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Culturas de outono-inverno

Sob todos os aspectos, o cultivo de plantas no outono-inverno, de forma planejada e organizada representa uma excelente alternativa para o agricultor da região central do Brasil

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Divulgação/Josiane Antunes

Artigo escrito por Fernando Mendes Lamas, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste

Na região central do Brasil, que engloba os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal, no período de primavera-verão, a soja é a principal espécie cultivada, com o estado de Mato Grosso liderando a área cultivada e a produção. Além da soja, em área significativamente menor, são cultivados milho e algodão. No período de outono-inverno, a cultura do milho é a que ocupa maior área. Em Mato Grosso, além do milho, o algodoeiro é cultivado predominantemente em sucessão a soja. Em todos os estados da região, cultiva-se também sorgo, girassol, milheto, braquiária e feijão, principalmente, mas o predomínio é a monocultura de soja-milho, o que do ponto de vista agronômico, quando se pensa na sustentabilidade do sistema, não é a melhor alternativa.

Tanto a soja como o milho, graças aos trabalhos de melhoramento genético, tornaram-se mais eficientes na produção de grãos, em detrimento da parte vegetativa, ou seja, deixam poucos restos culturais após a colheita na superfície do solo. Do ponto de vista econômico, o cultivo do milho tem se tornado muito interessante, em função da crescente demanda tanto pelo mercado interno como externo. O milho é o principal componente da ração de aves, suínos e bovinos, além de ser matéria prima para a produção de etanol. Também é uma excelente alternativa para rotação de culturas. Isto já acontece. Apenas uma parte da área é plantada com milho. Aumentar a oferta de milho produzido no período de verão para atender à crescente demanda pode ser uma alternativa sobre o ponto de vista da sustentabilidade.

A adoção de boas práticas agropecuárias é considerada uma das estratégias mais viáveis de agregar resiliência ao sistema produtivo e dimi¬nuir a exposição aos riscos climáticos, possibilitando também reduzir as atuais lacunas de produção e produtividade. Quando pensamos na sustentabilidade do sistema, alguns aspectos não podem ser negligenciados, tais como: a rotação de cultura, numa mesma área, no mesmo período do ano; utilizar espécies diferentes, tanto na primavera-verão como outono-inverno; aportar material vegetal no sistema, tanto na superfície do solo como ao longo do perfil.

Na superfície o aporte se dá através da palhada produzida pela parte aérea e ao longo do perfil pelas raízes. As raízes são verdadeiras e eficientes subsoladores/escarificadores, sem movimentar o solo. Com o não revolvimento do solo e o aporte adequado de palha, o solo passa a ter um papel preponderante na mitigação de CO2, que é um dos gases responsáveis pelo aquecimento global. Dentro da perspectiva de diversificar os sistemas de produção, uma alternativa muito interessante é o cultivo das chamadas plantas de inverno; trigo e aveia, especialmente. Essas, como componentes de um sistema de produção, são importantes na geração de renda e podem contribuir para o aumento da produtividade da cultura de verão e para a redução dos custos de produção.

Cabe destacar que, o trigo é um dos únicos produtos agrícolas, que para atender ao consumo interno, o Brasil importa, anualmente, algo em torno de 50% do que consume. Diversos estudos desenvolvidos em diferentes regiões produtoras de grãos do Brasil, demonstram que o melhor manejo de plantas daninhas nas culturas de verão depende de como a área foi manejada no período de outono-inverno. Principalmente para as espécies de difícil controle como capim amargoso e buva, as plantas de outono/inverno têm um papel preponderante, facilitando sobremaneira o manejo dessas espécies. Assim, o cultivo de milho + braquiária, de trigo e de aveia se constituem em estratégia importante quando se pensa no manejo de plantas daninhas.

Diversas outras espécies podem ser cultivadas como plantas de cobertura no período outono-inverno, isoladas ou consorciadas, tais como as crotalárias, o guandu, o estilozantes, o milheto, o campim-sudão, o nabo forrageiro, dentre outras. Com isso tem-se redução dos custos de produção da cultura de verão, especialmente com menor uso de herbicidas e redução das populações de nematoides, além da melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Várias são as alternativas quando se pensa em espécies para serem cultivadas no período de outono-inverno. Estudos recentes desenvolvidos pela Embrapa Suínos e Aves, por exemplo, indicam a possibilidade de se utilizar na ração de aves e suínos grãos de trigo e aveia, aumentando assim as possibilidades de uso das plantas de outono/inverno.

Essa alternativa representa mais uma possibilidade de geração de renda para o produtor rural quando ele opta pelo cultivo no período de outono-inverno, além da excelente oportunidade de diversificar o sistema de produção agrícola, atualmente muito focado no cultivo de soja-milho. Diversificar e intensificar os sistemas de produção é a grande saída para melhorar a produtividade física, o controle de plantas daninhas e nematoides, reduzindo assim os custos de produção e melhorando a rentabilidade. Sob todos os aspectos, o cultivo de plantas no outono-inverno, de forma planejada e organizada representa uma excelente alternativa para o agricultor da região central do Brasil.

Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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Fotos: Shutterstock

No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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