Notícias ExpoLondrina
Debate fomenta discussão sobre produção de leite com sustentabilidade
Entre os vários temas técnicos tratados na ExpoLondrina, o de produção sustentável de leite e o de soja de baixo carbono norteou as discussões entre os produtores.

A produção sustentável de leite foi um dos assuntos que mobilizaram produtores nesta terça-feira (11) na 61ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina (ExpoLondrina). A discussão girou em torno de genética, sanidade, alimentação e conforto e bem-estar.
“São temas bastante técnicos, mas neles está a sustentação da atividade”, disse o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Segundo ele, o Paraná produz 4,5 bilhões de litros de leite por ano. Somado com Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a produção no Sul do país sobe para 13 bilhões de litros, volume superior ao produzido por Argentina e Uruguai juntos.
“Novas empresas de processamento de leite estão se instalando ou com plantas prestes a serem inauguradas no Paraná, o que garante espaço para todos”, reforçou Ortigara. “Mas precisamos cada vez mais construir um jogo melhor, trazer alternativas para rentabilizar mais a propriedade, trazer tecnologia para reduzir o trabalho mais penoso”.
Alimento e bem-estar
Sobre o sistema alimentar, o secretário alertou para a necessidade de estudar opções. Alguns dos alimentos utilizados hoje, como o milho, estão sendo destinados cada vez mais para outras finalidades, a exemplo da produção de etanol e de silagem para produzir gás, o que pode elevar o preço. “Neste espaço de mundo é possível produzir quase tudo e precisamos estudar alternativas”, propôs.
Conforto e bem-estar animal tanto na produção quanto no abate estão no foco mundial e fazem parte dos acordos da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). “Os acordos dizem que não dá para criar animais de qualquer jeito”, afirmou Ortigara. “Conforto e bem-estar são regras permanentes e crescentes”.
De acordo com ele, também é preciso buscar sempre maior eficiência em questões reprodutivas. Citou como exemplo a produção de sêmen sexado, que privilegia o nascimento de fêmeas e com melhor qualidade. “Isso está evoluindo e é um jogo que precisa ser jogado”, disse.
Para o secretário, cada produtor deveria se perguntar até que ponto está disposto a crescer e preparado para sobreviver na atividade. “Ou extrai bom resultado ou não sobrevive”. Ortigara acentuou que a tendência na cadeia do leite é a concentração, assim como já acontece com suíno e frango. “Temos de evoluir para a produção mais fidelizada, que a indústria reconheça a qualidade e o volume e possa pagar mais por isso”.
Soja
Ortigara participou ainda do 1.° Fórum Soja Baixo Carbono, promovido pela Embrapa. “Estamos evoluindo para um sistema mais sustentável que vai nos posicionar muito melhor no mercado de produção”, disse. “A gente pode, com métodos transparentes e claros, conseguir mais renda e esse é o esforço que a ciência faz com vistas a uma planta mais resistente e um ambiente de produção plenamente sustentável”.
O secretário salientou que toda iniciativa em favor de uma produção mais sustentável, com qualidade superior e que se traduza em fluxo financeiro para a propriedade rural terá o apoio do Estado. “A soja é o principal ativo da economia brasileira e geradora de renda, por isso temos de ter habilidade para aproveitar as oportunidades de aperfeiçoar a colocação de nossa bandeira no mundo dos alimentos”, afirmou.
O Programa Soja Baixo Carbono, da Embrapa, está criando um protocolo para certificar áreas produtoras com baixa emissão de gases de efeito estufa, por meio do selo SBC. Os critérios serão validados em três safras, a partir da 2023/24, em mais de 25 lavouras-pilotos de todas as regiões produtoras do País.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



