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Demanda global e reposição de estoques impulsionam preços do milho, em outubro
Dados da Conab mostram que, até 29 de outubro, a média nacional de semeadura somava 37,2% da área esperada.
Os preços internos do milho avançaram em outubro pelo segundo mês consecutivo, voltando a operar nos patamares observados em maio deste ano. O impulso veio sobretudo da demanda internacional aquecida e também da necessidade de recomposição de estoques por parte de compradores domésticos. Além disso, a retração de vendedores sustentou
o movimento de valorização – estes agentes, capitalizados e sem necessidade de liberar espaços nos armazéns, preferiram se afastar do spot, à espera de aumentos mais expressivos nos preços.
No acumulado de outubro (entre 29 de setembro e 31 de outubro), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (referência Campinas – SP) subiu 4,4%, fechando a R$ 60,02/saca de 60 kg no dia 31, patamar que não verificado desde maio deste ano. A média mensal de outubro, de R$ 59,13/sc de 60 kg, ficou 8,3% acima da de setembro. Quanto aos preços regionais, no acumulado do mês, houve alta de 3,9% no mercado disponível (negociações entre empresas) e de 2,1% no de balcão. De setembro para outubro, os avanços nas médias foram de 4,6% e de 2,3%.
Na B3, influenciados pelas valorizações do dólar e externa em alguns momentos do mês, os vencimentos também subiram. Os contratos Nov/23 e Jan/24 se valorizaram 4,1% e 3,9% de 29 de setembro e 31 de outubro, fechando a R$ 60,70 e a R$ 64,73/saca de 60 kg no dia 31.
Portos
Apesar de o ritmo de comercialização nos portos ter diminuído ao longo de outubro, os embarques do milho se mantiveram aquecidos, reflexo das entregas de lotes negociados antecipadamente. Segundo dados da Secex, foram embarcadas 8,44 milhões de toneladas em outubro, superando em 24,5% o volume de outubro/22, mas 3,5% inferior ao de setembro/23.
Quanto aos preços levantados pelo Cepea nos portos, as médias em Paranaguá (PR) e em Santos (SP) acumularam respectivas altas de 3% e de 2,2% entre setembro e outubro.
Comercialização
Mesmo diante da demanda externa aquecida e da maior procura nacional, a comercialização brasileira está atrasada frente à temporada anterior. Segundo os dados do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), o volume comercializado nesse estado somava 71,84% do total até o início de outubro, abaixo dos 78,48% da safra anterior. No Paraná, a Seab/Deral indica que a comercialização da segunda somava 47% até o final de outubro, atraso de 11 p.p. em relação à temporada anterior.
Já em Mato Grosso do Sul, o percentual da safra comprometido é de 55,7%, contra 58% em 2022, de acordo com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).
Campo
Nos primeiros dias outubro, a colheita da safra 2022/23 foi finalizada no Brasil, ao passo que a semeadura da safra verão 2023/24 progrediu, apesar do excesso de chuvas e da incidência de pragas, principalmente nas lavouras do Sul do País.
Dados da Conab mostram que, até 29 de outubro, a média nacional de semeadura somava 37,2% da área esperada. Dentre os principais estados produtores de primeira safra, em Santa Catarina, a semeadura chegou a 81% da área, ainda conforme dados da Conab.
No Paraná, 93% da área estadual havia sido semeada até o dia 30, segundo a Seab/Deral. A Secretaria estima que a produção da safra verão do Paraná some 3,12 milhões de toneladas, queda de 18% em relação à de 2022/23. No Rio Grande do Sul, a Emater/RS indicou que as lavouras de milho apresentavam desenvolvimento satisfatório, mesmo diante do elevado volume de chuvas. O relatório do dia 1° de novembro mostra que 78% da área destinada ao cereal da primeira safra havia sido semeada no estado sul-rio-grandense.
Estimativas
Em relatório divulgado em outubro, a Conab seguiu indicando produção recorde em 2022/23, de 131,86 milhões de toneladas, mas redução para a próxima temporada 2023/24. Para 2023/24, a expectativa é que a produção brasileira some, nas três safras, 119,4 milhões de toneladas, redução de 9,5% em relação a 2022/23, mantendo as maiores quedas para a segunda e a terceira temporadas, que devem somar 91,21 milhões de toneladas e 2 milhões de toneladas, respectivamente, diminuições de 10,7% e de 13,5% em relação à atual temporada. Para a safra verão que está sendo semeada, a colheita deve ser de 26,16 milhões de toneladas, com retração de 4,4%.
Quanto ao consumo, deve ser 6% maior, em 84,48 milhões de toneladas, e as exportações, 27% menores, estimadas em 38 milhões de toneladas. Assim, os estoques, em janeiro/25, devem ser de 9,3 milhões de toneladas, abaixo das 10 milhões estimadas para 2022/23.
Em termos mundiais, o USDA estimou, também em outubro, a produção 2023/24 em 1,21 bilhão de toneladas, 5% superior à de 2022/23, com destaques para as maiores colheitas nos Estados Unidos, na China, no Brasil e na Argentina.
Internacional
Na CME Group (Bolsa de Chicago), os vencimentos futuros acumularam baixas, pressionados pelo avanço da colheita nos Estados Unidos, pela melhora do clima na Argentina em outubro e pela ampla oferta brasileira para exportação. Com isso, entre 29 de setembro e 31 de outubro, os contratos Dez/23 e Mar/24 avançaram leves 0,42% e 0,25%, fechando a US$ 4,7875/bushel (US$ 188,47/t) e US$ 4,93/bushel (US$ 194,08/t) no último dia.
Nos Estados Unidos, a colheita alcançou 71% da área, de acordo com o relatório do USDA do dia 29, acima da média dos últimos cinco anos, de 66%. Na Argentina, a Bolsa de Cereales, em relatório divulgado no do dia 2, indicou que 23,4% da área havia sido semeada.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.