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Da Batavo à Frísia: 100 anos de cooperativismo
Para celebrar, a cooperativa já iniciou os preparativos, incluindo uma reformulação de marca para transmitir uma imagem mais moderna sem perder sua essência.

O jornal O Presente Rural viajou até Carambeí, nos Campos Gerais do Paraná, para entrevistar Mario Dykstra, superintendente da Frísia Cooperativa Agroindustrial. Antes conhecida como Batavo, a cooperativa, que está prestes a comemorar seu centenário, tem raízes profundas na produção de leite, mas é poderosa também em outras áreas do agro. Dykstra destacou a força do cooperativismo no agronegócio brasileiro e os desafios e oportunidades do setor. Ele também revelou as ambiciosas iniciativas ESG que estão moldando um futuro cada vez mais sustentável para a cooperativa.
A Frísia foi fundada em 1925 por imigrantes europeus que se estabeleceram na região com o propósito de agregar valor para os produtores e resolver as dificuldades enfrentadas pelos cooperados na época. Inicialmente focada na produção de leite, a cooperativa expandiu suas operações para incluir outras áreas e atualmente atua em múltiplos estados. Dykstra ressalta que o modelo de cooperativa permite que os produtores tenham acesso a tecnologias e comercialização de forma transparente e organizada, promovendo um ambiente de confiança e fortalecimento mútuo.
Para celebrar os 100 anos da Frísia em 2025, a cooperativa já iniciou os preparativos, incluindo uma reformulação de marca para transmitir uma imagem mais moderna sem perder sua essência. A comemoração será estendida para os municípios em que a Frísia atua, com eventos voltados para os cooperados, colaboradores e familiares, refletindo o compromisso da cooperativa com a comunidade e a importância de sua história centenária.

Fotos: Reprodução/O Presente Rural
A Frísia também é referência no cumprimento de práticas ESG, que fazem parte do DNA da cooperativa desde sua fundação. Essas práticas envolvem o desenvolvimento sustentável dos cooperados, com suporte financeiro e técnico para que suas operações estejam em harmonia com o meio ambiente. Além disso, a cooperativa possui um relatório de sustentabilidade seguindo as diretrizes do GRI (Global Reporting Initiative), refletindo seu compromisso com a transparência e a responsabilidade ambiental, social e de governança.
Em termos de desempenho, a Frísia atingiu um recorde de R$ 7 bilhões em faturamento em 2022, embora 2023 tenha trazido um leve recuo devido à queda nos preços das commodities após o aumento verificado durante a pandemia. Apesar disso, a cooperativa continua a crescer em volume de produção, impulsionada pela ampliação de áreas agrícolas e pelo aumento da produtividade nas operações de leite, suínos, grãos e florestas.
A atuação da Frísia se estende ao Tocantins, onde a cooperativa investe em assistência técnica e pesquisa para explorar novas culturas e diversificar a produção. Essa expansão permite que os cooperados explorem oportunidades de crescimento em uma região com grande potencial agrícola, com a Fundação ABC atuando como parceira na pesquisa e desenvolvimento de novas culturas, como gergelim e algodão.
Dykstra destacou também a importância de eventos promovidos pela Frísia, como a Expo Frísia e a Digital Agro, que conectam os cooperados com inovação e tecnologia. Esses eventos são essenciais para aproximar o cooperado de novas soluções para a produção e incentivam a participação de toda a família, fomentando o espírito de união e cooperação.

Superintendente da Frísia Cooperativa Agroindustrial, Mario Dykstra
Para o futuro, a Frísia está empenhada em fortalecer suas iniciativas de sustentabilidade e transformação digital. Projetos em recursos hídricos e conservação do solo refletem o compromisso com o uso responsável da água e a proteção ambiental. A cooperativa também está implementando soluções tecnológicas, como um aplicativo para cooperados e um sistema visando aprimorar a transparência e a eficiência na gestão das operações e no atendimento aos cooperados.
Ao longo de um século de história, a Frísia evoluiu de uma pequena cooperativa de leite para um gigante do agronegócio brasileiro, que combina tradição e inovação para assegurar a sustentabilidade e o crescimento de seus cooperados. Com os olhos no futuro e os pés firmes nos valores do cooperativismo, Dykstra explica que a Frísia se prepara para continuar seu legado de sucesso e impacto positivo no agronegócio do Brasil.
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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



