Suínos Biosseguridade
Debate sobre Senecavírus evidencia necessidade de aumentar vigilância da cadeia produtiva
Dado a importância no âmbito da produção de suínos e ao pico recente de notificações no Paraná com pneumonia, a Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos – Regional do Paraná (Abraves-PR) promoveu um amplo debate sobre o tema, em evento que precedeu o 16º Encontro Regional, realizado em março no município de Toledo (PR).

Dado a importância no âmbito da produção de suínos e ao pico recente de notificações no Paraná com pneumonia, a Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos – Regional do Paraná (Abraves-PR) promoveu um amplo debate sobre os Desafios do Senecavírus A, evento que precedeu o 16º Encontro Regional, realizado em março no município de Toledo (PR).

Presidente da Abraves-PR, Gefferson Silva: “Precisamos ser proativos e ativos na resolução deste problema”
Segundo o presidente da Abraves-PR, Gefferson Silva, essa doença vesicular é um desafio enorme no campo em termos de notificação, porque não é possível fazer a diferenciação clínica apenas por meio de exames laboratoriais, uma vez que os sintomas do Senecavírus A (SVA) e da febre aftosa e de outras doenças vesiculares são muito semelhantes. “Esse debate trouxe um panorama de como estamos e como podemos avançar na identificação da doença, porque precisamos ser proativos e ativos na resolução deste problema”, declarou Silva.
O diretor executivo da Frimesa, Elias José Zydek, ressaltou o período desafiador que o setor está vivenciando na atualidade. “Não conheci um período tão desafiador quanto estão sendo esses últimos cinco anos, especialmente na suinocultura. Primeiro com falta e agora com excesso de oferta, incidência de problemas de campo, problemas comerciais, de custos de produção e de doenças no campo. Não tem mais fator negativo para acontecer, a situação chegou num ponto caótico para a suinocultura, porque ninguém hoje consegue manter uma planta trabalhando a 50% ou 60% da sua capacidade, ora porque não tem análise, ora porque não tem coleta, ora porque causou problemas operacionais. Desse jeito nós não vamos ter mais com o que trabalhar logo logo”, expôs Zydek.

Diretor executivo da Frimesa, Elias José Zydek: “É preciso achar as soluções, buscar os caminhos”
De acordo com ele, eventos como do Encontro Regional possibilitam colocar as cartas na mesa e discutir avanços para o setor. “É preciso achar as soluções, buscar os caminhos, mais do nunca estar abraçado à iniciativa privada, às cooperativas e empresas do setor, ao setor público, às universidades e às entidades que estão envolvidas na cadeia produtiva. É urgente a necessidade de encontramos uma solução! Parabéns à Abraves-PR por encampar esse tema, que é vital neste momento para a suinocultura”, salientou.
Considerado o segundo pesquisador no mundo a diagnosticar o Senecavírus A e o primeiro no Brasil, o médico-veterinário, pesquisador e professor doutor da Universidade Estadual de Londrina (UEL/PR), Amauri Alcindo Alfieri, abriu o debate expondo uma linha do tempo desde a identificação do vírus pela primeira vez nos Estados Unidos em 2002, evidenciando que ao longo de duas décadas poucos foram os avanços na produção científica mundial sobre o agente viral. “Conhecemos muito pouco deste vírus. Trabalhos científicos relacionados ao tema são poucos os que foram realizados no mundo perto de estudos de outras doenças emergentes, e quando se fala a nível Brasil é menor ainda. Precisamos conhecer melhor a epidemiologia desse vírus, que atualmente ainda está bastante obscura, uma vez que temos muito mais dúvidas do que respostas para dar aos produtores e à agroindústria”, pontua Alfieri.
O pesquisador da UEL também expôs a preocupação em relação à dificuldade na definição do título viral em uma planta vacinal, a interferência de anticorpos passivos e a metodologia usada para produção de vacinas virais. “É preciso avançar nesta questão”, ressalta.
Realidade norte-americana
O médico-veterinário e pesquisador Guilherme Milanez Preis, direto da Universidade de Minnesota, onde é estudante de PhD, trouxe a realidade norte americana para o debate, país em que a doença viral foi descoberta há 20 anos, no entanto exames sorológicos identificaram que o vírus circulava silenciosamente na população de suínos desde 1988.
Preis ressalta a alta capacidade diagnóstica de testagem da doença no país, com laboratórios habilitados para análise de alta sensibilidade diagnóstica para febre aftosa (APCR) em cada Estado americano credenciado à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Animal. Em caso de resultado negativo, os animais são liberados no mesmo dia, no entanto, independente do resultado, as amostras devem ser enviadas para o Plum Island, para a realização de testes de cultura celular para tentar identificar o agente causador da doença vesicular nos animais.
De acordo com alguns estudos realizados nos Estados Unidos, casos da SVA apresentaram maior sazonalidade nos meses de verão, com pico entre agosto e setembro. Entre os fatores de risco para soropositividade, Preis evidencia que Unidades Produtoras de Suínos (UPLs) que praticam o processamento de animais mortos tinham nove vezes mais chances de serem soropositivas para SVA quando comparado com as UPLs que destinavam seus animais mortos dentro da propriedade rural.
Preis destaca tentativas de erradicação de SVA no rebanho norte-americano através de exposição massal/fechamento do rebanho, coleta de fluído vesicular e mistura com PBS, solução/inóculo (rRT-PCR), inoculação intranasal em animais/baias que não tiveram vesículas durante surto. “Parecem eficazes no interrompimento da transmissão constante em leitoas suscetíveis introduzidas semanalmente, no entanto, não temos muitos dados destas ações a longo prazo, visto que poucas granjas reportaram algum novo surto, outras nada fizeram e algumas reportaram recorrência de surtos, então é necessário que se façam mais estudos para entendermos essa possibilidade da infecção persistente nos animais”, frisa.
Da notificação ao resultado leva até 15 dias

Gerente de Suprimentos de Suínos da Frimesa, Valdecir Mauerwerck: “Da notificação à liberação para prosseguir com o abate leva cerca de 15 dias”
O gerente de Suprimentos de Suínos da Frimesa, Valdecir Mauerwerck, trouxe informações sobre as condutas técnicas no campo e em abatedouros, dificuldade em relação ao tempo entre coleta, envio do material, laudo e desinterdição, destinações de carcaças e ações no campo e agroindústrias.
O SVA em suínos se apresenta com feridas semelhantes a aftas, localizadas no focinho, na boca dos animais e na parede do casco (banda coronária e coxim plantar), podendo manifestar também anorexia, claudicação, letargia e febre, com sinais clínicos compatíveis com outras enfermidades vesiculares de suínos, como a febre aftosa, que são de notificação obrigatória, conforme a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). “Existe no país apenas o Laboratório Lanagro credenciado para realizar as análises clínicas sanitárias para SVA, o que torna o processo moroso, levando da notificação, coleta, envio de amostras, resultado, termo de desinterdição e liberação para prosseguir com o abate cerca de 15 dias, período em que os animais terminados ficam a mais na granja, gerando maior custo de produção, risco de perda de produtividade e mortalidade de animais”, constata, ressaltando a ausência de vacinas até agosto de 2021. “Há alguns meses recebemos a notícia de uma vacina para SVA, porém a nível de campo essa tecnologia ainda não está implantada, sendo urgente a sua implementação para controle da enfermidade na sua forma clínica, com um programa vacinal sazonal”, enfatiza Mauerwerck.
SVA nos frigoríficos brasileiros

Auditor fiscal do Mapa, Marcelo Lopes: “O abatedouro não é local para aparecer doença de notificação obrigatória”
O auditor fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcelo Alessandro Pinheiro Lopes, trouxe uma visão sobre os desafios do SVA nos frigoríficos brasileiros, enfatizando o quanto é imprescindível a conscientização dos produtores e dos médicos-veterinários responsáveis técnicos para a notificação ao SVA em tempo hábil ainda nas granjas, com coleta de material adequado para o diagnóstico. “A notificação ainda na granja gera ganhos operacionais no fluxo de recebimento de animais e no abate. O abatedouro não é local para aparecer doença de notificação obrigatória. Somente em 2018 foram realizadas 24 investigações em abatedouros e em 2019 esse número caiu para nove”, informa.
O sistema de vigilância veterinária é feita de duas formas: ativa com fiscalização de vacinação, inspeção em propriedades rurais, inspeção em plantas frigoríficas, fiscalização e inspeção em eventos agropecuários e no trânsito de animais, além de estudos epidemiológicos, abordando riscos, vulnerabilidade, receptividade e circuito pecuário; e passiva, que abrange uma vigilância reforçada no atendimento a notificações de suspeitas de doenças vesiculares. “Seguimos o mesmo plano de ação usado para febre aftosa no atendimento e na investigação de notificações de doença vesicular em suínos. Todo caso suspeito de doença vesicular, independentemente de sua origem, deve ser investigado pelo Serviço Veterinário Oficial em um prazo de até 12 horas. O resultado da investigação inicial pode ser suspeita descartada ou caso provável de doença vesicular”, salienta.
Lopes destaca ainda aspectos importantes e estratégicos de controle ao SVA a serem observados, como a regionalização das áreas endêmicas, integração propriedades ou não e as diferenças entre integrações, vazio sanitário e biossegurança nas granjas para controle de pragas, assertividade de notificação e plano vacinal.
Transporte Legal de Suínos
Durante o evento, a médica-veterinária e diretora técnica comercial da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, Charli Ludtke, e o zootecnista e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Osmar Della Costa, apresentaram o manual Transporte Legal de Suínos, publicação que acompanha materiais audiovisuais e trata de forma dinâmica, informativa, interativa e de diferentes perspectivas a importância do motorista como uma parte de todo o processo da cadeia produtiva. Segundo os pesquisadores, o material tem como objetivo promover a capacitação de condutores e demais profissionais que transportam suínos, bem como a sua inserção em programas de autocontrole das empresas.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



