Suínos Produção eficiente
Descarte de leitões e reposição externa ameaçam biossegurança nas granjas brasileiras
A sanidade é um fundamento absolutamente essencial para o sucesso da produção de suínos. Não apenas por ser um dos pilares de uma produção eficiente e de qualidade, mas também por ser determinante para a competitividade de qualquer país no mercado internacional.

A sanidade é um fundamento absolutamente essencial para o sucesso da produção de suínos. Não apenas por ser um dos pilares de uma produção eficiente e de qualidade, mas também por ser determinante para a competitividade de qualquer país no mercado internacional.
Tendo a biossegurança como pano de fundo, o médico-veterinário Gustavo Simão, mestre em Medicina Veterinária Preventiva, palestrou no 1º Dia do Suinocultor O Presente Rural/Frimesa, realizado de forma híbrida no dia 21 de julho, sobre o papel e as oportunidades do Brasil como produtor global de alimentos e os gargalos de biossegurança existentes na suinocultura brasileira.

Médico-veterinário Gustavo Simão, mestre em Medicina Veterinária Preventiva: “É preciso promover melhorias nas granjas, nos processos de manejo e intensificar medidas de biossegurança para que continuemos a manter o nosso plantel livre de doenças”
De acordo com Simão, uma pesquisa feita pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) evidencia mais ainda a responsabilidade e a importância do Brasil como produtor de alimentos, projetando o país como responsável por 41% da produção de alimentos mundial até 2026.
No entanto, para atender esse mercado consumidor é preciso superar alguns gargalos de biossegurança, principalmente em relação a cultura de produção animal. “É preciso promover melhorias nas granjas, nos processos de manejo e intensificar medidas de biossegurança para que continuemos a manter o nosso plantel livre de doenças, no entanto, para isso, os produtores precisam mudar a cultura de produção, entender que o que funcionava há algum tempo hoje já não se aplica. Essa mudança é urgente para que a suinocultura brasileira possa se manter competitiva frente ao mercado mundial”, enfatiza o mestre em Medicina Veterinária Preventiva.
Para promover essa mudança na cultura de biossegurança na suinocultura é fundamental a comunicação entre produtores. “É necessário que os suinocultores troquem informações e mudem seu conceito de biossegurança, compreendendo que área limpa não é depois que passa da cerca da granja, mas sim quando o animal entra no galpão”, frisa.
Diariamente várias adversidades ameaçam as granjas suinícolas brasileiras, mas Simão chama atenção para dois pontos de maior ameaça: retirada para descarte de leitões e reposição externa, o qual representa maior risco de levar uma nova cepa para dentro da granja.
Gargalos do Brasil
De acordo com Simão, fluxo e reposição de animais vai definir que tipo de problema sanitário uma granja vai ter. “Se não mudarmos nosso sistema de transporte não vai ter produto mágico que vai resolver esse problema. As vacinas e medicamentos amenizam, mas não resolvem”, sentencia.
O médico-veterinário explica que a reposição externa causa instabilidade imunológica no plantel, uma vez que a quarentena desses animais é pouco realizada nas unidades produtivas, somado a menos módulos de creche com quantidades maiores de leitões e muitas Unidades Produtoras de Desmamados (UPDs) pequenas. “Esse é um gargalo grande que nós temos no Brasil, se não mudarmos isso não vamos conseguir controlar vários agentes”, expôs Simão.
O profissional aponta que a solução para reposição externa seria ter na granja uma modificadora interna, passando a não receber mais leitoas. “Neste sistema toda atualização genética é por sêmen, transporte segregado por pirâmide/fase, reposição interna, capacidade de desmamar fora, quarentena em todas as UPDs, única origem ou ir para o desmame em bandas, com módulos de creche menores. É um modelo em que conseguimos controlar muito bem os agentes endêmicos, uma vez que a população de animais é fechada e imunologicamente estável”, afirma.
Exemplo de um sistema avançado de gestão de biosseguridade
Os veículos de transporte de suínos representam uma das principais fontes de contaminação porque transportam animais a longas distâncias e de granjas com diferentes status sanitários. Dentre os procedimentos empregados pela cadeia produtiva e agroindústria está a limpeza, desinfecção, secagem e vazio sanitário de 72 horas do veículo entre as cargas de animais.
Um dos exemplos mais avançados e robustos, já adotado no país por uma granja, é o sistema de secagem e descontaminação termo-assistida (TADD). Simão destaca que este sistema consiste em secar os caminhões após a lavação e realizar a desinfecção por calor forçado, com temperatura a 70º C por 20 minutos. O processo de secagem é feito por gás ozônio para inativação de coliformes fecais. “Já está comprovado que o processo de secagem em caminhões de transporte de suínos pode eliminar até 99% dos agentes patogênicos”, exalta.
O profissional também pontua o emprego de sistemas de ar com propulsores, resfriamento, placa evaporativa e filtros em centrais reprodutoras, a fim de reduzir ao máximo o risco de entrada de vírus ou bactérias no sêmen.
Outras medidas de biossegurança como gestão de dados das granjas, de entrada de pessoas e de caminhões, coletas de amostras para monitoria de doenças e treinamento contínuo dos trabalhadores vão ofertar um ambiente cada vez mais seguro para produção animal.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



