Suínos No Oeste do Paraná
Custo com energia e escassez de água podem frear crescimento da piscicultura
O Oeste paranaense produz muito peixe, porém há uma limitação para expansão da atividade por conta da disponibilidade de água nos rios que abastecem as cidades oestinas.
A tilápia entrou na vida do engenheiro agrônomo Flavio Oscar Paulert em meados de 2008, quando encabeçou um projeto para o cultivo da espécie na cooperativa em que trabalhava. E após passar alguns anos ajudando a fomentar a piscicultura na região Oeste do Paraná e ver o setor despontar o Estado nacionalmente como líder na produção de tilápia, ingressou na atividade como produtor. Adquiriu uma área no interior de Palotina em 2017, projetando o espaço para criação de cerca de um milhão de tilápias por ano.
Em 18 hectares de lâmina de água foram produzidos 998 mil quilos de tilápia no ano de 2020, gerando uma receita bruta de mais de R$ 1,2 milhão. Como o piscicultor contabiliza o ano de maio a maio, a produção do período de 2021 ainda não está fechada. “Considero que o ano passado foi um ano muito bom, o mercado evoluiu, os preços melhoraram e a piscicultura andou muito bem, cresceu bastante e deve crescer ainda mais nos próximos anos. É uma atividade que está se tornando bastante interessante, lucrativa, porque o brasileiro está consumindo mais carne de peixe”, analisa Paulert.
Integrado à cooperativa C. Vale, Paulert recebe alevinos pesando 30 gramas, ração e assistência técnica, sendo ainda a cooperativa responsável pela logística, industrialização e comercialização do produto. Já ele é encarregado da infraestrutura (energia elétrica, manutenção dos equipamentos etc.) e mão de obra. “A alta dos insumos, principalmente do milho, da soja e das proteínas de uma maneira geral, que compõem a ração, não atinge diretamente os produtores integrados”, menciona.
A propriedade projetada para produção em grande escala, com foco em qualidade no manejo e controle sanitário, possui todo o sistema de alimentação e controle de oxigênio da água automatizado, gerando mais eficiência, evitando desperdícios e mortalidade dos animais. “Dessa forma é necessário apenas uma pessoa para cuidar de toda produção. Inclusive está tão automatizado que o empregado não precisa nem apertar o botão, é só olhar para ver se o equipamento está funcionando de forma adequada, porque como são equipamentos de baixa performance industrial precisa estar junto porque podem falhar, mas eles trabalham sozinhos”, pontua.
Os peixes são criados em 13 tanques escavados na propriedade, com um ciclo de engorda de 320 dias. Ao final desse período o peixe alcança em média 900 gramas a 1 kg, quando está pronto para abate.
Custo que impacta na atividade
De acordo com o produtor, a energia elétrica é o que mais impacta no custo da produção. Ele conta que em 2020, 39 kilowatts diurno e 20 kilowatts noturno custavam em média R$ 0,30, enquanto que no ano passado chegou a R$ 0,50 o valor do quilowatt e mais R$ R$ 0,15 da bandeira vermelha. “A energia passou de R$ 0,30 para R$ 0,65 de um ano para outro, então dobrou o custo no último ano. Hoje esse é o meu maior custo”, ressalta, acrescentando: “Para se ter uma ideia, em 2020 gastei cerca de R$ 250 mil em energia elétrica e em 2021 consegui economizar 16%, mas o custo com energia elétrica subiu e está 30% maior”.
Segundo ele, a previsão para os próximos anos não é nada animadora. A energia para o produtor rural deve subir neste ano mais 20% e em 2023 estima-se um acréscimo de 26% na conta de luz. “Em dois anos vai subir quase 50%, equiparando a energia rural com a energia urbana por uma lei federal, o que vai encarecer muito a atividade”, avalia.
Como uma das alternativas para reduzir essa despesa, Paulert conta que será instalado na propriedade placas fotovoltaicas para geração de energia solar. “Precisamos ser sempre otimistas, mas também precisamos tentar diminuir custos, sermos mais eficientes naquilo que a gente faz, produzir numa conversão baixa e no peso que o mercado exige. Se conseguirmos diminuir nossos custos dentro daquilo que é possível, vamos obter uma melhor lucratividade”, menciona Paulert.
Disponibilidade de água dos rios
A principal dificuldade da atividade está relacionada à condição climática, que castigou severamente a região Oeste do Paraná, com período longo de seca e pouquíssima chuva no ano passado. E como os piscicultores dependem da vazão dos rios para abastecer os açudes, a estiagem gerou apreensão no setor. “As dificuldades que tivemos foram relacionadas ao clima, porque tivemos poucas chuvas. Particularmente esse problema eu não tenho, porque minha propriedade é abastecida com rios que têm bastante vazão, como o córrego Esperança – que tem uma vazão em torno de 100 litros por segundo -, e a bacia do Rio Azul”, expõe.
O Oeste paranaense produz muito peixe, porém há uma limitação para expansão da atividade por conta da disponibilidade de água nos rios que abastecem as cidades oestinas. O produtor paranaense diz que o atual sistema de cultivo não deve crescer muito mais, uma vez que a atividade está bastante intensa e com o uso dos rios limitado. “Em algumas regiões os rios já não suportam mais abastecer as propriedades, além disso temos uma limitação de outorgas para utilização da água no Rio Azul, Rio Pioneiro, Rio São Pedro, Rio Piquiri e Rio São Camilo. Inclusive o IAT (Instituto Água e Terra) não está liberando outorgas de água para novos projetos, então se não criarmos uma alternativa diferente vamos ficar limitados, sem possibilidade de crescimento da atividade, apenas em produtividade, mas em volume de área não vai crescer muito mais não”, argumenta.
No entanto, Paulert apresenta o Rio Piquiri como uma alternativa para expandir as atividades da piscicultura na região Oeste. “No Rio Piquiri temos um grande potencial para a piscicultura. Invés do produtor alojar alevino, aloja juvenite, já ganha um período, com isso você consegue aumentar em torno de 20 a 30% a produtividade. Uma alternativa é descobrir novas tecnologias como usar a água do Rio Piquiri, e mais para frente usar o sistema de criação de peixe em sistema fechado com alta densidade, mas para isso acontecer os custos precisam ser compatíveis. Acredito que esse é o futuro. Não sei quando vai acontecer, mas que vai acontecer vai”, enfatiza.
Suínos
Filipinas assume primeiro lugar nas exportações de carne suína do Brasil em 2024
Setor registra recorde mensal em receita dos embarques; embarques mensais crescem 40,7% e registram segundo melhor desempenho histórico.
As exportações de carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 130,9 mil toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número é o segundo melhor saldo mensal da história do setor, e supera em 40,7% as exportações registradas no mesmo período do ano passado, com 93 mil toneladas.
Em receita, o saldo é recorde: total de US$ 313,3 milhões em outubro, superando em 56,4% o total realizado no décimo mês do ano passado, com US$ 200,3 milhões.
No ano (janeiro a outubro), as exportações de carne suína acumulam alta de 10,7% em volumes, alcançando 1,121 milhão de toneladas exportadas nos dez primeiros meses de 2024, contra 1,013 milhão de toneladas no mesmo período do ano anterior.
A receita de exportações em 2024 também é positiva, com alta de 5,2%, com total de US$ 2,482 bilhões entre janeiro e outubro deste ano, contra US$ 2,361 bilhões no mesmo período do ano passado.
No levantamento por destino, as Filipinas assumiram, pela primeira vez, o primeiro lugar nas exportações de carne suína do Brasil no acumulado do ano, com total de 206 mil toneladas exportadas entre janeiro e outubro de 2024, saldo 103,3% maior em relação ao mesmo período do ano anterior. Em seguida estão China, com 199,9 mil toneladas (-40,6%), Chile, com 92,5 mil toneladas (+33,9%), Hong Kong, com 89,4 mil toneladas (-11,8%) e Japão, com 75,8 mil toneladas (+137,2%).
“Após anos como principal destino das exportações de carne suína do Brasil, a China cedeu lugar para as Filipinas, em um momento em que vemos o setor ampliar significativamente a capilaridade de suas exportações. No mês de outubro, dos 10 primeiros importadores, apenas dois não registraram crescimentos expressivos, o que coloca a suinocultura exportadora do Brasil em um novo quadro, com maior sustentabilidade comercial”, analisa o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Santa Catarina segue como principal exportador de carne suína do Brasil, com 68,6 mil toneladas exportadas em outubro, saldo 45,7% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Em seguida estão Rio Grande do Sul, com 27,6 mil toneladas (+25,6%), Paraná, com 20,6 mil toneladas (+44,5%), Mato Grosso, com 3 mil toneladas (-19,2%) e Mato Grosso do Sul, com 2,9 mil toneladas (+54,6%).
Suínos
Indústrias de suínos do Paraná geraram mais de quatro mil novos empregos no ano passado
Estado registrou em 2023 o maior aumento absoluto no número de empregos formais em frigoríficos que abatem suínos. Foram registrados 4.060 vínculos empregatícios, 17% a mais que em 2022, representando 67% do total de vagas geradas no Brasil segmento industrial.
Dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que o Paraná registrou em 2023 o maior aumento absoluto do Brasil no número de empregos formais em frigoríficos que abatem suínos, quando comparado ao ano anterior. Os dados estão no Boletim de Conjuntura Agropecuária, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), referente à semana de 1º a 7 de novembro.
Em 31 de dezembro de 2023, o Estado contabilizou um acréscimo de 4.060 vínculos empregatícios nas indústrias da suinocultura, um crescimento de 17% em comparação com a mesma data de 2022. Na comparação anual o numero de empregos passou de 23.683 registros 2022 parta 27.743 em 2023. Isso representou 67% do total de vagas geradas no País nesse segmento no período. Em seguida, destacaram-se o Rio Grande do Sul, com aumento de 671 empregos (11% do total nacional), e Santa Catarina, com 570 novos postos (9% do total).
A nível nacional, o crescimento em 2023 foi de 5,4%, o que equivale a 6.072 novos postos de trabalho, somando 119.555 empregos formais na categoria.
Em termos de volume de produção, Santa Catarina, maior produtor nacional de carne suína, liderou o total de postos de trabalho, com 33.657 vínculos ativos, representando 28% do total nacional. O Paraná ficou em segundo lugar, com 27.743 vínculos ativos (23% do total), seguido pelo Rio Grande do Sul com 18.092 (15%), Minas Gerais com 12.415 (10%) e Mato Grosso do Sul com 7.768 (6%).
Por outro lado, o setor nacional de criação de suínos, que abrange a criação para produção de carne, banha e sêmen, apresentou uma redução de 3,6% no número de vínculos formais em 2023 (1.285 empregos). O Paraná ocupou a segunda posição no número total de empregos formais nas granjas de produção, com 5.278 postos de trabalho (15% do total), ultrapassado apenas por Minas Gerais, com 9.020 postos preenchidos, representando 26% do total nacional. “Esses dados refletem a dinâmica do mercado de trabalho no setor de suínos em 2023. Enquanto o crescimento da industrialização da carne gerou um aumento nas vagas de emprego nos frigoríficos, a elevação dos custos de produção pode ter dificultado a manutenção de empregos formais nas granjas de suínos”, analisou a veterinária do Deral Priscila Cavalheiro Marcenovicz.
Soja
A produção nacional de soja para a safra 2024/25, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de 166 milhões de toneladas, 12,7% maior que a
safra anterior. No Paraná, o plantio já superou os 84% dos 5,8 milhões de hectares esperados para a safra. A previsão é que sejam colhidas 22,4 milhões de toneladas, se as condições continuarem favoráveis.
Feijão
O boletim indica que o preço da saca de feijão para os produtores paranaenses caiu 13%, passando de R$ 306,88 em setembro para R$ 267,79. No mercado atacadista, a redução foi de 2%, com o fardo de 30kg diminuindo de R$ 182,33 para R$ 179,12. Já no varejo, houve aumento de 4%, com o pacote de 1kg subindo de R$ 7,38 para R$ 7,68.
Leite
Dados da pesquisa trimestral do leite do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que dos mais de 12 bilhões de litros adquiridos pela indústria brasileira no primeiro semestre do ano, 14,7% foram produzidos no Paraná. O Estado segue como segundo maior produtor do país, sendo superado por Minas Gerais, com 25% da produção.
Ovos
O boletim também mostra que a produção total de ovos para consumo (“in natura”, industrializadas ou para exportação) no Brasil atingiu 1,8 bilhão de dúzias no primeiro semestre de 2024, representando um crescimento de 10% sobre o período do ano anterior, cujo volume produzido foi de 1,6 bilhão de dúzias. O Paraná produziu 99 milhões de dúzias (correspondendo a 5,4% do total nacional), um volume 6,5% maior que a produção do ano anterior (93,8 milhões de dúzias), ocupando o oitavo lugar no ranking nacional.
Suínos
Preços do suíno atingem máximas nominais
Impulso vem sobretudo da maior demanda doméstica típica desse período do mês (pagamento dos salários).
Os preços do suíno vivo e da carne vêm subindo com mais força neste começo de novembro, atingindo as máximas nominais das séries históricas do Cepea, iniciadas em 2022 para o animal e em 2009 para a carcaça.
Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso vem sobretudo da maior demanda doméstica típica desse período do mês (pagamento dos salários).
Além disso, a procura externa pela carne suína também segue aquecida, levando agentes da indústria a intensificar a busca por novos lotes de animais em peso ideal para abate.