Notícias Milho
Cotações em Chicago fecharam 1ª semana de novembro em patamares superiores aos observados no início de outubro
É importante ter no radar que um cenário de normalidade climática para a safra da América do Sul poderá levar a uma grande oferta de Brasil e Argentina e diminuir a competitividade do milho norte-americano no mercado global.

Mesmo apresentando bastante volatilidade e um ambiente de avanço da colheita nos Estados Unidos, as cotações do milho em Chicago fecharam a 1ª semana de novembro em patamares superiores aos observados no início de outubro. O contrato com vencimento em dezembro, por exemplo, subiu 2,4% no período, negociado na 3ª feira (9/11) a USD 5,55/bu. Para Setembro/22, contrato que reflete parte da safrinha no Brasil, a elevação foi de 2%, com o milho cotado a USD 5,47/bu.
Segundo boletim desenvolvido e publicado pelo Itaú Unibanco S.A., essas altas foram influenciadas pelo aumento dos preços do petróleo (WTI subiu 9% desde o começo de outubro), o que acabou impulsionando a demanda por etanol. De fato, a produção média diária do biocombustível em outubro foi uma das maiores já observadas na história. Na semana findada em 22/10 a média diária de barris produzidos alcançou 1,1 milhão de barris.
O boletim aponta ainda que, adicionalmente, as exportações norte americanas também voltaram a ganhar força após os impactos do furacão Ida. No acumulado do ano até o fim de outubro os Estados Unidos exportaram 5,9 milhões de toneladas do grão. A expectativa do USDA é que o país envie ao exterior 63 milhões de toneladas na safra 2021/22.
Já no Brasil, segundo o boletim, a redução das exportações aliada ao bom avanço da semeadura e desenvolvimento da safra de verão acabaram pressionando as cotações no mercado doméstico. Além disso, a perspectiva de uma safra de soja recorde tem levado ao aumento da disponibilidade de milho ao mercado por parte dos produtores que ainda possuem estoques. As exportações brasileiras em outubro somaram apenas 1,8 milhão de toneladas, volume 3 vezes inferior ao observado no passado.
Perspectivas
Outro fator apontado no boletim e que deve influenciar no mercado é que olhando para os próximos meses, a boa demanda por etanol na esteira dos altos preços do complexo de energia poderá levar à uma revisão dos estoques para baixo no país e contribuir para sustentar o valor do grão no mercado internacional. Além disso, embora a chegada da safra americana ao mercado deva influenciar negativamente as cotações, a possibilidade de uma redução da área plantada com milho nos Estados Unidos na próxima safra – diante da perda da atratividade da cultura em relação à soja – também poderá influenciar positivamente os preços.
Entretanto, é importante ter no radar que um cenário de normalidade climática para a safra da América do Sul poderá levar a uma grande oferta de Brasil e Argentina e diminuir a competitividade do milho norte-americano no mercado global. Adicionalmente, existem preocupações com os possíveis impactos das baixas margens de suínos na China sobre a necessidade de importação do grão em um cenário de boa safra de grão no país.
O boletim aponta ainda que, na Argentina, embora a La Niña sempre seja uma ameaça, o aumento da área plantada com a cultura sugere que podemos ter uma safra bem superior ao observado no ano passado, somando 55 milhões de toneladas.
Já no Brasil, as condições favoráveis para a implementação da safra de verão devem fazer com que a janela de plantio para o milho safrinha seja muito perto do ideal, o que corrobora com o cenário de uma produção próxima dos 90 milhões de toneladas. Soma-se isso a expectativa de um volume produzido de 29 milhões de toneladas na 1ª safra.
De acordo com o boletin, a perspectiva de preços um pouco mais baixos na CBOT atrelados à redução das exportações devem limitar as cotações no curto prazo. No entanto, a medida que avançarmos para o fim do ano e a disponibilidade de milho reduzir, o espaço para os preços caírem deverá diminuir.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



