Suínos
Demanda aquecida e alta nas exportações elevam preços do suíno no Brasil
Com maior envio ao Japão e ao México, Brasil registra em outubro a segunda maior exportação de carne suína da história e vê recuperação nas cotações internas.

Após operarem perto da estabilidade por praticamente seis semanas, os valores do suíno vivo e também da carne negociada no mercado atacadista reagiram nestes últimos dias.
Segundo pesquisadores do Cepea, os preços foram influenciados pelo tradicional incremento de demanda em início de mês. No front externo, com intensificação dos volumes enviados ao Japão e ao México, as exportações brasileiras de carne suína atingiram em outubro a segunda maior quantidade da história – ficando atrás somente do recorde registrado no mês anterior.
De acordo com dados da Secex, em outubro, foram embarcadas 142,7 mil toneladas de carne suína, volume 5% abaixo do recorde de setembro/25 (de 150 mil toneladas), mas 10% acima do de outubro/24.
No acumulado dos 10 primeiros meses do ano, os embarques brasileiros da carne somam mais de 1,25 milhão de toneladas, cerca de 13% acima do escoado de janeiro a outubro de 2024 e um recorde para o período.

Suínos
Santa Catarina foi berço da inseminação artificial que transformou a suinocultura brasileira
Implantada em Concórdia nos anos 1970, a técnica revolucionou a genética, impulsionou a produtividade e se tornou base da suinocultura moderna no país.

A história da inseminação artificial em suínos começou em Santa Catarina, em 1975, com a criação da Central Regional de Disseminação Artificial de Suínos (Criasc), hoje Central de Coleta e Difusão Genética, em Concórdia. A iniciativa colocou o estado na vanguarda da técnica no Brasil, ao lado do Rio Grande do Sul.
A ideia de introduzir a inseminação artificial em suínos no estado catarinense surgiu de articulações entre a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), a Associação Catarinense (ACCS), Embrapa Aves e Suínos e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O então presidente da ABCS, Hélio Miguel de Rose, e o dirigente da ACCS, Paulo Tramontini, foram figuras decisivas para trazer a técnica para o Brasil. O mestre em Patologia da Reprodução e doutor em Produção Animal, Paulo Silveira, único médico-veterinário na ACCS na época, foi designado para liderar a implantação da ferramenta. “Era algo totalmente novo para nós. O desafio era aprender com quem já fazia e adaptar ao nosso sistema produtivo”, relata.

Médico-veterinário, mestre em Patologia da Reprodução e doutor em Produção Animal e um dos precursores da inseminação artificial em Santa Catarina, Paulo Silveira: “Ninguém faz história sozinho. O sucesso da inseminação é mérito de uma geração inteira de profissionais que acreditou na ciência” – Foto: Arquivo Pessoal
Uma comitiva formada por Silveira, Santo Zacarias Gomes, da Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, e Inocêncio Warmbly, do Mapa, viajou à Alemanha para conhecer o uso de sêmen resfriado e o funcionamento das centrais europeias. Na Universidade de Hanôver, o grupo conheceu o pesquisador Hein Troi, que mais tarde enviaria ao Brasil um botijão de nitrogênio líquido com sêmen suíno congelado – o ponto de partida para os primeiros experimentos em solo catarinense. “Recebemos o sêmen com enorme expectativa. Realizamos as primeiras inseminações em porcas sincronizadas e obtivemos resultados muito acima do esperado”, menciona Silveira, salientando: “Os leitões que nasceram desses experimentos tinham qualidade genética muito superior e alguns se tornaram reprodutores da própria central”.
Os equipamentos, em sua maioria, foram improvisados. “O manequim de coleta, por exemplo, nós mesmos reproduzimos com base no que vimos na Alemanha, usando o que tínhamos à disposição”, conta o médico-veterinário.
As primeiras doses de sêmen resfriado passaram a atender granjas da região, numa época em que a comunicação era precária e o transporte feito em estradas de chão. “O telefone era luxo, e a identificação do cio dependia muito do olho do técnico. Ainda assim, alcançamos taxas de prenhez acima de 80%. Para os anos 70, era uma conquista enorme”, menciona o doutor em Produção Animal.
O projeto marcou o início de uma nova era na reprodução animal e abriu caminho para o que viria a se tornar uma das cadeias produtivas mais tecnificadas do agronegócio brasileiro. De uma estrutura modesta e experimental em Concórdia, a inseminação artificial se expandiu e se tornou o alicerce da suinocultura nacional. Hoje, mais de duas milhões de matrizes suínas são inseminadas no país, praticamente 100% do plantel tecnificado. “Foi um tempo de descobertas, improviso e muita vontade de fazer acontecer”, relembra Silveira, ressaltando: “Na época, não tínhamos tecnologia, mas tínhamos o propósito de levar a genética de ponta até o produtor catarinense e o resultado superou todas as expectativas.”
Resistência e superação
A novidade enfrentou resistência inicial entre os produtores, acostumados à monta natural. “Muitos achavam que não daria certo fora do laboratório. Mas quando viram os resultados, o ceticismo virou curiosidade e, logo depois, adesão”, recorda.
Entre os parceiros dessa fase pioneira estavam o médico-veterinário Luiz Alberto Caetano, da Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, e o fiscal do Ministério da Agricultura Vamiré Luiz Sens, que acabou se tornando colaborador permanente da central. No campo, o inseminador Irineu Sareta foi peça-chave para o sucesso do projeto. “Dedicado, discreto e incansável, enfrentava barro, chuva e distância para atender os produtores”, diz Silveira.
Os treinamentos realizados pela equipe ajudaram a disseminar a técnica pelo país. A partir dos anos 1980, grandes granjas começaram a criar suas próprias centrais internas de inseminação, e a prática se tornou rotina na suinocultura brasileira.
Difusão da inseminação artificial
O impacto foi imediato. A difusão da inseminação artificial permitiu um salto produtivo nas granjas, que passaram de estruturas com 30 ou 40 matrizes para unidades com centenas e, mais tarde, milhares de fêmeas, transformando Santa Catarina no maior produtor e o principal exportador de carne suína do Brasi. “A inseminação artificial foi o ponto de virada. Transformou a suinocultura artesanal em uma atividade industrializada e tecnificada”, afirma.
Empresas como a Sadia e a Agroceres PIC apostaram na técnica para seus programas genéticos. A Sadia implantou um núcleo de 5 mil matrizes em Faxinal dos Guedes (SC) e processava seu próprio sêmen, enquanto a Agroceres PIC se destacou na difusão de doses comerciais. “A genética virou estratégia de competitividade. Quem dominava a tecnologia estava à frente do mercado”, pontua Silveira.
Criação do Cedisa
Além da contribuição à inseminação, Paulo Silveira teve papel decisivo na criação do Centro de Diagnósticos de Sanidade Animal (Cedisa), instalado em Concórdia durante seu período como chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves. “O Cedisa nasceu da percepção de que não bastava disseminar genética de ponta; era preciso garantir sanidade. Ele foi concebido para dar suporte técnico, diagnóstico e segurança à cadeia suinícola”, explica.
A estrutura se tornou referência nacional e contribuiu para a consolidação dos programas de controle sanitário no país. “Sem saúde reprodutiva e controle de doenças, a genética perde valor”, reforça Silveira.
Avanços técnicos

Presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi: “Nosso trabalho também contribui para manter a sanidade do rebanho catarinense e garantir o atendimento aos mercados mais exigentes do mundo” – Foto: Divulgação/ACCS
A inseminação artificial evoluiu de forma muito rápida. A introdução da técnica pós-cervical (intrauterina profunda) reduziu o refluxo e permitiu multiplicar por cinco o número de doses por suíno. A automação trouxe precisão às análises de sêmen e às diluições, e centrais modernas já contam com coleta automatizada. “Hoje se mede concentração e motilidade com máquinas, mas a essência é a mesma: entender o animal e respeitar o ciclo reprodutivo”, salienta Silveira.
Entre os desafios atuais, ele destaca o diagnóstico de cio. “Esse ainda é o ponto crítico. O cio é comportamento, é observação. Nenhuma máquina substitui a sensibilidade do técnico”, enfatiza, ressaltando a necessidade de haver avanços em diluentes de sêmen. “Precisamos de produtos mais acessíveis e duráveis. Se o sêmen puder ser conservado por mais de uma semana em boas condições, o setor dará um salto gigantesco, potencializando a produção de suínos em todo o país.”, enaltece.
Legado e reconhecimento
Cinquenta anos depois, Silveira enxerga a inseminação artificial como um dos pilares da suinocultura brasileira. “Hoje é impossível imaginar a produção de suínos sem a inseminação artificial. Se tornou um insumo técnico indispensável, tanto quanto a nutrição e a genética”, afirma.
Ele faz questão de citar nomes que ajudaram a consolidar a técnica, como Ivo Wentz, Werner Meincke e Isabel Scheid, pioneiros da técnica no Rio Grande do Sul, que transformaram pesquisa em prática. “Ninguém faz história sozinho. O sucesso da inseminação é mérito de uma geração inteira de profissionais que acreditou na ciência”, exalta.
Orgulhoso, o pioneiro resume sua trajetória com simplicidade: “Eu me sinto uma centelha. A gente começou pequeno, com improviso e coragem. Hoje, o Brasil é uma potência mundial em genética suína e isso é fruto da persistência de quem acreditou no impossível”, ressalta.
Força da genética catarinense
Com estrutura que alia tecnologia, bem-estar animal e sanidade, a Central de Coleta e Difusão Genética da ACCS é hoje uma das mais avançadas do país na produção e distribuição de sêmen suíno de alto padrão genético. “Essa é a primeira central do Brasil construída dentro dos princípios do bem-estar animal, com ambiente climatizado, musicalização e brinquedos para evitar o estresse no animal. Nosso trabalho também contribui para manter a sanidade do rebanho catarinense e garantir o atendimento aos mercados mais exigentes do mundo”, destaca o presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi.
Com base no número de machos alojados, a produção média mensal chega a 17 mil doses de sêmen, um salto expressivo em relação a setembro de 2014, quando a ACCS reassumiu os trabalhos da central e registrava apenas 2.577 doses por mês.
Estrutura e diferenciais
Atualmente, a central abriga 150 reprodutores, sendo 60% da genética Agroceres PIC e 40% da Topigs Norsvin – entre as mais reconhecidas do mundo. O alojamento segue rigorosos padrões de bem-estar, com baias de seis metros quadrados, sendo quatro de piso ripado, garantindo conforto, higiene e segurança sanitária.
O centro de coleta permite o trabalho simultâneo com quatro animais e utiliza manequins semiautomáticos, tecnologia que aumenta a eficiência e reduz riscos de contaminação. As amostras são transferidas diretamente para o laboratório por meio de um óculo vedado, evitando o contato com o ambiente externo e preservando a qualidade do material.
Tecnologia e capacitação
Além de comercializar sêmen de alto valor genético, a central utiliza o sistema computadorizado CASA, que realiza a avaliação automatizada das células espermáticas, garantindo precisão nos parâmetros de qualidade. O processo é conduzido por uma equipe técnica qualificada e comprometida em oferecer produtos e serviços confiáveis aos suinocultores.
A ACCS também atua na formação de mão de obra especializada, em parceria com o universidades catarinenses, recebendo acadêmicos do curso de Medicina Veterinária para estagiar na unidade.
Suínos
Preços do suíno vivo sobem e aumentam rentabilidade em 2025
Oferta controlada e baixa do farelo de soja ampliam lucro dos produtores e impulsionam exportações brasileiras.

Os preços do suíno vivo no mercado doméstico permaneceram firmes ao longo de 2025, sustentados pelo aquecimento das demandas interna e externa e pela oferta controlada.
Ao mesmo tempo, as cotações do farelo de soja, um dos principais insumos utilizados na atividade, operaram em baixos patamares. Como resultado, o poder de compra do suinocultor paulista frente ao derivado foi o maior da série histórica do Cepea, iniciada em 2004.
O suíno vivo posto na indústria da praça SP-5 foi comercializado à média de R$ 8,56/kg no ano, 6,5% acima da de 2024 e a mais alta desde 2020, em termos reais (IGP-DI). O pico de preços do animal na região foi observado em setembro, de R$ 9,25/kg.
Como nos últimos anos, 2025 foi caracterizado pela crescente demanda externa pela carne suína brasileira. De janeiro a novembro, foram 1,35 milhão de toneladas embarcadas, 10,3% a mais que no mesmo período do ano anterior e já superando todo volume enviado ao exterior em 2024, de 1,33 milhão de toneladas, segundo dados da Secex.
Recentemente, o Brasil atingiu a terceira posição de maiores exportadores de carne suína, de acordo com o USDA, devido a uma ação conjunta que visa abrir e consolidar novos mercados, assim como garantir produção e seu devido escoamento para o exterior. Entre os destinos, as Filipinas seguiram como o principal, com mais de 350 mil toneladas destinadas ao país asiático em 2025.
Suínos
Suinocultor bate recorde histórico de produtividade e valor na Copacol
Vanilto Ferreira alcançou 706 pontos de IEP e R$ 62,20 por animal, resultado de 15 anos de dedicação, manejo eficiente e trabalho em equipe.

Com dedicação, planejamento e foco em excelência, o suinocultor Vanilto Ferreira, da comunidade Nossa Senhora da Penha, Corbélia, conquistou o melhor resultado entre todos os integrados à atividade na Copacol, tornando-se referência no setor. No último lote de suínos entregue à Central Frimesa, ele obteve Índice de Eficiência Produtiva (IEP) de 706 pontos, o maior já alcançado por um produtor na história da suinocultura da Cooperativa. Outro recorde é o valor pago por animal, R$ 62,20. O desempenho alcançado é reflexo de um trabalho consistente, baseado em boas práticas de manejo, atenção rigorosa à sanidade e uso eficiente dos recursos produtivos.
Com 15 anos de atuação na atividade, o suinocultor se emociona ao falar do recorde. “Esse é um resultado que eu buscava há muito, e agora conseguimos chegar, isso é emocionante, é fruto de muito trabalho, da nossa dedicação aqui na granja e também da eficiente técnica, Ágatha, que nos direciona nos manejos, e dos colaboradores Orli e Sara que se dedicam no dia a dia com os suínos. Também conto com o apoio da minha esposa, Tânia, que me auxilia na administração das granjas. É um conjunto de ações que começa lá nas matrizes, genética, enfim, de todos que participam direta e indiretamente da atividade na Copacol e na Frimesa”, conta emocionado o produtor que acredita que sempre é possível produzir mais.
Eficiência técnica
Ao longo do ciclo do lote, o produtor demonstrou alto nível de controle nos indicadores zootécnicos, com ganhos expressivos em produtividade, qualidade e eficiência. O cuidado diário com os animais e a busca constante por inovação foram determinantes para alcançar resultados superiores. “Com esse resultado a gente colhe o fruto de um trabalho que começa nas Unidades de Produção de Leitões (UPLs), passa pelo produtor, pela assistência técnica, por nossas fábricas de rações, pela indústria e chega até o consumidor. Mas para que isso aconteça temos que estar bem alinhados, e foi o que aconteceu com esse lote do Vanilto”, destaca a médica veterinária Ágatha Prestes.
Exemplo inspirador
Esse destaque evidencia que a combinação de conhecimento técnico, comprometimento e gestão responsável gera impactos positivos tanto no bem-estar animal, quanto na rentabilidade. O melhor resultado geral não representa apenas uma conquista individual, mas também um exemplo inspirador para todo o setor da suinocultura. “Esse recorde é resultado de um trabalho bem alinhado entre todas as pessoas e áreas envolvidas na atividade. Essa evolução é acompanhada em muitas propriedades integradas. Vermos esse recorde tanto de valor pago quanto de IEP gera um sentimento positivo, de dever cumprido, onde o cooperado conta com a segurança da Cooperativa e a recompensa por todo o empenho”, destaca o gerente da Integração Suínos e Leite, Leonardo Dornelles.
Valorização
Além do histórico resultado no último lote de suínos, que coloca o cooperado Vanilto em posição de destaque na atividade, o ano de 2025 fecha na suinocultura da Cooperativa com expressivos resultados. Entre sobras e complementações, os cooperados receberam o valor de R$ 59 por suíno, um resultado que reforça o bom desempenho da atividade durante o ano. Feliz e motivado com o dinheiro das sobras, o suinocultor reforça a importância de trabalhar com a Cooperativa. “A Copacol é diferenciada, ela sempre tem uma reserva para nós, trabalha com os pés no chão, e isso nos dá confiança. Sempre temos um fim de ano com o dinheiro das sobras. Vou guardar um pouco desse dinheiro, fazer uma reserva e outra parte vou investir aqui na granja”, comemora o recordista.



