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Crise energética na China ameaça o agro brasileiro

A China é a principal parceira comercial do agronegócio brasileiro, responsável por 34% do total das exportações do setor em 2020

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Foto: Divulgação - SENAR

A forte elevação dos preços da energia elétrica que a China vem enfrentando, além de interrupções de fornecimento, estão impactando o ritmo das atividades industriais daquele país. Isso consequentemente eleva os riscos para o agronegócio brasileiro, que é bastante dependente das importações de princípios ativos, defensivos agrícolas e fertilizantes vindos do gigante asiático. A conclusão é de um estudo feito pela Radar Agro, Consultoria Agro do Banco Itaú, divulgado no dia 29 de setembro.

O estudo indica que, caso esses eventos tenham reflexos relevantes sobre o crescimento econômico chinês, indagações surgem sobre quais seriam os impactos sobre as exportações de produtos agropecuários do Brasil.

As razões para a elevação das cotações da energia estão atreladas ao aumento da demanda por energia elétrica neste período de transição da pandemia, ao cenário climático mais desafiador, ao aumento de preços do gás, combustível também utilizado na geração a partir das térmicas, e restrições de produção a partir da queima de carvão – fonte primária de energia no país representando 60% do total – derivadas das preocupações ambientais e dos compromissos assumidos de redução de emissões. Além disso, aponta a análise da Radar Agro, como o governo federal controla o preço da energia no país, essa apreciação das cotações do carvão e do gás implica em reduções das margens das usinas elétricas, o que desestimula o aumento da oferta.

A consultoria destaca ainda que esta situação se soma a outros efeitos colaterais da pandemia que já vinham preocupando, como a explosão dos preços dos fretes marítimos, escassez de contêineres e lentidão nas operações portuárias, com o mundo reduzindo as restrições de mobilidade, o que vem gerando forte demanda por matérias primas e produtos acabados, ao mesmo tempo em que a oferta não tem conseguido responder com a devida velocidade.

Para a Radar Agro, outra fonte de preocupação recente na China é o caso da incorporadora Evergrande, com grande risco de insolvência mediante uma dívida de US$ 300 bilhões. Embora uma possível falência seja considerada, não se espera que isto leve a uma crise sistêmica mundial semelhante ao evento do Lehman Brothers em 2008, dado que a exposição do sistema financeiro à empresa é relativamente baixa, de modo que o governo deve buscar minimizar impactos sobre outras companhias do setor. Porém, isto tende a reduzir ainda mais as perspectivas para o crescimento do PIB chinês, que já vinha sendo revisto para baixo em função dos impactos da Covid e, mais recentemente, devido às dificuldades no abastecimento de energia.

 

Os impactos para as exportações do agronegócio

A China é a principal parceira comercial do agronegócio brasileiro, responsável por 34% do total das exportações do setor em 2020. A pauta de exportação é bastante concentrada em produtos básicos à alimentação local, o que os fazem menos sujeitos às variações de renda, embora caso aconteça uma desaceleração maior da economia, a taxa de crescimento esperada da demanda poderá ser afetada.

Entretanto, há produtos agropecuários exportados não essenciais ao consumidor chinês ou de maior valor e, portanto, elásticos à renda, caso do algodão e da carne bovina, por exemplo, que poderão enfrentar um ambiente mais desafiador se houver uma grande desaceleração da economia local.

 

Fertilizantes e defensivos

Conforme a Radar Agro, a China é uma das maiores fabricantes e fornecedoras de insumos agrícolas para o Brasil. Com isso, os impactos da crise energética nas regiões industriais chinesas que causam redução ou até paralização das atividades elevam o risco de disponibilidade desses insumos, além de afetar ainda mais as cotações.

A análise mostra que, no caso de fertilizantes, a China é o maior produtor mundial de nitrogenados e fosfatados, sendo responsável por 29% e 39%, respectivamente, do volume global produzido. Para o Brasil, os chineses são o 2º maior fornecedor de nitrogenados, com 20% do total importado e, no caso dos fosfatados, a China é origem de 7%das aquisições nacionais.

Ainda segundo o relatório publicado em 29 de setembro, já há notícias de paralizações ou redução das atividades de produção de fertilizantes devido à falta ou interrupção de fornecimento de energia. Além disso, a ampla maioria da produção local ainda utiliza o carvão ao invés de gás natural, o que as torna mais vulneráveis às restrições das políticas ambientais. O estudo destaca que não se pode deixar de mencionar que as plantas que utilizam gás natural em seus processos de produção têm sido fortemente impactadas pelo aumento dos preços do insumo. Nesse cenário, não se descarta também a possibilidade de a China controlar as exportações de produtos, sustenta o relatório.

A Radar Agro afirma ainda que a questão, no entanto, não se limita à China, já que os preços recordes do gás natural pressionam outras partes do mundo a diminuir a produção, como a redução da capacidade de produção de algumas plantas na Europa.

Além dos impactos na produção de fertilizantes, alerta o relatório, as restrições de energia nas províncias chinesas também começam a afetar as indústrias de defensivos agrícolas. É importante ressaltar que a China é um dos maiores países produtores e fornecedores dessa classe de produtos. Em relação às importações brasileiras, um exemplo da importância da China na origem de defensivos é o glifosato, já que mais de 95% do volume é proveniente do país, diz a análise.

Segundo nota da CCAB (Companhia das Cooperativas Agrícolas do Brasil), a província de YunNan, que é a maior produtora de fósforo amarelo da China, reduziu a produção causando desabastecimento na produção de princípios ativos como glifosato, acefato e malationa e, consequentemente, gerando aumento de preços.

Ainda segundo dados da nota da CCAB, duas importantes províncias com indústrias produtoras poderão reduzir ou paralisar as produções de princípios ativos importantes. A província de Shandong será inspecionada pelo governo chinês e pode impactar produtos como imidacloprido, acetamiprido, paraquate, glufosinato, nicosulfurom, pendimetalina, entre outros. A província de Hebei também será inspecionada em novembro e poderá sofrer paralisações no 1º trimestre de 2022, impactando as produções de abamectina emamectina, tiametoxam, imidacloprido, glicina (glifosato e glufosinato), triazinas, entre outros.

O relatório da Radar Agro conclui que estes dois temas recentes – crise energética e desaceleração econômica decorrente da Evergrande – adicionam preocupação para o agro brasileiro e demandam acompanhamento, especialmente o primeiro, já o que os impactos do encarecimento e até da disponibilidade de insumos podem ser mais duradouros, o que afetaria ainda mais os já elevados custos de produção.

Fonte: Fonte: Itaú e Bloomberg

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Nova edição de Nutrição & Saúde Animal destaca avanços que moldam o futuro das proteínas animais

Conteúdos exclusivos abordam soluções nutricionais que ampliam índices produtivos e fortalecem a sanidade de aves, suínos, peixes e ruminantes.

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A nova edição do Jornal Nutrição e Saúde Animal, produzida por O Presente Rural, já está disponível na versão digital e reúne uma ampla cobertura técnica sobre os principais desafios e avanços da produção animal no Brasil. A publicação traz análises, pesquisas, tendências e orientações práticas voltadas aos setores de aves, suínos, peixes e ruminantes.

Entre os destaques, o jornal aborda a importância da gestão de micotoxinas na nutrição animal, tema discutido no contexto da melhoria da eficiência dos rebanhos . A edição também traz conteúdos sobre o uso de enzimas e leveduras e o papel dessas tecnologias na otimização de dietas e no desempenho zootécnico .

Outro ponto central são os avanços na qualificação de técnicos e multiplicadores, essenciais para promover o bem-estar animal e disseminar práticas modernas dentro das granjas . O jornal destaca ainda o impacto estratégico dos aminoácidos na nutrição, além de trazer uma análise sobre conversão alimentar, tema fundamental para a competitividade da agroindústria .

Os leitores encontram também reportagens sobre o uso de pré-bióticos, ferramentas de prevenção contra Salmonella, estudos sobre distúrbios de termorregulação em sistemas produtivos e avaliações sobre os efeitos da crescente pressão regulatória e tributária sobre o setor de proteína animal .

A edição traz ainda artigos sobre manejo, probióticos, qualidade de ovos, doenças respiratórias em animais de produção e desafios sanitários relacionados a patógenos avícolas, temas abordados por especialistas e instituições de referência no país .

Com linguagem acessível e foco técnico, o jornal reforça seu papel como fonte de atualização para produtores, gestores, consultores, médicos-veterinários e demais profissionais da cadeia produtiva.

A versão digital já está disponível no site de O Presente Rural, com acesso gratuito para leitura completa, clique aqui.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos

Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

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Foto: Gisele Rosso

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.

A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.

Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA

Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.

Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.

Exportação via estabelecimentos com inspeção federal

Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.

A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.

Avanço regulatório

Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.

Fonte: Assessoria FPA
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STF suspende julgamento da Moratória da Soja e mantém paralisação nacional de processos

Com pedido de vista de Dias Toffoli, segue válida a liminar de Flávio Dino que congelou ações na Justiça e no Cade, enquanto especialistas destacam impacto do caso na segurança jurídica do agro.

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Moratória da Soja é um acordo privado para evitar a compra de soja de áreas de desmatamento na Amazônia - Foto: Divulgação/Ibama

O Supremo Tribunal Federal suspendeu o julgamento que analisava a liminar concedida pelo ministro Flávio Dino que determinou a suspensão nacional de todos os processos que discutem a validade da Moratória da Soja na Justiça e no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Até o momento, há quatro votos para confirmar a paralisação das ações. A análise ocorre no plenário virtual desde a última sexta-feira (14) e estava prevista para terminar na próxima terça-feira (25). O pedido de vista foi do ministro Dias Toffoli, e até que o processo volte à pauta a medida segue válida.

O advogado Frederico Favacho afirma que é positiva a decisão de Flávio Dino, por reconhecer que a Moratória da Soja é legal. “Esse é o ponto mais importante de toda a controvérsia”, entende.

A Moratória da Soja é um acordo voluntário entre tradings que comercializam grãos, no qual se comprometem a não comprar soja de áreas desmatadas na Amazônia após julho de 2008. O STF julga uma ação ajuízada pelo PcdoB, PSOL, PV e Rede. As legendas pedem a suspensão de lei do estado de Mato Grosso que proíbe a concessão de benefícios fiscais para empresa que assinaram o acordo.

Em dezembro do ano passado, Flávio Dino atendeu ao pedido dos partidos e suspendeu a lei de forma liminar. Em abril deste ano, ele reconsiderou a decisão, estabelecendo que a norma passaria a valer a partir de 1º de janeiro de 2026.

Em 05 de novembro, Flavio Dino determinou a suspensão nacional de todos os processos, inclusive os que investigam possível formação de cartel no Cade. Afirmou não considerar adequado, em respeito ao princípio da segurança jurídica, permitir que o debate sobre a Moratória da Soja prossiga nas instâncias ordinárias jurisdicionais ou administrativas, diante da possibilidade de serem proferidas decisões conflitantes e em desacordo com o entendimento a ser fixado pelo STF. “No mesmo voto, Flávio Dino também reconhece o direito de os entes federativos estabelecerem as regras para concessão dos benefícios fiscais, o que, na prática, implicaria em os Estados poderem retirar os benefícios das empresas signatárias, o que continua sendo discutível na esfera infraconstitucional em relação a forma, razoabilidade e outros quesitos”, diz Favacho, complementando: “De toda forma, isso vem num momento importante, quando o mundo todo está de olhos voltados para as boas práticas ambientais do agronegócio brasileiro”.

Fonte: Assessoria do Santos Neto Advogados
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