Bovinos / Grãos / Máquinas Agronegócio
Cultura da soja sofre com a falta de chuva no Oeste do Paraná
Déficit hídrico interferiu na fase vegetativa. Como resultado, plantas têm baixa estatura, poucas ramificações e baixo índice foliar. Alguns produtores estimam quebra acima de 50% na produtividade.
Agricultores de Marechal Cândido Rondon e região têm, mais uma vez, a atenção voltada para o céu. Se até pouco tempo havia medo de tempestades e granizo, agora a preocupação é com a falta de chuva para as lavouras de soja.
A cultura teve um bom começo, com umidade favorável ao plantio, porém sofreu com o estresse hídrico na sua fase vegetativa, considera o engenheiro agrônomo José Barbosa Duarte Júnior. “A maioria dos produtores conseguiu implantar as suas lavouras em condições de umidade do solo favoráveis. Na sequência, a disponibilidade hídrica foi satisfatória. Porém, no final de outubro e início de novembro, déficits hídricos foram registrados e afetaram a cultura de soja”, expõe.
Algumas áreas isoladas nos municípios oestinos registraram chuvas esporádicas, mas foram locais pontuais. “Em Marechal Rondon não teve, a partir de novembro, uma chuva generalizada e temos vivenciado uma escassez hídrica. No contexto de distância da média histórica de precipitações, novembro registrou um déficit de 87 até 110 milímetros variando na microrregião rondonense”, comenta.
Em transição
Duarte Júnior menciona que grande parte das lavouras em Marechal Rondon está saindo da fase vegetativa para a reprodutiva, o que, segundo ele, “não é normal”. “A soja está no período de florescimento. Quando não no pleno florescimento (fase reprodutiva), está no início do florescimento ou no final da fase vegetativa, no caso de poucas áreas”, pontua.
Nesse contexto, a planta passou grande parte da fase vegetativa em déficit hídrico severo e, consequentemente, teve prejuízos de desenvolvimento, afirma o engenheiro agrônomo. “Na fase vegetativa a cultura geralmente supera dificuldades hídricas, mas nessa magnitude, com 30 dias praticamente sem precipitação, já há prejuízo. É possível identificar áreas onde as plantas pequenas não fecharam sequer as entrelinhas. A planta não tem estatura satisfatória e nem desenvolvimento vegetativo de modo geral, em termos de ramificações e folhas”, relata, acrescentando que a fotossíntese é comprometida em plantas estruturalmente defasadas.
Demanda de água
De acordo com o profissional, a soja precisa de 2,2 a 2,5 milímetros de chuva diariamente nos estágios iniciais de desenvolvimento. Na fase vegetativa são necessários, em média, quatro milímetros por dia. “Na fase reprodutiva, com plantas bem desenvolvidas e índice de área foliar ao máximo, a planta tem um consumo de 7,5 milímetros por dia na nossa região, com necessidade de 20 a 40 milímetros de chuva a cada semana”, explica, mencionando que deve se considerar que a safra atual se encontra com o desenvolvimento prejudicado, o que interfere no consumo de água.
Ao todo, a soja demanda de 480 a 600 milímetros de chuva durante o ciclo, detalha o engenheiro agrônomo. “Chegamos à casa de 25% de déficit hídrico nesse valor total em novembro”, declara.
Ele destaca que é preciso chover para não intensificar o déficit hídrico já sofrido pela planta. “O problema é que estamos vivendo o La Niña, caracterizado pela redução de chuva, principalmente no Sul e Sudeste do Brasil, e as previsões de precipitação não são otimistas. Nesse contexto, é preocupante o desenvolver da soja daqui em diante, porque é na fase reprodutiva que acontece o florescimento, nascimento de vagem e enchimento de grão, fases extremamente sensíveis ao déficit hídrico e outros fatores climáticos”, observa.
Segundo Duarte Junior, cerca de 40 milímetros de chuva ou mais fariam com que a cultura finalizasse o ciclo bem. “Essa necessidade de precipitação é urgente e imediata, mas isso não está no nosso controle. Quanto mais em breve chover, mais eficiente vai ser a recomposição do status hídrico das plantas”, frisa.
De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), há previsão de 16 milímetros de chuva para a próxima semana.
Preocupação justificada
Apesar dos prejuízos visíveis no desenvolvimento da planta, o profissional considera não ser possível levantar um percentual de redução da produtividade. “A fase reprodutiva é a mais sensível da cultura e a soja precisa de uma condição hídrica favorável para expressar seu potencial genético produtivo. Não é normal, nesse período, a soja apresentar esse desenvolvimento e com essa condição mal desenvolvida do ponto de vista vegetativo”, reitera.
Assim, ele reconhece que a preocupação do agricultor com a produção da safra 2021/2022 é pertinente. “Quanto vai impactar é um dado pontual. Não temos números, mas já há um impacto representativo no rendimento da soja. A preocupação dos produtores é real. Se a chuva voltar, a planta pode recuperar e se desenvolver. Não recupera tudo o que foi perdido, mas dá para diminuir os prejuízos, porque são cultivares de crescimento indeterminado”, aponta.
“Nunca tivemos problemas climáticos tão adversos”
Nas lavouras do agricultor e agrônomo Junior Gressler, as chuvas são acompanhadas de perto por meio da estação meteorológica presente na propriedade. Entre os 110 hectares cultivados pelo rondonense, 25 hectares são irrigados e o restante tem sofrido com as oscilações hídricas. “As expectativas para essa safra não são das melhores. A estimativa de produção ainda é uma incógnita. A gente teve um grande déficit hídrico em novembro, aliado a altas temperaturas. O último suspiro da soja é a chuva prevista para próxima semana para salvar alguma coisa”, enaltece.
No caso de Gressler, nem a implantação da cultura foi tão positiva devido à baixa umidade do solo, que atrasou o plantio. Todavia, tudo mudou drasticamente na propriedade. “Quando as chuvas vieram não pararam mais. Marcamos 501,8 milímetros em outubro, um excesso de chuva. Chegou a fazer um ‘cascão’ e tinha que rezar para chover depois para desmanchar aquilo e a planta emergir. Foi bem complicado”, resume.
Apesar do registro na própria propriedade, o rondonense ressalta que outras regiões do município registraram montantes diferentes: desde 350 até passando de 600 milímetros. “Estamos acompanhando, olhando de perto e vendo muitas reboleiras e manchas que não tiveram crescimento vegetativo”, expõe.
Quebra de 50%
Segundo ele, em 45 dias a colheita deve iniciar e as plantas têm, em média, 35 a 40 centímetros. “As melhores estão com 60 centímetros. As chuvas torrenciais deixaram áreas mais compactadas e a soja sofreu sem oxigenação nas raízes. Depois veio a seca. Eu calculo uma quebra acima de 50% na produtividade. Claro, algumas regiões tiveram chuvas isoladas satisfatórias em novembro, enquanto eu tive apenas 11,4 milímetros. Há muita disparidade e alguns lugares não terão problema de produtividade”, observa, acrescentando que a agricultura é uma loteria a céu aberto: “Como dizem alguns agricultores, é um mercado complexo, porque não há parâmetro de uma safra para outra. Todo ano é uma condição diferente”.
Safra 2021/2022 em números
Conforme o Boletim Semanal de Conjuntura Agropecuária, emitido ontem (09) pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento (Seab), 5,63 milhões de hectares estão cobertos pela soja no Paraná e, em nível estadual, 83% das áreas apresentam boas condições, 15% estão medianas e 2% ruins.
Na regional de Toledo da Seab, a área plantada com soja na safra 2021/2022 corresponde a 489.155 hectares. O órgão estima uma produção de 1.858.789 toneladas para a região.
É possível amenizar os problemas da lavoura com a estiagem?
Além do acompanhamento profissional, o engenheiro agrônomo José Barbosa Duarte Júnior destaca algumas recomendações para Marechal Rondon e Oeste do Paraná. Semeadura direta, rotação de cultura e adubação verde são medidas que geram bons frutos, avalia.
“É importante que os produtores se integrem ao sistema de semeadura direta, que previne a erosão, com rotação de cultura e adubação verde para melhorar a macro e micro porosidade através da palhada. Essas práticas deixam a densidade do solo mais favorável para o crescimento de raiz e para o armazenamento de água no solo. Uma profundidade maior de exploração de solo por parte da planta também ameniza danos de estresse hídrico, como estamos vivendo”, menciona.
Segundo ele, em muitas áreas a soja tem o sistema radicular restrito, ou seja, não explora o solo em grandes profundidades onde ainda pode ter água para suprir as necessidades.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Boletim do leite de novembro
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
Bovinos / Grãos / Máquinas
Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran