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Desafios sanitários e seu controle norteiam discussões do 15º Encontro Mercolab de Avicultura

Além do reovírus, o encontro abordou temas como as consequências econômicas da bronquite infecciosa e a importância do controle de salmonella na cadeia produtiva.

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

O 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado em 10 de setembro em Cascavel (PR), reuniu mais de 300 participantes, entre profissionais da agroindústria, técnicos, fornecedores e especialistas, para debater os desafios e avanços da sanidade na cadeia avícola. Coordenado pelo médico-veterinário Alberto Back, doutor em Patobiologia Veterinária, o evento figura entre as principais plataformas de troca de conhecimento para o setor, reforçando o compromisso com a atualização técnica e trazendo à tona temas de extrema importância para a sustentabilidade e competitividade da avicultura brasileira.

Com uma programação elaborada em parceria com profissionais da cadeia produtiva, o encontro trouxe uma visão abrangente da avicultura atual, abordando desde o programa de autocontrole até o monitoramento molecular de reovírus. “Tivemos uma participação expressiva do público, o que demonstra o grande interesse pelos temas tratados. Houve muita troca de experiências e debates, engrandecendo o evento”, destacou Back.

Médico-veterinário doutor em Patobiologia Veterinária e coordenador do 15º Encontro Mercolab de Avicultura, Alberto Back: “Estamos criando aves mais eficientes, mas o desenvolvimento genético pode, em parte, colaborar para o surgimento de novas dificuldades, como o aumento da incidência de reovírus”

Entre os temas em destaque, o reovírus ocupou o centro das discussões. A reovirose, doença que afeta aves gerando problemas articulares e dificuldade de locomoção, tem causado grande preocupação entre os produtores. Back explicou que a complexidade do vírus, com diversas cepas que variam em seu impacto, torna o controle um desafio constante. “Com o uso de tecnologias moleculares, conseguimos identificar as cepas que causam problemas e, com isso, desenvolver vacinas específicas para cada região ou granja, mas o controle ainda não é fácil”, evidenciou.

Além do reovírus, o encontro abordou temas como as consequências econômicas da bronquite infecciosa e a importância do controle de salmonella na cadeia produtiva. O evento também enalteceu a necessidade de atualização constante no setor avícola nacional, que, apesar de ser um dos mais avançados do mundo, enfrenta desafios crescentes com o avanço genético e as mudanças nas condições de criação. “Estamos criando aves mais eficientes, mas o desenvolvimento genético pode, em parte, colaborar para o surgimento de novas dificuldades, como o aumento da incidência de reovírus”, comentou Back.

O médico-veterinário enfatizou a importância de eventos como o Encontro para o fortalecimento da cadeia produtiva. “Esse tipo de troca de informações entre produtores, técnicos, laboratórios e fornecedores é o que nos permite estar preparados para enfrentar os desafios do setor e continuar evoluindo”, afirmou.

Avicultura nacional

O Brasil produziu em 2023 mais de 14,8 milhões de toneladas de carne de frango, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Com 5,1 milhões de toneladas comercializadas e R$ 52 bilhões faturados, o Brasil se consolida como o maior exportador dessa proteína. O Paraná é líder nacional, respondendo sozinho por 42% de tudo o que o País manda para 172 países. A produção mundial de carne de frango, no ano passado, foi de 102 milhões de toneladas.

O Brasil, que caminha para se consolidar como o maior celeiro exportador de alimentos do planeta, abastece a mesa de um bilhão de pessoas, cerca de 12% dos habitantes do planeta. E para manter essa liderança e o crescimento de cadeias tão indispensáveis para a economia nacional, com previsão de crescimento de 13% na de frango nos próximos sete anos, eventos como o Encontro MercoLab de Avicultura se tornam cada vez mais necessários.

O cenário da avicultura brasileira está em constante evolução, mas enfrenta um inimigo invisível e perigoso: o reovírus aviário (ARV). Embora já seja conhecido por décadas, este patógeno ganhou novas proporções com o surgimento de variantes virulentas, especialmente em frangos de corte, que causam doenças debilitantes como artrite viral e tenossinovite. O impacto econômico é considerável, com prejuízos causados pela queda na produtividade, aumento da mortalidade, condenações em frigoríficos e altos custos de tratamento.

O ARV é especialmente problemático por sua capacidade de se espalhar rapidamente nos ambientes de criação, tanto por transmissão horizontal (de ave para ave) quanto vertical (de reprodutoras para a progênie). Isso exige que os produtores mantenham um controle rigoroso das condições de biosseguridade nas granjas. No entanto, a resistência do vírus a desinfetantes e sua habilidade de permanecer oculto tornam o controle da doença um desafio constante.

Os programas de vacinação desempenham um papel central no controle da reovirose, mas o cenário atual impõe uma corrida contra o tempo. O ARV, como muitos outros vírus de RNA, tem uma alta taxa de mutação, o que frequentemente torna as vacinas tradicionais menos eficazes. Esse fenômeno destaca a importância de atualizar as vacinas regularmente, considerando as cepas predominantes nas regiões afetadas. Empresas de saúde animal têm investido na pesquisa e no desenvolvimento de vacinas autógenas, que são adaptadas a essas variantes locais, proporcionando maior eficácia.

No entanto, mesmo com o avanço das tecnologias de imunização, o reovírus continua sendo um desafio, pois suas manifestações clínicas são variadas e, muitas vezes, difíceis de identificar precocemente.

Para enfrentar esses desafios, a integração entre pesquisa científica, inovação em biotecnologia e a adoção de boas práticas de manejo é crucial. Além disso, a troca constante de informações entre produtores, veterinários e empresas de saúde animal é essencial para identificar rapidamente novas variantes e adaptar as estratégias de controle.

A avicultura, setor vital para a economia brasileira, precisa estar em alerta e continuar investindo em tecnologia e biosseguridade. Com uma produção de carne de frango que coloca o Brasil entre os líderes mundiais, garantir a sanidade e o bem-estar das aves é um passo fundamental para manter a competitividade no mercado global. O reovírus não é apenas um problema de saúde animal; é uma ameaça à sustentabilidade do setor avícola. A preparação, a inovação e a colaboração serão as chaves para superar esse obstáculo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de avicultura acesse a versão digital de avicultura de corte e postura, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Influência da qualidade do milho no desempenho das aves

Qualidade e composição nutricional do milho é diretamente influenciada pela umidade, micotoxinas, impurezas, quantidade de grãos ardidos e densidade.

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Foto: Divulgação/Agroceres

Artigo escrito por Larissa Paula Silva Gomides, consultora técnica comercial de aves na Agroceres Multimix

O Brasil é o maior exportador de carne bovina e de frango do mundo. Para alimentar essa grande potência produtiva, 83,4% do consumo interno de milho e 42,2% da soja em 2022/23 foi destinado à produção de rações.

Já é sabido que 70% dos custos totais de produção são destinadas às rações, desta forma, os grandes desafios enfrentados pelas empresas produtoras de proteína animal estão ligados principalmente à alta variação dos custos das matérias primas, como também as demandas dos consumidores, que exigem um alto padrão de qualidade com preços acessíveis.

O milho é a principal fonte de energia e é o produto de maior inclusão nas rações das aves. Ele compõe de 60% a 70% das rações de frangos de corte e postura comercial. Para a avaliação da sua qualidade, no Brasil o milho é classificado como tipo 1, 2, 3, fora de tipo e desclassificado, conforme o grau de impurezas e a proporção de grãos quebrados, chochos ou mofados, como demonstrado no quadro 1.

As variações na qualidade dos ingredientes das rações, principalmente a alta concentração de impurezas e a alteração de níveis bromatológicos, são as principais causas entre os desvios de desempenho esperado e observado nos animais. Mesmo com os avanços tecnológicos para atingir altas produtividades de milho no Brasil, ainda há elevadas perdas nas etapas pós-colheita, tanto em transporte como beneficiamento e armazenagem da safra. O beneficiamento pós-colheita é um dos principais fatores que podem influenciar na qualidade do grão. Uma secagem mal executada pode, inclusive, aumentar as chances de trincar no grão.

A qualidade e composição nutricional do milho é diretamente influenciada pela umidade, micotoxinas, impurezas, quantidade de grãos ardidos e densidade.

Umidade

A umidade do milho recebida é fator determinante para a manutenção da qualidade da armazenagem e das rações. O recebimento do milho com teor de umidade acima de 14% pode causar ataque por fungos, dificultar o processo de moagem e ter prejuízos na qualidade bromatológica do grão, reduzindo em até 800kcal/kg a energia fornecida. O aumento da umidade do grão de milho acarreta o aumento do DGM (diâmetro geométrico médio) e desvio padrão do milho moído, podendo gerar diversas implicações no consumo e digestibilidade das aves.

A porcentagem de umidade e impureza do milho destinado a fabricação de ração tem uma correlação positiva com a conversão alimentar e mortalidade total das aves. Quanto maiores os valores de umidade e impureza do milho, maior será a conversão alimentar, idade de abate e mortalidade, o que é desfavorável.

Micotoxina

Outro fator que afeta a qualidade do milho é a contaminação por fungos. O produto secundário do metabolismo dos fungos são as micotoxinas, que contaminam os alimentos no campo e durante o armazenamento. Em grãos de cereais armazenados, a infecção por fungos bem como a produção de micotoxinas são resultados de uma interação entre alta umidade, temperatura, substrato e presença de insetos. A contaminação por fungos também pode reduzir os teores de carboidratos, proteínas, gorduras e vitaminas do milho, devido ao alto metabolismo dos fungos.

Os alimentos contaminados por estas substâncias tóxicas, quando não provocam a morte das aves em processos de intoxicação aguda, causam perda de peso, queda na produção de ovos, aumento da conversão alimentar, disfunções renais, imunossupressão, susceptibilidade a doenças, bem como problemas reprodutivos.  Estudo demonstrou que dietas com milho de baixa qualidade tiveram efeito negativo no desempenho de frangos de corte, com redução de 18,6% no ganho de peso e piora de 9,73% na conversão alimentar. Estes resultados também foram verificados outros pesquisadores, que relataram efeitos negativos para estas características, ao fornecerem rações com milho de baixa qualidade para frangos de corte, visto que a presença de micotoxinas afeta o metabolismo e o desempenho das aves.

Impurezas

O manejo da pré-limpeza de grãos tem como finalidade separar o produto de outros materiais através de uma corrente de ar e por peneiras, onde os grãos passam por uma série de peneiras com diferentes perfurações, separando os grãos de outros produtos maiores e menores.

Do ponto de vista técnico, para a melhor conservação dos grãos, controle de insetos, temperatura e do melhor desempenho da aeração, quanto menos impurezas os grãos apresentarem, melhor será a qualidade do armazenamento. O tratamento com pré-limpeza foi eficiente em reduzir significativamente os teores de impurezas, matérias estranhas e grãos quebrados da massa de grãos armazenada.

As impurezas como resíduos de caule e folhas, poeira, pequenos torrões de terra, presentes no lote de sementes de baixa densidade são mais absorventes e retentoras de umidade, fazendo com que o lote fique mais suscetível ao crescimento fúngico. O crescimento de fungos nessas impurezas produz água metabólica que, absorvida pelas sementes ao redor, faz com que seu teor de umidade aumente a níveis acima da umidade crítica. Outros estudiosos verificaram que o processo da pré-limpeza foi eficiente na redução da umidade e atividade de água em amostras de milho. Essa variável é importante para diminuir a incidência de fungos e outras pragas, que podem gerar defeitos nos grãos, além de acelerar a sua deterioração.

Quantidade de grãos ardidos

O milho é classificado em ardido quando os grãos ou pedaços perdem a coloração ou a cor característica, por ação do calor, umidade ou fermentação. Os grãos ardidos diminuem a quantidade de energia que os grãos podem disponibilizar na ração e consequentemente prejudicar o desempenho das aves.

Densidade

Outro manejo interessante na recepção do milho na fábrica de ração é a avaliação da densidade. Um pesquisador, estudando os valores energéticos para milhos de diferentes qualidades, determinados com frangos de corte, verificou que os valores da EMAn (energia metabolizável aparente corrigida) foram decrescendo à medida que a densidade do milho foi reduzida, refletindo sua pior qualidade. O milho de alta densidade foi energeticamente superior ao milho de densidade intermediária e de baixa densidade, cerca de, respectivamente 6,0 e 12,5% com frangos de 11 a 19 dias de idade.

Em outro estudo pesquisadores estabeleceram relação entre a densidade do grão e os valores de EMA (energia metabolizável aparente). Os autores observaram que o decréscimo de 20% da densidade do grão está associado à redução de 4,3% no valor de EMA. Este valor não pode ser desconsiderado, uma vez que a porcentagem média de incorporação do milho nas rações de aves é de 62% e redução de 4% no valor de EMA do milho corresponderá a 85 kcal/kg de ração, o que provocará menor peso final e piora na conversão alimentar de, aproximadamente, 3% nas aves, o que não é desejável.

A implantação de equipamentos, como a mesa densimétrica, pode ser uma interessante alternativa para separar e armazenar milho de diferentes densidades, podendo utilizar o grão com maiores densidades nas rações das aves mais jovens.

Conclusão

Concluindo, o melhoramento genético das aves resultou em um alto ganho produtivo ao longo dos anos; esse ganho será mais bem expressado com o fornecimento de rações com ingredientes com alta qualidade e com formulações com matrizes nutricionais ajustadas de acordo com os ingredientes utilizados. A implantação de rigorosos padrões de recebimento e armazenagem do milho, assim como o monitoramento durante o período de armazenagem e o uso de novas tecnologias de segregação e limpeza dos grãos de milho, refletem na alta qualidade das rações de frango de corte e poedeiras.

As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: joao.santos@agroceres.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente com Larissa Paula Silva Gomides
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Avicultura Enfrentando o desafio da Salmonela

Soluções nutricionais para auxílio em programas de controle

Essencial um programa que envolva manejo, biosseguridade e nutrição. A nutrição não se limita ao controle microbiológico nas fabricas de ração, matérias primas e sistema logístico, mas inclui aditivos que promovem a saúde intestinal.

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Foto: Shutterstock

Artigo escrito pela equipe técnica da Adisseo

A Salmonela causa perdas econômicas significativas e é uma preocupação para a saúde pública, principalmente as Salmonelas paratíficas, que podem contaminar carcaças de aves, tendo grande impacto na segurança alimentar. Elas colonizam o trato intestinal e algumas cepas têm alta capacidade de translocação, dificultando o controle. Nos últimos 5 anos, os sorovares mais comuns na avicultura foram Minnesota, Heidelberg, Enteritidis, Typhimurium, Infantis e Agona. Para controlar a Salmonela, é essencial um programa que envolva manejo, biosseguridade e nutrição. A nutrição não se limita ao controle microbiológico nas fabricas de ração, matérias primas e sistema logístico, mas inclui aditivos que promovem a saúde intestinal. A abordagem “Saúde e Performance” visa melhorar a imunocompetência e a saúde intestinal das aves. Utilizando soluções como ácido butírico e probióticos, este programa não apenas melhora a saúde e o desempenho dos animais, mas também têm o potencial de criar um ambiente intestinal mais resistente ao desenvolvimento da Salmonella.

Construindo um microbioma resiliente

Para combater a Salmonela em aves, é crucial estabelecer uma microbiota intestinal equilibrada, promovendo o crescimento de bactérias benéficas que competem e inibem os patógenos. Os probióticos desempenham um papel vital nesse processo, mantendo uma comunidade microbiana intestinal estável e diversificada, que compete com os patógenos por nutrientes e locais de fixação, produz substâncias antimicrobianas e melhora a resposta imunológica do hospedeiro. Nos últimos anos, temos estudado uma cepa probiótica, o Bacillus subtilis 29784, que demostra ser uma solução probiótica completa para a saúde intestinal. O B. subtilis 29784 já demonstrou ser capaz de agir na modulação da microbiota intestinal, na integridade intestinal, na ação anti-inflamatória e ação direta sobre bactérias patogênicas como Clostridium perfringens e Salmonela.

De fato, estudos in vitro, mostraram a capacidade do B. subtilis 29784 em diminuir o crescimento de Salmonella Enterititids, Typhimurium, Heildelberg entre outras, através de diversas metodologias, como mostradas a seguir.

Atividade anti-Salmonela in vitro

Teste in vitro destaca a ampla atividade do B. subtilis 29784 contra cepas de Salmonela isoladas a campo, mostrando sua capacidade em reduzir fortemente o crescimento de Salmonella, enquanto o produto concorrente (probiótico X) apresentou pouca ou nenhuma redução no crescimento desta bactéria (Figura 1).

Figura 1 Redução do crescimento de Salmonella in vitro pelo B. subtilis 29784 em comparação com um produto concorrente (probiótico X).

Atividade anti-Salmonela in vivo

Metodologias in vitro são muito importantes para a realização de triagens de aditivos nutricionais que possam fazer parte de programas de controle de Salmonela. Entretanto, a eficácia de qualquer aditivo deve ser acompanhada de ensaios in vivo, com modelos de infecção experimental. Foram conduzidos 3 experimentos científicos no Brasil envolvendo frangos de corte desafiados com Salmonella Heidelberg, uma cepa comumente isolada a campo. Foram estabelecidos dois grupos experimentais, um controle sem nenhum produto com efeito antimicrobiano, como promotores de crescimento, antibióticos ou probióticos, e o grupo experimental com a adição do B. subtilis 29784. Para mimetizar as contaminações por Salmonela a campo, foram utilizados dois métodos diferentes de desafio: método Seeders, onde é realizada a contaminação de 20% das aves por gavage (oral), e essas aves servem então de disseminadoras da Salmonela para os demais animais; e método gavage direto onde foi utilizada a metodologia tradicional de infecção oral, por gavage, em 100% das aves.

No Experimento 1, as aves do grupo B. subtilis 29784 tiveram redução na contagem cecal de Salmonella Heidelberg de 1,079 e 1,271 log10 UFC/g aos 14 e 28 dias de idade, respectivamente. No experimento 2, essa redução foi observada aos 14 dias de idade (redução de 1,817 log10). No ensaio 3, o B. subtilis 29784 não reduziu a contagem cecal de Salmonella Heidelberg  aos 14 dias, mas reduziu em 0,995 log10 aos 28 dias. Além disso, o B. subtilis 29784 reduziu o número de aves positivas para Salmonella Heidelberg quando analisadas amostras de fígado aos 28 dias.

Figura 2: Redução da contaminação por Salmonella Heildelberg com o uso de Bacillus subtilis 29784 em 3 diferentes experimentos (Quinteiro Filho, WM et al. Poultry Science, v. 102, E- suppplement 1, p 138, 2023).

Protegendo a integridade intestinal

A integridade intestinal e o controle dos processos inflamatórios estão intimamente relacionados com o sucesso do programa de redução de Salmonela. O butirato desempenha um papel crucial no trato gastrointestinal, principalmente no intestino posterior, agindo como uma molécula sinalizadora que facilita a comunicação entre a microbiota intestinal e o hospedeiro. Bactérias benéficas produzem butirato, que então estimula a manutenção da barreira intestinal e desencadeia respostas imunológicas que, por sua vez, favorecem o crescimento dessas bactérias benéficas.

Além disso, o butirato é reconhecido por sua capacidade de reduzir a virulência da Salmonela. Uma de suas contribuições significativas para a redução deste desafio reside na sua capacidade de estimular a secreção, no intestino, de peptídeos antimicrobianos de defesa do hospedeiro. Esses peptídeos protegem ativamente o intestino da infecção, atacando e eliminando diretamente bactérias nocivas como a Salmonela. Ademais, o butirato pode mitigar a inflamação e reduzir a expressão dos genes de virulência da Salmonela, que são cruciais para a colonização e invasão do hospedeiro.

Há também efeitos indiretos através da imunomodulação. Graças às suas propriedades anti-inflamatórias, o butirato cria um ambiente entérico menos favorável à proliferação da Salmonela.

Butirato de liberação precisa

O butirato é normalmente absorvido rapidamente no intestino superior, fato que limita seus efeitos no restante do trato intestinal. Para garantir que o butirato alcance as todas as regiões do intestino – inclusive regiões distais (cecos e colón), foi desenvolvido é um butirato de liberação precisa protegido por uma matriz de gordura, conhecido por aumentar a concentração de butirato em todo o trato gastrointestinal. Essas soluções inovadoras fortalecem a barreira intestinal e aumentam a resistência das aves contra a colonização por Salmonella.

Pesquisadores da Universidade de Ghent investigaram as consequências de diferentes formulações de produtos de butirato, cada uma com um perfil de liberação distinto: butirato de sódio desprotegido, tributirina, butirato revestido de liberação precisa e um butirato incorporado em uma matriz de cera microcristalina, um protótipo com uma liberação esperada mais alta no intestino posterior. As análises de liberação de butirato foram realizadas in vitro, usando condições gastrointestinais simuladas, e in vivo. Os testes confirmaram que quanto mais forte o nível de proteção, maior a concentração de butirato no intestino posterior e menor a carga cecal de Salmonella (Figura 3).

Figura 3 Relação entre a carga cecal de Salmonela e a concentração relativa de butirato no intestino posterior (R2 = 0,912, P = 0,003).

Para testar se estas concentrações aumentadas de butirato cecal poderiam realmente estar ligadas a um nível de proteção maior contra a infecção por Salmonela, aves de todos os grupos de tratamento foram infectadas oralmente com Salmonella Enteritidis. Os resultados mostram claramente que a suplementação das dietas de frangos de corte com butirato incorporado em uma matriz altamente protetora estimula uma composição microbiana saudável e aumenta a resistência contra a colonização cecal por Salmonela (Figura 4).

Figura 4 Eliminação de Salmonela em frangos de corte (swabs cloacais) infectados oralmente no dia 5 com Salmonella Enteritidis, recebendo uma dieta controle ou uma dieta com butirato revestido de liberação precisa

Conclusão

O butirato protegido de liberação precisa possui propriedades anti-inflamatórias, auxilia na proteção da integridade intestinal, reduzindo a invasão e translocação da Salmonela. O B. subtilis 29784 apresenta um perfil único de metabólitos que aumentam a resistência à colonização por Salmonela. Juntos, esses compostos colaboram para a criação de um ambiente intestinal muito menos favorável ao desenvolvimento desta bactéria.

No entanto, a abordagem “Saúde e Performance” vai além da simples recomendação de aditivos alimentares que colaboram com o controle de Salmonela ou outros patógenos. Nossa expertise reside em uma avaliação abrangente dos desafios para a seleção cuidadosa de uma combinação ideal de aditivos para cada tipo de situação. Ao considerar o panorama geral, nos dedicamos a ajudá-lo a aumentar a lucratividade da sua operação avícola e a qualidade de seu produto final.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: mariana.correa@adisseo.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente com equipe técnica da Adisseo
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Avicultura

Conbrasfran 2024 debate mercado global e desafios da produção de proteína animal com lideranças da BRF, Seara, Aurora e ABPA

Executivos de algumas das principais produtoras de carnes de aves, suínos e derivados do país vão discutir suas perspectivas para o mercado de frango de corte.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Diretor Comercial de Mercado Externo da Aurora Coop, Dilvo Casagranda – Fotos: Divulgação/Asgav

Quais são as tendências mais importantes para o mercado de proteína animal? Como o comportamento do consumidor moderno pode impactar a produção avícola? Quais são os desafios mais importantes da produção de proteína de origem animal no mundo? E as oportunidades? Quais são as expectativas da agroindústria para 2025? Enfim, como será a produção e a comercialização de carne de frango e suínos no futuro? Essas são algumas das perguntas que serão respondidas por lideranças de algumas das principais produtoras de proteína animal do país, representadas pela BRF, Seara e Aurora Coop, durante a Conbrasfran 2024, a Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango, que vai ser realizada pela Asgav (Associação Gaúcha de Avicultura) entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, no Rio Grande do Sul.

O painel A tendência mundial no mercado de proteínas de origem animal e a alimentação da humanidade vai ser aberto às 14h45, do dia 27 de novembro, com um debate sobre O mercado mundial de alimentos e os desafios da produção de proteína animal na visão dos big players.

Diretor Executivo de Agropecuária da Seara, José Antônio Ribas

As discussões serão encabeçadas pelo diretor vice-Presidente de Agro e Qualidade da BRF, Fabio Duarte Stumpf, pelo diretor Executivo de Agropecuária da Seara, José Antônio Ribas e pelo diretor Comercial de Mercado Externo da Aurora Coop, Dilvo Casagranda. A moderação deste painel será do presidente da ABPA, Ricardo Santin. Os interessados podem se inscrever através do site do evento. As vagas são limitadas a 500 participantes.

O presidente Executivo da Asgav e organizador do evento, José Eduardo dos Santos, destaca a importância de reunir representantes da cadeia produtiva para discutir a atividade. “Este encontro de profissionais do setor para debater os rumos dos setores de proteína animal é essencial para o segmento alinhar demandas, discutir os desafios, vislumbrar oportunidades e se desenvolver como cadeia produtiva. Além disso, a Conbrasfran é uma oportunidade para os participantes acessarem insights estratégicos, ampliarem networking e se capacitarem para enfrentar os desafios da gestão e inovação do setor”. O evento ainda vai abordar temas como energia alternativa e desafios ambientais e sanitários, entre outros.

Diretor vice-Presidente de Agro e Qualidade da BRF, Fabio Duarte Stumpf

O desafio central proposto pela Conbrasfran 2024 é conectar lideranças com o propósito de colaboração em um cenário global em que as empresas enfrentam mudanças de maneira muito rápida e profunda nas relações com o consumidor e em suas operações, salientou Santos.

A programação completa da Conbrasfran 2024 está disponível , acesse clicando aqui. “Os interessados em participar devem se inscrever com antecedência porque estamos com poucas vagas disponíveis”.

Fonte: Assessoria Asgav
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