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Da Europa, cooperado da Cocamar faz gestão de uma propriedade rural no Paraná
O que poderia parecer improvável para muita gente, sob o pretexto de que “o olho do dono é que engorda o boi”, já se tornou uma rotina na Fazenda Saltinho, localizada no distrito de Irerê, em Londrina (PR).

As facilidades oferecidas pela tecnologia permitem que um jovem engenheiro mecânico brasileiro, Erik Cantadori Cornelsen, de 32 anos e desde os 19 radicado na Europa, faça de lá, com tranquilidade e segurança, a gestão de uma propriedade rural em Londrina (PR). Especializado em controle e automação, ele atua como consultor, reside em Zurique, na Suíça, já viveu na França, Inglaterra e Itália e está se transferindo para a Escócia.

Engenheiro mecânico e gestor da Fazenda Saltinho, Erik Cantadori Cornelsen – Fotos: Divulgação/Cocamar
O que poderia parecer improvável para muita gente, sob o pretexto de que “o olho do dono é que engorda o boi”, já se tornou uma rotina na Fazenda Saltinho. Localizada no distrito de Irerê, a propriedade conta com 70 alqueires dos quais 31 destinados ao cultivo de soja e 10 de milho em rotação no verão. No inverno, são semeados aveia e um conjunto de forragens para manter a rotação e cobrir o solo com palha.
Há 19 anos responsável pelas tarefas operacionais, o funcionário Claudinei José de Souza tem a plena confiança de Erik e da mãe deste, Domenique, que mora em Curitiba (PR) e ao menos uma vez por mês segue para Londrina com o objetivo de acompanhar o andamento dos serviços. A história vai longe: Manuel, pai de Claudinei, morou 51 anos com os Cornelsen, que desbravaram a fazenda em 1935.
Erik e Claudinei contam com a orientação técnica prestada pelo engenheiro agrônomo Guilherme Eurich, da unidade da Cocamar em Londrina. Além de acompanhar o desenvolvimento das lavouras, é ele quem recomenda os cultivares e os pacotes tecnológicos, por exemplo, participando também do planejamento da safra.
Para acompanhar o dia a dia dos trabalhos, Erik fala praticamente todos os dias com o funcionário pelo aplicativo de mensagens e há também um grupo com a participação de ambos e do agrônomo da cooperativa, por meio do qual fazem reuniões frequentes. “O Claudinei fica na linha de frente e a condução da propriedade é um trabalho em equipe, com a participação do agrônomo Guilherme e da minha mãe”, detalhe Erik, ao explicar que todos os anos, no mês de janeiro, é feito o planejamento para a safra seguinte, já decidindo que variedades vão ser semeadas. Além de tomar as decisões estratégicas, Erik controla as finanças, enquanto Domenique se encarrega da parte burocrática, cuidando da documentação.
Em Londrina, para onde se dirige uma vez por ano e deve permanecer até o final deste mês, Erik recebeu na fazenda a equipe do Rally Cocamar de Produtividade. Ele explicou que ele e sua irmã Júlia, cinco anos mais nova e morando na Alemanha, receberam a propriedade em herança. Como, no passado, sua família teve problemas com arrendamento, Erik decidiu em 2017 assumir o desafio de fazer a gestão do negócio mesmo à distância. Os resultados têm sido animadores, demonstrando que o modelo de gestão adotado está dando certo.
Em 2018, quando ele se associou à Cocamar, a média de produtividade de soja na Saltinho era de 115 sacas por alqueire e a área, antes quase toda de pasto -pois durante anos a família manteve ali pecuária leiteira -, estava em grande parte degradada. Então, mediante orientação técnica da Cocamar, foi dado início a um programa de reestruturação, ao mesmo tempo em que se fez a compra de maquinários mais modernos.
Segundo Guilherme, Erik é muito receptivo a tecnologias para fomentar a produtividade das lavouras e trabalha com mentalidade empresarial, estabelecendo metas. “A evolução da propriedade tem sido visível a cada ano”, afirma o agrônomo, destacando que eles já utilizam algumas ferramentas de agricultura de precisão.
Na safra 2022/23, as produtividades superaram às expectativas. Em um talhão de 10 alqueires, a média de soja ficou em 202 sacas e, no geral, passou de 170, ao passo que no milho chegou a 402 sacas por alqueire. No atual ciclo, a considerar pela frequência das chuvas, a qualidade das lavouras e os cuidados que vêm sendo
tomados para preservar a sanidade, a expectativa é manter ou até superar aqueles números.
“Eu e minha irmã somos a quinta geração da família e eu passei parte de minha infância e adolescência vindo com frequência, trazido por meus pais para essa fazenda, então não foi uma novidade para mim” conta Erik, que nasceu na capital. Para conhecer mais sobre agricultura, ele procura ler tudo o que encontra pela frente, sobre o tema, incluindo livros técnicos.

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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.
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Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.



