Notícias Mercado Suinícola
De Moscou a Pequim, a dependência só mudou de endereço
Quem acompanha o mercado suinícola sabe que por um longo tempo a suinocultura brasileira teve forte dependência da Rússia; agora, depende da China, mesmo que alguns refutem o fato, e isso é ruim para a atividade
Artigo escrito por Cesar da Luz, empresário, escritor, palestrante, consultor de Agronegócio e diretor do Grupo Agro10
A vida nos ensina que se quisermos avançar, é preciso olhar para frente. Mas, se olharmos no retrovisor podemos ver o que aconteceu no passado que influenciou o nosso presente. E em um exercício rápido chegamos à conclusão de que em meados de 2017, ao analisarmos os números da suinocultura nacional, estávamos certos ao afirmar que as exportações de carne suína do Brasil seguiriam tendência de alta, mas principalmente acertamos ao apontar, à época, que a China iria propiciar uma oportunidade gigantesca para o mercado suinícola, reduzindo assim a participação do então maior importador da carne suína brasileira, a Rússia.
Porém, deveríamos ter dado maior ênfase ao fato de que é prejudicial à qualquer atividade a concentração de um volume expressivo em um único destino. No caso da suinocultura, a dependência outrora de Moscou, passou para Pequim, numa condição que continua ditando regras na suinocultura nacional, apesar de isso não ser um cenário apenas no Brasil, desde o surgimento da Peste Suína Africana (PSA), que dizimou metade do plantel chinês.
O que queremos destacar é que ainda em 2017, em um estudo que fizemos para uma grande multinacional europeia, notamos que o crescimento nas exportações da carne suína brasileira no ano anterior, se devia em grande parte aos chineses, e que Pequim passara de inexpressivas 5,2 mil toneladas importadas em 2015, para 87,8 mil toneladas em 2016, ou seja, de um ano para outro, um acréscimo expressivo de 1.582% nas suas importações. Isso já sinalizava que algo havia no outro lado do globo, e que se devia ligar o alerta. De fato, tempos depois veio o anúncio oficial da Peste Suína Africana (PSA) no plantel chinês de suínos, e isso está fazendo toda a diferença no mercado mundial de carnes.
Em 2017, a Rússia permanecia como principal destino da carne suína do Brasil, respondendo por 43% do volume exportado naquele período, seguida de Hong Kong, com 15,5%, enquanto a China respondia por 10,1% das nossas exportações. Agora, ao fecharmos 2020, a China importa cerca da metade do que produzimos.
Ou seja, passados três anos e meio, fechamos o ano batendo um recorde histórico de um milhão de toneladas embarcadas, e esse aumento nas exportações se dá justamente em razão da Peste Suína Africana na China e as importações chinesas.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a exportação de carne suína em 2020 deve fechar com até 37% de aumento frente a 2019 e, como escrevemos em 2017 que aconteceria, a China é o destino da metade dos nossos embarques, aumentando as suas compras em 115% de janeiro a novembro.
Para o ano que vem, a projeção é de que as exportações se mantenham em alta, com incremento variando entre 5% a 10%, o que elevaria o volume exportado entre 1,08 milhão de tonelada a 1,1 milhão de tonelada, frente a um total de 750 mil toneladas embarcadas em 2019.
Se estamos exportando mais, é porque estamos produzindo mais, e o Brasil fecha o ano com um aumento de produção em cerca de 8%. Para 2021, se projeta novo aumento, de cerca de 3,5%. Em volume, isso significa que a produção brasileira de carne suína fecha o ano com 4,3 milhões de toneladas produzidas, sendo que para 2021, a produção deve ser de 4,4 milhões de toneladas. Em receitas, de janeiro a novembro deste ano, elas somaram US$ 2,079 bilhões, um incremento de 47,1% sobre 2019.
Em conclusão, a China foi o destino de 50% de toda a carne suína brasileira exportada, com um volume, até novembro, de 468,57 mil toneladas, contra 217,8 mil toneladas no mesmo período do ano passado, um aumento de 115%. Nesse cenário de incremento das exportações aos chineses, que dizer das 5,2 mil toneladas de 2015, e do que projetamos em 2017?
Enquanto isso…
Enquanto as exportações seguem esse cenário, de mais Pequim do que Moscou, o mercado interno do suíno vivo prossegue com as tradicionais oscilações, sempre com prejuízos a quem está na ponta inicial da cadeia, o produtor, que é o verdadeiro herói nacional, que paga para produzir e não vê o equilíbrio entre receitas e despesas, operando sempre no vermelho.
Nos últimos dias, o preço do suíno vivo foi do céu ao inferno em uma semana, e os principais mercados independentes registraram recuos superiores a 12%.
Em Minas Gerais, tradicional praça suinícola independente do Brasil, o quilo caiu de R$ 8,68 para R$ 7,59. Em São Paulo, outra praça tradicional para o mercado livre, o animal que valia R$ 9,00, recuou para R$ 7,90, numa queda livre de 12,5% no mesmo comparativo.
No Paraná não foi diferente, e o recuo foi de 12,1%, de R$ 8,34 para R$ 7,34. Santa Catarina e o Rio Grande do Sul também registraram queda, de 9,6% e de 5,7%, respectivamente.
Resta saber de quem é a culpa: do dólar que oscilou para baixo nos últimos dias; da falta de uma política que garanta o preço mínimo para o suíno no Brasil; do produtor que continua fragilizado para enfrentar os especuladores, ou a culpa é de que fatores externos positivos não conseguem se replicar no mercado doméstico? O certo é que a conta continua sendo paga por quem produz e que não consegue entender como um mercado internacional de carnes aquecido não traz as devidas compensações ao produtor nacional, independentemente de onde atua e do segmento da atividade em que está inserido.
Notícias
Sindirações apresenta dois novos associados
Sul Óxidos e Purefert do Brasil passam a integrar o quadro de associados da entidade, reforçando a cadeia produtiva na promoção de parceiras estratégicas.
O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal – Sindirações anuncia a chegada de duas novas empresas no seu quadro de associados: Sul Óxidos e Purefert do Brasil. No total, a entidade representa cerca de 90% da indústria de alimentação animal. Para Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, essa movimentação vai de encontro com um dos principais objetivos da entidade, que é dar voz para as empresas e defender os principais interesses do setor.
Com mais de 20 anos de experiência, a Sul Óxidos é referência na produção de óxido de zinco e sulfato de zinco, além da comercialização de ânodos, zinco metálico e outros metais não ferrosos. Comprometida com a excelência, a empresa foca na melhoria contínua de seus processos e na garantia da qualidade de seus produtos, atuando com responsabilidade ambiental e priorizando a redução de resíduos sólidos e efluentes, a fim de minimizar os impactos ambientais.
De acordo com Jorge Luiz Cordioli Nandi Junior, Engenheiro Agrônomo da Sul Óxidos, “a filiação ao Sindirações é vital para reforçar sua presença no setor de alimentação animal e fomentar parcerias estratégicas. A associação garante acesso a informações essenciais sobre tendências do mercado, regulamentações e práticas de excelência. Além disso, a Sul Óxidos se posiciona para defender os interesses da indústria, moldando políticas que beneficiam o segmento. A colaboração com outros líderes do setor facilita a troca de inovações e conhecimentos, fortalecendo a competitividade e a sustentabilidade da empresa nesse nicho crucial”, comenta.
Já o grupo Purefert atua como fornecedor de fertilizantes premium para clientes em todo o mundo. Com contratos estratégicos de fornecimento de longo prazo com fornecedores líderes, a Purefert está na vanguarda das mais recentes inovações em qualidade de produto e agregação de valor à cadeia de fornecimento para seus clientes. A empresa é líder de mercado em produtos à base de Fosfato.
“A associação da Purefert ao Sindirações é estratégica por proporcionar acesso a informações técnicas e regulatórias, participação em grupos de trabalho que definem tendências do mercado, suporte em questões jurídicas e tributárias, além de oportunidades de networking para parcerias e inovações. Essa conexão fortalece a competitividade e a conformidade da empresa no mercado”, afirma Thiago Janeri, trader da Purefert.
Notícias
Epagri divulga Boletim Agropecuário de Santa Catarina referente a outubro
Para a 1ª safra de milho 2024/25, a redução na área plantada deverá chegar a 10,4%. “A produtividade média esperada, entretanto, deverá crescer em torno de 24%, chegando a 8.463kg/ha.
A Epagri divulgou a última edição do Boletim Agropecuário, publicado mensalmente pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa).
Milho
Em outubro, o preço médio mensal pago ao produtor de milho em Santa Catarina apresentou uma alta de 5,3% em relação ao mês anterior. Segundo o documento, os preços refletem a maior demanda interna pelo cereal, a entressafra no Brasil e a concorrência com as exportações.
De acordo com o analista de socioeconomia e desenvolvimento rural da Epagri/Cepa, Haroldo Tavares Elias, para a 1ª safra de milho 2024/25, a redução na área plantada deverá chegar a 10,4%. “A produtividade média esperada, entretanto, deverá crescer em torno de 24%, chegando a 8.463kg/ha. Assim, espera-se um aumento de 11% na produção, com um volume colhido de aproximadamente 2,24 milhões de toneladas de milho”, diz ele.
O Boletim Agropecuário traz os dados atualizados do acompanhamento das safras e do mercado dos principais produtos agropecuários catarinenses. Confira mais detalhes de outras cadeias produtivas:
Trigo
Em outubro, os preços médios recebidos pelos produtores catarinenses de trigo ficaram praticamente estabilizados, mas com uma pequena variação negativa de 0,34%. Na variação anual, em termos reais, registrou-se uma alta expressiva de 22,07%. Em todo o estado, até a última semana de outubro, cerca de 39% da área destinada ao plantio de trigo nesta safra já havia sido colhida. Para as lavouras que ainda estão a campo, 20% da área estava em fase de floração e 80% em fase de maturação.
Com relação à condição de lavoura, em 94% das áreas avaliadas a condição é boa; 5% a condição é média e, 1% a condição é ruim. A área plantada estimada é de pouco mais de 121 mil hectares, redução de 11,8% em relação à safra passada. A produtividade média estadual está estimada em 3.582kg/ha, um aumento de 60,1%. Até o momento, a expectativa é que a produção estadual deverá crescer 41,3%, chegando a aproximadamente 435 mil toneladas.
Soja
No mês de outubro, as cotações da soja no mercado catarinense apresentaram reação de 2,7% em relação ao mês anterior. No início de novembro, nos 10 primeiros dias do mês, na comparação com o preço médio de setembro, é possível perceber movimento altista de 2,6%. A menor oferta interna do produto no mercado interno tem favorecido as cotações, no entanto, fatores de baixa estão se projetando no mercado futuro.
Para essa safra, deveremos ter um aumento de 2,09% da área plantada, alcançando 768,6 mil hectares na primeira safra. A produtividade média esperada deverá crescer significativamente: a expectativa é um incremento de 8,56%, chegando a 3.743kg/ha. Com isso, espera-se um aumento de 10,8% na produção, com um volume colhido de aproximadamente 2,87 milhões de toneladas de soja 1ª safra.
Bovinos
Nas primeiras semanas de novembro registrou-se de alta nos preços do boi gordo em relação ao mês anterior em praticamente todos os estados brasileiros. Em Santa Catarina, o preço médio estadual do boi gordo atingiu R$295,34 em meados deste mês, o que representa uma alta de 8,8% em relação ao mês anterior e de 20,3% na comparação com maio de 2023. A expectativa é de que se verifique a continuidade desse movimento de alta nas próximas semanas.
A reduzida oferta de animais prontos para abate e a elevada demanda, tanto no mercado interno quanto externo, são responsáveis por esse acentuado movimento de alta observado na maioria dos estados. A forte seca que atingiu grande parte do país, em especial a região Centro-Oeste, tem sido um fator crucial na redução da oferta.
Frangos
Santa Catarina exportou 105,5 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) em outubro – queda de 0,03% em relação aos embarques do mês anterior, mas alta de 27,1% na comparação com os de outubro de 2023. As receitas foram de US 212,8 milhões – queda de 4,8% em relação às do mês anterior, mas crescimento de 32,9% na comparação com as de outubro de 2023.
De janeiro a outubro, Santa Catarina exportou 961,8 mil toneladas, com receitas de US$ 1,88 bilhão – alta de 6,7% em quantidade, mas queda de 1,6% em receitas, na comparação com os valores acumulados no mesmo período do ano passado.
A maioria dos principais destinos apresentou variação positiva, na comparação entre o acumulado deste ano e o mesmo período de 2023, com destaque, mais uma vez, para o Japão (crescimento de 35,6% em quantidade e 13,4% em valor).
Suínos
Santa Catarina exportou 68,0 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em outubro, altas de 10,6% em relação ao montante do mês anterior e de 44,8% na comparação com os embarques de outubro de 2023. As receitas foram de US$169,4 milhões, crescimentos de 12,7% na comparação com as do mês anterior e de 61,5% em relação às de outubro de 2023. Esse é o segundo melhor resultado mensal de toda a série histórica, tanto em quantidade quanto em receitas, atrás apenas de julho passado.
De janeiro a outubro, o estado exportou 595,3 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$1,39 bilhão – altas de 10,5% e de 6,3%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2023. Santa Catarina respondeu por 56,7% das receitas e por 55,0% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.
Leite
Até setembro/24, as indústrias inspecionadas brasileiras adquiriram 18,331 bilhões de litros de leite cru, 1,2% acima dos 18,116 bilhões adquiridos no período de 2023. Essa quantidade, somada à quantidade importada, mostra que, até setembro, a oferta total de leite foi 1,6% maior do que a do mesmo período de 2023.
De janeiro a outubro/24 foi importado o equivalente a 1,888 bilhão de litros de leite cru, 7% acima dos 1,765 bilhão de litros do mesmo período de 2023.
Em novembro, houve diferentes movimentos nos preços aos produtores catarinenses: estabilidade, alta e baixa. Com isso, pelos levantamentos da Epagri/Cepa, o preço médio de novembro fechou em R$2,75/litro, quase idêntico ao preço médio de outubro, que ficou em R$2,76/litro.
Leia a íntegra do Boletim Agropecuário de novembro, clicando aqui.
Notícias
IPPA registra alta de 5,5% em outubro de 2024, porém acumula queda de 2,5% no ano
Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%).
O Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/CEPEA) subiu 5,5% em outubro, influenciado pelos avanços em todos os grupos de produtos: de 1,9% para o IPPA-Grãos; de fortes 10,7% para o IPPA-Pecuária; de expressivos 10,4% para o IPPA-Hortifrutícolas; e de 0,5% para o IPPA-Cana-Café.
No mesmo período, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresentou alta de 1,5%, demonstrando que, de setembro para outubro, os preços agropecuários mantiveram-se em elevação frente aos industriais da economia brasileira.
No cenário internacional, o índice de preços calculado pelo FMI subiu 1,4% quando convertido para Reais, acompanhando a valorização da taxa de câmbio oficial divulgada pelo Bacen. Isso indica um comportamento relativamente estável dos preços internacionais dos alimentos.
No acumulado de 2024, o IPPA/CEPEA registra queda de 2,5%. Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%), enquanto o IPPA-Hortifrutícolas avançou 34,6% e o IPPA-Cana-Café cresceu 7%.
Em comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresenta estabilidade no ano, enquanto os preços internacionais dos alimentos, convertidos para Reais, acumulam alta de 6,1%.
A despeito desses movimentos divergentes com relação ao IPPA/CEPEA, ressalta-se que, sob uma perspectiva de longo prazo, o que se observa é a convergência ao mesmo nível, após elevação acelerada dos preços domésticos nos últimos anos.