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Bovinos / Grãos / Máquinas Programa Antecipe

Cultivo intercalar antecipado diminui riscos na produção do milho segunda safra

Programa Antecipe é um sistema de semeadura intercalar do milho nas entrelinhas da soja antes da colheita da cultura da oleaginosa. Programa Antecipe, Cultivo Intercalar Antecipado, um sistema de semeadura intercalar do milho nas entrelinhas da soja antes da colheita da cultura da oleaginosa.

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Pesquisador da Embrapa, Salvador Foloni: “O produtor sabe que toda a vez que ele atrasa a semeadura do safrinha ele perde, ou para a geada ou para a seca” - Fotos: Sandro Mesquita/OP Rural

A escassez hídrica registrada nos últimos anos, especialmente no Sul e Sudeste, foi determinante para a queda na produção de grãos nessas regiões do país.

No Paraná foram contabilizadas perdas nas lavouras de soja que chegam a 65% no Oeste e 73% no Sudoeste paranaense, além de quebra na produção de milho de 55% e 64% nas respectivas regiões, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Considerando soja, milho e feijão, a quebra é de cerca de 10 milhões de toneladas, e os prejuízos chegam a aproximadamente R$ 30 bilhões.

Entretanto, essa não é a única adversidade climática a preocupar produtores em algumas regiões do Brasil, eles precisam se ater também às recorrentes geadas que prejudicam ainda mais as lavouras, porventura, castigadas pela falta de chuva.

Agricultor José Luís Tomé: “O plantio antecipado do milho segunda safra é algo sempre buscamos, porém não tínhamos acesso a equipamentos específicos”

O agricultor brasileiro José Luís Tomé cultiva principalmente soja e milho em uma área de 2.6 mil hectares no Paraguai. Segundo ele, a exemplo de algumas regiões do Brasil, como no Oeste paranaense, as geadas são comuns em localidades do país vizinho e provocam grandes perdas nas lavouras de milho. “No ano passado em um mês deu seis geadas e sobrou pouca coisa para contar história”, lamenta.

De acordo com Tomé, a perda em volume na última colheita de milho em sua propriedade chegou a 60% e a qualidade dos grãos também foi comprometida. “O ponto positivo é que os preços estavam bons, e isso amenizou um pouco o prejuízo”, afirma.

O produtor aproveitou o Show Rural Coopavel 2022 realizado no início de fevereiro na cidade de Cascavel, no Paraná, para conhecer de perto o Programa Antecipe, Cultivo Intercalar Antecipado, um sistema de semeadura intercalar do milho nas entrelinhas da soja antes da colheita da cultura da oleaginosa. “Sempre foi um desejo antecipar o plantio de milho para aproveitar essa janela o melhor possível, e assim evitar as geadas tardias que afetam a cultura”, ressalta.

O método desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e parceiros, tem o objetivo de reduzir o risco das lavouras serem atingidas por geadas durante a segunda safra.

O Programa atende uma das principais premissas para o aumento de produtividade do sistema soja-milho safrinha no Brasil. O sistema foi desenvolvido em várias regiões do Brasil e permite o estabelecimento precoce da cultura do milho, em até 20 dias, com redução de riscos de frustração por perda de produtividade do milho safrinha em função das condições climáticas adversas no final do período de verão e início de outono.

O plantio antecipado permite maiores produtividades de milho em épocas de semeadura mais tardias. Além disso, possibilita a semeadura do milho intercalar na soja, mesmo quando o produtor utiliza cultivares da oleaginosa de ciclo mais longo, com ganhos consideráveis no sistema de sucessão. O Antecipe permite ainda a expansão do cultivo do milho para regiões antes limitadas pelo Zoneamento de Risco Climático (Zarc), com maior estabilidade na safrinha, em função da redução dos riscos de frustração perante condições climáticas adversas.

Segundo o pesquisador da Embrapa, Salvador Foloni, sempre que o produtor atrasa a semeadura do milho, ele perde muita produtividade por causa da geada ou do frio excessivo. “Quando o agricultor antecipa vinte dias o plantio do milho, ele está ganhando potencial produtivo”, destaca Salvador.

Técnico agrícola, Amadeu Dalmassi: “Todos os anos temos problemas com geada e fazer o plantio antecipado pode ser uma alternativa para diminuir esse risco”

O técnico em agronomia, Amadeu Dalmassi, afirma que é comum ouvir produtores rurais interessados e com dúvidas a respeito do sistema de plantio intercalar antecipado. “Toda a nova tecnologia é bem-vinda, ainda mais quando vem de uma empresa renomada em pesquisa como a Embrapa”, destaca.

Maquinário específico

A implantação do sistema Antecipe é possível graças ao desenvolvimento de uma semeadora adubadora específica para este cultivo.

O equipamento foi inicialmente desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo, com a finalidade de realizar a operação mecanizada de semeio e adubação simultaneamente nas entrelinhas da soja, sem provocar danos mecânicos às plantas, “tais como amassamento, perda de área foliar e vagens, ou outro prejuízo que comprometa a produtividade da oleaginosa”, ressalta o pesquisador da Embrapa.

De acordo com Salvador, o sistema foi desenvolvido ao longo de 14 anos agrícolas, e testes de campo foram realizados em diversas regiões do Brasil para atender as premissas técnicas de viabilidade. “É uma máquina que tem um desenho e mecanismos diferentes que possibilitam a implantação do milho sem amassar a lavoura de soja”, salienta.

Em 2019, a empresa Jumil tornou-se parceira da Embrapa e aprimorou a semeadora-adubadora. O equipamento já está disponível para comercialização a partir da safra desta safra

Além do rodado mais estreito do que o convencional, o trator é equipado com piloto automático, essencial para o correto plantio do milho em meio a soja.

O piloto automático já é algo acessível e muito comum na agricultura brasileira, e tem a função de controlar o trator, impedindo que a semeadura desvie da rota.

De acordo com Salvador, com o uso da tecnologia é possível mapear o solo para reduzir bastante, ou até mesmo eliminar o amassamento da soja. “É muito importante que o agricultor faça o planejamento da soja com o piloto automático para depois ele fazer a semeadura do milho também com o equipamento”, salienta Salvador.

Para correta implantação do Antecipe, ajustes no conjunto trator- -semeadora devem ser considerados, visando maior eficiência operacional. Regulagens, ajustes, manutenções e dimensionamentos devem ser analisados pelos produtores e técnicos antes do início da semeadura intercalar mecanizada.

Definição do tamanho da área

O Antecipe não visa a substituição total da área a ser semeada com milho segunda safra. Portanto, tão importante quanto realizar o programa na época correta, o planejamento da área a ser semeada com o sistema deve seguir parâmetros técnicos e operacionais.

Para antecipar a semeadura do milho em até 20 dias antes da colheita da soja é importante considerar as séries históricas de dados climáticos, as condições de solo da propriedade ou talhão e o ciclo das cultivares a serem utilizadas.

O produtor deverá observar ainda a safra desejada; o Estado e município da propriedade; o grupo da cultivar quanto ao ciclo (Tipo I – milho de ciclo precoce (<110 dias); Tipo II – milho de ciclo médio (entre 110 e 120 dias); Tipo III – milho de ciclo tardio (> 120 dias); e o tipo de solo quanto à textura (arenosa, textura média ou argilosa).

O conjunto de informações fornecerá ao agricultor a indicação do momento oportuno considerando os riscos de perdas por adversidades climáticas da ordem de 20%, 30% e 40%.

Para que o produtor ou técnico possa determinar o tamanho da área a ser semeada é necessário conhecer o seu rendimento operacional de cultivo e de colheita da soja para o milho segunda safra ou outra espécie a ser semeada por meio da semeadura intercalar. Estas informações são fundamentais, pois relacionam a capacidade de colher a soja e semear o milho na sequência, dentro do calendário agrícola definido.

Janela de plantio

O período de plantio do milho safrinha dentro do Programa Antecipe é de 20 dias antes da colheita da soja. De acordo com o pesquisador da Embrapa, Salvador Foloni, para que aconteça a rebrota do milho é indispensável que a colheita da soja seja realizada dentro do recomendado, fase em que o milho terá até cinco folhas. “Porque a partir da sexta folha inicia-se o processo de alongamento dos entrenós do caule, e se ele for cortado nessa fase perderá a capacidade de crescimento e o prejuízo será grande”, avalia.

A Embrapa e a Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel) estão elaborando um projeto para implantação do Antecipe, com o objetivo de validação da tecnologia para a região Oeste do Paraná.

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Bovinos / Grãos / Máquinas Seminário de Criadores e Pesquisadores

Pecuaristas debatem planejamento reprodutivo e desafios da prenhez em novinhas precoces

Transferência de conhecimento tem proporcionado uma evolução expressiva no desempenho genético dos rebanhos, melhorando a qualidade dos animais e, consequentemente, a oferta no mercado.

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Fotos: Fernando Samura

Transmitir uma mensagem com mais clareza e divulgar informações que tenham aplicabilidade no campo. Estes foram os objetivos centrais que nortearam as discussões do 28º Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores, promovido recentemente pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), em Uberaba (MG). Conforme os organizadores, a edição de 2024 foi uma das maiores já realizadas, registrando um crescimento de público de 25% em relação ao ano anterior.

Zootecnista, especialista em Agronegócio e diretora de Mercado e Associados da ANCP, Fernanda Borges: “O Seminário não só reforçou a importância da fase da prenhez ao parto na cadeia produtiva, como também destacou o papel da ANCP em promover a inovação e o desenvolvimento contínuo da pecuária nacional”

Com o tema “Da prenhez ao parto”, o seminário focou nos avanços mais recentes da pecuária de corte, no planejamento reprodutivo e nos desafios associados a prenhez em novilhas precoces, atraindo cerca de 500 participantes, entre criadores associados, pecuaristas, pesquisadores, professores e estudantes de ciências agrárias, técnicos agropecuários, profissionais de programas de melhoramento genético, associações de raças bovinas e empresas da área de genética de todo o país.

O evento ofereceu uma programação rica e diversificada, com especialistas renomados no setor discutindo e compartilhando conhecimentos sobre as novas tecnologias e práticas que estão moldando o futuro da produção bovina no Brasil. Além de palestras e discussões em plenário, os participantes tiveram a oportunidade de acompanhar uma mesa-redonda, o lançamento de novas DEPs (Diferença Esperada na Progênie) e a divulgação do sumário de touros 2024.

ExpoGenética

Esta foi a segunda vez que o Seminário integrou a programação da ExpoGenética, reforçando seu papel como um dos principais fóruns de debate e troca de conhecimento no setor. “A ExpoGenética é um dos principais encontros da pecuária de corte no Brasil, proporcionando uma excelente oportunidade de networking. É um ambiente em que criadores, pesquisadores e empresas se conectam, trocam conhecimentos e estabelecem parcerias que impulsionam o setor”, ressalta a zootecnista, especialista em Agronegócio e diretora de Mercado e Associados da ANCP, Fernanda Borges.

De acordo com a profissional, a escolha do tema que norteou as discussões da 28ª edição do evento se deu em razão de que os criadores têm investido cada vez mais na precocidade sexual de novilhas, buscando com que esses animais emprenhem em idades mais jovens. Contudo, esse avanço trouxe à tona um novo desafio: dificuldades no parto devido ao tamanho, idade e desenvolvimento da fêmea.

Além de oferecer uma plataforma para atualização e a troca de conhecimento, Fernanda diz que o evento visa popularizar o melhoramento genético em toda a cadeia produtiva, atingindo desde pequenos até grandes criadores. “Nosso objetivo é garantir que todos tenham acesso às ferramentas necessárias para desenvolver melhor seu rebanho para que compreendam e reconheçam o potencial que possuem nas mãos”, frisou, acrescentando: “Muitos criadores ainda baseiam suas decisões em achismos, opiniões de vizinhos ou informações genéricas, sem conhecer as reais oportunidades que o melhoramento genético pode oferecer. Neste sentido, o seminário busca formar multiplicadores de conhecimento, de modo que a informação chegue a todos os níveis da cadeia produtiva, contribuindo para o fortalecimento da pecuária nacional”.

Conforme a zootecnista, o Brasil tem um enorme potencial para melhorar não apenas a quantidade, mas também a qualidade da produção de carne. O investimento em genética, segundo ela, é uma alternativa com excelente custo-benefício e pode proporcionar ganhos acumulativos ao longo dos anos, sem complexidades desnecessárias. “O Seminário não só reforçou a importância da fase da prenhez ao parto na cadeia produtiva, como também destacou o papel da ANCP em promover a inovação e o desenvolvimento contínuo da pecuária nacional”, frisou.

Ciência e prática

Fernanda destaca a importância do Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores como o evento mais relevante promovido pela ANCP ao longo do ano. Com quase três décadas de trajetória, o Seminário se consolidou como um importante canal para a disseminação dos avanços em pesquisa e desenvolvimento aplicados à prática pecuária. “A ANCP investe intensamente em pesquisas e no desenvolvimento de conhecimento que possa ser diretamente aplicado pelos produtores no dia a dia. O seminário desempenha um papel importante ao reunir e compartilhar essas inovações, originadas de colaborações com universidades e centros de pesquisa”, menciona.

Essa transferência de conhecimento tem proporcionado uma evolução expressiva no desempenho genético dos rebanhos, melhorando a qualidade dos animais e, consequentemente, a oferta no mercado. “O impacto positivo dessas inovações reverbera por toda a cadeia produtiva da carne, beneficiando todos os envolvidos e garantindo que o conhecimento transmitido durante o seminário se reflita em avanços concretos na prática pecuária”.

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Fonte: O Presente Rural
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Indicador sobe 3% na 1ª dezena, mas pecuaristas esperam maiores altas

No atacado, os preços da carne com osso também registram aumentos, impulsionados pela demanda aquecida, de acordo com colaboradores consultados pelo Cepea.

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Foto: Shutterstock

Levantamentos do Cepea mostram que as cotações do boi gordo seguem em alta, sustentadas pela oferta limitada de animais prontos para abate no spot.

No acumulado da primeira dezena de setembro, o Indicador Cepea/B3 subiu 3,1%, passando de R$ 239,75 no último dia útil de agosto, para R$ 247,20 na última terça-feira (10).

Segundo pesquisadores do Cepea, apesar do movimento altista, pecuaristas se mantêm resistentes em entregar o boi, na expectativa de valores maiores que os atuais.

No atacado, os preços da carne com osso também registram aumentos, impulsionados pela demanda aquecida, de acordo com colaboradores consultados pelo Cepea.

Divulgação recente do IBGE mostra que o volume abatido no segundo trimestre foi recorde, com destaque para a categoria fêmea (vaca e novilha) – foram 8,8 milhões de cabeças no semestre, o que representou 45,7% do total de animais abatidos.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas Desempenho produtivo

Dietas com DL-Metionina protegida melhora produção de leite, proteínas e sólidos totais em dias de calor extremo

Um estudo conduzido em parceria com UFLA mostrou aumento significativo da produção de leite, da proteína, da lactose e dos sólidos totais durante o período de estresse térmico

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Divulgação Evonik

Artigo escrito por Tales Lelis, médico veterinário com mestrado em Produção Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor Regional de Negócios e Soluções para Ruminantes da Evonik.

Nutrição, sanidade, manejo, mão de obra, gestão e sucessão familiar são alguns dos desafios diários da produção de leite. As altas temperaturas aliadas a fenômenos como seca e incêndios em todo o mundo se tornam o mais recente obstáculo a ser enfrentado pelo produtor. Para se ter uma ideia, no final do mês de julho o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, indicou que o mundo teve o dia mais quente já registrado, quando a temperatura média global atingiu 17,09º C. O recorde anterior havia sido registrado em julho de 2023, quando a média global foi de 17,08º C. O último mês de junho também registrou o décimo terceiro mês consecutivo de recordes de calor na Terra.

Para o mês de agosto, por exemplo, a projeção é que, na Alemanha, as temperaturas cheguem aos seus maiores níveis, oito graus Celsius acima da média dos últimos 30 anos. Nos Estados Unidos, mais de 30 milhões de pessoas estarão em regiões onde ondas de calor prometem ser intensificadas.

No Brasil, o cenário não é diferente. Estamos vivendo um inverno mais quente e com máximas preocupantes, ultrapassando os 35ºC em muitas cidades, algo pouco comum para esta época do ano. Uma onda de calor elevou as temperaturas em diversas regiões do país e dados meteorológicos recentes indicam que essa tendência de alta vai se intensificar, potencialmente alcançando até 38ºC em algumas localidades em pleno inverno.

O ano passado entrou para a história como o mais quente. E a projeção é de que 2024 pode superar essa marca. Todos estes dados mostram que as ondas de calor extremo que temos vivenciado nos últimos anos devem permanecer e este quadro tem impacto especialmente importante na agricultura e, sobretudo, na produção animal.

O desempenho produtivo e as funções metabólicas de vacas leiteiras são fortemente afetados pelo estresse térmico (Prathap et al., 2016). Queda de produtividade, aumento das perdas embrionárias ou perdas gestacionais e distúrbios metabólicos em função do combate ao estresse provocado pelo calor são alguns dos efeitos dos dias mais quentes nos animais. Então, como identificar os sinais de uma vaca em estresse térmico? Bom, o sinal amarelo pode ser aceso quando observarmos sintomas como: aumento da taxa respiratória, alta da salivação do animal, redução de ingestão de alimento e comportamento de se manter em pé por muito tempo, reduzindo assim a sua ingestão de alimento e o tempo de ruminação. Quando estes sintomas são observados é importante agir porque já está ocorrendo perdas produtivas.

Neste cenário, a ambiência é um fator primordial para reduzir este impacto negativo que o calor exerce sobre os animais. Isso exige melhorias na qualidade do alojamento, garantindo conforto. O fornecimento de sombra, ventilação e aspersão de água são algumas das técnicas de resfriamento mais utilizadas. A disponibilidade de água, em qualidade e quantidade, também é primordial.

Além da ambiência, a nutrição também pode ser um aliado de primeira hora diante deste quadro. Uma estratégia nutricional bem direcionada pode reduzir os efeitos negativos do calor no desempenho do rebanho. Um exemplo é a suplementação de DL-Metionina protegida. O modelo de ação desta ferramenta reduz os efeitos do estresse térmico através de um incremento dos agentes antioxidantes, de uma redução da inflamação e da melhoria da função imunológica da vaca. O que ocorre é que o estresse provocado pelo calor excessivo aumenta as concentrações de radicais livres circulantes com potencial efeito deletério em diversas funções fisiológicas. A inclusão de DL-Metionina protegida contribui com um aumento dos agentes antioxidantes e a consequente redução dos radicais livres.

Um estudo conduzido no período do verão em uma fazenda comercial no sudoeste brasileiro em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) mostrou que a suplementação da dieta com DL-Metionina protegida melhorou o desempenho de vacas leiteiras sob estresse térmico. Neste levantamento o objetivo foi avaliar os efeitos da metionina protegida no rúmen (RPM), na produção e na composição do leite, bem como nas respostas fisiológicas de vacas leiteiras lactantes durante a estação mais quente.

Desenho experimental e medições

Neste estudo, 80 vacas primíparas da raça Holandesa (43,7 ± 4 quilos de leite e 182 ± 63 dias em lactação) divididas em dois grupos experimentais, pareados por produção de leite e dias em lactação. Elas foram alimentadas com uma dieta sem (controle) ou com 0,75 gramas por quilo de matéria seca de DL-Metionina protegida (85% de DL-metionina; RPM) misturado em uma dieta totalmente misturada basal por 9 semanas.

As vacas foram alojadas em um sistema de Compost Barn equipado com ventiladores e aspersores. E a temperatura do ar e a umidade foram registradas diariamente a cada 10 minutos para o cálculo do índice de temperatura e umidade (THI). A produção de leite também foi registrada diariamente e amostras de leite foram coletadas para análises de proteína, gordura, lactose, ureia e contagem de células somáticas nas semanas 3, 6 e 9.

Durante estas semanas, a temperatura intravaginal (IT) e a taxa respiratória (RR) foram medidas em 15 vacas por grupo; a IT foi registrada a cada 5 minutos durante 4 dias por semana e a RR foi estimada às 10h e às 17h, contando os movimentos do flanco por 30 segundos durante dois dias.

 

Resultados

As vacas que tiveram a dieta suplementada com DL-Metionina protegida tiveram um aumento significativo da produção de leite (+2,0 kg/d, P<0,01), da proteína (+50 g/d, P=0,03), da lactose (+108 g/d, P=0,03) e dos sólidos totais (+176 g/d, P=0,03) durante o período de estresse térmico. A conversão alimentar também foi melhor no grupo que recebeu a dieta suplementada com a DL-Metionina protegida na comparação com o grupo controle (1,74 vs. 1,62).

Esta suplementação com a metionina não impactou a ingestão de matéria seca dos animais. Apesar de a temperatura intravaginal (IT) não ser afetada pelo tratamento, houve uma tendência de aumento do tempo acima de 39°C com uso de metionina em relação ao grupo controle. A taxa respiratória (RR) também apresentou uma tendencia de elevação para o grupo RPM na comparação com o grupo controle.

Em resumo, podemos concluir que a suplementação de vacas leiteiras com DL-Metionina protegida durante a estação mais quente contribui com aumento na produção de leite, proteína e sólidos totais. Os resultados demonstram que a DL-Metionina protegida é uma ferramenta valiosa para enfrentar o estresse térmico em sistemas de produção de leite.

Fonte: Por Tales Lelis, médico veterinário, diretor Regional de Negócios e Soluções para Ruminantes da Evonik com O Presente Rural
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