Notícias Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja
Desafios da sustentabilidade abrem oportunidades para a produção de soja brasileira
Além das vantagens competitivas e produtivas, o direcionamento para práticas sustentáveis resulta em vantagens reputacionais, atração de investimentos verdes, mitigação de riscos, novas oportunidades e aderência às metas e compromissos mundiais

Os desafios e oportunidades para a produção sustentável de soja foi o tema da conferência de abertura do IX Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja, que teve início na segunda-feira (19), em Foz do Iguaçu (PR). A palestra foi ministrada por Fabiana Villa Alves, diretora da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Dando sequência ao tom dos discursos feitos na abertura do evento, Fabiana ressaltou que a agropecuária é parte da solução quando se fala em redução do aquecimento global. Considerando as oportunidades que se abrem, como a bioeconomia, a possibilidade de abertura de novos mercados, o aumento da inovação e agregação de valor, tudo se converge para melhoria da eficiência da produção.
Falando especificamente sobre a cadeia da soja, ela destacou as oportunidades, como a soja de baixo carbono. “Quando a gente fala de soja baixo carbono, não estamos inventando nada. Só estamos juntando boas práticas já existentes. Quando a gente fala em produtos diferenciados, produtos que trazem base sustentável, é criar valor sobre algo que nós já fazemos muito bem há décadas”, explicou Fabiana Villa Alves.
De acordo com Fabiana, como a demanda do mercado e dos investidores por produtos de base sustentável existe, o Brasil precisa se adaptar para a aproveitar a oportunidade de mercado. Há cada vez mais demanda por produtos baseados em práticas corretas de ESG (ambiental, social e governança). Com uma agropecuária baseada em ciência, isso se torna mais fácil.
“Somos muito bons no Ambiental, mas precisamos avançar no Social e na Governança. O que é governança nesse caso? Governança é transparência. Transparência é eu mostrar o quanto de carbono estou emitindo, o quanto de água e área eu usei”, afirma a conferencista.
Para a palestrante, além das vantagens competitivas e produtivas, o direcionamento para práticas sustentáveis resulta em vantagens reputacionais, atração de investimentos verdes, mitigação de riscos, novas oportunidades e aderência às metas e compromissos mundiais.
De acordo com Fabiana, o mercado de créditos de carbono não será a solução para produtores, porém será um diferencial, agregando valor ao produto e reconhecimento aos bens não tangíveis, como serviços ecossistêmicos gerados pela atividade agropecuária.
Fabiana finalizou sua apresentação mostrando resultados do Plano ABC, maior política pública do mundo para redução das emissões de gases de efeito estufa no setor agropecuário. A primeira fase, que durou de 2010 a 2020, serviu como aprendizado e pegou um momento de transformação no entendimento e conhecimento sobre as emissões de gases de efeito estufa e sequestro de carbono. Ainda assim, as metas de adoção de tecnologias sustentáveis e de redução das emissões foram superadas.
Ela também mostrou o Plano ABC+, que cobrirá o período de 2020 a 2030, com metas mais ousadas e ampliação do escopo de tecnologias. “É uma política que ampara tudo o que discutimos aqui. Quando a gente traz isso para uma ótica de Estado, uma ótica de país, isso traz muita força. A imagem do país, a agenda positiva do setor agropecuário do país é reforçada”, afirma Fabiana Villa Alves.
CB Soja e Mercosoja
O IX Congresso Brasileiro de Soja e do Mercosoja 2022 estão sendo realizados no Rafain Palace Hotel & Convention Center, em Foz do Iguaçu (PR). Promovido pela Embrapa Soja, este é o maior fórum do mundo para discussão científica sobre a cultura da oleaginosa.
Até quinta-feira, a programação contará com seis conferências e 18 painéis, totalizando 50 palestras. Também serão apresentados 287 trabalhos técnicos em formato de pôster ou oralmente. Serão discutidos assuntos ligados aos atuais desafios tecnológicos dos sistemas de produção de soja e às novas oportunidades que estão surgindo para a cadeia da oleaginosa, sempre tendo a sustentabilidade como tema transversal.
O Congresso conta ainda com a Arena de Inovação Soja, onde participantes do ecossistema brasileiro de inovação poderão se integrar, e uma feira de expositores, na qual 35 empresas apresentam as mais recentes tecnologias desenvolvidas para a cadeia de produção de soja.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



