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De forma pioneira, Sistema Faep/Senar-PR incorpora ESG na rotina de atividades
Entidade cria diretoria específica para promover a incorporação de processos sustentáveis na agropecuária estadual e agregar valor à produção.

Nos últimos meses, muito provavelmente, você escutou o termo ESG em rodas de conversas ou no noticiário. A sigla em inglês Environmental (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança) passou fazer partes dos mais diversos setores produtivos, incluindo o meio rural. Isso porque, cada vez mais, o mercado consumidor tem exigido que entidades, empresas, indústrias e, claro, os produtores rurais adotem práticas socialmente responsáveis, ambientalmente sustentáveis e administradas de maneira correta.

Diretoria de ESG do Sistema Faep/Senar-PR, Fabiana Campos Romanelli: “As práticas de ESG ajudam a mostrar que o agronegócio não é o vilão, como se fala muito. Não podemos mais pensar individualmente, mas de forma coletiva” – Foto: Divulgação/Faep
Ciente da importância do tema, de forma pioneira, o Sistema Faep/Senar-PR, recentemente, criou a Diretoria de ESG, que será comandada por Fabiana Campos Romanelli. Com ampla experiência na área da sustentabilidade e com passagem por órgãos com esse perfil, como a Associação Brasileira de Biogás, CS Bioenergia e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável e Turismo (Sedest), Fabiana tem o desafio de levar práticas e ações à rotina dos produtores rurais.
A seguir, confira uma entrevista com a nova diretora de ESG do Sistema Faep/Senar-PR sobre as estratégias que serão traçadas e os possíveis ganhos para a agropecuária do Paraná.
Sistema Faep/Senar-PR (SFS-PR): Qual o primeiro passo que o Sistema Faep/Senar-PR precisa adotar para ingressar no ESG?
Fabiana Campos Romanelli (FCR): A prática do ESG é um assunto ainda bastante novo para todos. Então, o primeiro passo é mapear as atividades que já são feitas pelo Sistema Faep/Senar-PR para, se for o caso, realizar ajustes. Posteriormente, quando tivermos o mapeamento das ações que a entidade tem incorporadas na sua rotina, poderemos direcionar para otimizar e potencializar as boas práticas de ESG. O grande desafio é, futuramente, subsidiar o produtor rural a produzir de forma ainda mais sustentável.
SFS-PR: Quais as ações e estratégias para levar isso aos produtores rurais do Paraná?
FCR: Existem diversos mecanismos para auxiliar o produtor rural. Um deles é a educação. O Sistema Faep/Senar-PR tem o Programa Agrinho, que pode ajudar bastante neste processo. Precisamos também orientar os produtores rurais de como usar os recursos hídricos, ou seja, produzir minimizando os impactos da crise hídrica que estamos enfrentando nos últimos anos. Outro ponto é a segurança alimentar, aumentando a oferta do que é produzido no campo que acaba abastecendo a mesa de quem consome. As práticas de ESG também ajudam a mostrar que o agronegócio não é o vilão, como se fala muito. Não podemos mais pensar individualmente, mas de forma coletiva.
SFS-PR: Em quais modelos de sustentabilidade o setor rural paranaense precisa avançar?
FCR: A agropecuária do Paraná é referência nacional e até mesmo mundial. Mas sempre há o que avançar. É preciso, por exemplo, melhorar a questão das práticas de plantio, reparo do solo e uso dos recursos hídricos. Temos muitas propriedades rurais próximas de rios, um recurso enorme, mas mal aproveitado. Precisamos potencializar esse uso e fazer o manejo correto da atividades. Outra questão é o aproveitamento dos resíduos gerados na agricultura e na pecuária. Sabemos o potencial destes rejeitos, principalmente para geração de energia e adubo. Precisamos tratar de forma adequada para otimizar esse passivo, principalmente diante da crise energética que o mundo atravessa.
O CAR [Cadastro Ambiental Rural] vai poder nos ajudar muito neste trabalho. As informações fornecidas pelos produtores rurais paranaenses vão permitir fazer um diagnóstico e, posteriormente, traçar estratégias e ações para implantarmos dentro da propriedade.
SFS-PR: Com o ESG implantado, os produtores rurais do Paraná vão agregar valor aos seus produtos? Existe a possibilidade de receberem mais pela sua produção?
FCR: Adotar as práticas de ESG traz diferenciais para a produção, agrega valor aos produtos. Isso porque o ESG certifica os critérios que o mundo considera como ideais. A partir de adoção das práticas, o produtor rural vai ter um certificado que a produção dele está de acordo com o que o mercado externo está de olho. Neste ponto, a rastreabilidade é outro processo importante, pois o consumidor vai poder saber a origem daquilo que comprou. Isso, certamente, vai garantir mercado ao produtor. No curto prazo, o produtor vai receber mais pelo produto dele. No médio prazo, novos mercados vão se abrir para o agricultor e o pecuarista que adotarem o ESG. Por outro lado, mercados vão fechar as portas para quem não atender.
SFS-PR: O ESG já faz parte da rotina de algum setor da economia?
FCR: Hoje não tem setor que olhe formalmente para o ESG. Existem ações pontuais dentro de algumas indústrias e empresas, como O Boticário, Klabin, JBS e Renault, que perceberam que a adoção do ESG traz reconhecimento no mercado internacional. O Sistema Faep/Senar-PR e, consequentemente, a agropecuária do Paraná vão sair na frente. E quando a entidade decide olhar para o tema, acaba gerando benefícios para toda a cadeia produtiva. Neste caso, o agronegócio do Paraná pode servir de exemplo para outros setores e estados.
SFS-PR: Você mencionou que, além das ações pontuais, é preciso um movimento coletivo para a real efetividade do ESG. Como os demais setores da economia podem contribuir para o avanço das práticas ambientais, sociais e de governança no Paraná?
FCR: Nossa ideia é, futuramente, levar a discussão para dentro dos demais setores. Não adianta duas, três empresas fazerem de forma isolada. É preciso multiplicar as práticas e sabemos que é preciso usar a capilaridade. Nossa ideia é implantar o projeto-piloto e depois levar para outras entidades, órgãos e empresas. O ESG é um caminho sem volta e o Sistema Faep/Senar-PR pode instigar a pauta dentro de outros ambientes empresariais e do Estado.
Entenda o que é ESG
Em 2004, o termo apareceu em um relatório feito pelo Pacto Global, braço da Organização das Nações Unidas (ONU), na tentativa de engajar empresas e organizações na adoção de princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção, em parceria com o Banco Mundial, chamada “Who Cares Wins” (em tradução livre, “Ganha quem se importa”). Na publicação, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, desafiava 50 presidentes de instituições financeiras a colocar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.
Na mesma época, o relatório Freshfield, documento da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP FI) encomendado a um dos maiores escritórios de advocacia do mundo, o Freshfields, analisou a importância da integração do ESG como uma forma de avaliar financeiramente uma empresa.
Então, a sigla ESG passou a ser usada no lugar do termo sustentabilidade em diversos fóruns de discussão, relatórios e pesquisas.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



