Conectado com

Suínos

DDG e DDGS: oportunidades promissoras para a suinocultura brasileira

Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia, Urbano dos Santos Ruiz, explica que no Brasil temos o DDGS de milho, mas também é possível obter-se DDGS de trigo, cevada ou de outros cereais.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Com uma estimativa de produção de 3 milhões de toneladas em 2023, a produção brasileira de DDG e DDGS pode ter impacto significativo na suinocultura por se tratar de ingredientes que têm capacidade de serem incluídos nas dietas para suínos, é o que defende o engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia, Urbano dos Santos Ruiz. Nesta matéria, ele apresenta informações  importantes sobre a possibilidade da utilização destes subprodutos e os benefícios que podem trazer na cadeia produtiva de suínos.

Professor da Universidade de São Paulo (USP), Urbano dos Santos Ruiz – Foto: Arquivo Pessoal

O professor explica que o DDGS é o material remanescente da produção de etanol a partir de grãos de cereais, trata-se de uma abreviação das palavras inglesas “Dried Distillers Grain with Solubles” (grãos secos de destilaria). “No Brasil temos o DDGS de milho, mas também é possível obter-se DDGS de trigo, cevada ou de outros cereais, como ocorre em alguns países. Na produção de etanol a partir dos cereais, o amido, carboidrato que corresponde a 60-65% dos grãos de cereais secos, é fermentado para geração de álcool que depois é destilado. Os demais componentes dos grãos, frações proteica, lipídica, fibrosa, minerais e vitaminas, são preservados e concentrados de 3 a 4 vezes no produto final, constituindo coproduto de elevado valor nutricional”, informa em entrevista ao O Presente Rural.

Diferença para o DDG

O profissional explica que na produção do etanol gera-se líquidos, chamados de vinhaça, que contêm materiais solúveis, principalmente minerais. Quando esse líquido com solúveis é adicionado ao coproduto final tem-se o DDGS. “Ou seja, no DDG não há a adição dos solúveis, lembrando que o s vem de solubles, em inglês, o que traduzido para o português significa solúveis”, informa.

Benefícios

O profissional defende que a utilização do DDGS traz muitos benefícios nutricionais para a alimentação de suínos. “O DDGS é rico em proteína e aminoácidos, fibras, lipídios, minerais e vitaminas. Há diferentes formas de produção, que implicam em maior ou menor remoção das fibras e dos lipídios no produto final, de qualquer modo se trata de ingrediente que é importante fonte de proteína, de aminoácidos e de energia para os animais”, observa.

Ele também ressalta que o uso de DDG e DDGS pode afetar positivamente o desempenho nutricional dos suínos. “Os efeitos do DDG/DDGS de milho no desempenho zootécnico, na composição e rendimento de carcaça de suínos dependem do tipo de DDG/DDGS utilizado, da porcentagem de inclusão dos ingredientes nas dietas, das fases de vida do animal em que se faz a inclusão dos coprodutos e do balanceamento das dietas em aminoácidos digestíveis.

A utilização de DDGS de milho em até 20% para suínos até a fase inicial e até 30% nas fases de crescimento e terminação não prejudicam o desempenho zootécnico e composição de carcaça de suínos”, afirma.

O palestrante também ressaltou que outro benefício que a utilização destes produtos traz está relacionado com o impacto econômico, pois esses subprodutos podem ser mais baratos do que outras fontes proteicas comumente utilizadas na alimentação de suínos. “O uso do DDG e DDGS pode ser uma opção mais acessível em comparação com outras fontes proteicas na alimentação animal. Desta forma, a depender do preço do DDG/DDGS, eles podem ser excelentes alternativas para composição de dietas para suínos”, recomenda.

Desafios

Entre os desafios que a prática traz para a cadeia suinícola, Urbano destaca que o principal é conseguir conciliar a inclusão de DDG/DDGS com o balanceamento de aminoácidos, bem como os teores de fibra e de lipídios que os animais necessitam. “É importante atentar-se ao tipo de DDG/DDGS utilizado, aos teores de proteína, aminoácidos digestíveis, lipídios e fibra do coproduto, ao balanceamento de nutrientes e energia da dieta como um todo, principalmente em manter as relações entre os nutrientes, especificamente aminoácidos, adequadas”, defende.

Restrições e regulamentos

O profissional explica que embora não existam restrições regulatórias ou limitações oficiais para o uso de DDG/DDGS na alimentação suína, os produtores e profissionais devem ficar atentos e precisam planejar muito bem a inclusão deles nas dietas. “Vale lembrar também que existem recomendações de limites máximos para inclusão destes materiais, caso não sejam seguidos os parâmetros recomendados pode haver redução de desempenho dos suínos”, adverte.

Qualidade da carne

De acordo com o profissional, o uso de DDG/DDGS não afeta a qualidade da carne suína. “Pensando-se em aspectos sensoriais (sabor, maciez, suculência) e qualitativos (cor, pH, perda de água, marmoreio, firmeza), normalmente não são afetados pelo uso de DDG/DDGS nas dietas em até 30%, aspecto comprovado em trabalhos científicos. O uso de DDG/DDGS pode ter efeitos no rendimento de carcaça e na composição da gordura”, expõe.

Potencial brasileiro

O professor ressalta que no Brasil existe um potencial muito grande para a utilização do DDGS e DDG na produção de suínos. Ele informa que outros países que também são grandes produtores de suínos essa prática já está bastante disseminada. “É o caso dos Estados Unidos. Lá grande parte da produção de DDG e DDGS destina-se ao uso em rações para animais de produção, sendo em torno de um terço para suínos e aves”, apresenta.

Ele finalizou dizendo que o cenário para o uso de DDG/DDGS na produção suinícola no Brasil é bastante promissor. “Existem pesquisas em andamento para melhorar a utilização do DDG/DDGS e, desta forma, as perspectivas são muito positivas para a utilização destes produtos nas dietas para suínos”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Retrato da Suinocultura 2024 traça perfil da produção e seus impactos no Brasil

Suinocultura brasileira experimentou um crescimento expressivo desde 2015, tanto em produção quanto em exportação e consumo.

Publicado em

em

Fotos: Shutterstock

Lançado em 24 de maio, o documento Retrato da Suinocultura 2024, elaborado pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), traz uma atualização abrangente sobre o estado da suinocultura no Brasil. O último levantamento significativo havia sido realizado em 2015, e este novo relatório visa atualizar os dados e oferecer uma visão detalhada sobre a evolução do setor até 2023.

De acordo a ABCS, a suinocultura brasileira experimentou um crescimento expressivo desde 2015, tanto em produção quanto em exportação e consumo. Esse crescimento está ligado a melhorias na produtividade do rebanho, com um aumento significativo na quantidade de carcaças produzidas por matriz alojada.

Modelos de produção

Foram identificados três modelos principais de produção na suinocultura brasileira. Integrado: Empresas com indústria própria mantêm contratos de integração com produtores. Cooperado verticalizado: Cooperativas possuem a indústria e estabelecem atos cooperados com os produtores. Independente: Produtores que não têm vínculos de integração formal com indústrias ou cooperativas.

Distribuição geográfica

O relatório detalha a distribuição de matrizes tecnificadas por estado e modelo de produção, mostrando uma diversidade significativa nas práticas e organização da produção suinícola no país.

Impacto econômico

Em 2023, a suinocultura movimentou R$ 371,6 bilhões, incluindo os serviços prestados por agentes facilitadores. A cadeia produtiva é estruturada de maneira a maximizar a eficiência e valor agregado em cada etapa, desde a produção nas granjas até o processamento industrial e comercialização.

Consumo de insumos

A alimentação dos suínos representa aproximadamente 80% do custo operacional das granjas, sendo o milho e o farelo de soja os principais insumos. O relatório apresenta estimativas detalhadas do consumo desses insumos.

Empregos e renda

A suinocultura empregou diretamente cerca de 151 mil pessoas em 2023, com uma massa salarial total de R$ 6,2 bilhões. Além disso, gerou mais de um 1,1 milhão de empregos indiretos, demonstrando sua importância socioeconômica.

Exportações e consumo interno

Comparado a 2015, houve um aumento de 54,4% na produção de carcaças e um crescimento de 130,3% nas exportações. A disponibilidade interna também cresceu, refletindo o aumento no consumo doméstico.

Dimensões

“Com relação às dimensões socioeconômica da suinocultura brasileira, esta atualização foi feita sobre dados do mapeamento da ABCS de 2015 por extrapolação, considerando o crescimento em volume de produção, índices inflacionários e cotações das carcaças e dos principais insumos da atividade em 2023. Assim como em 2015, a atualização da ABCS é uma ferramenta que serve para entender melhor a relevância da suinocultura nas esferas social e econômica brasileira, podendo servir de suporte para políticas públicas e referência para novos investidores privados no setor”, destaca a ABCS.

Rebanho brasileiro de matrizes tecnificadas e modelos de produção

Ao longo de 2023 a ABCS realizou a atualização do número de matrizes tecnificadas em cada um dos principais estados produtores. Entende-se por tecnificadas aquelas granjas que fornecem animais para serem abatidos em frigoríficos com inspeção veterinária. “Em função da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que limita a disponibilização de informações tanto por órgãos públicos, como empresas privadas, o levantamento de quantidade de matrizes foi um verdadeiro quebra-cabeça, juntando informações públicas de softwares de acompanhamento zootécnico, dados dos órgãos de defesa animal estaduais, dados de abate do IBGE e informações diretas de empresas e associações estaduais e regionais, além de outros profissionais diretamente envolvidos com a produção”, menciona o levantamento, que aponta: O total de matrizes tecnificadas em 2023 era de 2.110.840.

 

Perfil socioeconômico

De acordo com a ABCS, a partir da extrapolação dos dados do mapeamento da ABCS, publicado em 2016, foi feita atualização dos valores movimentados pela suinocultura no Brasil em 2023. Foram considerados, dentre outros: o crescimento da produção, em toneladas de carcaças e cabeças abatidas (IBGE); o crescimento do plantel de matrizes (ABCS); a inflação oficial do período (IPCA-IBGE); o crescimento das exportações (SECEX); e as cotações dos principais insumos (milho e farelo de soja) e das carcaças (CEPEA). A evolução dos índices está na tabela 4.

Movimentação financeira

Segundo o relatório, no ano de 2023, a suinocultura movimentou R$ 371,6 bilhões, incluindo nesse valor os serviços prestados pelos agentes facilitadores. Para a ABCS, distribuindo esse valor total sob uma perspectiva estruturada, na qual o elo à jusante adquire o produto de quem o produziu (à montante), momento no qual quem produziu é remunerado financeiramente pelo comprador, a qualidade inserida no produto transacionado é que torna elemento motivador percebido por cada agente de mercado identificar um valor de uso e, assim, retroalimentar toda a cadeia produtiva.

“Nas granjas, dimensão que considera somente as atividades relacionadas com a produção de suínos, função exercida pelo suinocultor, teve participação na movimentação financeira de 10,79%. Depois das granjas, dimensão que inclui as atividades de processamento industrial e comercialização (atacado e varejo), a participação na movimentação financeira foi de 77,73%. Agentes externos que contribuem no funcionamento e desempenho de uma cadeia produtiva, nesse caso formada por atividades de registro genealógico, transporte, assistência técnica, custos portuários, softwares de gestão, com participação 0,97% do total movimentado”. Confira detalhes nas tabelas 5 e 6.

A produção de suínos tem na aquisição de insumos para a ração ao redor de 80% do custo operacional das granjas, sendo os principais o milho e o farelo de soja. Na tabela 6 está a estimativa de consumo de cada um destes insumos pela suinocultura tecnificada brasileira ao longo de 2023.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos

Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
Continue Lendo

Suínos

Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.