Suínos
Demanda sazonal eleva preços dos principais cortes suínos
Com a proximidade das festas de fim de ano, maior procura por pernil e lombo impulsiona as cotações no mercado atacadista.

A demanda por alguns cortes suínos tipicamente consumidos nas festas de final de ano tem se aquecido no mercado atacadista, elevando as cotações, conforme levantamentos do Cepea.
Segundo o Centro de Pesquisas, a média do pernil negociado no atacado do estado de São Paulo na parcial de dezembro (até o dia 16) está em R$ 14,11/kg, 2,3% acima da registrada em novembro.
Entre os outros cortes tradicionalmente mais demandados neste período, o lombo também vem se destacando, conforme pesquisas do Cepea.

Suínos
Suinocultura de Santa Catarina lidera exportações e responde por 25% do PIB estadual em 2025
Estado manteve a liderança nacional na produção e nas vendas externas de carne suína, com crescimento da receita, ampliação do consumo interno e projeções positivas para 2026, apesar dos desafios de custos e infraestrutura.

A suinocultura industrial de Santa Catarina manteve, em 2025, a posição de maior produtor e exportador de carne suína do Brasil, com decisiva contribuição ao desenvolvimento econômico do Estado. Consolidou-se como segmento essencial do agronegócio catarinense, representando cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.
Ao fazer a avaliação do ano, o presidente do Sindicado das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior, destacou o desempenho da cadeia produtiva barriga-verde. A liderança catarinense está expressa no fato de representar 51,2% de todo o volume exportado pelo Brasil e 51,9% da receita de exportações, tendo como principais mercados Japão, Filipinas, China, México e Chile. Para obter esses resultados, ampliou o volume da produção em 5,9% em relação a 2024. Dessa forma, a receita foi a melhor da série histórica: teve alta de 12,5%. Os custos de produção, porém, também cresceram (6,1%).

Presidente do Sindicado das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior: “Nosso maior mérito é garantir o pleno abastecimento do mercado interno e exportar o excedente” – Foto: Divulgação
A dimensão da cadeia de suínos de Santa Catarina ganha expressão frente ao cenário nacional. A produção brasileira está estimada em até 5,550 milhões de toneladas em 2025, crescimento de 4,6% em relação ao volume registrado em 2024, que foi de 5,305 milhões de toneladas. Para 2026, espera-se nova elevação, com produção estimada em até 5,700 milhões de toneladas, incremento de 2,7% sobre o ano anterior.
Citando dados da ABPA, Ribas mostra que o Brasil acompanha a trajetória catarinense e projeta até 1,490 milhão de toneladas exportadas em 2025, volume 10% superior ao total de 1,353 milhão de toneladas embarcadas em 2024. Para 2026, o número pode chegar a 1,550 milhão de toneladas, com nova alta de 4%.
“Nosso maior mérito é garantir o pleno abastecimento do mercado interno e exportar o excedente”, assinalou o presidente do Sindicarne. A disponibilidade interna da proteína deverá crescer até 2,7% neste ano, com cerca de 4,060 milhões de toneladas projetadas para 2025. Para 2026, a expectativa de crescimento é de 2,2%, com 4,150 milhões de toneladas. O consumo per capita deve subir 2,3% em 2025 para 19 quilos. Em 2026, o consumo per capita crescerá mais 2,5%, passando a 19,5 kg/habitante/ano.
Desafios
As previsões para 2026 são moderadamente otimistas porque, na prospecção do Sindicarne, o próximo ano deverá transcorrer em meio a um cenário de custos adequados e demanda sustentada pelos produtos, tanto no mercado interno quanto internacional.
Apesar disso, o setor continuará enfrentando um ambiente de negócios hostil em razão do “custo Brasil” na forma da elevada carga tributária, das deficiências logísticas, da burocracia e do excesso de normas que regulam a extensa cadeia produtiva da suinocultura industrial brasileira em todas as etapas do processo – produção a campo, industrialização e comercialização.
“Um dos pontos de atenção para 2026 é a preservação do status sanitário porque estão surgindo muitos casos de peste suína africana (PSA) na Europa e isso pode representar a abertura de novos mercados para o Brasil”, observou o dirigente.
José Ribas lembrou que o Sindicarne, historicamente, reivindica a recuperação das rodovias federais com duplicação ou construção de terceiras faixas, a ampliação dos portos marítimos, a conclusão dos projetos de ferrovias para a construção e pelo menos duas vias férreas essenciais.
A situação mais crítica localiza-se no oeste catarinense, principal região produtora, que necessita da duplicação da BR-282, da recuperação da BR-163 e de toda a malha rodoviária estadual (destaque para a crítica situação da SC-283), da construção de novos sistemas de suprimento de água, de novas subestações de energia elétrica e novas redes de distribuição. Além disso, precisa de gasoduto para gás de uso industrial, da qualificação dos aeroportos, do novo centro de pesquisa da Embrapa (para área de pastagens) e das ferrovias Norte-Sul (Chapecó-Cascavel, braço da Ferroeste) e Leste-Oeste (São Miguel do Oeste-Itajaí).
Suínos
Consumo de carne suína no Brasil cresce e deve atingir 20,2 kg por habitante em 2025
Projeção da ABCS aponta alta de 35% em dez anos, sustentada por produção robusta, maior oferta ao mercado interno e mudança no comportamento do consumidor brasileiro.

O consumo de carne suína no Brasil mantém trajetória de crescimento e deve alcançar 20,2 kg por habitante em 2025, segundo projeção da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). O número representa um avanço de 35% nos últimos dez anos, consolidando a proteína como uma das que mais ganham espaço na alimentação do brasileiro.
O crescimento é sustentado por uma produção nacional robusta e cada vez mais eficiente. Para 2025, a produção brasileira é estimada em 5,64 milhões de toneladas de carcaças, volume suficiente para atender às exportações e, principalmente, à crescente demanda do mercado interno, que hoje absorve parcela cada vez maior da carne suína produzida no país.

Foto: Freepik
Mesmo com exportações em alta, a maior disponibilidade interna tem impulsionado o consumo doméstico. Fatores como preço competitivo, diversificação de cortes e ações contínuas de promoção do consumo realizadas pela ABCS ajudam a explicar essa mudança no comportamento do consumidor brasileiro.
Segundo o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o avanço reflete o trabalho conjunto de toda a cadeia produtiva. “O crescimento do consumo acompanha uma produção estruturada, eficiente e comprometida com o mercado interno, reforçando a carne suína como proteína presente no dia a dia do brasileiro”, afirma.
Como a ABCS calcula o consumo per capita
Diante de divergências entre diferentes fontes do setor, a ABCS reforça que o consumo per capita divulgado pela entidade segue metodologia própria, transparente e baseada exclusivamente em dados oficiais.
O cálculo considera:
- a produção anual de carne suína em carcaças (dados do IBGE),
- menos a exportação de carne suína in natura,
- dividida pela população brasileira (dados do IBGE).
A metodologia não inclui estoques, parte do princípio de que a carne disponível no mercado interno é consumida e desconsidera importações, consideradas estatisticamente irrelevantes. Em 2024, por exemplo, as importações representaram menos de 15 gramas por habitante ao ano.
Outro ponto importante é que a ABCS considera apenas a exportação de carne in natura, que responde por mais de 88% do total exportado, excluindo itens que não fazem parte da carcaça, como vísceras e produtos processados.
Perspectiva positiva para 2026
Embora os dados de 2025 ainda sejam projeções, o cenário indica continuidade do crescimento. Mantido o ritmo atual, a ABCS projeta que o consumo de carne suína no Brasil deve chegar a 21 kg por habitante em 2026, consolidando a proteína como uma das que mais crescem no país.
Suínos
Brasil desponta como principal vetor de crescimento nas exportações de carne suína em 2026
Projeções do USDA indicam estabilidade na produção global e avanço brasileiro nas vendas externas impulsionado pela demanda asiática.

As primeiras projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para 2026 desenham um cenário de estabilidade na produção mundial de carne suína e abrem espaço para o Brasil ampliar sua presença no mercado internacional. Enquanto grandes produtores globais caminham sem grandes avanços, a expectativa é de que a demanda externa sustente o crescimento das exportações brasileiras.
De acordo com o USDA, a produção global deve se manter praticamente estável no próximo ano. A China e os Estados Unidos, que ocupam a primeira e a terceira posição no ranking mundial, não devem registrar variações relevantes. Já a União Europeia segue em trajetória de queda, com recuo estimado em 1,2%, reflexo de desafios estruturais que vêm reduzindo a competitividade do bloco.

No comércio internacional, a perda de espaço europeu tende a ficar ainda mais evidente. A União Europeia, historicamente um dos maiores exportadores, deve reduzir suas vendas externas em 7,4%. Entre os quatro principais exportadores globais, União Europeia, Estados Unidos, Brasil e Canadá, o Brasil aparece como o país com maior potencial de crescimento, com avanço projetado de 3,8% nas exportações.
A produção brasileira também deve crescer, ainda que em ritmo mais moderado. Para 2026, o USDA projeta aumento de 1,3%, após uma expansão mais forte estimada para 2025. Mesmo assim, o volume adicional reforça a capacidade do país de atender a novos mercados em um momento de reorganização da oferta global.
Do lado da demanda, o destaque fica para o Sudeste Asiático. As importações chinesas devem apresentar leve recuo de 1,2%, mas outros mercados seguem em expansão. As Filipinas aparecem como o principal motor desse movimento, com crescimento projetado de 7,1% nas compras externas. Com isso, o país deve ultrapassar a Coreia do Sul e se tornar o quarto maior importador mundial de carne suína, atrás apenas de México, Japão e China. A previsão é de importações em torno de 750 mil toneladas, volume 50 mil toneladas superior ao de 2025.
Esse cenário internacional cria condições favoráveis para o Brasil, que vem ampliando sua produção e fortalecendo sua competitividade

Foto: Shutterstock
nas exportações. As margens do setor seguem atrativas e estimulam novos investimentos, especialmente se os custos de ração continuarem sob controle, como indicam as projeções atuais.
No curto prazo, o mercado interno pode sentir alguma pressão nos preços do atacado após a virada do ano. Ainda assim, a distância entre os preços praticados e os custos de produção aponta para a manutenção de margens saudáveis, garantindo sustentação ao ritmo de crescimento da suinocultura brasileira ao longo de 2026.



