Suínos Especialista explica
Cuidados essenciais para garantir uma boa ambiência na creche
Especialista aponta principais desafios enfrentados pelas granjas brasileiras e dá dicas sobre como garantir conforto térmico adequado aos leitões

Proporcionar um ambiente térmico adequado aos leitões na creche é fundamental. Afinal, trata-se de uma etapa que
pré-determina o desempenho dos animais em todas as outras fases. A tarefa, porém, apesar de essencial, é desafiadora. Leitões precisam estar dentro de uma faixa estrita de temperatura para expressar seu completo potencial produtivo. Em entrevista exclusiva ao Presente Rural, Gustavo Lima, supervisor de Serviços Técnicos da Agroceres PIC, fala sobre o assunto, aponta os principais desafios enfrentados pelas granjas brasileiras e dá dicas sobre como garantir conforto térmico adequado aos leitões.
O Presente Rural (OP Rural) – Quais são as exigências de termorregulação dos leitões?
Gustavo Lima (GL) – É preciso revisar alguns conceitos quando se trata de traçar objetivos para o conforto térmico. Sob o ponto de vista fisiológico há, por exemplo, o conceito de zona termoneutra, que é a faixa de temperatura ambiente na qual o desvio energético para produção de calor, como produto fisiológico e metabólico, é mínimo. Suínos são animais homeotérmicos, ou seja, têm capacidade de regular a temperatura corporal a um nível constante e possuem uma faixa de temperatura ótima para sua sobrevivência, também conhecida como zona de conforto térmico. Posto isso, basicamente, o desafio, nos sistemas de produção, é colocar os suínos dentro da faixa de termoneutralidade, pois nessa condição o animal vai desviar o máximo de energia para o crescimento. A produtividade está diretamente ligada ao tempo em que o animal está submetido à zona termoneutra.
OP Rural – E o que é preciso levar em consideração para garantir conforto térmico aos leitões na fase de creche?
GL – Em primeiro lugar, conforto térmico não pode ser confundido com temperatura ambiente. Não necessariamente uma sala com 28ºC e, portanto, dentro da termoneutralidade do leitão, garante conforto térmico. É preciso considerar outra variável de controle que é temperatura efetiva, temperatura real que o animal está efetivamente sentindo.
OP Rural – E como se faz para aferir isso?
GL – Através de alguns instrumentos, como o termômetro de bulbo seco ou convencional, e da observação do comportamento dos animais. Por exemplo, leitões na creche, dentro de uma sala com temperatura de 28ºC, mas ainda assim amontoados, indica que estão sentindo frio. Isso pode estar acontecendo por várias razões. O isolamento do galpão, a qualidade dos materiais, como piso, e dos equipamentos usados para o aquecimento dos leitões, tudo isso tem influência na garantia do conforto térmico. Por isso, é essencial estar atento ao comportamento dos animais para fazer os ajustes necessários.
OP Rural – Existe uma configuração mínima de equipamentos para garantir um conforto térmico adequado aos leitões?
GL – A ambiência na creche vai depender do foco produtivo do suinocultor. Não existe a temperatura ideal para o suíno em si, e sim uma faixa de temperatura ideal, que é a zona de conforto térmico. Existem tecnologias para manter um galpão dentro de uma faixa restrita de temperatura efetiva. Ao mesmo tempo, pode-se tolerar uma variação um pouco maior de temperatura efetiva. É tudo uma questão de custo-benefício.
OP Rural – Mas quais os cuidados mínimos que o produtor deve tomar?
GL – O produtor deve estar atento a quatro variáveis: a condutividade de calor dos materiais, pois estes apresentam diferenças em calor específico, as estratégias de ventilação, de aquecimento e o isolamento térmico do galpão. No caso da primeira, é preciso preconizar o uso de pisos plásticos. Os de concreto são recomendados apenas em situações em que se quer trabalhar com pisos térmicos ou como base para comedouro. É preciso também definir estratégias de ventilação, que podem ser natural – que permite trabalhar com galpões mais estreitos e cortinas manuais ou automáticas. O produtor pode optar ainda pela ventilação mecânica, que pode apenas envolver ventilação mínima, ou a ventilação completa por pressão positiva ou negativa.
OP Rural – Quais as diferenças?
GL – No caso da ventilação mínima, o galpão pode ser um pouco mais largo e trabalha-se com as cortinas totalmente fechadas e exaustores para manter os níveis de gases dentro de limites aceitáveis. Já os galpões que trabalham com pressão positiva são equipados com cortinas automáticas e ventiladores. E há também os galpões com pressão negativa, nos quais a ventilação é 100% mecânica, com a entrada de ar pelos inlets. O terceiro item se refere às estratégias de aquecimento. É possível trabalhar com fornos – a gás, lenha ou elétricos -, de maior ou menor capacidade. O uso de campânulas, nos galpões maiores, e de lâmpadas infravermelhas nos menores, também são soluções efetivas. E por fim, é preciso checar o isolamento térmico do galpão, sempre preconizando o uso de telhas de poliuretano ou sanduíche.
OP Rural – De que forma uma ambiência adequada na etapa de creche deixa a produção de leitões mais eficiente?
GL – A adoção de um bom sistema de ambiência na creche é importante para manter a qualidade do ar dentro de parâmetros adequados, esse é o primeiro ponto. O segundo é manter uma oscilação menor de temperatura no galpão, independente da temperatura externa. Isso, nos primeiros 15 dias, é um grande determinante da saúde animal. Boas condições de ambiente e temperatura reduzem significativamente o número de refugados, de leitões que não têm acesso à ração, e os casos de diarreia. Com isso, há melhoras no ganho de peso e redução drástica na mortalidade.
OP Rural – Como são as granjas brasileiras quanto ao uso de sistemas e equipamentos para a ambiência de creche?
GL – As granjas brasileiras são bastante heterogêneas. Essa variação está muito ligada ao conceito econômico de produção.
OP Rural – Quais os modelos predominantes?
GL – A maioria trabalha com ventilação natural, com investimento em exaustores, em qualidade de entrada de ar, de forno etc. Ainda existem novos projetos sendo construídos dentro desse conceito. Existem também projetos com ventilação híbrida, natural e mecânica, nos quais os galpões são equipados com exaustores e cortinas automáticas. Há galpões completamente fechados em pressão negativa, porém, sem entradas de ar pelo teto e, portanto, feito via placa evaporativa, que não é o ideal, e projetos com exaustores para pressão negativa normal e inlets de teto. E, claro, existem sistemas de produção de alta tecnologia, com galpões em pressão negativa, equipados com exaustores menores e maiores trabalhando em conjunto, que proporcionam ventilação suave, inlets de teto e fase de transição para entrar em túnel, que promove a entrada de ar pela cortina central ou por placa evaporativa.
OP Rural – Quais as principais deficiências quando a assunto é ambiência em creche de suínos?
GL – Insistir em trabalhar com exaustores grandes. A exigência de troca de ar dos leitões na creche é pequena. Por exemplo, um leitão, no inverno, precisa de 3 m³ por hora de troca de ar para manter os níveis de gases dentro do limite adequado. Tomemos como exemplo um galpão com 3 mil animais, seriam 9 mil m³ por hora. Um exaustor grande, de 50 polegadas, troca 39 mil m³/hora. Acontece que nenhum exaustor, por questões mecânicas e elétricas, pode rodar abaixo de 50% de sua capacidade. E como o equipamento não se auto resfria, se rodar abaixo de 30% ele queima. Isso significa que a maioria dos galpões trabalha em ciclos de liga e desliga, consequentemente, alternando períodos de acúmulo e dispersão de gás e aumento e redução de temperatura na sala. Isso prejudica o desempenho dos leitões. Dessa forma, a maior oportunidade que existe é o uso de exaustores menores, trabalhando num raio de 12 metros.
OP Rural – Quais indicadores podem apontar se as condições ambientais estão adequadas na creche?
GL – Primeiro, os níveis de CO2 e amônia. No galpão, os níveis de CO2 devem ser inferiores a 3 mil ppm e os de amônia entre 15 a 20 ppm. O segundo ponto é checar a temperatura de bulbo seco. É preciso manter os galpões secos. Em ambientes frios, é possível reduzir a umidade do galpão aumentando a taxa de ventilação. E terceiro, é observar o comportamento dos animais. Se os leitões estão muito magros, se estão se alimentando, conferir a incidência de animais em jejum na primeira semana. É a partir dessa análise que o produtor vai saber se terá que fazer alguma intervenção e de que tipo.
OP Rural – Que intervenções podem ser feitas para melhorar os sistemas de ambiência de creche?
GL – Existem as ações urgentes e as estratégicas. Entre as urgentes estão os investimentos em aquecimento local da baia, em cortina dupla, no leitoeiro, que é aquela lona usada para cobrir as baias, porém este último com algumas ressalvas. São medidas inadiáveis para garantir o mínimo de conforto térmico. Já entre as estratégicas estão os investimentos em zona de conforto térmico, em forno, em bons isolantes térmicos, em cortinas tecnológicas, em forros que seguram um pouco mais o calor e material de piso. As ações estratégias são mais racionais e eficazes.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2019 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



