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Desafios climáticos e geopolíticos redesenham as perspectivas do mercado internacional do trigo
Especialistas definiram cenários e expectativas para safra nos principais players internacionais durante webinar da Abitrigo.
Com o objetivo de fornecer informações estratégicas sobre o mercado global e auxiliar na tomada de decisões, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) realizou, na terça-feira (15), o Webinar “Safra de Trigo Internacional 2024”. Durante a transmissão, o superintendente da Abitrigo, Eduardo Assêncio, ressaltou as dificuldades enfrentadas pelo setor em 2024, destacando a quebra de safra no Sul do Brasil e os desafios trazidos pela geopolítica. “Espero que o cenário se estabilize a partir de 2025, proporcionando um ambiente mais favorável para o setor”, resumiu.
A moderação ficou por conta do diretor de Suprimentos da J. Macêdo, Pedro Sampaio, que também abordou a complexidade crescente do mercado de trigo global. Segundo ele, fatores como a ocorrência simultânea de duas guerras e o clima extremo estão tornando cada vez mais difícil prever os movimentos do mercado. “A Rússia ainda domina o mercado do trigo, mas o Brasil se tornou exportador desse produto, o que adiciona novas camadas de complexidade na precificação interna, já que o país passa a depender mais das dinâmicas globais”, concluiu.
EUA: perspectivas otimistas para a próxima safra
O diretor Regional da U.S. Wheat Associates, Miguel Galdos, reforçou a forte relação comercial entre os dois países no setor. “Nos últimos 45 anos, os EUA mantiveram exportações ininterruptas para o Brasil, com volumes que variaram de um navio até três milhões de toneladas, dependendo da demanda”, afirmou Galdos.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), de acordo com ele, estima uma produção de 53,7 milhões de toneladas para a safra 2024/2025, superando as 49,1 milhões da temporada anterior. “Esse aumento significativo é resultado de melhores rendimentos, proporcionados por condições climáticas favoráveis e pelo desenvolvimento de novas variedades”, disse, salientando o papel das universidades norte-americanas no desenvolvimento de variedades que combinam alta produtividade e qualidade.
Em relação às exportações, as previsões são otimistas. A estimativa envolve um aumento de 19,2 milhões de toneladas, registrado em 2023/2024, para 22,5 milhões de toneladas em 2024/2025. Galdos ainda ressaltou a crescente participação da classificação Red Spring nas Américas. “O Soft Red é bem conhecido no Brasil, mas estamos vendo um aumento na entrada do Red Spring, especialmente em toda a América”, explanou o diretor, acrescentando que a qualidade continuará sendo um dos principais focos da produção de trigo nos Estados Unidos.
Paraguai: aumento na exportação para o Brasil
O assessor Externo da empresa paraguaia Unexpa, Guido Vera, apresentou um panorama positivo sobre a safra do Paraguai em 2024/2025, com uma área de plantio estimada em 390 mil hectares. “Apesar das condições climáticas adversas no ano passado, principalmente para a produção de sementes, observamos um crescimento surpreendente na adoção do trigo, especialmente na região do Chaco, onde tradicionalmente a soja domina”, informou Vera. Ele também mencionou a forte conexão genética entre as variedades de trigo paraguaias e as brasileiras, o que facilita o acesso do produto ao mercado brasileiro.
Vera mencionou que a produção deste ano superou as expectativas, alcançando 1,2 milhão de toneladas de trigo, com o consumo interno estimado em 650 mil toneladas e 100 mil toneladas destinadas ao uso doméstico de qualidade inferior. “Isso nos deixa com um saldo de exportação de 400 mil toneladas, uma quantidade significativamente maior em relação aos anos anteriores”, falou o assessor. O rendimento também foi expressivo, com média de 3 mil quilos por hectare, superando os 2,1 mil quilos por hectare registrados na safra anterior.
O Brasil continua sendo o principal destino do trigo paraguaio, e as exportações já aumentaram em 100 mil toneladas desde setembro, impulsionadas por problemas climáticos no Paraná. O assessor revelou que a futura habilitação da nova ponte entre Presidente Franco, no Paraguai, e Foz do Iguaçu, no Brasil, facilitará o fluxo comercial por caminhões entre os dois países, reforçando a importância do Brasil como parceiro comercial.
Argentina: vendas expressivas possibilitam recuperação de mercado
A analista de Cultivo do Trigo na Bolsa de Cereais, Daniela Venturino, mostrou números positivos para o comércio internacional argentino. “Já foram vendidas 3,28 milhões de toneladas de trigo deste novo ciclo, o que representa um aumento de 93% em relação à safra 2023/2024”, anunciou. No entanto, ela alertou que, apesar do crescimento em relação ao ciclo anterior, o volume é 37% menor do que a média das últimas cinco safras.
Daniela chamou a atenção para o fato de que, até o momento, essas vendas representam 17% da produção esperada, um avanço de 6 pontos percentuais (p.p.) em comparação ao ciclo anterior. Ainda assim, o valor está 13 p.p. abaixo da média dos últimos cinco anos, sinalizando que há espaço para novas negociações. “A comercialização está caminhando de forma acelerada, mas ainda estamos abaixo da média histórica”, pontuou a analista.
Em relação às exportações, a Argentina já possui 11,95 milhões de toneladas programadas para venda, com as operações de exportação previstas para iniciar em dezembro. Esse movimento, complementou Daniela, é crucial para o país, que segue como um importante fornecedor de trigo na América do Sul, com o Brasil como um de seus principais mercados compradores.
Uruguai: clima pode impactar produtividade e exportações
A coordenadora da Área de Cadeias Agroindustriais do Ministério da Agricultura do Uruguai, Catalina Rava, apontou uma redução na produção de trigo em relação ao ano anterior. “Estimamos uma área plantada de 340 mil hectares, uma queda de 3% em relação à safra anterior, e uma produção projetada em 1,4 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 19% quando comparado às 1,7 milhões de toneladas colhidas em 2023/2024”, afirmou. Ela ressaltou que o recorde de produtividade do ciclo anterior, com mais de 5 mil quilos por hectare, não será mantido este ano, sendo esperado um rendimento de 4,2 mil kg/hectare.
Sobre o comportamento do mercado, Catalina comentou que, mesmo com a queda nos preços do trigo, o Uruguai conseguiu manter uma área semeada significativa, inclusive em comparação com outros cultivos. “No Uruguai, o trigo não é transgênico e compete com outras culturas pela área plantada. A baixa no preço permitiu que tanto o trigo quanto a cevada mantivessem uma boa área de semeadura”, destacou. No entanto, as condições climáticas são motivo de preocupação. “A ausência de chuvas tem sido um problema. As previsões indicam que os próximos três meses terão chuvas abaixo do normal, o que pode afetar ainda mais a produtividade”, completou.
No campo das exportações, o Uruguai registrou números positivos no ciclo comercial de novembro de 2023 a outubro de 2024, com embarques de 1,4 milhões de toneladas de trigo, o dobro do volume no ciclo anterior (700 mil toneladas). “O Brasil representa 54% do total que exportamos”, sinalizou Catalina.
Mar Negro: preços agressivos resultam em restrições comerciais
O executivo da Louis Dreyfus Company (LDC), Guillermo Benedit apresentou um panorama desafiador para a safra 2024/2025 na região do Mar Negro. As exportações da Rússia começaram de forma agressiva, atingindo níveis próximos ao recorde do ano anterior. “No ciclo 2023/2024, a Rússia exportou cerca de 55 milhões de toneladas de trigo, e para 2024/2025 a estimativa é de 44 milhões de toneladas”, explicou Benedit, destacando que, mesmo com uma queda de 11 milhões de toneladas, os embarques continuam fortes, com 5,5 milhões de toneladas sendo exportadas por mês entre agosto e outubro.
Entretanto, essa agressividade russa no mercado internacional trouxe consequências. Benedit mencionou rumores de uma possível limitação nas exportações do país, devido ao alto volume exportado a preços baixos. “A União de Exportadores de Cereais da Rússia alertou para esse ritmo intenso e preços muito baixos. Uma das maneiras de limitar essas exportações seria por meio de barreiras técnicas”, comentou o executivo, reforçando haver sinais de que essas restrições já começaram, com relatos de problemas fitossanitários em alguns navios de novos exportadores, sugerindo o início de medidas de controle.
Na Ucrânia, o impacto da guerra continua a prejudicar a logística de exportação. “Com os bombardeios constantes nos terminais do porto situado em Odessa, o país pode ser forçado a encontrar novas rotas logísticas, aumentando custos e o tempo de exportação”, afirmou Benedit. Mesmo com os desafios da guerra, as condições produtivas do país permanecem favoráveis, com o ritmo de semeadura do trigo de inverno ligeiramente superior ao ano anterior (59% contra 54%). Contudo, o conflito fez com que a área plantada na Ucrânia caísse para 4 milhões de hectares, uma redução drástica em comparação aos 100 milhões de hectares anteriores à guerra.
O webinar está disponível na íntegra no canal do YouTube da Abitrigo.
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Comércio exterior e logística no setor agropecuário: desafios e oportunidades para o transporte e escoamento
Exportações de soja em outubro, caíram 22,9% em relação ao mês anterior, um reflexo de flutuações no mercado, mas o acumulado de 2024 manteve-se robusto, com 94,2 milhões de toneladas exportadas de janeiro a outubro.
O mercado de fretes e a logística de escoamento se destacam como elementos essenciais no atual cenário da agricultura brasileira, especialmente diante do crescimento expressivo da produção de grãos previsto para a safra 2024/25. A estimativa de 322,53 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 8,2% em relação à safra anterior, traz desafios adicionais para a infraestrutura de transporte e os processos logísticos do país. A análise consta na nova edição do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta sexta-feira (22).
A melhoria nas condições climáticas tem favorecido o avanço das semeaduras, com destaque para as culturas de soja e milho, mas, para que a produção chegue ao mercado internacional, é crucial um sistema de escoamento eficiente. Nesse sentido, os portos brasileiros desempenham papel fundamental, especialmente os do Arco Norte, que têm se consolidado como uma via vital para exportação. Em outubro de 2024, os portos do Arco Norte responderam por 35,1% das exportações de grãos, superando a participação de 33,9% registrada no mesmo período de 2023.
Com o aumento da produção de soja e milho, as expectativas de escoamento nos próximos meses apontam para um cenário desafiador, com necessidade de otimizar os fretes para atender ao crescimento das exportações. Em outubro, as exportações de soja caíram 22,9% em relação ao mês anterior, um reflexo de flutuações no mercado, mas o acumulado de 2024 manteve-se robusto, com 94,2 milhões de toneladas exportadas de janeiro a outubro. Já as exportações de milho, que enfrentam uma redução de 34,1% nas estimativas para a safra 2023/24, exigem adaptação no transporte, uma vez que a oferta menor pode reduzir a demanda por fretes no curto prazo, mas com aumento da competição por capacidade logística.
A movimentação de fertilizantes, por sua vez, também demanda atenção na logística. Em outubro de 2024, os portos brasileiros importaram 4,9 milhões de toneladas de fertilizantes, o que representa um incremento de 5,9% em relação ao mês anterior. Este crescimento contínuo na importação exige um cuidado especial no transporte desses insumos, visto que o Brasil é um dos maiores compradores internacionais e uma base importante de consumo de fertilizantes.
Por outro lado, o transporte de cargas no Brasil segue enfrentando desafios estruturais. De acordo com o Boletim da Conab, a ampliação das capacidades de escoamento nos portos, especialmente no Arco Norte, é uma estratégia chave para lidar com o aumento do volume de exportações e garantir que os fretes se mantenham competitivos.
Em suma, a logística no setor agropecuário brasileiro se apresenta como um elo crucial para garantir o sucesso das exportações de grãos. A integração entre os diferentes modais de transporte, o aprimoramento da infraestrutura portuária e a adaptação às demandas de escoamento serão decisivos para que o Brasil continue sendo um dos maiores exportadores de commodities agrícolas do mundo.
Fretes
Em outubro de 2024, os preços do frete apresentaram variações significativas entre os estados brasileiros. Os preços subiram em estados como Bahia, Goiás e Minas Gerais e Distrito Federal, principalmente devido ao aumento na demanda, impulsionado pela exportação de grãos e a importação de fertilizantes. Em Goiás, a melhora nos preços do milho também gerou aumento na demanda por fretes. Já em estados como Paraná, Piauí e São Paulo, os preços ficaram mais baratos, com o Paraná registrando uma redução de 16,67% na região de Cascavel, refletindo a baixa demanda por grãos. No Piauí, a diminuição nas exportações de soja resultou em uma queda de 4,10% no mercado de fretes. Por outro lado, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apresentaram estabilidade nos preços, com pouca variação nas cotações, devido a um equilíbrio entre a demanda e a oferta de fretes.
O Boletim Logístico da Conab é um periódico mensal que coleta dados em dez estados produtores, com análises dos aspectos logísticos do setor agropecuário, posição das exportações dos produtos agrícolas de expressão no Brasil, análise do fluxo de movimentação de cargas e levantamento das principais rotas utilizadas para escoamento da safra. Confira a edição completa do Boletim Logístico – Novembro/2024, disponível no site da Companhia.
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Clima favorável impulsiona cultivos da primeira safra, aponta boletim de monitoramento
Precipitações regulares e bem distribuídas criaram um ambiente propício para a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos.
As condições climáticas favoráveis nas primeiras semanas de novembro impactaram positivamente o cenário agrícola brasileiro. Na região Central do país, precipitações regulares e bem distribuídas criaram um ambiente propício para a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra.
O Norte-Nordeste experimentou uma expansão das áreas beneficiadas por chuvas, incluindo regiões do Matopiba que anteriormente enfrentavam déficit hídrico. Esse cenário impulsionou o processo de semeadura na maior parte dessa região.
Em contraste, o Sul do país registrou uma redução nas precipitações, o que facilitou o avanço da colheita do trigo e a semeadura dos cultivos de primeira safra. De modo geral, as condições agroclimáticas se mostraram favoráveis, proporcionando umidade adequada para o desenvolvimento das lavouras.
No Rio Grande do Sul, a semeadura do arroz progrediu significativamente, com a maior parte concluída dentro do período considerado ideal. A maioria das lavouras encontra-se em fase de desenvolvimento vegetativo, beneficiando-se das condições climáticas que favoreceram a germinação e o estabelecimento das plantas. Em Santa Catarina, temperaturas médias e incidência solar adequadas contribuíram para o bom desenvolvimento das culturas.
Estas informações estão presentes no Boletim de Monitoramento Agrícola (BMA), publicado mensalmente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Grupo de Monitoramento Global da Agricultura (Glam).
A versão completa do Boletim está disponível para consulta no site oficial da Conab, acesse clicando aqui.
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Show Rural investe em obras para melhorar experiência de visitantes
Com o objetivo de garantir mais conforto e eficiência à experiência de visitantes e expositores, várias obras físicas acontecem no parque e serão entregues já para a 37ª edição.
Avançam os preparativos para a 37ª edição do Show Rural Coopavel, evento que reafirma o Oeste do Paraná como um dos principais polos do agronegócio mundial. De 10 a 14 de fevereiro de 2025, visitantes do Brasil e do exterior terão acesso a um espaço renovado, com melhorias que reforçam o compromisso da Coopavel com a inovação, a sustentabilidade e a excelência em infraestrutura. “Melhorar continuamente é uma das regras que fazem o sucesso do Show Rural, referência em inovações e tendências para o agronegócio”, destaca o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.
Com o objetivo de garantir mais conforto e eficiência à experiência de visitantes e expositores, várias obras físicas acontecem no parque e serão entregues já para a 37ª edição. O restaurante do parque está em ampliação em 500 metros quadrados, permitindo o atendimento de mais mil pessoas por refeição. A área de entrega de bebidas é reformulada para otimizar o fluxo, enquanto novos buffets, mesas e utensílios foram adquiridos para manter o alto padrão de qualidade em uma estrutura com capacidade para servir mais de 40 mil refeições diariamente.
A mobilidade no parque também recebe melhorias. São mais de seis mil metros quadrados de ruas asfaltadas. Uma das novidades mais aguardadas é a cobertura da Rua 10, que conecta o Portal 4 ao Pavilhão da Agricultura Familiar. Com 400 metros lineares, essa obra, viabilizada em parceria com a Barigui/Volkswagen, eleva para mais de 6,2 mil metros quadrados a área coberta do parque, garantindo conforto aos visitantes em qualquer condição climática, observa o coordenador geral Rogério Rizzardi.
Para ônibus
Para receber caravanas de todo o Brasil e de outros países será criado um estacionamento exclusivo para ônibus com capacidade para 400 veículos. Estrategicamente localizada, a nova estrutura promete praticidade e organização para os grupos que participam da maior mostra de tecnologia para o campo da América Latina.
Outro destaque é o barracão de 1,2 mil metros quadrados dedicado à gestão de resíduos. Essa estrutura permitirá separação e correta destinação de materiais antes, durante e depois do evento, reforçando o compromisso da cooperativa e do evento técnico com práticas ambientalmente responsáveis.
Evolução
Com essas inovações e investimentos, o Show Rural Coopavel segue como referência global, combinando hospitalidade, tecnologia e respeito ao meio ambiente, reforça o presidente Dilvo Grolli. O tema da 37ª edição será Nossa natureza fala mais alto.