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Derivados da soja acompanham queda dos grãos na Bolsa de Chicago
Preços internos do óleo de soja podem ajudar na manutenção das margens de esmagamento.

No mercado externo, os preços do farelo de soja continuaram pressionados durante o mês de setembro. O movimento baixista continuou mesmo após a divulgação do esmagamento de soja abaixo do esperado nos EUA e a manutenção do alto nível de ociosidade das esmagadoras argentinas. Quanto ao óleo de soja, na CBOT o produto
também se desvalorizou, seguindo a baixa do grão e mais outros fatores, como a queda dos RINs. Entretanto, no mercado doméstico, a demanda pelo produto sustentou os
preços nas principais praças.
A média dos futuros de 1º vencimento do farelo de soja em setembro foi 5,9% menor em relação às cotações registradas em agosto. O derivado recuou na bolsa de Chicago, mesmo
com fundamentos altistas, como a falta do produto argentino. De acordo com o Ministério de Agricultura da Argentina (MAGyP), o esmagamento de soja no país, de janeiro a agosto, foi de 19,6 milhões de toneladas, 27% menor em relação ao registrado no mesmo período de 2022.
O processamento da oleaginosa também foi menor nos EUA. De acordo com a NOPA, em agosto, foram esmagadas 4,4 milhões de toneladas, abaixo das estimativas do mercado (4,6 milhões de toneladas). Esses fatores não foram suficientes para alterar a direção dos preços do farelo, os quais seguiram as quedas da soja em grãos em setembro.
Para o mês de outubro, em linha com a colheita avançada da soja nos EUA, espera-se que o esmagamento americano seja elevado, mês que sazonalmente é caracterizado pelo
pico de esmagamento da oleaginosa. Os estoques de óleo de soja registrados no mês de agosto foram de 567 mil toneladas, de acordo com a NOPA, abaixo das estimativas do mercado, de 673 mil toneladas. Mesmo assim, o preços do óleo também cederam por conta da queda da soja na bolsa de Chicago. Assim, a média dos preços futuros de 1º vencimento em setembro foi 5,1% menor em relação ao mês de agosto.
Preços internos do óleo de soja podem ajudar na manutenção das margens de esmagamento
A expectativa para o cenário internacional dos óleos nos próximos meses é de que fatores externos, como as cotações do diesel e petróleo, possam exercer força altista nos preços,
caso os fósseis permaneçam em níveis mais altos. Ademais, o óleo de soja nos EUA reagiu negativamente após a queda dos créditos de biodiesel, os RINs*, dado que um dos
direcionadores desse mercado é o programa americano de biocombustíveis.
Os RINs* consistem em créditos de biocombustíveis que fazem parte do programa americano de obrigações de misturas. Na última semana de setembro, as cotações desses
créditos recuaram e, assim, o óleo de soja, principal matéria prima utilizada para a fabricação do diesel de biomassa nos EUA, foi pressionado. Além disso, caso o petróleo permaneça em alta, isso tende a sustentar os preços externos dos óleos vegetais nas próximas semanas.
Já o óleo de palma apresentou menores volatilidades em setembro em comparação ao da soja. Entretanto, nesse mercado, os agentes do setor ainda estão incertos de sobre
como será o comportamento da parte demandante, como a Índia, maior país importador de óleos vegetais. De acordo com a Reuters, as importações no mês de agosto foram
maiores que o esperado, o que contribuiu para a formação de altos estoques dos óleos no país. Portanto, a expectativa é de que no ciclo 2023/24 a Índia importe menores quantidades dos principais óleos em relação a à temporada 2022/23.
No mercado doméstico, a Abiove divulgou que nos últimos 12 meses a capacidade de processamento da soja aumentou 5,6% em relação ao período anterior. A entidade também
projeta que os investimentos na expansão dessa indústria deverão aumentar no próximo ano. Os preços domésticos do óleo de soja estão ajudando na manutenção das margens de
esmagamento, sustentadas pela boa procura interna pelo produto. De acordo com a ANP, a produção de biodiesel em 2023 é maior em comparação com o mesmo período dos
anos anteriores, e o óleo de soja continua sendo a principal fonte para a produção do biocombustível.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



