Avicultura
Desafios sanitários e seu controle norteiam discussões do 15º Encontro Mercolab de Avicultura
Além do reovírus, o encontro abordou temas como as consequências econômicas da bronquite infecciosa e a importância do controle de salmonella na cadeia produtiva.
O 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado em 10 de setembro em Cascavel (PR), reuniu mais de 300 participantes, entre profissionais da agroindústria, técnicos, fornecedores e especialistas, para debater os desafios e avanços da sanidade na cadeia avícola. Coordenado pelo médico-veterinário Alberto Back, doutor em Patobiologia Veterinária, o evento figura entre as principais plataformas de troca de conhecimento para o setor, reforçando o compromisso com a atualização técnica e trazendo à tona temas de extrema importância para a sustentabilidade e competitividade da avicultura brasileira.
Com uma programação elaborada em parceria com profissionais da cadeia produtiva, o encontro trouxe uma visão abrangente da avicultura atual, abordando desde o programa de autocontrole até o monitoramento molecular de reovírus. “Tivemos uma participação expressiva do público, o que demonstra o grande interesse pelos temas tratados. Houve muita troca de experiências e debates, engrandecendo o evento”, destacou Back.
Entre os temas em destaque, o reovírus ocupou o centro das discussões. A reovirose, doença que afeta aves gerando problemas articulares e dificuldade de locomoção, tem causado grande preocupação entre os produtores. Back explicou que a complexidade do vírus, com diversas cepas que variam em seu impacto, torna o controle um desafio constante. “Com o uso de tecnologias moleculares, conseguimos identificar as cepas que causam problemas e, com isso, desenvolver vacinas específicas para cada região ou granja, mas o controle ainda não é fácil”, evidenciou.
Além do reovírus, o encontro abordou temas como as consequências econômicas da bronquite infecciosa e a importância do controle de salmonella na cadeia produtiva. O evento também enalteceu a necessidade de atualização constante no setor avícola nacional, que, apesar de ser um dos mais avançados do mundo, enfrenta desafios crescentes com o avanço genético e as mudanças nas condições de criação. “Estamos criando aves mais eficientes, mas o desenvolvimento genético pode, em parte, colaborar para o surgimento de novas dificuldades, como o aumento da incidência de reovírus”, comentou Back.
O médico-veterinário enfatizou a importância de eventos como o Encontro para o fortalecimento da cadeia produtiva. “Esse tipo de troca de informações entre produtores, técnicos, laboratórios e fornecedores é o que nos permite estar preparados para enfrentar os desafios do setor e continuar evoluindo”, afirmou.
Avicultura nacional
O Brasil produziu em 2023 mais de 14,8 milhões de toneladas de carne de frango, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Com 5,1 milhões de toneladas comercializadas e R$ 52 bilhões faturados, o Brasil se consolida como o maior exportador dessa proteína. O Paraná é líder nacional, respondendo sozinho por 42% de tudo o que o País manda para 172 países. A produção mundial de carne de frango, no ano passado, foi de 102 milhões de toneladas.
O Brasil, que caminha para se consolidar como o maior celeiro exportador de alimentos do planeta, abastece a mesa de um bilhão de pessoas, cerca de 12% dos habitantes do planeta. E para manter essa liderança e o crescimento de cadeias tão indispensáveis para a economia nacional, com previsão de crescimento de 13% na de frango nos próximos sete anos, eventos como o Encontro MercoLab de Avicultura se tornam cada vez mais necessários.
O cenário da avicultura brasileira está em constante evolução, mas enfrenta um inimigo invisível e perigoso: o reovírus aviário (ARV). Embora já seja conhecido por décadas, este patógeno ganhou novas proporções com o surgimento de variantes virulentas, especialmente em frangos de corte, que causam doenças debilitantes como artrite viral e tenossinovite. O impacto econômico é considerável, com prejuízos causados pela queda na produtividade, aumento da mortalidade, condenações em frigoríficos e altos custos de tratamento.
O ARV é especialmente problemático por sua capacidade de se espalhar rapidamente nos ambientes de criação, tanto por transmissão horizontal (de ave para ave) quanto vertical (de reprodutoras para a progênie). Isso exige que os produtores mantenham um controle rigoroso das condições de biosseguridade nas granjas. No entanto, a resistência do vírus a desinfetantes e sua habilidade de permanecer oculto tornam o controle da doença um desafio constante.
Os programas de vacinação desempenham um papel central no controle da reovirose, mas o cenário atual impõe uma corrida contra o tempo. O ARV, como muitos outros vírus de RNA, tem uma alta taxa de mutação, o que frequentemente torna as vacinas tradicionais menos eficazes. Esse fenômeno destaca a importância de atualizar as vacinas regularmente, considerando as cepas predominantes nas regiões afetadas. Empresas de saúde animal têm investido na pesquisa e no desenvolvimento de vacinas autógenas, que são adaptadas a essas variantes locais, proporcionando maior eficácia.
No entanto, mesmo com o avanço das tecnologias de imunização, o reovírus continua sendo um desafio, pois suas manifestações clínicas são variadas e, muitas vezes, difíceis de identificar precocemente.
Para enfrentar esses desafios, a integração entre pesquisa científica, inovação em biotecnologia e a adoção de boas práticas de manejo é crucial. Além disso, a troca constante de informações entre produtores, veterinários e empresas de saúde animal é essencial para identificar rapidamente novas variantes e adaptar as estratégias de controle.
A avicultura, setor vital para a economia brasileira, precisa estar em alerta e continuar investindo em tecnologia e biosseguridade. Com uma produção de carne de frango que coloca o Brasil entre os líderes mundiais, garantir a sanidade e o bem-estar das aves é um passo fundamental para manter a competitividade no mercado global. O reovírus não é apenas um problema de saúde animal; é uma ameaça à sustentabilidade do setor avícola. A preparação, a inovação e a colaboração serão as chaves para superar esse obstáculo.
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Avicultura
Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
Avicultura
Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.
Avicultura
Brasileiros são homenageados no Congresso Latino-Americano de Avicultura 2024
Presidente do Conselho Consultivo da ABPA, Francisco Turra, foi incluído no Hall da Fama da Avicultura Latino-Americana junto com José Carlos Garrote, presidente do Conselho da São Salvador Alimentos, e Mário Sérgio Assayag Júnior, veterinário especialista em prevenção da Influenza aviária.
O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e uma das figuras mais importantes da história da avicultura brasileira, entrou na última sexta-feira (15) para o Hall da Fama da Avicultura Latino-Americana.
A nomeação aconteceu durante o Congresso Latino-Americano de Avicultura (OVUM), realizado entre 12 e 15 de novembro, em Punta del Este, no Uruguai. Outros dois nomes foram destacados na cerimônia por indicação da ABPA: José Carlos Garrote, que recebeu homenagem especial como empresário líder no Brasil, e Mário Sérgio Assayag Júnior como técnico destacado.
Garrote é presidente do Conselho da São Salvador Alimentos (SSA), uma das maiores indústrias de alimentação do Brasil, e membro do Conselho de Administração da ABPA. Assayag Júnior é veterinário e membro do grupo técnico de prevenção e monitoramento da Influenza aviária. “A homenagem aos três neste congresso de relevância internacional, mostra a importância e a contribuição da avicultura brasileira para o desenvolvimento mundial do setor”, disse Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).