Avicultura Nutrição
Cromo – um nutriente essencial para a alta performance das aves
O cromo trivalente é essencial para o metabolismo normal de carboidratos, lipídeos e proteínas

Artigo escrito por Cherlla Arantes Romeiro, gerente de produtos monogástricos da Kemin
Cromo (Cr) é um mineral abundante na natureza, frequentemente encontrado na forma neutra (0), bivalente (+2), trivalente (+3) e hexavalente (+6). Estudado desde o fim do século XIX, quando os efeitos carcinogênicos do cromo hexavalente (+6) foram descobertos a nível industrial. A essencialidade do cromo trivalente (+3) na indústria da nutrição foi demonstrada em 1959 com o início dos estudos em humanos e animais de laboratório. A partir da década de 90 os estudos foram intensificados onde se comprovou ser um mineral essencial também em animais de produção (ruminantes, ovinos, equinos, suínos e aves).
O cromo trivalente é essencial para o metabolismo normal de carboidratos, lipídeos e proteínas. A absorção do cromo é afetada por diferentes fatores, sendo consenso que as fontes orgânicas são mais disponíveis e melhor absorvidas que as fontes inorgânicas por estarem quelatadas com leveduras, aminoácidos, ácidos orgânicos, dentre outros. Na versão inorgânica, o cromo trivalente possui uma absorção baixa, entre 0,4 e 2,0%, enquanto a biodisponibilidade do cromo orgânico é mais de 10 vezes superior.
Uma variedade de fatores de estresse foram estudados para definir quais deles devem ser considerados para os ensaios da produção avícola. Dentre estes fatores comprovadamente estressantes para as aves apontamos: fatores ambientais, como estresse térmico, tanto calor como frio; diferentes intervenções sociais como alta densidade de alojamento e por último, mas não menos importante, as variações relacionadas com a nutrição e a presença de micotoxinas.
Sobre a influência do estresse, a secreção de cortisol se eleva agindo como um antagonista da insulina elevando a concentração de glicose circulante e a redução do seu uso nos processos metabólicos. Inúmeros autores confirmam a redução da sensibilidade ao estresse em animais suplementados por cromo através da redução da concentração de cortisol no sangue. E a maioria dos autores concordam que a suplementação de cromo durante os períodos de estresse tem efeito positivo sobre o ganho de peso e redução da deposição de gordura na carcaça.3
Quando exposto ao estresse calórico, os frangos de corte buscam a termoregulação impactando negativamente no metabolismo e na performance de crescimento resultando em importantes perdas econômicas. Potencializando esta situação temos a tendência de aumento das temperaturas como fruto dos efeitos do aquecimento global e adicionando os efeitos da genética, que ao selecionar aves com maior crescimento e maior deposição de músculos considera que estas aves podem ter uma maior sensibilidade as altas temperaturas comparando com as aves nativas.
Durante o estresse calórico, a redução nos níveis de circulação de vitaminas e minerais é observada, podendo estar associada com a redução do consumo de alimento e aumento da ingestão de água pelas aves. Em contraste, são reportados efeitos positivos da suplementação mineral e vitamínica nas condições de estresse calórico, reduzindo também as reações de oxidação celular.
A absorção e excreção do cromo é inversalmente proporcional ao nível de suplementação, sendo a excreção quase exclusivamente pela via urinária.
A suplementação de cromo em frangos de corte, na forma de propionato de cromo, elevou a atividade da insulina e otimizou o uso da glicose, resultando em menor concentração sérica de ácidos graxos não esterificados pela redução da lipólise. Como resposta a suplementação de cromo, houve o aumento da sensibilidade da insulina e a elevação do metabolismo da glicose, reduzindo a gluconeogênese no fígado e conservando os aminoácidos para crescimento e deposição muscular. Pesquisas comprovam um aumento de 16% na utilização da glicose em frangos de corte suplementados, resultando no aumento da sensibilidade celular para insulina e consequentemente maior aporte de glicose para os tecidos musculares e adiposos.
Pesquisas
Outra linha de pesquisa suporta que a suplementação de cromo orgânico na dieta de frangos de corte melhora a eficiência alimentar e a qualidade de carcaça reduzindo o acúmulo de gordura e promovendo um maior rendimento do corte do peito. Não podemos deixar de lado o impacto na ação antioxidante, a suplementação com propionato de cromo aumenta a imunidade humoral em frangos de corte criados em ambientes com altas temperaturas.
Comprovadamente temos uma positiva relação entre a suplementação de cromo orgânico e as funções imunológicas, fisiológicas e performance de crescimento quando os frangos de corte são expostos a estas condições de estresse calórico. A suplementação com cromo está associada com o aumento da taxa de crescimento, função imune e capacidade anti-oxidante com redução da peroxidação dos lipídeos, colesterol e deposição de gordura em frangos de corte submetidos a situações de estresse calórico.
Resumindo
Em resumo, o cromo é um nutriente essencial para as produções animais criadas de forma intensiva por reduzir as taxas de cortisol permitindo que os processos fisiólogicos e metabólicos não sejam afetados. A melhor opção para uso nas dietas é o cromo trivalente orgânico devido a sua segurança e biodisponibilidade.
Na produção avícola, quando expostos em condições de estresse calórico, os frangos de corte mantêm sua homeostase e termorregulação através de ajustes fisiológicos e metabólicos que podem afetar negativamente a performance de crescimento. O consumo é reduzido e consequentemente as taxas de crescimento caem. Alterações na utilização dos nutrientes e no aporte aos tecidos, assim como funções metabólicas e imunes também são comprometidas.
Com estas evidências, conclui-se que uma dieta suplementada com cromo orgânico trivalente é recomendada como estratégia nutricional que modulará os efeitos do estresse na produção avícola.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2019.

Avicultura
Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
Avicultura
Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.
Avicultura
Avicultura do Paraná sofre com desequilíbrio entre custos e remuneração
Levantamento do Sistema Faep mostra que, mesmo com a liderança nacional em abates, a maioria dos produtores opera abaixo dos custos, acumulando prejuízos e enfrentando dificuldades para manter e modernizar os aviários.

O Paraná é uma superpotência nacional na produção de frangos de corte. Os números falam por si: o Estado responde por um terço dos abates do país, produzindo quase 2,3 bilhões de cabeças em 2024, movimentando cifras da ordem de R$ 31 bilhões. Toda essa pujança do setor, no entanto, não tem chegado aos produtores rurais. As receitas dos avicultores mal cobrem os custos diretos, o que representa um risco para a atividade em médio e longo prazos.
Confira todas as planilhas do levantamento de custos de produção da avicultura
É o que aponta o levantamento de custos de produção elaborado pelo Sistema Faep. O estudo é elaborado seguindo a metodologia própria e embasado por dados fornecidos por avicultores de todas as regiões do Estado. Os produtores foram ouvidos em painéis realizados em cada uma das 14 Comissão de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) do Paraná, abrangendo os polos produtivos do Estado. Os resultados representam as médias por tamanhos de modais e classificação do frango, pesado ou griller, conforme o cenário das integrações.

Segundo os técnicos Caroline da Costa e Fábio Mezzadri, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep, os dados “revelam um cenário preocupante para a sustentabilidade da atividade”. Segundo o relatório, em praticamente todas as integrações, ALERTA as receitas obtidas pelos avicultores com a entrega das aves e com a venda de cama de aviário cobriram apenas os custos variáveis – ou seja, os desembolsos para produzir o lote de frangos.
O levantamento revelou que os produtores rurais ficaram no vermelho no que diz respeito ao custo fixo (que leva em conta as depreciações de máquinas, equipamentos e instalações) e o custo total (que se consolida como um índice de longo prazo para a atividade). Isso implica em saldos negativos anuais para cada produtor, que variam entre R$ 89 mil e R$ 217 mil, o que compromete a depreciação de instalações e a capacidade de investimento. “Ano após ano, as condições dos produtores estão se complicando, com a atividade ficando mais no vermelho”, diz o presidente da Comissão Técnica de Avicultura do Sistema Faep, Diener Santana. “Os reajustes que os produtores estão recebendo não acompanham os custos de produção, que têm aumentado acima. Isso agrava o vermelho”, acrescenta.
Ainda, o DTE do Sistema Faep estabelece uma comparação com os resultados de 2024. Segundo os técnicos, ao longo de um ano, houve um aumento nos custos variáveis, que oscilou entre 5% e 15%, conforme a região. O que mais pesou foram os valores da mão de obra, dos custos de manutenção e da energia elétrica. “Esses fatores [de aumento] são influenciados pela inflação, demandas regulatórias e exigências de bem-estar animal”, destaca Caroline, do DTE. “Esta realidade ameaça a viabilidade da cadeia produtiva paranaense, um dos pilares do agronegócio brasileiro, com potencial impacto em empregos rurais, suprimento de insumos e exportações”, complementa Mezzadri.
O presidente da CT de Avicultura ressalta uma distinção dentro da atividade. Os aviários mais novos, em regra, recebem adicionais. Os galpões mais antigos, no entanto, não ganham qualquer complementação. “Os modais novos têm incentivo para que o produtor se viabilize. Os mais antigos não têm. É só a remuneração seca”, aponta Santana.
Há oito anos na atividade, o avicultor Luís Guilherme Geraldo mantém quatro galpões, alojando 160 mil aves, em Jaguapitã, no Norte do Paraná. Além dele, o pai e dois colaboradores atuam diretamente na produção de frangos de corte, na propriedade. “Realmente, a avicultura está em bom momento, principalmente no mercado de exposições. Mas o lucro fica todo na integração”, ressalta.

Ao longo do ano, por meio de negociações na Cadec, os produtores conseguiram reajustes de 7,5%, que minimizaram os prejuízos acumulados em anos anteriores. Geraldo pretende ampliar a produção para diluir os custos, mas sabe dos riscos implicados na operação. “Apesar dos cenários econômico e político desafiadores, o produtor continua investindo. Esperamos que a avicultura siga em alta. O frango brasileiro é bem-visto no mercado internacional por nossas boas práticas sanitárias. Continuamos realizando diversos estudos para auxiliar nossos produtores rurais”, afirma o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette. “Nosso papel é dar esse suporte aos avicultores nas negociações de preços e custos junto às empresas integradoras em reuniões das Cadecs”, complementa.
Empresas cobram investimentos de produtores, mas remuneração é insuficiente
Um agravante à condição dos avicultores integrados envolve as exigências das empresas em relação a investimentos constantes nos aviários. Segundo os produtores rurais ouvidos pela reportagem do Boletim Informativo, as integradoras têm demandado atualizações constantes nos aviários, principalmente no que diz respeito a automação dos galpões e a aspectos sanitários. O valor pago aos produtores, no entanto, inviabiliza tais investimentos, pressionando cada vez mais os avicultores. “Há uma pressão enorme por investimentos e melhorias nos aviários justamente para proporcionar lucros à integradora e manter a excelência do padrão sanitário na criação das aves”, diz o produtor Maurício Gonçalves Pereira. “Temos que investir somas significativas para manter a ótima qualidade dos frangos, o que proporciona um primor sanitário e a conquista do produto em países que bem remuneram a carne de frango, mas não somos remunerados na mesma medida”, acrescenta.
Os aviários na propriedade de Pereira têm 11 anos, em São Tomé, município vizinho a Cianorte, Noroeste do Paraná. Apesar de ter feito inúmeras melhorias, ainda há uma série de investimentos que precisa ser feita. “Em um dos fornos, preciso substituir o sistema de aquecimento e nos outros é necessária a substituição das cortinas para a melhoria na circulação. Fora isso, constantes são os gastos com a manutenção da estrutura dos aviários”, aponta o avicultor. “Dada a necessidade incessante de investimentos, esta manutenção tem sido um problema sério para o produtor, visto que a remuneração não tem sido suficiente para que façamos todos os desembolsos necessários e exigidos pela integradora”, aponta.

Avicultor há 12 anos, Pereira mantém dois aviários com capacidade global de alojar 65 mil aves. Ele detalha que a renda dos produtores está diretamente relacionada à questão estrutural e às exigências das integradoras. Ele está prestes a fazer novos investimentos. “Preciso investir mais no aumento da capacidade de geração de energia fotovoltaica, já que a produção atual está sendo insuficiente. O valor da energia elétrica oscila e isto impacta diretamente no custo de produção”, diz.
Outro produtor, Eliandro Vegian Carneiro, também aponta que as instalações são determinantes para a equalização da atividade. Ele administra uma propriedade localizada em Éneas Marques, no Sudoeste do Paraná, em que mantém um aviário com capacidade para alojar 27 mil aves. Ele avalia os riscos que os elevados custos e necessidades constantes de investimentos implicam ao setor. “Tem que buscar por tecnologia e formas de reduzir os custos entre os lotes para poder se manter na atividade. É ‘bruto’ investir aproximadamente R$ 1,5 milhão em um barracão e saber que terá essa dívida por longos dez anos ou mais”, aponta Carneiro. “Em aviários mais novos, com mais tecnologia ou onde se tem mais de um aviário, consegue equilibrar, mas os custos de manutenção subiram muito”, diz.
De acordo com Luiz Guilherme Geraldo, quem tem estrutura mais defasada passa a ser pressionado a modernizar os galpões, mesmo que a remuneração não permita novos investimentos. “Os donos de aviários mais novos recebem um incentivo para estar sempre melhorando os galpões. Mas quando se trata de um aviário mais antigo, o produtor é cobrado a investir um dinheiro que não tem. Só se fizer essa modernização é que vai receber algum incentivo”, afirma. “Desejamos a melhoria das condições de remuneração para que possamos nos manter vivos e ativos na produção”, diz Pereira. “O próximo ano é uma incógnita. Com os juros altos em ano de eleição, não vejo uma melhora a curto prazo”, conclui Carneiro.



