Bovinos / Grãos / Máquinas
Desafios e tendências pós-pandemia no mercado agro
Conversar sobre agronegócio é falar sobre o mercado mais aquecido do país, que mais movimenta a economia brasileira. Trata-se de um setor que, basicamente, enquadra todo tipo de relação produtiva, industrial ou comercial envolvida na cadeia agropecuária.
Por Jorge de Lucas Junior, doutor em Agronomia, professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e consultor de Biodigestores da Sansuy S.A.
A pandemia causada pela Covid-19 deixou a sua marca em diversos setores, inclusive no mercado agro. Você, produtor rural, deve ficar atento aos principais desafios e tendências para o cenário pós-pandêmico. Conversar sobre agronegócio é falar sobre o mercado mais aquecido do país, que mais movimenta a economia brasileira. Trata-se de um setor que, basicamente, enquadra todo tipo de relação produtiva, industrial ou comercial envolvida na cadeia agropecuária.
O termo popularmente aceito no Brasil como agropecuária é utilizado para definir qualquer tipo de utilização econômica do solo para o preparo da terra e envolvido com culturas de animais. Especificamente, o agronegócio é definido como um conjunto de negócios e empreendimentos ligados à agricultura e pecuária, o que apresenta como objetivo central obter lucro.
Assim, o mercado agro é extremamente importante para as nossas vidas e está conectado a praticamente tudo no nosso dia a dia. Alimentos são os produtos mais conhecidos e utilizados com procedência do campo, mas os biocombustíveis e a indústria têxtil também ocupam uma posição forte nesse cenário, seguidos pelo consumo de madeira, muito comum no cotidiano.
A indústria têxtil, por exemplo, é capaz de transformar insumos agropecuários em diferentes peças têxteis, como decoração interna, roupas e calçados, além de artigos de cama, mesa e banho. Já a indústria madeireira é um ramo que explora terrenos para cultivar árvores que podem ser transformadas em celulose, madeira ou mesmo produtos químicos utilizados para diversos fins.
Levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que as cidades que têm forte participação do agronegócio estão conseguindo gerar empregos formais acima da média nacional. De janeiro até setembro, o Brasil apresentou retração de 1,5% a 2% no número de vagas formais; enquanto isso, na média dos 100 municípios que mais geraram vagas no período, o emprego formal cresceu 9,5% no período.
Apesar da instabilidade gerada pela crise econômica, o agronegócio continua faturando e abrindo oportunidades de desenvolvimento e gerando efeito positivo na criação de postos de trabalho em outros setores, o que impacta diretamente no PIB do país.
Para 2021, o Grupo de Conjuntura projetou crescimento de 2,2% para o PIB agropecuário, de acordo com a mais recente Carta de Conjuntura divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Segundo Pedro Garcia, pesquisador associado do Ipea e um dos autores do estudo, “o segmento de bovinos causa certa preocupação, apesar da alta estimada de 1,5%, porque o nível de abates no sistema de inspeção federal, que serve como uma proxy da produção bovina, foi muito baixo em janeiro”. Isso indica uma oferta pequena de animais bovinos para abate no início de 2021. “Nossa expectativa é que isso melhore no segundo semestre de 2021, mas essa oferta baixa no começo do ano pode prejudicar o segmento de bovinos e impactar negativamente a estimativa que temos para o resultado total do setor agropecuário no ano.”
Panorama antes da pandemia
Analisando profundamente, há 40 anos a produção agropecuária brasileira vem crescendo e se desenvolvendo de maneira surpreendente. O Brasil já é o terceiro maior produtor de alimentos, depois da China e dos Estados Unidos e é o segundo maior exportador, atrás dos Estados Unidos e pode ser o maior fornecedor de alimentos do mundo no futuro. Os destinos e a diversidade dos produtos fabricados em território brasileiro são realmente incríveis.
O que o país apresentava antes da pandemia era e ainda é uma agricultura totalmente adaptada às nossas regiões tropicais e uma enorme parcela de produtores conscientes das suas responsabilidades ambientais. Esse grupo de pessoas faz parte da cadeia produtiva mais moderna do mundo e que está transformando a economia brasileira.
Durante os anos anteriores, nosso país vinha produzindo um alto volume de excedentes, expandindo as suas vendas para o patamar global, fazendo parte de novos mercados e produzindo superávits cambiais capazes de libertar os laços da economia brasileira.
Esse poder transformador que a revolução agrícola foi capaz de produzir nas últimas quatro décadas no Brasil é, sem sombra de dúvida, o fenômeno de maior importância para a economia brasileira na história recente do país, além de continuar abrindo os horizontes para um desenvolvimento contínuo no futuro do agronegócio.
Impactos da pandemia
A pandemia do coronavírus obrigou diversos setores a optarem por novos hábitos, e isso não é diferente para o mercado agro. Tanto pequenos produtores rurais quanto consumidores foram forçados a mudar o seu estilo de vida e de trabalho. Um exemplo desses impactos é que foi o que a crise fez com que as pessoas optassem mais por alimentos básicos e saudáveis. Ao mesmo tempo, produtores rurais passaram a adotar canais digitais como maneira de comprar insumos, além de vender seus produtos direto ao consumidor.
Isso significa, como um todo, uma aceleração no processo relacionado à revolução digital no campo. Apesar dos avanços, a pandemia destacou uma certa carência de infraestrutura.
O que também tranquilizou bastante produtores e especialistas foi o fato de a pecuária ter mantido o ritmo produtivo e se destacado como atividade essencial à economia do país. O Brasil não conta com o acesso a cerca de 40% de todo o mercado mundial de carne, exatamente pelo fato de os importadores serem extremamente exigentes quanto às barreiras sanitárias. Isso demonstra que ainda temos um potencial de crescimento na área.
Desafios e tendências no pós-pandemia?
Quanto ao pós-pandemia para o mercado agro, não existem dúvidas: a tecnologia será fator crucial e maior tendência do setor, pois a propriedade rural que não “tecnificar”, tende a fechar as porteiras. O Brasil já é referência mundial em tecnologia voltada para o agronegócio e, além disso, parte dessas ferramentas e máquinas são fabricadas no país, o que volta os olhos do mundo para o que existe de melhor em manejo e cultivo praticado em nossas fazendas.
E não fique pensando que apenas os grandes produtores que lançam novidades no mercado. O crescimento do setor agro também está altamente atrelado às startups — conhecidas como agtechs. Esse é um modelo de negócio inovador relacionado ao agronegócio e que vem chamando bastante a atenção de investidores no planeta.
As agtechs trazem novidades que oferecem precisão em todos os processos e ótimas maneiras de otimizar o trabalho no campo. Assim, a tecnologia impacta de maneira direta na qualidade de vida para o próprio produtor e sua mão de obra, uma vez que o trabalho se torna mais simples e rentável.
Um exemplo de tecnologia que é tendência no campo que já é realidade é a utilização de drones na agricultura. Eles são capazes de auxiliar processos, como os de identificação de pragas, localização de áreas plantadas com deficiências nutricionais, além de percorrerem toda a propriedade em poucos minutos.
Entre tantas outras tendências, a internet também se destaca por levar conectividade ao campo e otimizar processos e vendas. Lembre-se que parte dos produtores brasileiros não tem conexão com a internet, o que pode ser desafiador em um setor de expansão em potencial.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran