Suínos
Creep feed para leitões: ferramenta para melhoria da condição digestiva e da performance produtiva
O objetivo principal da adoção do creep feeding para leitões é acelerar a maturação do sistema gastrointestinal dos leitões para adaptá-los às dietas sólidas.

Nos últimos anos a suinocultura tem evoluído muito em prolificidade, através do melhoramento genético que tem direcionado os trabalhos para uma maior taxa de nascimento de leitões. Essa evolução é bastante considerável e traz bons ganhos para a suinocultura: por exemplo, a média de leitões nascidos por parto no Brasil em 2021 foi de 13,75, comparado à 12,73 em 2010. Embora esse aumento de prolificidade seja excelente, ele acarreta uma maior variabilidade do peso dos leitões ao nascer, tornando as leitegadas mais desuniformes e com peso de nascimento mais baixo, o que vai impactar negativamente no ganho de peso no decorrer de toda vida produtiva do suíno.
Outro ponto preocupante quando se tem uma alta prolificidade é a competição dos leitões pelo acesso ao leite materno. Ou seja, com o ganho genético obteve-se o aumento da quantidade de leitões, porém a capacidade de produção de leite da fêmea não evoluiu na mesma velocidade. Por esses motivos se faz importante, além de uma nutrição adequada para a matriz, levando em conta todas a demandas de nutrientes, trabalhar também uma suplementação aos leitões. A adoção da técnica de creep feeding é importante para auxiliar nesse aspecto. No decorrer do texto trataremos de alguns aspectos importantes e dos benefícios que esse manejo pode proporcionar.
O objetivo principal da adoção do creep feeding para leitões é acelerar a maturação do sistema gastrointestinal dos leitões para adaptá-los às dietas sólidas. O gráfico 1 demonstra a atividade de enzimas importantes para digestão de alguns compostos.
A idade de desmame usual nos sistemas produtivos brasileiros está entre 21 e 28 dias, e é possível perceber que, nessa idade, os níveis de atividade das enzimas amilase, lipase, protease e maltase ainda não são elevados. Ou seja, o leitão por ser alimentado principalmente através do leite materno, durante a fase em que está na maternidade, não está totalmente adaptado às dietas sólidas. O fornecimento de ração para leitões ainda nessa fase, antes do desmame, pode melhorar a condição da atividade dessas enzimas. Temos um quadro (tabela 1) em que se pode comparar a atividade de tripsina em leitões que tiveram acesso a ração precocemente em relação a atividade da enzima nos leitões que não consumiram ração durante o aleitamento.
Benefícios
Tendo em vista esses resultados podemos considerar que há um efeito muito significativo, acelerando a maturação do processo digestivo quando os leitões são alimentados com ração sólida ainda na maternidade. Os pontos de melhora com creep feeding demonstram que há uma relação positiva do fornecimento de alimento sólido em fases de aleitamento ativando complexo substrato-enzima, além de uma alteração positiva da microbiota, mantendo altura de vilosidade intestinal, o que contribui ativamente para uma melhor saúde intestinal.
Além dos benefícios para a saúde intestinal dos animais há evidências que leitões que recebem e efetivamente consomem ração na maternidade têm melhor aceitabilidade do desmame, diminuindo o tempo do primeiro consumo de ração já na fase de creche, o que é demonstrado pelo gráfico 2. Pesquisadores demonstraram que os leitões que efetivamente consumiram ração no creep acessam mais rapidamente ração após o desmame. Ao passo que os leitões que receberam e não consumiram, assim como os leitões que não receberam, demoraram muitas horas a mais para iniciar o consumo da ração na creche.
Manejo
Baseado nessas informações, leitões que já iniciam consumo de ração na creche em um curto espaço de tempo pós desmame têm maiores chances de ter um bom desempenho no decorrer da sua vida produtiva, levando em conta a conversão alimentar e o ganho de peso.
Para se ter sucesso na utilização de creep feeding é importante que o leitão efetivamente consuma a ração fornecida, o que faz do manejo diário, essencial. Ou seja, alimentar os leitões várias vezes ao dia, disponibilizar comedouros de fácil acesso e fornecer uma ração de alto valor nutricional e atratividade.
A ração fornecida deve ser composta com ingredientes de fácil digestibilidade e de alta qualidade em suas características físicas, químicas e biológicas. Devendo ter uma boa fonte de lactose, proteínas de alta digestibilidade, aditivos nutricionais que auxiliem na qualidade intestinal, prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos, enzimas digestivas exógenas e tenha uma boa palatabilidade.
Sempre é importante mensurar a ingestão de ração dos leitões para evidenciar se realmente está adequada. O ideal é que o leitão consuma no mínimo 300 g de ração no creep feeding a partir da segunda semana de vida até o desmame, isso quando se considera um desmame com 21 dias de idade.
Conclusão
Levando em conta o aumento de prolificidade das matrizes suínas e prováveis restrições futuras de utilização de alguns promotores de crescimento, se torna cada vez mais importante trabalharmos mecanismos que acelerem a maturação e a modulação do trato gastrointestinal dos leitões. Podemos concluir que o fornecimento de creep feeding aos leitões se torna indispensável pensando em um melhor desempenho nas fases subsequentes.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: dirceu.junior@salusgroup.com.br.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.






