Avicultura
Desafios na integridade estrutural de frangos de corte e intervenções nutricionais com minerais orgânicos
Implementação de estratégias nutricionais que incluam microminerais de alta biodisponibilidade pode melhorar significativamente a integridade estrutural e a qualidade da carne.
Artigo escrito por Kelen Zavarize, zootecnista, pós doutora em Nutrição de Monogástricos e Gerente de Serviços Técnicos para Avicultura, LAS da Novus
A avicultura é uma das indústrias mais dinâmicas do setor agropecuário mundial, apresentando crescimento constante e inovações significativas ao longo das últimas décadas. O avanço na genética, manejo e nutrição permitiu a criação de frangos de corte com maior eficiência, crescimento acelerado e otimização do ganho de peso. No entanto, esse rápido desenvolvimento trouxe à tona novos desafios para a integridade estrutural e a saúde das aves, levando a preocupações tanto econômicas quanto relacionadas ao bem-estar animal.
Os minerais como zinco (Zn), cobre (Cu) e manganês (Mn) desempenham um papel crucial na manutenção da saúde óssea, integridade da pele e resposta imunológica das aves. A carência ou suplementação inadequada desses minerais pode resultar em deficiências graves, impactando diretamente o desempenho produtivo e a qualidade final do produto avícola. Além disso, a escolha da forma de suplementação — inorgânica ou orgânica — influencia a biodisponibilidade desses nutrientes, com os microminerais orgânicos, como os quelatos de aminoácidos, demonstrando maior eficiência na absorção e utilização pelo organismo.
Este artigo explora os desafios nutricionais e estruturais enfrentados pela indústria avícola moderna, destacando o papel crucial dos minerais, as diferenças entre fontes orgânicas e inorgânicas, e as estratégias nutricionais que podem ser implementadas para mitigar problemas como claudicação, pododermatite e miopatias, garantindo a saúde e o desempenho ótimos das aves.
A importância dos microminerais na nutrição de frangos de corte
Os microminerais são nutrientes essenciais para diversas vias metabólicas, influenciando diretamente o crescimento, a reprodução, a eficiência energética e o bem-estar das aves. Em frangos de corte, minerais como Zn, Cu e Mn desempenham papéis vitais no metabolismo celular, agindo como cofatores para inúmeras enzimas e reguladores de processos fisiológicos essenciais.
O zinco e o cobre são cruciais para a formação de colágeno, uma proteína estrutural responsável pela resistência da pele e dos ossos das aves. O manganês também é necessário para o desenvolvimento ósseo, e sua deficiência pode levar à fragilidade óssea, resultando em claudicação e lesões que comprometem o bem-estar das aves e reduzem a qualidade de sua carne.
Inorgânicos versus orgânicos
A suplementação mineral na dieta de frangos de corte pode ser feita tanto com fontes inorgânicas quanto orgânicas. Os minerais inorgânicos, como óxidos, sulfatos e carbonatos, são tradicionalmente usados devido ao seu custo mais baixo. No entanto, as pesquisas recentes mostram que minerais orgânicos, como os biquelatos de aminoácidos apresentam maior biodisponibilidade e eficiência metabólica.
A biodisponibilidade refere-se à fração do mineral que é efetivamente absorvida e utilizada pelo organismo. Estudos demonstram que até 80% dos minerais inorgânicos podem ser excretados devido à sua baixa disponibilidade. Por outro lado, minerais orgânicos, ao serem quimicamente ligados a ligantes como aminoácidos, formam estruturas estáveis que evitam interações indesejadas no trato digestivo e garantem maior absorção e utilização pelo corpo.
Esse aumento na biodisponibilidade resulta em melhores resultados de desempenho, como crescimento mais uniforme, melhora na qualidade da carne e maior resistência óssea e da pele. Os frangos alimentados com microminerais orgânicos, como MMHAC (quelatos metal-metionina-hidroxi-análogos), têm demonstrado maior resistência nas articulações, menor incidência de lesões nas patas e uma melhora geral na saúde das aves.
Desafios nutricionais e estruturais na avicultura moderna
O crescimento rápido dos frangos de corte modernos, promovido por melhorias genéticas, trouxe consigo uma série de problemas estruturais. A tendência de priorizar o aumento da massa muscular em detrimento do desenvolvimento ósseo tem levado a condições como a claudicação e a necrose da cabeça femoral (NCF), que afetam negativamente a integridade física e o bem-estar das aves.
A pododermatite é uma das principais condições estruturais que afetam a indústria avícola. Ela é causada principalmente pela umidade excessiva nas camas, que gera lesões necróticas nas patas das aves. Embora o manejo seja crucial para controlar a umidade, a nutrição também desempenha um papel vital na prevenção da pododermatite. Os minerais como Zn, Cu e Mn são fundamentais para a manutenção da integridade da pele e a suplementação com microminerais orgânicos pode reduzir significativamente a incidência de lesões nas patas.
Além disso, a claudicação — uma condição que afeta a mobilidade das aves — está fortemente associada ao rápido ganho de peso, que exerce uma carga excessiva sobre o esqueleto subdesenvolvido. A NCF, uma causa comum de claudicação, pode ser exacerbada por infecções bacterianas, especialmente aquelas originárias do intestino.
Em um estudo recente com 120.000 frangos de corte, a suplementação de 8 mg/kg de Cu, 32 mg/kg de Mn e 32 mg/kg de Zn na forma de quelatos de HMTBa resultou em uma melhora significativa na saúde das patas, em comparação com a suplementação de sulfatos comerciais em níveis muito mais elevados, de 125 mg/kg de Cu, 100 mg/kg de Zn e 90 mg/kg de Mn.
Miopatias e a qualidade da carne
A qualidade da carne de frango é um fator crucial para a indústria avícola, com miopatias como o “peito amadeirado” (WB) se tornando uma preocupação crescente. O WB é caracterizado por uma textura anormalmente dura no peito, reduzindo sua aceitação pelos consumidores. A condição está associada ao crescimento acelerado das aves, que aumenta o estresse oxidativo nos músculos, levando à degeneração das fibras musculares.
O estresse oxidativo é um dos principais fatores que contribuem para a ocorrência de miopatias. Ele é causado por um desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade antioxidante do corpo. Quando o estresse oxidativo supera a capacidade regenerativa dos tecidos, as células musculares começam a acumular tecido fibroso, resultando em carne de menor qualidade.
As intervenções nutricionais que incluem antioxidantes, como vitamina C, selênio e arginina, além de microminerais biquelatados, podem ajudar a reduzir o estresse oxidativo e melhorar a qualidade da carne.
Estratégias nutricionais para melhorar o desempenho das aves
Para enfrentar os desafios estruturais e melhorar o desempenho das aves, uma abordagem multifacetada é necessária. Isso inclui ajustes na nutrição, manejo e genética, com foco na melhoria da saúde intestinal, redução do estresse oxidativo e otimização da biodisponibilidade de nutrientes essenciais.
O uso de probióticos, prebióticos e enzimas, pode melhorar a integridade intestinal, reduzindo a translocação de bactérias patogênicas e melhorando a consistência fecal, o que, por sua vez, melhora a qualidade da cama e reduz a incidência de pododermatite. Além disso, a inclusão de ácidos orgânicos e óleos essenciais na dieta tem demonstrado ser eficaz na melhoria da função da barreira intestinal e na redução da proliferação bacteriana.
Conclusão
A suplementação adequada de microminerais orgânicos é uma ferramenta essencial para otimizar o desempenho e a saúde dos frangos de corte, além de reduzir a incidência de problemas estruturais, como claudicação e pododermatite, e miopatias como o WB. A implementação de estratégias nutricionais que incluam microminerais de alta biodisponibilidade pode melhorar significativamente a integridade estrutural e a qualidade da carne, garantindo maior rentabilidade para a indústria avícola.
Os investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento são fundamentais para identificar e implementar essas estratégias, permitindo à indústria avícola manter-se competitiva enquanto promove o bem-estar animal e a produção de produtos de alta qualidade.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!
Avicultura Apresentada na EuroTier 2024
Tecnologia traz solução sustentável para detecção precoce de sexo in-ovo
Tecnologia utiliza um método não invasivo e puramente óptico para identificar o sexo dos embriões de galinha já nos primeiros dias de incubação
Na avicultura de postura, o abate de pintinhos machos é uma prática comum e controversa. Para mudar esse cenário, o uso da inteligência artificial (IA) desponta como uma solução inovadora e sustentável, capaz de eliminar ou reduzir despesas e promover ganhos econômicos e de bem-estar animal.
A Omegga GmbH, empresa alemã de tecnologia para o setor avícola, desenvolveu um sistema de sexagem in-ovo com espectroscopia e aprendizado de máquina, ganhador da medalha de prata no Prêmio de Inovação EuroTier 2024.
A tecnologia utiliza um método não invasivo e puramente óptico para identificar o sexo dos embriões de galinha já nos primeiros dias de incubação. Um braço de medição integrado à infraestrutura do incubatório examina os ovos periodicamente, entre o terceiro e o sexto dia de incubação.
Através da transmissão de luz visível, os dados são coletados e enviados para a nuvem, onde são analisados por algoritmos de IA. Com isso, o sistema pode identificar ovos machos e inviáveis com precisão até o sétimo dia, possibilitando a separação dos ovos antes do desenvolvimento sensorial dos embriões e eliminando o sofrimento dos pintinhos.
A sexagem in-ovo também oferece benefícios econômicos. Ao identificar e separar precocemente os ovos machos e inviáveis, a tecnologia libera mais de 50% do espaço nas incubadoras, reduzindo custos operacionais. “Os ovos descartados ganham um novo destino ao serem redirecionados para a produção de cosméticos, medicamentos e ração animal, gerando uma fonte de receita secundária para os produtores”, evidencia Clara Kaufhold, da Omegga GmbH.
A solução da Omegga será testada em larga escala em incubatórias pilotos em 2024 e deverá chegar ao mercado alemão em 2025, sinalizando uma mudança nas práticas da avicultura em resposta às demandas do consumidor e às novas regulamentações.
Avicultura A 10 dias do evento
Conbrasfran 2024 tem últimas vagas abertas
Asgav vai reunir líderes da avicultura brasileira de 25 a 27 de novembro, em Gramado (RS).
As expectativas para a Conbrasfran 2024, a Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango, são grandes. A 10 dias do evento, as salas estão cheias e são poucas as vagas disponíveis. Cerca de 20 agroindústrias e outras 17 empresas já marcaram presença. O encontro promovido pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), vai ser realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, Hotel Master, em Gramado, na serra gaúcha, e reúne as principais lideranças da cadeia produtiva.
“A programação inicia no dia 25 de novembro, a partir das 18h30, com a cerimônia oficial de abertura da Conbrasfran e logo após contará com uma apresentação do Governador em exercício do Estado do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, que vai abordar a nossa experiência com os desafios que este ano nos trouxe, como as enchentes e depois o caso isolado da Doença de Newcastle, e os esforços na retomada”, disse o presidente executivo da Asgav e organizador da Conbrasfran 2024, José Eduardo dos Santos.
A iniciativa é direcionada às lideranças de diferentes elos da cadeia produtiva, desde o segmento de genética avícola, passando por fornecedores de equipamentos, embalagens, nutrição e saúde animal, entre outros setores, até a indústria produtora de carne de frango. Com debatedores de todo o país, o encontro vai discutir os desafios, as oportunidades da produção, da industrialização e da comercialização de carne de frango, apresentando tecnologias e inovações capazes de impactar a avicultura do futuro e cases de sucesso.
Santos destaca que ações como a Conbrasfran são muito importantes, já que proporcionam qualificação, colaboração entre as empresas e networking, além de um ambiente favorável aos negócios. “A Conbrasfran 2024 absorveu os diversos eventos promovidos pela Asgav ao longo do ano na programação matutina. Assim, ele virou um grande evento para a avicultura de corte. E também é uma forma de trocar ideias, porque vamos falar de tudo”, pontuou o executivo.
Ele estima um público de 500 participantes e salienta que são poucas as vagas disponíveis.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível aqui.
Outras informações sobre a Conbrasfran 2024 podem ser obtidas no site do evento, pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro (@conbrasfran).
Apoio
Algumas das empresas mais importantes do setor patrocinam a Conbrasfran 2024, como o patrocínio Ouro da Cobb-Vantress, da Cumberland Agromarau e da Toledo do Brasil. A Seara e a Vaccinar confirmaram apoio na categoria Prata. E o patrocínio Bronze tem a confirmação de empresas como FS Nutrição Animal, Hipra, Phibro e Wilson,Sons. Entre os expositores, estão a Organização Avícola do RS (Asgav/Sipargs), Cumberland Agromarau, Toledo do Brasil, Vaccinar, Avioeste, Cleantec, Equitec, Importherm, Lumac, Mercolab, Supravel, Resistex, Tectron, Agrosys e Sulforte.
Das agroindústrias, estão confirmadas Agroaraçá Alimentos, Agrosul, Aurora Coop, Ave Serra, Bom Frango, BRF, Carrer, Frigorífico Chesini, Dália Alimentos, Leve Quintal Abate de Aves, Languiru, Mais Frango, Granja Menegon, Minuano, Nutrifrango, Piovesan, Saziare/Granja Caravajio, Seara, Vibra e Somave Alimentos. Outras indústrias e instituições avícolas de outros estados também devem enviar representantes para o evento.
Avicultura
Ricardo Santin é reeleito vice-presidente da Associação Latinoamericana de Avicultura
Presidente da ABPA, do Conselho do IOB e do Conselho Mundial da Avicultura, brasileiro segue na gestão da entidade máxima do setor avícola latino-americano.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, foi reeleito para o cargo de vice-presidente da Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA). A eleição ocorreu hoje, durante assembleia-geral da ALA, em Punta del Este (Uruguai).
Santin, que é também presidente do Conselho Mundial da Avicultura (IPC, Sigla em Inglês) e do Conselho de Administração do Instituto Ovos Brasil (IOB), teve sua missão renovada no trabalho setorial mantido pela ALA em prol do desenvolvimento da atividade avícola latinoamericana.
Para a presidência da ALA foi escolhida Maria Del Rosário Penedo de Falla, presidente da Asociación Nacional de Avicultores de Guatemala (ANAVI) – país que sediará a próxima edição do OVUM, em 2026.
“Temos centralizado os esforços da ALA para a harmonização de temas comuns para os países latino-americanos, que incluem a conscientização sobre antimicrobianos e a blindagem sanitária contra enfermidades como a Influenza Aviária. Temos o desafio renovado e seguiremos em união para avançar cada vez mais em nosso papel no futuro da produção mundial de alimentos”, avalia Santin.