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Debate sobre Senecavírus evidencia necessidade de aumentar vigilância da cadeia produtiva

Dado a importância no âmbito da produção de suínos e ao pico recente de notificações no Paraná com pneumonia, a Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos – Regional do Paraná (Abraves-PR) promoveu um amplo debate sobre o tema, em evento que precedeu o 16º Encontro Regional, realizado em março no município de Toledo (PR).

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Dado a importância no âmbito da produção de suínos e ao pico recente de notificações no Paraná com pneumonia, a Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos – Regional do Paraná (Abraves-PR) promoveu um amplo debate sobre os Desafios do Senecavírus A, evento que precedeu o 16º Encontro Regional, realizado em março no município de Toledo (PR).

Presidente da Abraves-PR, Gefferson Silva: “Precisamos ser proativos e ativos na resolução deste problema”

Segundo o presidente da Abraves-PR, Gefferson Silva, essa doença vesicular é um desafio enorme no campo em termos de notificação, porque não é possível fazer a diferenciação clínica apenas por meio de exames laboratoriais, uma vez que os sintomas do Senecavírus A (SVA) e da febre aftosa e de outras doenças vesiculares são muito semelhantes. “Esse debate trouxe um panorama de como estamos e como podemos avançar na identificação da doença, porque precisamos ser proativos e ativos na resolução deste problema”, declarou Silva.

O diretor executivo da Frimesa, Elias José Zydek, ressaltou o período desafiador que o setor está vivenciando na atualidade. “Não conheci um período tão desafiador quanto estão sendo esses últimos cinco anos, especialmente na suinocultura. Primeiro com falta e agora com excesso de oferta, incidência de problemas de campo, problemas comerciais, de custos de produção e de doenças no campo. Não tem mais fator negativo para acontecer, a situação chegou num ponto caótico para a suinocultura, porque ninguém hoje consegue manter uma planta trabalhando a 50% ou 60% da sua capacidade, ora porque não tem análise, ora porque não tem coleta, ora porque causou problemas operacionais. Desse jeito nós não vamos ter mais com o que trabalhar logo logo”, expôs Zydek.

Diretor executivo da Frimesa, Elias José Zydek: “É preciso achar as soluções, buscar os caminhos”

De acordo com ele, eventos como do Encontro Regional possibilitam colocar as cartas na mesa e discutir avanços para o setor. “É preciso achar as soluções, buscar os caminhos, mais do nunca estar abraçado à iniciativa privada, às cooperativas e empresas do setor, ao setor público, às universidades e às entidades que estão envolvidas na cadeia produtiva. É urgente a necessidade de encontramos uma solução! Parabéns à Abraves-PR por encampar esse tema, que é vital neste momento para a suinocultura”, salientou.

Considerado o segundo pesquisador no mundo a diagnosticar o Senecavírus A e o primeiro no Brasil, o médico-veterinário, pesquisador e professor doutor da Universidade Estadual de Londrina (UEL/PR), Amauri Alcindo Alfieri, abriu o debate expondo uma linha do tempo desde a identificação do vírus pela primeira vez nos Estados Unidos em 2002, evidenciando que ao longo de duas décadas poucos foram os avanços na produção científica mundial sobre o agente viral. “Conhecemos muito pouco deste vírus. Trabalhos científicos relacionados ao tema são poucos os que foram realizados no mundo perto de estudos de outras doenças emergentes, e quando se fala a nível Brasil é menor ainda. Precisamos conhecer melhor a epidemiologia desse vírus, que atualmente ainda está bastante obscura, uma vez que temos muito mais dúvidas do que respostas para dar aos produtores e à agroindústria”, pontua Alfieri.

O pesquisador da UEL também expôs a preocupação em relação à dificuldade na definição do título viral em uma planta vacinal, a interferência de anticorpos passivos e a metodologia usada para produção de vacinas virais. “É preciso avançar nesta questão”, ressalta.

Realidade norte-americana

O médico-veterinário e pesquisador Guilherme Milanez Preis, direto da Universidade de Minnesota, onde é estudante de PhD, trouxe a realidade norte americana para o debate, país em que a doença viral foi descoberta há 20 anos, no entanto exames sorológicos identificaram que o vírus circulava silenciosamente na população de suínos desde 1988.

Preis ressalta a alta capacidade diagnóstica de testagem da doença no país, com laboratórios habilitados para análise de alta sensibilidade diagnóstica para febre aftosa (APCR) em cada Estado americano credenciado à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Animal. Em caso de resultado negativo, os animais são liberados no mesmo dia, no entanto, independente do resultado, as amostras devem ser enviadas para o Plum Island, para a realização de testes de cultura celular para tentar identificar o agente causador da doença vesicular nos animais.

De acordo com alguns estudos realizados nos Estados Unidos, casos da SVA apresentaram maior sazonalidade nos meses de verão, com pico entre agosto e setembro. Entre os fatores de risco para soropositividade, Preis evidencia que Unidades Produtoras de Suínos (UPLs) que praticam o processamento de animais mortos tinham nove vezes mais chances de serem soropositivas para SVA quando comparado com as UPLs que destinavam seus animais mortos dentro da propriedade rural.

Preis destaca tentativas de erradicação de SVA no rebanho norte-americano através de exposição massal/fechamento do rebanho, coleta de fluído vesicular e mistura com PBS, solução/inóculo (rRT-PCR), inoculação intranasal em animais/baias que não tiveram vesículas durante surto. “Parecem eficazes no interrompimento da transmissão constante em leitoas suscetíveis introduzidas semanalmente, no entanto, não temos muitos dados destas ações a longo prazo, visto que poucas granjas reportaram algum novo surto, outras nada fizeram e algumas reportaram recorrência de surtos, então é necessário que se façam mais estudos para entendermos essa possibilidade da infecção persistente nos animais”, frisa.

Da notificação ao resultado leva até 15 dias

Gerente de Suprimentos de Suínos da Frimesa, Valdecir Mauerwerck: “Da notificação à liberação para prosseguir com o abate leva cerca de 15 dias”

O gerente de Suprimentos de Suínos da Frimesa, Valdecir Mauerwerck, trouxe informações sobre as condutas técnicas no campo e em abatedouros, dificuldade em relação ao tempo entre coleta, envio do material, laudo e desinterdição, destinações de carcaças e ações no campo e agroindústrias.

O SVA em suínos se apresenta com feridas semelhantes a aftas, localizadas no focinho, na boca dos animais e na parede do casco (banda coronária e coxim plantar), podendo manifestar também anorexia, claudicação, letargia e febre, com sinais clínicos compatíveis com outras enfermidades vesiculares de suínos, como a febre aftosa, que são de notificação obrigatória, conforme a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). “Existe no país apenas o Laboratório Lanagro credenciado para realizar as análises clínicas sanitárias para SVA, o que torna o processo moroso, levando da notificação, coleta, envio de amostras, resultado, termo de desinterdição e liberação para prosseguir com o abate cerca de 15 dias, período em que os animais terminados ficam a mais na granja, gerando maior custo de produção, risco de perda de produtividade e mortalidade de animais”, constata, ressaltando a ausência de vacinas até agosto de 2021. “Há alguns meses recebemos a notícia de uma vacina para SVA, porém a nível de campo essa tecnologia ainda não está implantada, sendo urgente a sua implementação para controle da enfermidade na sua forma clínica, com um programa vacinal sazonal”, enfatiza Mauerwerck.

SVA nos frigoríficos brasileiros

Auditor fiscal do Mapa, Marcelo Lopes: “O abatedouro não é local para aparecer doença de notificação obrigatória”

O auditor fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcelo Alessandro Pinheiro Lopes, trouxe uma visão sobre os desafios do SVA nos frigoríficos brasileiros, enfatizando o quanto é imprescindível a conscientização dos produtores e dos médicos-veterinários responsáveis técnicos para a notificação ao SVA em tempo hábil ainda nas granjas, com coleta de material adequado para o diagnóstico. “A notificação ainda na granja gera ganhos operacionais no fluxo de recebimento de animais e no abate. O abatedouro não é local para aparecer doença de notificação obrigatória. Somente em 2018 foram realizadas 24 investigações em abatedouros e em 2019 esse número caiu para nove”, informa.

O sistema de vigilância veterinária é feita de duas formas: ativa com fiscalização de vacinação, inspeção em propriedades rurais, inspeção em plantas frigoríficas, fiscalização e inspeção em eventos agropecuários e no trânsito de animais, além de estudos epidemiológicos, abordando riscos, vulnerabilidade, receptividade e circuito pecuário; e passiva, que abrange uma vigilância reforçada no atendimento a notificações de suspeitas de doenças vesiculares. “Seguimos o mesmo plano de ação usado para febre aftosa no atendimento e na investigação de notificações de doença vesicular em suínos. Todo caso suspeito de doença vesicular, independentemente de sua origem, deve ser investigado pelo Serviço Veterinário Oficial em um prazo de até 12 horas. O resultado da investigação inicial pode ser suspeita descartada ou caso provável de doença vesicular”, salienta.

Lopes destaca ainda aspectos importantes e estratégicos de controle ao SVA a serem observados, como a regionalização das áreas endêmicas, integração propriedades ou não e as diferenças entre integrações, vazio sanitário e biossegurança nas granjas para controle de pragas, assertividade de notificação e plano vacinal.

Transporte Legal de Suínos

Durante o evento, a médica-veterinária e diretora técnica comercial da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, Charli Ludtke, e o zootecnista e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Osmar Della Costa, apresentaram o manual Transporte Legal de Suínos, publicação que acompanha materiais audiovisuais e trata de forma dinâmica, informativa, interativa e de diferentes perspectivas a importância do motorista como uma parte de todo o processo da cadeia produtiva. Segundo os pesquisadores, o material tem como objetivo promover a capacitação de condutores e demais profissionais que transportam suínos, bem como a sua inserção em programas de autocontrole das empresas.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

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Melhor ganho de peso, conversão alimentar e saúde intestinal são alguns dos benefícios do uso de probiótico em dietas de leitões na creche

O uso de probióticos representam uma alternativa capaz de criar um balanço da saúde intestinal. Isso porque a produção intensiva, na qual o animal ganha peso em um espaço curto de tempo, leva a um desbalanço da saúde intestinal.

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O atual cenário de uso cada vez mais restrito de antimicrobianos na suinocultura traz desafios para manter a eficiência produtiva no campo e a rentabilidade do produtor. Um ajuste da saúde intestinal dos animais, especialmente falando de leitões na creche, tem se mostrado uma estratégia eficiente para melhorar o desempenho. Assim, o uso de probióticos representam uma alternativa capaz de criar um balanço da saúde intestinal. Isso porque a produção intensiva, na qual o animal ganha peso em um espaço curto de tempo, leva a um desbalanço da saúde intestinal. E o probiótico é uma bactéria benéfica que vai passar pelo trato gastrointestinal e auxiliar esta microbiota, tornando-a mais equilibrada, contribuindo com a produção de ácido láctico, por exemplo, que passa pelo intestino e traz benefícios para a microbiota ali presente, auxiliando em seu crescimento e desencorajando o crescimento das bactérias patógenas.

Todo este quadro traz um novo desafio para nutricionistas: a escolha do probiótico mais adequado de acordo com a realidade de produção de cada empresa. Este é hoje um dos desafios mais importantes no contexto de saúde intestinal e nutrição animal em escala global, já que temos inúmeras alternativas disponíveis no mercado, com cepas diferentes e resultados muito variáveis. A escolha do probiótico deve considerar não apenas a quantidade mais adequada de inclusão, como também o processo de fabricação da ração, como a peletização, por exemplo. É preciso avaliar se esta cepa vai chegar íntegra no intestino dos animais e se o potencial genético dessa cepa responde aos objetivos da produção.

Os probióticos não são iguais. Mesmo que a gente veja a mesma espécie, os probióticos são diferentes porque a capacidade de uma cepa é diferente da outra. Elas têm características genéticas que precisam ser avaliadas, por isso o primeiro passo é entender que a oferta de probióticos não é igual. Outro ponto importante a considerar é a maneira como ele será aplicado via ração, pois estamos manipulando um organismo vivo que precisa chegar vivo até o animal. E as condições de peletização impactam diretamente o resultado. Então, algumas perguntas precisam ser respondidas, como qual é a inclusão necessária? Como fazer esta inclusão na dieta? Como testar a viabilidade dos esporos na ração pronta para o consumo? Como estamos misturando na ração? Estamos entregando a quantidade necessária? Sem estas respostas, não é possível atingir resultados satisfatórios.

Erros no uso

Os probióticos são uma ferramenta importante para promover uma melhor saúde intestinal dos animais e sua consequente melhora no desempenho, mas se não forem utilizados da maneira correta, não vai haver resultado. Existe uma série de casos de resultados inconsistentes no uso de probióticos porque eles foram usados de maneira incorreta. Ainda hoje há bastante equívoco na sua utilização.

A segurança da cepa probiótica é mais um ponto de atenção. Como estamos introduzindo bactérias em grandes quantidades dentro de nosso sistema produtivo, devemos ter certeza de sua segurança. Dessa forma, é importante que essas cepas não possuam genes para enterotoxinas hemolíticas, hemolisina e para citotoxinas. Da mesma forma é importante a investigação de genes relacionados a resistência a antibióticos, assim as cepas probióticas não devem conter plasmídeos identificados, nenhum gene relevante para a resistência à antibióticos, em especial aos de classe terapêutica, e tudo isso deve ser validado por ensaios de concentração inibitória mínima (MIC). Também é importante estar atento à resistência da cepa ao processamento térmico, ácidos orgânicos e formaldeído. Esse tipo de resistência demonstra a resiliência de uma cepa aos aditivos mais comumente utilizados e à exposição ao calor, seja este no processamento da ração ou mesmo dentro dos silos das granjas.

Estratégia: Probióticos como alternativa ao uso de antimicrobianos promotores de crescimento

Se existe uma série de cepas disponíveis que atendem aos mais diferentes desafios de produção, uma das estratégias muito utilizadas na suinocultura é para reduzir os efeitos negativos de produtividade com o uso restrito de antimicrobianos promotores de crescimento. Neste contexto, o Bacillus subtilis DSM 32315 é uma cepa de probiótico que tem demonstrado benefícios significativos para a saúde intestinal e o desempenho dos leitões.

Nas últimas décadas, vimos os antibióticos serem usados amplamente para prevenir infecções e melhorar o desempenho dos animais. Este uso é particularmente comum no período imediatamente após o desmame, quando os leitões são mais suscetíveis a doenças intestinais e ao estresse. No entanto, a crescente preocupação com a resistência antimicrobiana e a regulamentação mais rigorosa em alguns países têm incentivado a busca por alternativas aos antibióticos.

Benefícios do Bacillus subtilis DSM 32315

Estudos têm comprovado que a suplementação com Bacillus subtilis DSM 32315 pode melhorar a digestibilidade dos alimentos e a microbiota intestinal, resultando em um melhor desempenho dos leitões. Este probiótico atua modulando a população microbiana do intestino, promovendo um ambiente intestinal saudável e equilibrado.

Experimento Comparativo

Para avaliar a eficácia do Bacillus subtilis DSM 32315 em comparação com antibióticos, foi realizado um experimento com 120 leitões de creche, divididos em três tratamentos: um grupo controle (dieta basal sem aditivos), um grupo com antibióticos (dieta basal + 0,04 quilos por tonelada de virginiamicina) e um grupo com probiótico (dieta basal + 500 gramas por tonelada de Bacillus subtilis DSM 32315). Os leitões foram alimentados com essas dietas por 42 dias, com acesso livre ao alimento e a água.

Os parâmetros avaliados incluíram o desempenho (peso corporal, ganho de peso médio diário, consumo diário de ração e conversão alimentar), taxa de diarreia, morfologia intestinal (altura das vilosidades e profundidade das criptas), metabólitos intestinais (ácidos graxos de cadeia curta) e expressão de genes relacionados à barreira mucosa intestinal e à imunidade.

Resultados

Os resultados do experimento mostraram que os leitões suplementados com Bacillus subtilis DSM 32315 apresentaram desempenho e saúde intestinal comparáveis aos leitões que receberam antibióticos. Especificamente, os leitões do grupo com probiótico tiveram ganhos de peso, conversão alimentar e saúde intestinal similares aos do grupo tratado com antibióticos, demonstrando que o probiótico pode ser uma alternativa viável e eficaz ao uso de antibióticos em dietas de leitões na creche.

Experimento Adicional

Em outro experimento conduzido em uma das principais universidades do Brasil, verificamos que os animais que receberam o Bacillus subtilis DSM 32315 também tiveram desempenho igual ao dos animais que receberam dietas com lincomicina e espectinomicina. Este estudo reforça ainda mais a eficácia do probiótico como uma alternativa aos antibióticos tradicionais, proporcionando benefícios significativos para a saúde e o crescimento dos leitões.

Conclusão

A suplementação com Bacillus subtilis DSM 32315 oferece uma solução promissora para melhorar a saúde intestinal e o desempenho de crescimento dos leitões sem a necessidade de antibióticos. Este probiótico não apenas mantém o desempenho dos animais, mas também contribui para um manejo mais sustentável e responsável da saúde animal. Com a crescente demanda por práticas mais seguras e sustentáveis, o uso de probióticos como o Bacillus subtilis DSM 32315 se destaca como uma estratégia eficaz e inovadora.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Henrique Brand, médico-veterinário, mestre em Nutrição de Monogástricos, Nutrição de Suínos e Aves e diretor de Marketing Estratégico para Especialidades da Evonik nas Américas
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Presidente da Frimesa elenca principais obstáculos ao crescimento da suinocultura no Brasil

Enquanto Santa Catarina atinge 90% do mercado comprador de carne suína no mundo, o Paraná tem apenas 55% do market share.

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Presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek: “A granja deve ser monitorada com extrema cautela, porque uma vez que um animal deixa a granja com problemas de saúde, não há como corrigi-los no frigorífico” - Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Com um crescimento populacional crescente, mudanças nos padrões de consumo e instabilidade da economia brasileira, a suinocultura enfrenta uma série de complexidades que demandam resiliência, inovação e adaptação. Desde questões ambientais até preocupações com saúde animal e eficiência produtiva, a indústria suinícola se depara com constantes transformações.

Presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek: “Temos uma responsabilidade muito grande com o consumidor em garantir a qualidade e a segurança dos produtos”

Durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado nos dias 11 e 12 de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, o presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek, abordou os desafios atuais enfrentados pelo setor, envolvendo produção, indústria e mercado da carne suína.

Zydek ressaltou que a suinocultura vive de desafios, mencionando eventos recentes que impactaram de forma significativa o mercado global. “O problema sanitário na China, por exemplo, que levou a uma demanda intensa por proteínas, especialmente carne suína, resultou em um boom na produção brasileira entre 2019 e 2020. No entanto, a recuperação mais rápida do que o esperado pela China, fez com que o país reduzisse suas importações, combinada com os efeitos da pandemia de Covid-19, criou um certo equilíbrio entre oferta e demanda global”, expôs.

Contudo, em 2022 e ao longo de 2023, o executivo menciona que o setor enfrentou desafios econômicos expressivos, com a China aumentando sua produção e o mercado mundial tentando se ajustar. “Os preços elevados dos insumos, principalmente da ração, afetaram a viabilidade econômica da atividade suinícola. Embora a queda nos preços dos grãos tenha trazido algum alívio, os preços de exportação diminuíram em torno de US$ 1 mil a tonelada, sendo a carne suína vendida no mercado interno cerca de 5% mais barato que 2022, e em 2023 chegou a ser vendida 2% mais barato que 2022, refletindo em uma cadeia produtiva pressionada por margens cada vez mais estreitas”, salientou.

Desafios que colocam cadeia em cheque

Na produção, Zydek enfatiza que a questão sanitária continua sendo um desafio persistente, especialmente nos anos de 2023 e 2024, quando se tornou ainda mais crítica. “A qualidade sanitária é medida pelo aumento significativo das condenações nos frigoríficos, que hoje afetam entre 3,5% e 5,5% dos animais, que são descartados ou destinados à graxaria, resultando em prejuízos tanto para a indústria quanto para os produtores. Este cenário destaca o impacto da saúde animal em toda a cadeia produtiva”, evidencia.

O executivo destaca que a proteção rigorosa das propriedades é fundamental para prevenir a entrada de agentes externos que possam comprometer a segurança das granjas. “Apesar da resistência, muitas vezes, dos produtores em adotarem medidas preventivas, a prevenção é de suma importância devido à presença invisível desses agentes patogênicos. Outro fator que se deve ter atenção é com a adequada gestão ambiental das instalações, vital para mitigar e prevenir a propagação de doenças”, enfatizou, acrescentando: “A granja deve ser monitorada com extrema cautela, porque uma vez que um animal deixa a granja com problemas de saúde, não há como corrigi-los no frigorífico devido às regulamentações de segurança alimentar. Temos uma responsabilidade muito grande com o consumidor em garantir a qualidade e a segurança dos produtos”.

Ação conjunta

De acordo com o presidente da Frimesa, as doenças mais prevalentes nos frigoríficos da região Oeste do Paraná incluem o Senecavírus, que ressurgiu com intensidade há três anos e persiste. Zydek ressalta que, por se tratar de um vírus, a solução não pode ser individual; é necessária uma ação coletiva. “Por se tratar de um vírus não adianta apenas uma integradora ou um produtor tratar o problema de forma isolada, é preciso uma ação conjunta de toda uma região para tratar e prevenir o Senecavírus”, salienta.

Fotos: Divulgação/Arquivo Frimesa

Ele revela que a Frimesa assinou um convênio com a Embrapa para diagnosticar as medidas necessárias que a região Oeste do Paraná deve tomar para reduzir a incidência da doença. “Esse trabalho deve ficar pronto até setembro. Através dos resultados alcançados pretendemos trabalhar de forma intensiva com as cooperativas associadas, produtores e demais integradoras para implementar ações sanitárias conjuntas em toda a região”, adianta.

Além do Senecavírus, Zydek menciona que a Salmonella ainda é uma preocupação, apesar da redução na incidência, e que bactérias, principalmente em maternidades e crechários, continuam a afetar as aves até a fase adulta e influenciam a qualidade dos produtos nos frigoríficos. Ele também cita que as doenças respiratórias, como a pneumonia, figuram entre os principais motivos de condenação nos frigoríficos. “O maior patrimônio de uma propriedade não são as infraestruturas robustas ou os investimentos em tecnologia, mas sim a sanidade, por isso é cada vez mais importante adotar medidas de biossegurança nas granjas”, enfatiza.

Desafios da Indústria

Entre os principais desafios enfrentados pela indústria, o presidente da Frimesa elencou condenações de carcaças, peso dos suínos abatidos, qualidade da carne, legislações e implementação de sistemas de autocontrole.

Ele destacou que a Frimesa, em conjunto com as demais cooperativas filiadas, construiu uma indústria frigorífica em Assis Chateaubriand (PR), com capacidade para abater até 15 mil suínos por dia. Atualmente, a unidade processa cinco mil suínos/mês e planeja aumentar para 7,5 mil/mês até o final de 2025, completando assim a primeira fase de suas operações. “A segunda fase é muito difícil de prever, vai depender muito da economia, da inflação, do poder aquisitivo, do mercado interno, da eleição do próximo presidente, entre outras variáveis. Enquanto isso vamos ficar em standby, pelo menos até final de 2026”, informou Zydek.

Obstáculos no mercado mundial

No que diz respeito aos desafios práticos enfrentados pelo setor suinícola, Zydek elenca cinco obstáculos. O primeiro está relacionado à habilitação das plantas frigoríficas para exportação. O executivo ressalta que enquanto Santa Catarina atinge 90% do mercado comprador de carne suína no mundo, o Paraná tem apenas 55% do market share. “Países como Coreia do Sul, Filipinas, Japão, México e Chile compram carne suína do Rio Grande do Sul há 12 anos, enquanto o Paraná ainda não pode exportar para esses destinos devido à burocracia e negociações internacionais não concluídas”, cita.

Mesmo após obter o certificado de área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal há três anos, o Paraná viu poucas mudanças efetivas, com exceção da República Dominicana, que passou a comprar carne suína paranaense neste período. “Aos demais países compradores, o Paraná ainda não tem acesso”, lamentou Zydek.

O segundo desafio é a competição com outras carnes. Conforme o executivo, a carne bovina lidera a preferência do consumidor brasileiro, seguida pela carne de frango e, por último, a carne suína. Zydek destacou que, embora a carne suína seja a mais consumida no mundo, com cerca de 112 milhões de toneladas anuais, no Brasil, a carne de frango é predominante devido ao menor custo. “Se conseguíssemos aumentar em 1kg o consumo de carne suína por brasileiro ao ano, seriam 210 mil toneladas a mais consumidas internamente”, ressaltou, enfatizando a importância da eficiência na produção, sanidade e comercialização da carne suína.

O terceiro ponto é o consumo per capita, que sofre influência direta do quarto ponto, que é o poder aquisitivo do brasileiro. Zydek observou que, desde o ano passado, a economia estagnada impactou o consumo de proteínas. “O consumidor não tem dinheiro suficiente para manter uma dieta proteica alta e começa a selecionar proteínas mais baratas ou vegetais”, explicou.

O quinto aspecto abordado foram as proteínas alternativas. Zydek acredita que esses produtos devem ser tratados como nichos de mercado. Ele mencionou que, após o lançamento pela Frimesa de um hambúrguer vegetal há seis anos, a produção foi descontinuada em 2023 devido ao baixo consumo. “Duvido que se consiga produzir carne suína em laboratório a R$ 10 o quilo”, disse, destacando os desafios de custo e a cultura alimentar dos brasileiros.

Presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek: “A granja deve ser monitorada com extrema cautela, porque uma vez que um animal deixa a granja com problemas de saúde, não há como corrigi-los no frigorífico”

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Fonte: O Presente Rural
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Forte alta do suíno vivo eleva poder de compra frente ao milho pelo 8º mês

Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário decorreu das altas de preços do suíno vivo superiores às verificadas para os principais insumos utilizados na atividade – milho e farelo de soja, comparando-se as médias de agosto e setembro.

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Foto: Ari Dias

O poder de compra de suinocultores paulistas frente ao milho cresceu pelo oitavo mês seguido, conforme apontam levantamentos do Cepea.

Em relação ao farelo de soja, setembro foi o terceiro mês consecutivo de aumento no poder de compra.

Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário decorreu das altas de preços do suíno vivo superiores às verificadas para os principais insumos utilizados na atividade (milho e farelo de soja), comparando-se as médias de agosto e setembro.

Na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o suíno vivo foi negociado ao valor médio de R$ 8,95/kg em setembro, forte aumento de 5,8% em relação ao de agosto.

Inclusive, este foi o quinto mês seguido de valorização, de acordo com levantamento do Cepea.

Fonte: Assessoria Cepea
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