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Desafios da produção avícola norteiam debates do segundo dia na Conferência Científica Latino-Americana
Programação segue nesta quinta-feira (06) com mais três Simpósios e uma série de apresentações de trabalhos científicos.

Promover a ciência e conectar profissionais de diferentes partes do mundo para desenvolver a avicultura estão entre os pilares da Conferência Científica Latino-Americana, que é realizada pela terceira vez na América Latina. Organizado pela Poultry Science Association (PSA), o evento recebe mais de 700 congressistas em Foz do Iguaçu para discutir temas relevantes do setor e conhecer o que há de mais inovador em pesquisas na cadeia avícola.
Saúde única, proteínas, sustentabilidade na produção avícola, nutrição e saúde intestinal estiveram em pauta no segundo dia do evento. “Infelizmente a gente não consegue manter no Brasil uma produtividade com uma densidade animal igual é feito na Europa, porque a produção brasileira é comercial, não tem nenhum incentivo fiscal, o que dificulta essa transição como foi feito na Europa, e algumas das opções que a gente teria para facilmente vencer a retirada de antibióticos não tem como aplicar porque a gente precisa competir no mercado, o qual não permite um animal com baixa densidade”, expôs o professor da Universidade Federal do Paraná, Breno Beirão
A programação do segundo dia foi encerrada com o jantar de premiação dos melhores trabalhos científicos apresentados durante o evento. “Como eu sou da área da academia eu vejo nossos alunos sendo formados e não tendo contato com a indústria, então eventos como esse proporcionam essa aproximação. Dentro das universidades fornecemos a ciência e damos a oportunidade do aluno pesquisar e desenvolver o pensamento crítico, o encontro com profissionais da indústria, com o profissional que está lá no campo, é o momento que eles podem aplicar todo esse conhecimento”, pontua a professora da Universidade Estadual da Carolina do Norte, Fernanda Santos.
Os premiados receberam um certificado de excelência e US$ 1.000,00 em reembolso de despesas para viajar ao PSA 2023 ou 2024.
Confira os alunos de doutorado reconhecidos no PSA Latam:
“O desempenho de crescimento dos frangos de corte foi afetado diferentemente por tamanhos de partículas de farelo de soja e forma de alimentação”, de Marley Conceição dos Santos, da Universidade Federal do Paraná.
“Modulação de frangos de corte microbiota intestinal com suppl probiótico e prebiótico”, de Maisa Fabiana Menck-Costa, da Universidade Estadual de Londrina.
“Efeito de peles de amendoim como aditivo de alimentação para peru Toms”, de Ashley A. Gernat, da Universidade Estadual da Carolina do Norte.
“Determinação do digestível ideal methionina mais cistina para proporção de liseina para frangos de corte de 28 a 42 dias de idade”, de Gustavo de Aguiar, da Universidade Federal de Viçosa.
“Determinação de nitrogênio corrigido aparente energia metabolizável e amino ileal padronizada digestibilidade ácida de alta proteína DDG para frangos”, de Kelly Morais Maia Dias, da Universidade Federal de Viçosa.
Energia metabolizável de plant-based com ingredientes alternativos para frango de corte”, de Ana Beatriz Santos Oliveira, da Ingredion.
“Impacto da inclusão dietética de destiladores secos grãos em frango saúde”, de Tania Luzia Kohler, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
“Efeitos de 25-Hydroxycholecalciferol em desempenho, qualidade óssea e saúde intestinal de frangos alimentados com cálcio reduzido desequilibrado e dieta de fósforo durante desafio Eimeria”, de Tânia Lopes, da Universidade Federal de Minas Gerais.
“Avaliação da capacidade de resposta ao vivo de desempenho Cobb 500 frangos machos para uma lisina digestível variada para níveis e energia dietética em um período de 1-18 dias”, de Matheus Freitas Costa, da Universidade do Arkansas.
“Efeitos da terapia com fagos sobre a Salmonella na alimentação de frangos e retirada de não alimentados durante a incubação cecal in vitro”, de Jessica Anne Brown, da Universidade de Wisconsin.
Programação do terceiro dia
A programação será retomada nesta quinta-feira (06), a partir das 08 horas, com três Simpósios simultâneos. Com moderação de José Otavio Sorbara, da DSM Produtos Nutricionais, o painel “Soja e Milho: relevância técnica e sustentável para América Latina e a indústria avícola global” vai promover uma profunda discussão sobre o cenário atual de grãos.
A palestra sobre “As pegadas ambientais da produção de grãos em diferentes regiões do mundo e algumas delas é mais sustentável que outras?, com Carlos Saviani, dá início ao evento. Na sequência, às 08h30, Aaron Cowieson, da Universidade de Purdue (EUA), vai tratar sobre como “Otimizar o valor nutricional do farelo de soja para aves”, às 09 horas, Sebastian Kaczmarek, da Universidade Técnica de Poznań, na Polônia, irá ministrar a palestra “Variação da digestibilidade do amido entre animais”; às 09h30, Layi Adeola, da Universidade de Purdue, trata sobre “Digestibilidade do amido e dinâmica intestinal durante quatro fases de crescimento em frangos de corte”; às 10h30, Sergio Vieira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aborda “Diferenças de utilização de milho na área de produção e tratamentos de processamento”; às 11 horas, Carrie Walk, da DSM, fala sobre “Previsão de FCR com base na qualidade do milho e conteúdo de NSP”, e às 11h30, com a palestra “Digestibilidade de aminoácidos em milho e SBM – Onde colocar placas de blindagem?” o especialista Reza Abdollahi, da Universidade de Massey, da Nova Zelândia, encerra a programação deste Simpósio.
No Simpósio “Desafios atuais na indústria avícola: saúde e nutrição”, que vai contar com a coordenação de Adriana Nascimento, da Alltech, e de Fernando Vargas, da MSD, começa às 08h05 com o consultor independente Aristóteles Malo Vargas falando sobre “Desafios sanitários para a produção avícola na América Latina – uma atualização”.
Em seguida, às 08h40, Matthew Jones, do Grupo de Pesquisa Avícola do Sul, vai abordar o “Impacto e soluções para enterite necrótica em ABF/NAE na produção de frangos de corte”; às 09h15, Francisco Rios, da MSD AH México, trata sobre a “Experiência com vacinação contra coccidiose em frangos ABF/NAE”; às 10h35, Luis Felipe Caron, da Universidade Federal do Paraná, ministra a palestra “Nutrição precoce e imunológica em frangos de corte”; e às 11h10, Peter Ferket, da Universidade da Carolina do Norte (EUA), aborda os “Desafios e oportunidades para avançar na nutrição de frangos de corte”.
E o Simpósio sobre “Conceito de ponta a ponta”, que terá a moderação de José Walter Mello, da BTA Aditivos, será aberto às 08h20 pela professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande Sul, Liris Kindlein, com a palestra “Sistemas de inspeção através de autocontroles e principais condenações em frigoríficos”.
Logo após, às 09h10, Tiago Goulart Petrolli, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, aborda “Parâmetros reprodutivos de galinhas e galos: como podemos melhorar?; às 10h30, Caroline Facchi, da BTA Aditivos, trata sobre “Estratégias com produtos alternativos que mantém a saúde do lote. É possível?”; e às 11h20, a palestra “PPLA e dosagem de líquidos: uma abordagem técnica para conceito e uso”, com Fernando Vieira, da Apply, e Ítalo Ferreira, da BTA Aditivos, encerra o evento.
Paralelamente aos simpósios haverá a apresentação de resumos de pesquisas em quatro salas simultaneamente. A cerimônia de encerramento está marcada para as 12 horas.
O Presente Rural é mídia oficial do evento e a cobertura você confere na próxima edição do jornal.

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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock
Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.
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Instabilidade climática atrasa plantio da safra de verão 2025/26
Semeadura avança lentamente no Centro-Oeste e Sudeste devido à má distribuição das chuvas e períodos secos, segundo dados do Itaú BBA Agro.

O avanço do plantio da safra de verão 2025/26 tem sido afetado por condições climáticas instáveis em diversas regiões do país. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, os estados do Centro-Oeste e Sudeste registraram os maiores atrasos, reflexo da combinação entre pancadas de chuva isoladas, má distribuição das precipitações e períodos prolongados de estiagem. O cenário manteve os níveis de umidade do solo abaixo do ideal, dificultando o ritmo da semeadura até o início de novembro.
Enquanto isso, outras regiões apresentaram desempenho distinto. As chuvas mais intensas ficaram concentradas entre Norte e Sul do Brasil, com destaque para o centro-oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, onde os volumes superaram 150 mm somente em outubro. Nessas áreas, o armazenamento hídrico mais elevado favoreceu o avanço do plantio, embora episódios de granizo e temporais tenham provocado prejuízos em algumas lavouras. A colheita do trigo também sofreu atrasos e, em determinados pontos, perdas de qualidade.

Foto: José Fernando Ogura
No Centro-Oeste, a distribuição das chuvas variou significativamente ao longo de outubro. Regiões como o noroeste e o centro de Mato Grosso, além do sul de Mato Grosso do Sul, receberam volumes acima de 120 mm, enquanto outras áreas não ultrapassaram os 90 mm. Somente no início de novembro o padrão começou a mostrar maior regularidade.
No Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo registraram precipitações que ajudaram a recompor a umidade do solo. Minas Gerais, por outro lado, enfrentou acumulados abaixo da média — especialmente no Cerrado Mineiro, onde outubro terminou com menos de 40 mm de chuva. Com a retomada das precipitações em novembro, ocorreu uma nova florada do café, embora os efeitos da estiagem prolongada continuem gerando preocupação entre produtores.
O comportamento irregular das chuvas segue como fator determinante para o ritmo da safra e mantém o setor em alerta para os próximos meses.
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Mercado da soja inicia novembro com preços instáveis e influência do cenário internacional
Oscilações refletem exportações brasileiras em alta, avanço do plantio e incertezas sobre o acordo China–EUA, aponta análise da Epagri/Cepa.

O mercado da soja entrou novembro sob influência de uma combinação de fatores internos e externos que têm gerado oscilações nos preços e incertezas quanto ao comportamento da demanda global. Em Santa Catarina, conforme o Boletim Agropecuário elaborado pela Epagri/Cepa, a média mensal paga ao produtor em outubro registrou leve recuo de 0,6%, fechando o mês em R$ 124,19 a saca.
Já no início de novembro, até o dia 10, há indicação de recuperação: a média estadual subiu para R$ 125,62/sc, movimento influenciado principalmente pelo comportamento das exportações brasileiras e pelas notícias vindas do mercado internacional.

Foto: Claudio Neves
A elevação dos embarques do Brasil em outubro, 6,7 milhões de toneladas, com volume acumulado superior a 100 milhões de toneladas em 2025, ajudou a firmar as cotações internas. Ao mesmo tempo, o anúncio da retomada das importações de soja dos Estados Unidos pela China e os avanços no acordo comercial entre os dois países impulsionaram os contratos futuros em Chicago (CBOT), com reflexos imediatos nos preços no Brasil.
A análise é do engenheiro-agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/Cepa, que classifica o momento como de viés misto, com o mercado reagindo de forma alternada a notícias de estímulo e pressão.
Fatores que influenciam mercado
Segundo o boletim, fatores de baixa predominam no curto prazo, puxados principalmente pela lentidão nas negociações internas no Brasil, pelo avanço do plantio da nova safra e pela sinalização do acordo China–EUA. Esse movimento pressiona o mercado brasileiro, ao mesmo tempo que fortalece o mercado americano e sustenta as cotações em Chicago.
1. Mercado internacional
Dados de USDA, CBOT, Esalq-Cepea, Investing.com e Bloomberg, compilados pela Epagri/Cepa, apontam:

Foto: Claudio Neves
Fatores de alta:
- Importações recordes da China em outubro, 9,48 milhões de toneladas, majoritariamente provenientes da América Latina;
- Recuperação da CBOT por quatro semanas consecutivas.
Fatores de baixa:
- Falta de confirmação pela China da compra de 12 milhões de toneladas dos EUA;
- Retomada das importações chinesas de soja americana, reduzindo o espaço para o produto brasileiro;
- Negociações internas mais lentas no Brasil, o ritmo mais baixo em quatro anos;
- Correção técnica de estocásticos e realização de lucros após sequência de altas em Chicago.
2. Oferta e mercado interno
Fatores de alta:
- Exportações brasileiras mantêm ritmo forte;
- Estruturação da presença chinesa no Brasil, com ampliação de operações, incluindo um novo escritório no Mato Grosso.
Fatores de baixa:
- Pressão sobre os preços internos, com queda de 1,4% em outubro.
3. Safra e clima
Fatores de baixa:
- Plantio avançado, com 47% da safra já implantada, reforçando a expectativa de safra recorde entre 177 e 180 milhões de toneladas no

Foto: Claudio Neves
ciclo 2025/26;
- Produtores nos EUA voltaram a vender após as recentes altas, aumentando a oferta global no curto prazo.
Acordo China-EUA
Embora o mercado tenha reagido às declarações do governo dos Estados Unidos sobre um novo acordo com a China envolvendo a compra de soja, não houve confirmação por parte dos chineses até 12 de novembro, ressalta a Epagri/Cepa. Caso confirmado, o pacto poderia redirecionar parte da demanda da China para a soja americana, reduzindo o volume destinado ao Brasil.
Contudo, a proximidade da entrada da nova safra brasileira — combinada com o calendário já avançado para novembro, torna improvável a formalização do acordo ainda este ano. Por isso, a tendência, segundo a análise, é que a China siga priorizando a soja brasileira nas próximas semanas.



