Suínos
Depois de recuo nas cotações do suíno, preços estabilizam no início do ano
Queda abrupta nas cotações foi contida porque não há excesso de oferta no mercado doméstico e a disponibilidade está ajustada a demanda.

Com o arrefecimento da demanda de final de ano, houve uma acomodação das cotações do suíno vivo e da carcaça na segunda quinzena de dezembro de 2024, se estendendo para o início de janeiro deste ano (gráficos 1 e 2). A queda abrupta nas cotações foi contida porque não há excesso de oferta no mercado doméstico e a disponibilidade está ajustada a demanda, normalmente mais “fria” no início do ano, quando o consumidor tem inúmeras outras despesas para suportar.

Gráfico 1 – Indicador Suínos Vivo – Cepea/Esalq (R$/kg) em Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, diário, nos último 60 dias úteis, até dia 17/01/2025 (cotação indicada no gráfico média dos últimos 16 dias). Fonte: Cepea

Gráfico 2 – Indicador Carcaça Especial – Cepea/Esalq (R$/kg) em São Paulo, diário, nos último 60 dias úteis, até dia 17/01/2025. Fonte: Cepea
As exportações brasileiras de carne suína fecharam 2024 com novo recorde, totalizando 1,18 milhões de toneladas de carne in natura (tabela 1), 8,5% mais que 2023. Depois de cinco meses de exportações superiores ao mesmo período do ano passado, em dezembro de 2024 houve uma queda nos volumes embarcados, tanto em relação a dezembro de 2023, quanto em relação a novembro de 2024.

Tabela 1 – Volumes exportados de carne suína brasileira in natura (em toneladas), mês a mês, em 2021, 2022, 2023 e 2024 e comparativo percentual de 2024 com o mesmo período de 2023. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Quando se avalia os destinos das exportações brasileiras em dezembro de 2024, é possível verificar que dois importadores relevantes, que já vinham dando sinais de queda em novembro de 2024, FIlipinas e México, apresentaram nova queda em dezembro, o que contribuiu bastante para a redução total dos embarques (gráficos 3 e 4).

Gráfico 3 – Toneladas mensais de carne suína in natura brasileira embarcadas para a China e Filipinas em 2023 e 2024. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Gráfico 4 – Toneladas mensais de carne suína in natura brasileira embarcadas para o México em 2023 e 2024. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Analisando o total exportado, entre in natura e processados (tabela 2), os volumes de 2024 (1,337 milhões de toneladas) ultrapassaram os 10% de crescimento em relação a 2023, sendo que o faturamento em dólar cresceu quase 8%, totalizando mais de 3 bilhões de dólares de receitas com exportações em 2024.

Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Apesar do recuo das exportações em dezembro, as Filipinas, no acumulado do ano de 2024, ultrapassaram a China no total exportado (in natura + processados), com 254,3 milhões de toneladas contra 241 milhões do gigante asiático.
Outro fator consolidado nas exportações brasileiras de carne suína é a pulverização dos destinos, como mostra a tabela 3, a seguir, tendo a redução das compras de China e Hong Kong compensadas não somente pelas Filipinas e México, com destaque para o crescimento dos embarques para Chile, Japão, Singapura e outros que, em 2024, totalizaram 121 destinos.

Tabela 3 – Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada em 2024, comparado com 2023, com valor em dólar (FOB). Ordem dos países estabelecida sobre volumes de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Sobre os insumos o último levantamento de safra da Conab não trouxe alterações significativas nas projeções de produção de grãos. As colheitas da soja e do milho-verão já estão ocorrendo. Segundo o Mbagro, o milho, no mercado interno, segue trajetória de alta no início do ano (gráfico 5).
Estoque reduzido e perspectiva de colheita restrita para a demanda até a entrada da safrinha pressiona a cotação; mais para frente é esperada queda de preços à medida que se consolida uma safrinha em bons números e melhora do abastecimento no segundo semestre. Em 17/01 a B3 apontava R$ 79,90/saca de 60kg para março de 2025 e R$ 71,90 para setembro de 2025.

Gráfico 5 – Preço médio mensal do Milho (R$/SC 60kg) em Campinas (SP), nos últimos 30 dias úteis, até dia 17/01/2025. Fonte: Cepea
Apesar deste movimento de alta do mercado de milho e recuo das cotações do suíno em janeiro de 2025, em relação ao final do ano passado, ainda se estima boas margens na atividade no momento e, no balanço de 2024 (tabela 4), o setor acumulou margens bastante satisfatórias, quando comparado com o ano anterior.

Tabela 4 – Custos totais (ciclo completo), preço de venda e lucro/prejuízo estimados nos três estados do Sul (R$/kg suíno vivo vendido) e em Goiás (trimestral), em 2023 e 2024. Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos), Cepea (preço suíno do Sul) e Coopersag (preço suíno em Goiás).
“Como já era esperado as cotações do suíno, na entrada de 2025, se acomodaram em patamar similar ao do terceiro trimestre do ano passado, demonstrando um certo ajuste entre oferta e procura”, explica o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, ampliando: “A expectativa de bons volumes de exportação, aliado à produção estável mantém a tendência de estabilidade ou até pequena alta dos preços, conforme a retomada de uma maior demanda nas próximas semanas”.

Suínos
Levantamento nacional reforça transparência e aponta caminhos para a evolução da suinocultura
Com avaliação detalhada das associações estaduais, a ABCS recebe dados valiosos para aprimorar iniciativas e fortalecer a representatividade setorial.

A fim de fortalecer ainda mais o relacionamento com suas 13 associações estaduais e aprimorar continuamente suas entregas, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) realizou no mês de novembro, uma Pesquisa Nacional de Satisfação com todos presidentes dos estados que compõem o Sistema ABCS: Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Sergipe, Ceará e Bahia.
A iniciativa foi totalmente anônima e conduzida por uma empresa terceirizada especializada em estudos de percepção institucional, a SSK Análises, empresa há mais de 32 anos no mercado com experiência em pesquisas no setor associativista e multinacionais, garantindo isenção, credibilidade e segurança nas respostas. O objetivo foi avaliar o nível de satisfação dos associados com o trabalho realizado pela ABCS, incluindo temas como entregas, projetos, comunicação, atendimento, relacionamento, apoio técnico e institucional, além de identificar demandas e oportunidades de aprimoramento para os próximos anos.
Segundo a diretoria da ABCS, o estudo será um instrumento estratégico fundamental para orientar as ações da entidade e também as diretrizes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS), permitindo que os investimentos e esforços estejam cada vez mais alinhados com as necessidades reais dos produtores e das associações estaduais.
Os resultados consolidados da pesquisa serão apresentados em dezembro ao Conselho da ABCS, e posteriormente compartilhados com todas as estaduais, fortalecendo o compromisso da entidade com a transparência e a gestão participativa. Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, “Com essa ação, a ABCS reafirma seu papel de entidade representativa que busca ouvir, compreender e atender com excelência seu público, construindo um sistema mais unido, eficiente e preparado para os desafios da suinocultura brasileira”, conclui.
Suínos
Espanha confirma nove casos de peste suína africana em javalis
Casos positivos foram identificados na Catalunha e marcam o primeiro registro da doença no país após 30 anos.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informa que a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) foi notificada sobre a ocorrência de peste suína africana (PSA) em javalis na província de Barcelona, região da Catalunha, na Espanha, registrada em 26 de novembro. Este é o primeiro episódio da doença no país desde 1994. Até a última terça-feira (02), nove casos foram confirmados, todos restritos a javalis, sem detecção em suínos domésticos.
A PSA é uma doença viral que afeta suínos domésticos, asselvajados e javalis. Embora não represente risco à saúde humana, por não se tratar de zoonose, é de notificação obrigatória devido ao seu alto poder de disseminação e ao impacto potencial para os sistemas de produção. A presença de carrapatos do gênero Ornithodoros, que podem atuar como vetores, aumenta a complexidade do controle da enfermidade em ambientes silvestres.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
O vírus apresenta elevada resistência no ambiente, podendo permanecer ativo por longos períodos em roupas, calçados, veículos, materiais, equipamentos e em diversos produtos suínos que não passam por tratamento térmico adequado. As principais vias de introdução em áreas livres incluem o contato de animais suscetíveis com objetos contaminados ou a ingestão de produtos suínos contaminados.
O Brasil permanece oficialmente livre de PSA desde 1984, condição que segue preservada. O Mapa reforça que a manutenção desse status depende do cumprimento das normas sanitárias vigentes e da atenção contínua à movimentação de pessoas, produtos e materiais provenientes de regiões afetadas. A introdução da doença no país traria impactos significativos para a cadeia suinícola, motivo pelo qual o país mantém vigilância reforçada e protocolos de prevenção atualizados.
Suínos
Preço do suíno vivo segue estável no Brasil e abre espaço para avanço nas exportações
Com cotações firmes em R$ 8/kg e demanda equilibrada, setor observa oportunidade no mercado externo após suspensão dos embarques da Espanha por PSA.

Levantamentos do Cepea mostram que os preços do suíno vivo no mercado paulista seguem na casa dos R$ 8/kg desde o começo de outubro.
No Paraná, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e em Santa Catarina, as cotações operam nesse patamar desde meados de setembro. Segundo o Centro de Pesquisas, o cenário de estabilidade está atrelado ao forte equilíbrio entre a oferta e a demanda por novos lotes de animais para abate por parte dos frigoríficos.
Alguns agentes consultados pelo Cepea indicam que o atual nível de preço de negociação pode indicar que o suinocultor estaria comercializando com rentabilidade positiva, enquanto a indústria consegue garantir consumo na ponta final do mercado.
Em relação à carne, o destaque é a demanda externa aquecida. Pesquisadores ressaltam que a interrupção dos embarques espanhóis, após confirmação de casos de Peste Suína Africana (PSA) naquele país, pode significar uma oportunidade para o Brasil.
A Espanha é o maior produtor de carne suína da União Europeia, tendo sido também a maior exportadora da proteína do mundo em 2023 (quando desconsiderada a União Europeia como bloco único).



