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Suínos / Peixes

Desafios na fase de maternidade e novas ferramentas para a suinocultura

A crescente intensificação desta atividade e a pressão sobre os custos de produção demandam alta eficiência para que os resultados desejados continuem sustentáveis, a fim de manter a competitividade nacional em um mercado cada vez mais exigente.

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Foto: Arquivo/OP Rural

A suinocultura brasileira é uma atividade de importante relevância econômica para o país, sendo um dos pilares do parque agroindustrial nacional. Responsável pela produção de 4,701 milhões de toneladas de carne e um valor bruto de produção de R$ 31,394 bilhões no ano de 2021.

A crescente intensificação desta atividade e a pressão sobre os custos de produção demandam alta eficiência para que os resultados desejados continuem sustentáveis, a fim de manter a competitividade nacional em um mercado cada vez mais exigente. Tal eficiência passa necessariamente pelo sucesso produtivo na fase de maternidade, na qual a complexidade do processo, com procedimentos e manejos diversos, demanda um alto volume de mão-de-obra qualificada para que seja possível manter a sanidade e o bem-estar tanto da fêmea reprodutora, quanto da leitegada. Por isso, a adoção de estratégias de prevenção contra uma série de agentes infecciosos é vital para garantir uma produção equilibrada e com máximo desempenho.

Um dos principais fatores responsáveis pela perda de desempenho zootécnico na fase de maternidade é a diarreia em leitões. Quando as leitegadas são afetadas, temos um impacto imediato com consequências para o desempenho dos suínos, prejudicando seriamente as próximas etapas produtivas, além de possíveis aumentos no índice de mortalidade, afetando seriamente a lucratividade das granjas

A diarreia é predominantemente um desafio multifatorial, e várias causas irão determinar o aparecimento deste quadro, ressaltando que nem todos são infecciosas. Problemas com mão de obra, manejo, protocolos de biosseguridade ou nutrição de baixa qualidade são pontos determinantes para o aparecimento deste desafio. Desta maneira podemos definir 4 fatores que predispõem o aparecimento da diarreia na maternidade, sendo eles: falhas imunitárias, deficiência de mão de obra, ambiência e patógenos.

Falhas imunitárias

Devido a especificidade da placenta suína, a transmissão de anticorpos maternos não ocorre de forma intrauterina. Por esse motivo, os leitões neonatos não possuem defesas ao ambiente relativamente hostil da maternidade. Esta defesa é adquirida através da imunidade passiva, absorvida por meio das primeiras mamadas de colostro. Quando os leitões não recebem colostro suficiente, eles se tornam suscetíveis a agentes presentes no ambiente. Isso significa que não só bactérias e vírus patogênicos podem prejudicar os leitões recém-nascidos, mas qualquer microrganismo, mesmo os ubiquitários, pode desencadear a diarreia neonatal.

A janela de oportunidade para uma boa colostragem se fecha rapidamente, visto que a concentração de anticorpos no colostro cai rapidamente e o intestino do leitão se torna impermeável aos anticorpos maternos. Normalmente, a janela de transferência de imunidade passiva fecha completamente em até 48 horas. Por essa razão, uma maternidade bem gerenciada torna-se uma prioridade máxima para garantir que todos os leitões obtenham colostro suficiente. Assim sendo, a mão de obra é crucial para aumentar o sucesso da transferência de imunidade passiva.

A agalaxia também é uma preocupação séria, assim como o tamanho das leitegadas, a viabilidade e quantidade dos tetos e a má uniformização de leitegadas.

É valido mencionar que a exposição das leitoas a certos patógenos deve ser feita de maneira adequada. Caso contrário, não terão anticorpos circulantes contra determinados agentes, de modo a não serem capazes de conferir proteção a seus leitões, mesmo que eles consumam colostro suficiente. Isso acontece, por exemplo, quando a reposição do plantel é feita de maneira não adequada, com leitoas que não passaram por uma boa aclimatação, ou quando o rebanho sofre com falhas associadas à vacinação.

Ambiência contribuindo para diarreias

A ambiência afeta o desempenho na maternidade de diversas maneiras. Considerando que nessa fase há um ciclo contínuo de animais de reprodução e leitões recém-nascidos dividindo as mesmas instalações, as exigências ambientais são diferentes para estes dois grupos (temperatura, volume de consumo de água, circulação de ar, luminosidade etc.). No caso das matrizes, uma ambiência de baixa qualidade pode impactar seu consumo de água e ração, o que, consequentemente, diminuirá sua produção de leite. Dessa forma os leitões terão menos condições para se manterem saudáveis, já que todo recurso energético será demandado para atividades de mantença, ou seja, simplesmente para se manterem vivos.

Patógenos

As diarreias de origem infecciosas são as mais importantes causas de perda na fase de aleitamento, gerando enormes prejuízos zootécnicos e financeiros para a suinocultura. Essas perdas não se restringem ao aumento da taxa de mortalidade, mas também a impactos nas fases subsequentes da produção, causando grande desuniformidade dos lotes.

Diversos agentes infecciosos podem estar envolvidos na manifestação de enterites em suínos na fase de maternidade como: vírus, bactérias e parasitas. Dos agentes bacterianos, a Escherichia coli e o Closdridium perfringens são os responsáveis pela maioria das infecções. Já a Rotavirose é, possivelmente, a doença viral mais importante causadora de enterites em leitões no Brasil.
Quando falamos de enterites parasitárias, o Cystoisospora suis tem um papel preponderante na casuística de diarreias a partir do 5° dia de vida dos leitões devido a sua alta prevalência.

Deficiência de mão-de-obra

Nas últimas décadas a suinocultura brasileira vem sofrendo com um novo desafio: a baixa oferta de mão-de-obra. Anteriormente o Brasil oferecia uma mão-de-obra com custo mais atrativo, quando comparado com nossos competidores europeus e americanos. Contudo, a crescente escassez de trabalhadores interessados em atuar na atividade pressionou estes valores. Como já mencionado previamente, o setor de maternidade das granjas, bem como de sistemas de produção de leitões, demanda um maior número de colaboradores e com um maior nível de qualificação. Por essa razão, o conhecimento do processo e o domínio dos manejos de rotina são de extrema importância nessa etapa produtiva, que sofre com a baixa disponibilidade e a alta rotatividade de colaboradores.

Diante desse contexto, a adoção de novas tecnologias que proporcionam maior eficiência da atividade, otimização da mão-de-obra, aliada ao bem-estar animal, são de suma importância. Uma alternativa que agrega todos esses pontos é a associação injetável de gleptoferron e toltrazuril que permite, em uma única aplicação intramuscular, o controle efetivo da anemia ferropriva e da coccidiose, duas enfermidades que são muito prevalentes nas granjas brasileiras.

Essa nova ferramenta pode ser aplicada na leitegada a partir das primeiras 24 horas de vida, o que possibilita uma redução de intervenções nos leitões durante os primeiros dias de vida, as quais demandam muita mão-de-obra na granja, contribuindo para a otimização destes recursos. Além disso, essa solução evita desperdícios, que são comuns na administração por via oral de toltrazuril (princípio ativo utilizado no combate a coccidiose). Estudos realizados no campo mostraram que os animais tratados precocemente apresentaram uma significativa melhora nos quadros de anemia ferropriva e a excreção de oocistos de C. suis ocorreu em menor quantidade e por um período menor, o que contribui positivamente com a sanidade de toda a granja.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: pedro.filsner@ceva.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: Por Pedro Henrique Filsner, doutor em Medicina Veterinária e gerente nacional de Serviços Veterinários na BU Suínos Ceva.

Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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Suínos / Peixes

Brasil detém 32% do mercado global de cortes congelados de carne suína

Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná divulgou, na quinta-feira (25), o Boletim de Conjuntura Agropecuária, trazendo um panorama abrangente dos setores agrícolas e pecuários referente à semana de 19 a 25 de abril. Entre os destaques, além de ampliar as informações sobre a safra de grãos, o documento traz dados sobre a produção mundial, nacional e estadual de tangerinas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção global de tangerinas atingiu a marca de 44,2 milhões de toneladas em 2022, espalhadas por uma área de 3,3 milhões de hectares em 68 países. A China, indiscutivelmente, lidera nesse cenário, com uma contribuição de 61,5% para as colheitas mundiais e dominando 73,1% da área de cultivo da espécie. O Brasil, por sua vez, figura como o quinto maior produtor, com uma fatia de 2,5% das quantidades totais.

No contexto nacional, o Paraná se destaca, ocupando o quarto lugar no ranking de produção de tangerinas. Cerro Azul, situado no Vale do Ribeira, emerge como o principal centro produtor do país, respondendo por 9,2% da produção e 8,4% do Valor Bruto de Produção (VBP) nacional dessa fruta. Não é apenas Cerro Azul que se destaca, mas outros 1.357 municípios brasileiros também estão envolvidos na exploração desse cítrico.

Cortes congelados de carne suína

Além das tangerinas, o boletim também aborda a exportação de cortes congelados de carne suína, um mercado no qual o Brasil assume uma posição de liderança inegável. Detentor de cerca de 32% do mercado global desses produtos, o país exportou aproximadamente 1,08 bilhão de toneladas, gerando uma receita de US$ 2,6 bilhões. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com uma participação de 29%, seguidos pela União Europeia (23%) e pelo Canadá (15%).

No cenário interno, Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

 

Fonte: Com informações da AEN-PR
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