frangos totalizaria R$ 552,6 mil, ou seja, R$ 0,55 a mais por animal produzido.

No entanto, usando os mesmos dados para o abate de 240 milhões de frangos/ano, com conversão alimentar de 1.66, representaria um consumo de ração de 1,1 milhão de toneladas/ano, enquanto que a conversão alimentar de 1.76 teria um consumo de ração de 1,2 milhão de toneladas/ano. “Essa melhor conversão em 100 gramas representa um lucro de R$ 132,6 milhões em um ano no abate de 240 milhões de frangos”, evidencia Torretta.

 

Outros fatores que influenciam a conversão alimentar

Depois do desperdício de ração, o segundo fator que mais influencia no desempenho zootécnico dos animais e no resultado econômico da produção, segundo Torretta, é a ambiência, que envolve a localização do galpão, sistemas de ventilação, pintura do telhado, altura do pé direito, lanternim, tipo de telha, forro, cortinas, sombrite, árvores e gramado.

Como as aves são homeotérmicas, elas dependem do ambiente para manter a temperatura do corpo e sobreviverem, sendo que na fase inicial a temperatura ideal dentro das granjas varia entre 33 e 35°C e na fase de crescimento e final alterna entre 20 e 21°C. “Em ambiente frio os frangos consomem mais ração para obter as calorias necessárias à manutenção da sua temperatura corporal, e em ambiente quente diminuem o consumo e perdem energia para a manutenção da temperatura corporal. Dentro de uma temperatura ideal, os nutrientes da ração são utilizados muito mais para o crescimento do que para a regulação térmica”, elenca Torretta, recomendando aos produtores que as aves sejam alimentadas nos horários mais frescos, como no início do dia e da noite. “Esse manejo, em conjunto com bons equipamentos para ambiência, ajuda a melhorar a conversão alimentar e diminuir a taxa de mortalidade”, frisa o engenheiro agrônomo.

A ventilação é o principal parâmetro para manter a granja com um ambiente adequado para as aves. A ventilação mínima traz ar fresco para dentro do galpão, remove o excesso de umidade e limita o acúmulo de gases potencialmente nocivos. “Ar fresco e limpo é tão importante para o ganho de peso do frango quanto ração de qualidade e água fresca. Além disso, amônia e outros gases tóxicos se acumulam nos aviários durante os meses mais frios do ano”, afirma Torretta.

Estudos mostram que a conversão alimentar em frangos de corte pode ser afetada de quatro a sete pontos por níveis de amônia de apenas 25 ppm (partes por milhão) e este nível é praticamente indetectável pelo olfato humano. “A ventilação mínima deve ser prática usual no inverno e toda vez que se detectar amônia no aviário, a aeração deve ocorrer imediatamente”, alerta Torretta.

Outro fator é a nutrição das aves. A ração deve ser armazenada e protegida do ataque de fungos, roedores, oxidação e contaminação. Os silos, caixas e comedouros devem ser limpos e desinfetados a cada saída de lote, nunca deve haver sobra de ração de um lote para outro e, durante a criação, deve-se fazer o manejo de abertura de tampa de silo nos dias quentes e secos para saída de umidade da ração.

Fornecer água limpa, pura e na temperatura adequada é essencial para obter uma melhor conversão alimentar, uma vez que um frango consome duas vezes e meia mais água do que ração.

De outro lado, aves refugo devem ser retiradas dos aviários em até 14 dias, visto que são vetores de doenças para todo o plantel e essas perdas não são possíveis de mensurar. Segundo Torretta, manter no aviário esses animais custam em média de 3 a 5 pontos de conversão e, no abatedouro, em média 1% de condenação de aves que não foram retiradas no aviário podem custar mais 5 pontos de conversão.

Doenças e medicação

A saúde geral de um plantel também influencia a conversão alimentar e a coccidiose e a clostridiose estão entre os maiores vilões. Histórico de doenças dos aviários podem indicar um problema crônico e seu acompanhamento ajuda na tomada de decisões para troca de programas e medicamentos para saúde do plantel. “Tratar somente quando necessário elimina custos desnecessários e o efeito negativo que as medicações sem necessidade têm sobre o crescimento das aves e sua conversão alimentar”, expõe Torretta.

Boas práticas de produção

O profissional destacou ainda em sua palestra outros fatores que podem ajudar na melhoria da conversão alimentar em frangos de corte, entre eles oferta de equipamentos infantis para as aves jovens, a fim de se obter um início de lote com bom arranque de peso; adoção de um programa de luz para adequar o consumo aos melhores horários de temperatura e garantir o bem-estar dos animais; além de oferecer um ambiente calmo, tranquilo e agradável para o desenvolvimento das aves.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura – Corte & Postura.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

No Dia Mundial do Frango, foco setorial se concentra na garantia de abastecimento

Além da segurança alimentar, setor detém importante papel socioeconômico no Brasil.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Hoje, 10 de maio, é o Dia Mundial do Frango, data criada pelo Conselho Internacional da Avicultura (IPC, sigla em inglês) para celebrar a cadeia produtiva e estimular o consumo de uma das mais importantes e versáteis proteínas animais do mundo.

Neste ano, a avicultura do Brasil abordará uma perspectiva diferente dos anos anteriores. A celebração deste ano exaltará a importância desta proteína para a garantia de segurança alimentar e para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Em toda a cadeia produtiva, são 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Apenas nas fábricas são mais de 300 mil postos de trabalho de um setor com Valor Bruto de Produção superior a R$ 90 bilhões.

É uma enorme força de trabalho que produziu no ano passado 14,8 milhões de toneladas em território brasileiro – desde 2013, o Brasil adicionou cerca de 2,5 milhões de toneladas em sua produção.

Quase 35% disto é direcionado a mais de 150 países nos cinco continentes – capilaridade que proporcionou ao Brasil a liderança mundial nas exportações da proteína, sendo responsável por 38% do total do comércio internacional. Para fins de comparação, as agroindústrias brasileiras exportaram no último ano mais que as vendas internacionais de Estados Unidos e União Europeia – segundo e terceiro maiores, respectivamente – somadas, e é maior do que toda a produção da Rússia (quinto maior produtor global da proteína). São embarques que geram receitas próximas a US$ 10 bilhões (dados de 2023).

O impacto econômico e social da carne de frango para o Brasil não está apenas nos dados macroeconômicos. O peso social individualizado da proteína se vê em seu consumo per capita. Cada brasileiro consome, em média, 45 quilos da proteína – índice alcançado em 2020 e que se mantém desde então. É, de longe, a proteína animal mais consumida pelo brasileiro.

São números que mostram a relevância e a missão deste setor com o Brasil – para onde é destinada 65,3% de toda a produção nacional. “Nossa cadeia produtiva é continental, e tem papel determinante nos hábitos, na economia e na cultura gastronômica de Norte a Sul. Do campo às fábricas, são bilhões em investimentos em tecnologia de ponta para garantir a qualidade e a sanidade dos produtos, com maior produtividade. É um dos alicerces alimentares do País, e pilar econômico de diversas regiões. Neste dia, celebramos um setor resiliente, que cumpre seu papel e que seguirá atuando para que não falte o acesso a este alimento de alta qualidade para as famílias de todo o país”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Fonte: Assessoria ABPA
Continue Lendo

Avicultura

Especialista aponta umidade e profundidade da cama como fatores críticos ao desenvolvimento das aves

Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

Publicado em

em

Fotos: Shutterstock

O manejo adequado da cama de frangos de corte é uma peça fundamental no quebra-cabeça da produção avícola. Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

Bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou: “Não há um sistema de gestão único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos” – Foto: Arquivo pessoal

A bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou, elenca que o manejo correto da cama visa garantir um ambiente propício para o desenvolvimento saudável das aves. “Para alcançar esse objetivo é essencial gerenciar e manter as propriedades benéficas da cama, como absorção, evaporação, isolamento e amortecimento, com foco especial em conservar a umidade entre 20 e 25%”, ressalta Connie. Ela vai tratar deste assunto no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que acontece entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó, SC.

Controlar a umidade da cama é fundamental para prevenir o crescimento de microrganismos patogênicos e garantir a saúde das aves. Uma cama bem manejada também proporciona um ambiente confortável para as aves se movimentarem, descansarem e se alimentarem, contribuindo assim para o bem-estar animal e o desempenho produtivo. Além disso, o manejo correto da cama pode ter benefícios ambientais, como a compostagem do material usado, que pode ser reaproveitado como fertilizante orgânico, contribuindo para a sustentabilidade da operação avícola.

Qualidade da cama

A qualidade da cama é de extrema importância no desempenho das aves e na saúde intestinal. A especialista em avicultura, ressalta que se a cama for mal gerida, pode se tornar um ambiente ideal para o desenvolvimento de agentes patogênicos nocivos, que podem acabar afetando as aves e provocando doenças. “Níveis excessivos de umidade na cama podem contribuir para o desenvolvimento de lesões nas patas das aves. Além disso, a cama desempenha um papel importante na produção de amônia, se não for cuidadosamente gerenciada, pode levar a níveis elevados de amônia no ambiente, o que foi demonstrado em pesquisas como prejudicial ao sistema respiratório das aves, impactando a função do sistema imunológico, podendo também aumentar o risco de proliferação de bactérias oportunistas.

Vários fatores podem influenciar a umidade da cama, incluindo o uso de água pelas aves, a densidade e as taxas de ventilação. De acordo com a doutora em Gestão Ambiental de Aves, a melhor maneira de abordar o manejo da cama é monitorar a umidade relativa do aviário constantemente e manter um registro histórico de qual é a umidade relativa do ar no aviário ao longo da vida do lote, entre lotes, para entender quão bem está sendo feito o trabalho dentro do aviário, a fim de garantir um equilíbrio adequado de umidade.

Connie diz que nos Estados Unidos aprendeu-se ao longo dos últimos 20 anos que o sucesso da gestão da cama é fortemente influenciado pela educação do produtor. “Existem diversos sistemas de gestão disponíveis para manejo das camas, porém, o sucesso deles depende da capacitação adequada dos produtores. Não há um sistema único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos”, salienta.

Quanto aos sinais de que a cama precisa ser renovada, a especialista conta que nos Estados Unidos a troca acontece quando começa a aparecer areia na cama ou quando se torna muito profunda. “Um sistema não precisa de uma cama com mais de seis polegadas, cerca de 15 cm de profundidade, pois uma cama mais profunda pode dificultar o gerenciamento da amônia e da umidade”, aponta.

Quanto ao reaproveitamento da cama, quando gerenciado corretamente, pode ser mais benéfico do que prejudicial. Isso ocorre porque a cama reutilizada já possui uma população microbiana estabelecida, o que pode acelerar o desenvolvimento da imunidade das aves. “Já em camas novas é muito mais imprevisível quais microrganismos irão povoar as aves desse alojamento, o que pode impactar o desenvolvimento do sistema imunológico dos frangos”, expõe.

Ventilação

Quanto ao manejo adequado da ventilação, seu impacto na qualidade da cama e na saúde das aves é significativo. O objetivo principal da ventilação é remover a umidade gerada pelas aves, o que está diretamente ligado à qualidade da cama e à saúde das aves. “Sem um programa de ventilação adequadamente executado, nunca será possível alcançar uma boa qualidade da cama e, consequentemente, uma boa saúde das aves. Portanto, o manejo adequado da ventilação é essencial para garantir um ambiente saudável e higiênico para as aves durante todo o ciclo de produção”, frisa a mestre em Nutrição de Aves.

Preparação do alojamento

Para garantir um ambiente saudável para as aves, as melhores práticas para a preparação inicial do alojamento antes da chegada dos pintinhos incluem o gerenciamento dos níveis de umidade, mantendo-os abaixo de 20%, e garantindo uma profundidade adequada da cama para acompanhar a deposição de umidade das aves. “É importante observar a aparência da cama, pois se ela ficar muito fina, há maior chance de níveis mais elevados de amônia. Se não houver opção de tratamento de cama para reduzir a amônia no início do lote, torna-se ainda mais crítico gerenciar”, salienta a bacharel em Ciência Animal.

Controle da proliferação de patógenos na cama

Em relação ao controle da proliferação de patógenos na cama, como Salmonella e Escherichia coli, é importante entender que nunca será possível controlar totalmente esses microrganismos, mas apenas gerenciá-los. “A área do microbioma nos aviários ainda é muito mal compreendida, e há muito a ser aprendido sobre como esses organismos interagem. No entanto, uma estratégia eficaz é gerenciar a umidade da cama, pois a água é um dos principais fatores que esses microrganismos precisam para sobreviver”, expõe Connie, acrescentando: “Mantendo a cama o mais seca possível e pelo maior tempo possível, podemos reduzir as chances de crescimento desses patógenos a níveis que impactariam negativamente nossas aves”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Avicultura ARTIGO

Será que o Brasil sabe a dimensão do desastre no Rio Grande do Sul?

Você está fazendo tudo o que pode mesmo? Quem sabe você pode ajudar só um pouquinho mais

Publicado em

em

Fotos : divulgação Governo do Estado

O Estado do RS acabou. Da forma como a gente o conhecia, ele não existe mais. Nos resta rezar a Deus e torcer para que o Brasil e o mundo nos ajude a enterrar nossos mortos e a reconstruir um pouco do que foi devastado pelas águas – e ainda vai ser devastado, pois vem mais ciclone por aí. Quem sabe, em meio ao caos, no fundo do poço, a gente encontre uma força que nem a gente saiba que tem, algo como o Japão que se reconstrói em tempo recorde após os terremotos. ou como a Flórida, que enfrenta dezenas de furacões anuais e continua em pé!
Talvez estas palavras iniciais sejam fortes, Mas, talvez a maioria das pessoas de outras regiões do Brasil não tenha se dado conta do tamanho da tragédia. Ela é muito pior do que você vê na TV ou nos vídeos de WhatsApp! Muito, mas muito pior! É como se todo mundo desta região aqui perdesse sua casa, se enchesse tudo isso de água, por dias e mais dias, fechando estradas, escolas, lar de idosos, empresas… tudo!

Você já parou para pensar!? Então, você vai ajudar mais!?

 

Muitos não ajudam pelo medo do julgamento alheio

Por outro lado, felizmente muitas regiões do país estão ajudando, botando a mão na massa, salvando pessoas.

Cito aqui o exemplo do Pablo Marçal, que vai e volta quase todo dia a São Paulo e salvou mais gente da água do que eu e você juntos – sem contar que deu uma aula em poucos minutos ali no centro de distribuição de doações. Eu estive lá em Hamburgo Velho e agradeci a Deus por estar do lado de cá dos gradis, que separavam a fila gigantesca para buscar donativos, das pessoas que foram doar ou tomar uma dose de coragem para ajudar mais!

O Marçal poderia estar torrando o dinheiro em Dubai, mas estava em cima de uma empilhadeira, no meio da rua, discursando para arrebanhar pessoas para ajudar daqui pra frente, pois talvez o pior esteja daqui pra frente, acredite! Você não precisa gostar dele, não precisa gostar da Globo, mas toda ajuda é muito bem-vinda! E, ao citar o Marçal, cito cada um aqui da região que está empenhado em ajudar, com grana, com barco, separando doações, tirando gente da água, doando…

Temos percebido muitos golpes, muita gente reclamando, muita gente se aproveitando para aparecer… e muita gente ou empresa querendo ajudar, mas não ajuda porque tem medo de que vão dizer que está querendo fazer propaganda. Vocês não têm noção a quantidade de pessoas (ou empresas) que vem me falar isso! Ora, vamos parar de ter medo destes juízes de sofá da sala, que se escondem em casa e ficam só metendo o pau nos outros; e não fazem nada! Deixe ‘essa gente pra lá’ e daí que a Globo só veio depois da Madona, e daí que alguns dizem que o Pablo Marçal está fazendo marketing, e daí que muitos só reclamam e apontam o dedo, daí que tem gente que vai na fila duas vezes pegar 2kg de arroz e 2 litros de leite, e daí, que se danem! Ora, manda a m… diz assim: “vá cuidar da tua vida”!
E se esta tragédia tocou seu coração, vai lá você e bota o pé na lama, porque você sabe que quem reclama não fará nada, estará muito ocupado dando opinião e reclamando.

O Brasil pode fazer muito mais

Se não tua casa, graças ao bom Deus, não teve mortes, somente alguns alagamentos, pessoas perderam bens materiais e… e estamos tocando nossa vida normalmente, limpando o guarda-roupa, fazendo uma comprinha maior para doar e… e deu! Era isso, a ajuda é só isso! Mas você pode fazer mais, todo mundo pode fazer mais!

Eu sinto que muita gente ainda não acordou para o tamanho da tragédia (e está tudo certo, cada um é cada um, não reclamo destes). Mas gostaria de ajudar, então, se você quiser dormir com a consciência tranquila, faça mais. “Teoricamente” só morreram 100, mas você sabe que esse número vai aumentar muito. Quantos idosos foram levados por não conseguir se locomover, quantos bebês morreram, quantos animais ainda estão ilhados ou foram levados, bichinhos de estimação que estão abandonados, quanta gente vai morrer de doença, de leptospirose, de hipotermia (vem o frio aí), e tem muitos outros problemas que vão aparecer.
Quantas crianças não terão mais aulas, quantas crianças não terão mais pais ou avós ou amiguinhos – que viraram estrelinhas ou ainda vão virar?
Quantas crianças perderam seu bichinho de estimação ou vão perder por falta de ração? Quantos avós perderam seus netos ou ainda vão perder!
A gente não sabe nada, não sabe a dimensão desta “desgraceira” toda! Não é uma enchentezinha que sobe, alaga e no dia seguinte volta para o rio, aí você vai lá e mete o lava-jato e tudo volta ao “normal”. Serão semanas, meses, vai ter lodo, lama até nos fios da luz.
Tem cidade inteira no Vale do Taquari que acabou, estão pensando em mudar a cidade de lugar, recomeçar. Você tem noção do tamanho da tragédia? Então, graças a Deus você está bem, seu vizinho está bem, mas tem muita gente que precisa de ti, tire um tempo, reserve um dinheiro, faça sua doação, ajude mais, você pode, sim! Se você não tem grana, não tem alimento, não tem colchão, doe tempo, doe uma palavra, vá lá no campo de batalha lutar, senão, jamais ouse cantar aquele pedaço do Hino Rio-grandense que diz “Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra”… eu não quero que “nossa façanha sirva de modelo a toda terra”, eu só peço a Deus e a você que ajude a salvar o máximo de gente possível “nesta ímpia e injusta guerra”.

 

Por
Mauri Marcelo ToniDandel
Jornalista – Dois Irmãos

Fonte: Mauri Marcelo ToniDandel
Continue Lendo
CBNA – Cong. Tec.

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.