Notícias 8º Congresso Brasileiro de Fertilizantes
Desequilíbrio entre oferta e demanda gerou oportunidades para o agro brasileiro
Para o próximo ano, esse fator somado à desaceleração das reformas econômicas, a piora na situação fiscal, a instabilidade do dólar e o abaixo crescimento da indústria podem afetar a economia nacional.
O desequilíbrio entre a oferta e demanda global gerou oportunidades robustas para o agronegócio brasileiro, especialmente na Ásia. Conforme explicou Marcos Jank, coordenador do Centro Insper Agro Global, após a crise da peste suína, a China mudou seu modelo de negócios nesse tipo de produção, o que culminou em aumento no consumo de soja, de carnes e sua entrada no milho. “É provável que o país se consolide como um grande importador global desse grão”, afirmou o especialista durante o 8º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, uma realização da ANDA – Associação Nacional para Difusão de Adubos e aconteceu na terça-feira (23), e reuniu quase 4.000 participantes.
Em sua avaliação, o Brasil poderia ter se beneficiado ainda mais. Contudo, a incerteza política foi um fator que impediu um melhor aproveitamento do país diante daquele cenário. Para o próximo ano, esse fator somado à desaceleração das reformas econômicas, a piora na situação fiscal, a instabilidade do dólar e o abaixo crescimento da indústria podem afetar a economia nacional, porém o agronegócio, em sua visão, continuará a crescer, mesmo diante de um cenário possível de menor margem para o produtor rural na próxima safra (2022-2023) devido à alta da inflação, ao cenário internacional bastante afetado com a crise energética, e ao aumento dos preços dos insumos.
Diante desse panorama, Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, observou que os grandes produtores estão melhor preparados para as adversidades, enquanto os pequenos e médios produtores não possuem caixa suficiente, além das culturas de longo prazo, mais perenes, que precisam decidir hoje sem a garantia de como os preços serão negociados daqui a dois ou três anos. Ele considerou ainda que é preciso que a indústria cresça e não apenas o agronegócio. “Não há condição de nosso setor manter o mesmo nível de expansão, com os demais definhando. Daqui a pouco, o muro subirá e o agro não conseguirá pular”, disse Brito, que trouxe o exemplo da Malásia, cuja a produção de palma gera um retorno de R$ 16.500,00 por hectare, enquanto a soja brasileira, de R$ 5.000,00 por hectare. “Temos uma grande oportunidade”, pontuou.
O segundo painel do 8º Congresso Brasileiro de Fertilizantes contou ainda com a participação de Guilherme Bastos Filho, Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que tratou dos esforços do MAPA para destravar e modernizar as ferramentas financeiras rurais, por meio de ajustes legais que possam incrementar as finanças privadas do agro, ampliar os conceitos da CPR e a possibilidade de trabalhar com outros setores vinculados à área. Ele destacou ainda a estimativa de R$ 1,3 bilhão para o seguro rural, que é fundamental para fornecer sustentabilidade econômica, e a expectativa positiva quanto ao Fiagro.
Já Gustavo Zaitune, vice-presidente de Product Costumers & Supply Chain da Yara Fertilizantes Brasil, que salientou algumas oportunidades de mercado, com as soluções digitais o mercado de carbono. Para ele, o futuro do setor passa por momentos disruptivos, que elevam a rentabilidade do produtor rural e contribuem para o volume cada vez maior do consumo de fertilizantes. Outro ponto trazido por ele foi a importância das boas práticas e regras de compliance e a proteção do planeta de forma responsável, ao mesmo tempo, em que há o fornecimento de alimentos para o mundo.
Desenvolvimento do agro brasileiro
No terceiro painel “Logística e Infraestrutura como Desenvolvimento do Agro Brasileiro” do Congresso Brasileiro de Fertilizantes, Lieven Cooreman, CEO da EuroChem Fertilizantes Tocantins, trouxe dados sobre a importância de ampliar a infraestrutura, especialmente, o modal ferroviário; e analisou que é preciso melhorar a logística para escoamento de grãos a um preço competitivo. Ele ressaltou que o Brasil é o país que mais irá receber investimentos de sua companhia, em relação às outras nações onde a empresa atua, o que demonstra que, mesmo diante de todas as dificuldades, o setor de fertilizantes acredita no potencial nacional.
O ex-Ministro Roberto Rodrigues, coordenador do FGVAgro, ponderou que a insegurança jurídica e a paralisação das reformas estruturantes afetam a vinda de investimentos estrangeiros no país bem como a falta de uma política de renda no campo dificultam um avanço ainda maior do agro nacional. A seu ver, é preciso realizar uma diplomacia de resultados, sendo uma das ações, a realização de grandes acordos com nações, como a Índia e a Indonésia, que possuem potencial de crescimento devido ao suas populações. Por fim, ele disse que o plano nacional de fertilizantes é um projeto de longo prazo e que a estratégia logística para fertilizantes precisa ser prioritária.
Em sua participação no 8º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, José Velloso, presidente executivo da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, destacou a conectividade para o agronegócio elevar sua produtividade. Segundo ele, qualquer máquina está ligada às grandes redes, trabalhando em nuvem. “As ferramentas da indústria 4.0 aplicadas aos equipamentos melhoram a produtividade do uso de fertilizantes e a própria produção agrícola. Por isso, é preciso investir na conectividade”, explicou Velloso, que acrescentou que apenas 14% das propriedades rurais estão conectadas. Ele falou ainda que o Ministério da Infraestrutura vem trabalhando de forma correta, mas ainda o Brasil está muito aquém do necessário.
No encerramento, Eduardo de Souza Monteiro, Presidente do Conselho de Administração da ANDA, fez um balanço sobre a importância dos assuntos tratados em cada painel e anunciou que o 9º Congresso Brasileiro de Fertilizantes será realizado de forma presencial, em São Paulo, no dia 23 de agosto de 2022.
Notícias
IPPA registra alta de 5,5% em outubro de 2024, porém acumula queda de 2,5% no ano
Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%).
O Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/CEPEA) subiu 5,5% em outubro, influenciado pelos avanços em todos os grupos de produtos: de 1,9% para o IPPA-Grãos; de fortes 10,7% para o IPPA-Pecuária; de expressivos 10,4% para o IPPA-Hortifrutícolas; e de 0,5% para o IPPA-Cana-Café.
No mesmo período, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresentou alta de 1,5%, demonstrando que, de setembro para outubro, os preços agropecuários mantiveram-se em elevação frente aos industriais da economia brasileira.
No cenário internacional, o índice de preços calculado pelo FMI subiu 1,4% quando convertido para Reais, acompanhando a valorização da taxa de câmbio oficial divulgada pelo Bacen. Isso indica um comportamento relativamente estável dos preços internacionais dos alimentos.
No acumulado de 2024, o IPPA/CEPEA registra queda de 2,5%. Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%), enquanto o IPPA-Hortifrutícolas avançou 34,6% e o IPPA-Cana-Café cresceu 7%.
Em comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresenta estabilidade no ano, enquanto os preços internacionais dos alimentos, convertidos para Reais, acumulam alta de 6,1%.
A despeito desses movimentos divergentes com relação ao IPPA/CEPEA, ressalta-se que, sob uma perspectiva de longo prazo, o que se observa é a convergência ao mesmo nível, após elevação acelerada dos preços domésticos nos últimos anos.
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ABCZ participa da TecnoAgro e destaca sustentabilidade no agro
Tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio e explorar o potencial econômico das cidades da região.
Nesta semana, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) marca presença na TecnoAgro 2024, evento realizado no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG). Com o tema “Agro Inteligente”, a iniciativa promovida pelo Grupo Integração e tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio e explorar o potencial econômico das cidades da região.
A abertura do evento aconteceu na manhã da última quinta-feira (21), reunindo autoridades e representantes dos setores ligados ao agro. A ABCZ esteve em destaque logo após a solenidade, quando o Superintendente Técnico, Luiz Antonio Josahkian, participou do painel “O Futuro da Pecuária”. O debate, mediado pela jornalista Adriana Sales, também contou com a presença da Prefeita de Uberaba, Elisa Araújo, e do Professor da ESALQ/USP, Sérgio de Zen.
A discussão abordou a responsabilidade do Brasil diante da crescente demanda global por proteína. “Temos o potencial para liderar o aumento da demanda por proteína animal. Contamos com terras disponíveis, mão de obra qualificada e políticas públicas que fortalecem continuamente o setor. O Brasil se destaca como um dos poucos países que ainda investe em qualificação profissional através de políticas públicas, com o apoio de órgãos como as Secretarias de Estado, o Senar e as extensões rurais Além disso, temos uma vocação natural para a produção de alimentos, com recursos essenciais, como a água, que é um insumo cada vez mais valorizado e disputado globalmente”, destacou Josahkian.
Complementando o debate, Sérgio de Zen enfatizou a necessidade de modelos produtivos mais sustentáveis. “É perfeitamente possível aumentar a demanda na redistribuição de renda e atender ao crescimento populacional sem recorrer ao desmatamento. Isso pode ser alcançado por meio do uso mais eficiente das tecnologias e dos sistemas de produção já disponíveis”, afirmou.
O evento, que segue até amanhã (22), reúne mais de 50 palestras voltadas para a sustentabilidade no agronegócio. Entre os destaques da programação técnica desta sexta-feira, o Zootecnista e Gerente do Departamento Internacional da ABCZ, Juan Lebron, participará da palestra “Recuperação de Pastagem, Genética, Nutrição e Saúde: Pilares da Sustentabilidade na Pecuária”, ao lado de especialistas como Guilherme Ferraudo e Thiago Parente.
Além das contribuições técnicas, a ABCZ participa com um estande apresentando produtos e serviços da maior entidade de pecuária zebuína do mundo.
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Altas no preço do boi seguem firmes, com escalas ainda menores que em outubro
Frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.
O movimento de alta nos preços da pecuária segue intenso. Segundo pesquisadores do Cepea, semana após semana, frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.
No final da cadeia produtiva, o consumidor também se mostra resiliente diante dos valores da carne nos maiores patamares dos últimos 3,5 anos.
No mesmo sentido, a demanda de importadores mundo afora tem se mantido firme.
Pesquisadores do Cepea observam ainda que as escalas de abate dos principais estados produtores, em novembro, estão ainda menores que em outubro.
No mercado financeiro (B3), também cresceu forte a liquidez dos contratos de boi para liquidação neste ano, pelo Indicador do boi elaborado pelo Cepea, o CEPEA/B3.