Suínos Produção Animal
Custo e retorno sobre investimento no controle de morte súbita de matrizes suínas
Morte súbita de fêmeas suínas é considerada importante causa de mortalidade em matriz

Artigo escrito por Tatiana de Souza, médica veterinária, mestre em Ciências Veterinárias, doutoranda em Ciência Animal e gerente de Serviços Técnicos da Hipra Brasil
Nos últimos anos a taxa de mortalidade de fêmeas suínas cresceu de 5,8% para 10,2%, variando de 0 a 23,5% entre as granja, e as principais causas relatadas são as falhas cardíacas, morte súbita, cistites, úlcera gástrica, parto distócico e eutanásia. Além disso, 20% destas causas são consideradas como desconhecidas, por não se realizar diagnóstico laboratorial como rotina, exceto em casos de surtos que ocasionam picos de mortalidade. Investigar as causas de morte em matrizes é um grande investimento para que possamos traçar ações para a prevenção de novos casos e evitar perdas econômicas para o sistema de suínos.
A morte súbita de fêmeas suínas é considerada importante causa de mortalidade em matriz e é ocasionada pela toxina alfa do Clostridium novyi (C.novyi), uma bactéria anaeróbica, formadora de esporos, que pode estar presente no solo, em fezes de animais e comumente é encontrada no intestino do suíno.
Os estudos recentes mostram prevalência de C.novyi em 100% de granjas avaliadas na Itália, 75% na Espanha, Bélgica e Grécia, 65% nos Países Baixos, 64% na Dinamarca, 50% na França, 63% no Canadá e resultados preliminares mostram incidência de 76% em granjas brasileiras avaliadas.
O curso da morte súbita por C.novyi geralmente é agudo, sem sinais clínicos prévios e ocorre principalmente em matrizes no terço final gestacional ou pós-parto. Imediatamente após a morte as fêmeas apresentam rápida decomposição post-mortem e podem ser observadas distensão da carcaça, cor púrpura da pele, infiltração subcutânea com bolhas e líquido sanguinolento com odor desagradável, edema generalizado e fígado escuro e aumentado.
O diagnóstico do C. novyi com auxílio da cultura não é indicado, por ser laborioso e resultados positivos não indica associação do agente com a morte, visto que este agente pode ser encontrado normalmente em diversos tecidos do suíno. Assim, para diagnóstico laboratorial, é indicado a coleta de amostras de fígado logo após o óbito para a identificação do Gen que codifica a alfa toxina do Clostridium novyi tipo B com auxílio da técnica PCR (qPCR) em tempo real.
A identificação do C. novyi como causador de morte súbita em matrizes precisa ser considerado na rotina de diagnóstico da granja, visto que a mortalidade por este agente pode ocorrer de forma imediata sem a fêmea apresentar sinais clínicos prévios, o que pode leva a subnotificação de casos e diagnóstico incorreto de campo.
Os estudos que demonstram o custo da morte súbita em matrizes suínas e o retorno de investimento no controle da doença são escassos em todo mundo incluindo no Brasil. Desta forma, neste estudo foram avaliados os custos com a morte súbita de fêmeas e o retorno sobre investimento (ROI) em três granjas de ciclo completo no Brasil, após o uso de imunização do rebanho reprodutivo com vacina que contém toxóide de C. novyi tipo B.
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada em granjas nos Estados de Minas Gerais e Paraná, Brasil (Granja A com 2.500 matrizes, Granja B com 1.817 matrizes e Granja C com 950 matrizes). Nos primeiros 18 meses, nas três granjas avaliadas, as matrizes foram imunizadas com vacina contra diarreia neonatal sem proteção para toxina de C. novyi (agosto/2017 – dezembro/2018). Nos 18 meses subsequentes (janeiro/2018 – abril/2020) as matrizes das três granjas foram imunizadas com vacina contendo fatores de adesão e enterotoxóide LT de Escherichia coli e toxóide de Clostridium perfringens tipo C que protegem para diarreia neonatal e contendo toxóide de C. novyi tipo B que protege para morte súbita.
Para distinguir a mortalidade das fêmeas como casos de morte súbita, imediatamente após a morte, todas as matrizes foram necropsiadas e as lesões macroscópicas sugestivas de infecção por C. novyi foram monitoradas. Ademais, realizou-se a investigação do C. novyi em amostras de fígado com auxílio da qPCR, sendo as análises realizadas no laboratório Diagnos em Porto Alegre, RS. O custo econômico da mortalidade das matrizes foi calculado com base em parâmetros intrínsecos de cada granja, incluindo custo da matriz e amortização genética, valor de gestação e custos associados com alimentação, alojamento e manejo.
Resultados e Discussão
Nas três granjas avaliadas se teve redução na mortalidade por morte súbita de matrizes após a introdução de protocolo de imunização com a vacina contendo toxóide de C. novyi tipo B (Gráfico 1).

Os resultados obtidos nas três granjas brasileiras corroboram com outros estudos realizados em todo mundo, que observaram redução da taxa de morte súbita em matrizes em 50% na França, 45% na Argentina, 42% na Coréia do Sul e 35% no Canadá após imunização do plantel reprodutivo com vacina contendo toxóide de C. novyi tipo B. Esta redução na mortalidade representa em torno de 2 pontos percentuais na taxa de mortalidade total de fêmeas, ou seja, considerando uma taxa anual de mortalidade de 10%, espera-se que esta se reduza para 8% após a imunização do plantel reprodutivo.
A introdução de protocolo vacinal contendo toxóide de C. novyi tipo B reduziu a mortalidade e o custo com as perdas por morte súbita nas três granjas avaliadas (Tabela 1).

A granja A apresentou uma taxa de mortalidade de 2,3% (64/2500) por morte súbita durante os dezoito primeiros meses representando custo de R$ 124 mil com estas mortes. Durante os dezoito meses subsequentes, a taxa de mortalidade por morte súbita foi de 1% (24/2500) representando R$ 48 mil em perdas com morte súbita. Quando se compara os dois períodos, houve redução de 62% na taxa de mortalidade de porcas por morte súbita (p<0,05), gerando economia de R$ 76 mil e ROI de 5,42 após a mudança do plano de vacinação.
A granja B apresentou uma taxa de mortalidade de 3,74% (68/1817) por morte súbita durante os primeiros dezoito meses representando custo de R$ 204 mil com estas mortes. Durante os dezoito meses subsequentes, a taxa de mortalidade por morte súbita foi de 1,98% (36/1817) representando R$ 108 mil em perdas com morte súbita. Quando se compara os dois períodos, houve redução de 47% na taxa de mortalidade de porcas por morte súbita (p<0,05), gerando economia de R$ 96 mil e ROI de 7,32 após a mudança do plano de vacinação.
A granja C apresentou uma taxa de mortalidade de 3,26% (31/950) por morte súbita durante dezoito primeiros meses representando custo de R$ 93 mil com estas mortes. Durante os dezoito meses subsequentes, a taxa de mortalidade por morte súbita foi de 1,89% (18/950) representando R$ 54 mil em perdas com morte súbita. Quando se compara os dois períodos, houve redução de 56% na taxa de mortalidade de porcas por morte súbita (p= 0,06), gerando economia de R$ 39 mil e ROI de 5,46 após a mudança do plano de vacinação.
O protocolo vacinal com imunizante contendo o toxóide de C. novyi tipo B proporcionou retorno econômico sobre investimento e reduziu a mortalidade de matrizes por morte súbita em granjas de suínos brasileiras em condições de campo.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2021 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



