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Suínos / Peixes

Creep feed para leitões: ferramenta para melhoria da condição digestiva e da performance produtiva

O objetivo principal da adoção do creep feeding para leitões é acelerar a maturação do sistema gastrointestinal dos leitões para adaptá-los às dietas sólidas.

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Foto: Jonathan Campos

Nos últimos anos a suinocultura tem evoluído muito em prolificidade, através do melhoramento genético que tem direcionado os trabalhos para uma maior taxa de nascimento de leitões. Essa evolução é bastante considerável e traz bons ganhos para a suinocultura: por exemplo, a média de leitões nascidos por parto no Brasil em 2021 foi de 13,75, comparado à 12,73 em 2010. Embora esse aumento de prolificidade seja excelente, ele acarreta uma maior variabilidade do peso dos leitões ao nascer, tornando as leitegadas mais desuniformes e com peso de nascimento mais baixo, o que vai impactar negativamente no ganho de peso no decorrer de toda vida produtiva do suíno.

Outro ponto preocupante quando se tem uma alta prolificidade é a competição dos leitões pelo acesso ao leite materno. Ou seja, com o ganho genético obteve-se o aumento da quantidade de leitões, porém a capacidade de produção de leite da fêmea não evoluiu na mesma velocidade. Por esses motivos se faz importante, além de uma nutrição adequada para a matriz, levando em conta todas a demandas de nutrientes, trabalhar também uma suplementação aos leitões. A adoção da técnica de creep feeding é importante para auxiliar nesse aspecto. No decorrer do texto trataremos de alguns aspectos importantes e dos benefícios que esse manejo pode proporcionar.

O objetivo principal da adoção do creep feeding para leitões é acelerar a maturação do sistema gastrointestinal dos leitões para adaptá-los às dietas sólidas. O gráfico 1 demonstra a atividade de enzimas importantes para digestão de alguns compostos.

A idade de desmame usual nos sistemas produtivos brasileiros está entre 21 e 28 dias, e é possível perceber que, nessa idade, os níveis de atividade das enzimas amilase, lipase, protease e maltase ainda não são elevados. Ou seja, o leitão por ser alimentado principalmente através do leite materno, durante a fase em que está na maternidade, não está totalmente adaptado às dietas sólidas. O fornecimento de ração para leitões ainda nessa fase, antes do desmame, pode melhorar a condição da atividade dessas enzimas. Temos um quadro (tabela 1) em que se pode comparar a atividade de tripsina em leitões que tiveram acesso a ração precocemente em relação a atividade da enzima nos leitões que não consumiram ração durante o aleitamento.

Benefícios

Tendo em vista esses resultados podemos considerar que há um efeito muito significativo, acelerando a maturação do processo digestivo quando os leitões são alimentados com ração sólida ainda na maternidade. Os pontos de melhora com creep feeding demonstram que há uma relação positiva do fornecimento de alimento sólido em fases de aleitamento ativando complexo substrato-enzima, além de uma alteração positiva da microbiota, mantendo altura de vilosidade intestinal, o que contribui ativamente para uma melhor saúde intestinal.

Além dos benefícios para a saúde intestinal dos animais há evidências que leitões que recebem e efetivamente consomem ração na maternidade têm melhor aceitabilidade do desmame, diminuindo o tempo do primeiro consumo de ração já na fase de creche, o que é demonstrado pelo gráfico 2. Pesquisadores demonstraram que os leitões que efetivamente consumiram ração no creep acessam mais rapidamente ração após o desmame. Ao passo que os leitões que receberam e não consumiram, assim como os leitões que não receberam, demoraram muitas horas a mais para iniciar o consumo da ração na creche.

Manejo

Baseado nessas informações, leitões que já iniciam consumo de ração na creche em um curto espaço de tempo pós desmame têm maiores chances de ter um bom desempenho no decorrer da sua vida produtiva, levando em conta a conversão alimentar e o ganho de peso.

Para se ter sucesso na utilização de creep feeding é importante que o leitão efetivamente consuma a ração fornecida, o que faz do manejo diário, essencial. Ou seja, alimentar os leitões várias vezes ao dia, disponibilizar comedouros de fácil acesso e fornecer uma ração de alto valor nutricional e atratividade.

A ração fornecida deve ser composta com ingredientes de fácil digestibilidade e de alta qualidade em suas características físicas, químicas e biológicas. Devendo ter uma boa fonte de lactose, proteínas de alta digestibilidade, aditivos nutricionais que auxiliem na qualidade intestinal, prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos, enzimas digestivas exógenas e tenha uma boa palatabilidade.

Sempre é importante mensurar a ingestão de ração dos leitões para evidenciar se realmente está adequada. O ideal é que o leitão consuma no mínimo 300 g de ração no creep feeding a partir da segunda semana de vida até o desmame, isso quando se considera um desmame com 21 dias de idade.

Conclusão

Levando em conta o aumento de prolificidade das matrizes suínas e prováveis restrições futuras de utilização de alguns promotores de crescimento, se torna cada vez mais importante trabalharmos mecanismos que acelerem a maturação e a modulação do trato gastrointestinal dos leitões. Podemos concluir que o fornecimento de creep feeding aos leitões se torna indispensável pensando em um melhor desempenho nas fases subsequentes.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: dirceu.junior@salusgroup.com.br.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: Por Dirceu Vicari Junior Zootecnista, mestre em Ciência e Produção Animal Líder de Suínos na Salus Nutrição Animal

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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