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Déficit de armazenagem compromete qualidade dos grãos e traz perdas ao produtor rural
Estima-se que no Brasil 20% de toda colheita seja perdida devido às más condições de armazenamento, umidade e pragas.

O sistema de armazenagem vive um verdadeiro colapso no Brasil e isso ficou bastante evidenciado com a safra recorde de grãos de 2022/2023. O déficit da capacidade estática de armazenagem de grãos deve ultrapassar os 118 milhões de toneladas, conforme projeção da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Apenas 15% do total de armazéns estão acomodados em fazendas, que é o local apropriado para evitar perdas e manter a qualidade dos grãos. Nos Estados Unidos esse índice chega a 66%.
A falta de espaço adequado prejudica a qualidade dos grãos e pode representar perdas, inclusive com situações em que o produtor se obriga a deixar o produto depositado a céu aberto. Assim, a queda de qualidade e comprometimento da comercialização do grão são inevitáveis.
A alta umidade é determinante no ataque de fungos, responsáveis pela formação de bolor e mofo, o que causa fermentação dos grãos, resultando em grandes perdas e, consequentemente, de dinheiro. “O problema com os fungos acontece de forma mais acentuada durante o período de armazenamento, por isso é importante que os grãos passem por um processo de secagem, para que sejam guardados com a umidade devidamente controlada”, enfatiza o engenheiro agrônomo Roney Smolareck, da Loc Solution.
Segundo ele, a umidade tem sido causa de preocupação entre muitos produtores rurais, especialmente na fase de estocagem de grãos. “Normalmente, a boa colheita determina o sucesso de uma safra, mas o produtor precisa estar atento às condições do grão na hora de entregá-lo ao comprador final”, afirma o engenheiro agrônomo, acrescentando que para o armazenamento adequado, o teor de umidade dos grãos não deve ser maior do que 13% ou menor do que 12%,.
“Há situações em que os grãos têm que ser guardados em armazéns até a finalização do processo de comercialização e, essas transações podem durar meses. Daí a necessidade da conservação dos grãos com todas as suas características e qualidades”, afirma Smolareck,
Aprosoja MS
Em alguns estados agrícolas, como o Mato Grosso do Sul, a capacidade estática de armazenagem está abaixo da produção gerada. Nos últimos cinco anos, a média anual de volume de grãos no estado foi de 20 milhões de toneladas. No entanto, a capacidade apontada pelo projeto Siga-MS no ano de 2021 é de 10,9 milhões de toneladas, resultando em um volume remanescente de 11 milhões de toneladas.
De acordo com a análise da oferta e demanda realizada pela Aprosoja-MS no estado, na safra 2021/2022, o consumo interno de soja e milho atingiu 6,252 milhões de toneladas, enquanto as exportações interestadual e internacional totalizaram 15,6 milhões de toneladas. Esses dados demonstram que o armazenamento dos grãos para o consumo interno é suficiente. No entanto, quando os produtores desejam armazenar seus grãos para vendê-los em um momento mais favorável, a capacidade de estocagem se mostra insuficiente, o que obriga os produtores a comercializá-los o mais rápido possível devido à baixa capacidade estática.
O fomento deste setor é importante, pois permite que os produtores comercializem seus produtos em um momento mais oportuno em termos de preços. Quando a soja ou o milho são adequadamente estocados, eles podem ser armazenados por até um ano.
O gerente de armazém da Moageira Irati Cereais, no Paraná, Élcio Batista Martins, conta que a cada safra passam pelo silos da moageira em torno de 120 mil toneladas de grãos, sendo 60 mil toneladas de soja, 35 mil toneladas de trigo e o restante em milho.
Após receber os grãos, antes de seguir para o armazenamento, é recomendado que eles estejam limpos, livres de impurezas, restos culturais e doenças. “Muitos produtores colhem a soja ainda úmida por conta do clima. Recebemos em nossas unidades, grãos com umidade alta, principalmente os de soja e milho, sendo necessário realizar a secagem artificial”, afirma.
O estrago ocasionado pelo excesso de umidade atinge níveis alarmantes. Estima-se que no Brasil nada menos que 20% de toda colheita seja perdida devido às más condições de armazenamento e também às pragas.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



