Conectado com
VOZ DO COOP

Suínos / Peixes Crescimento na piscicultura

Copacol mudou o hábito alimentar do brasileiro ao incluir peixe em sua dieta

O pioneirismo da Copacol em atuar na piscicultura de forma integrada permitiu que muitos produtores passassem a acreditar e a produzir o peixe.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Comunicação Copacol

Através de um estudo sobre a viabilidade e a importância da piscicultura no Oeste do Paraná, foi implementada há 16 anos uma das atividades mais promissoras da Cooperativa Agroindustrial Consolata (Copacol), que hoje se posiciona como a maior cooperativa produtora de tilápia do Brasil. São 17 mil toneladas por ano, mas as ambições para 2024 são ainda maiores: chagar a 21 mil toneladas.

Desde sua fundação, a Copacol tem registrado um crescimento consistente, fundamentado em pilares de inovação e sustentabilidade. Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, o presidente Valter Pitol revela as estratégias por trás dessa trajetória de sucesso, os desafios superados ao longo dos anos e as perspectivas para a tilapicultura paranaense e brasileira.

Pioneira no sistema integrado de piscicultura no Brasil, a atividade se tornou uma alternativa de renda e diversificação da propriedade rural para 286 cooperados da Copacol. “Prestes a completar 16 anos, a atividade se tornou o sustento de muitas famílias, além de uma opção para a diversificação na propriedade, com a agricultura, avicultura, suinocultura e a bovinocultura de leite” menciona Pitol.

Com o maior volume de abate de tilápia da América do Sul, a cooperativa processa 190 mil tilápias ao dia nas unidades industriais de Nova Aurora e Toledo. Em 2023, foram abatidos 55,3 milhões de peixes, totalizando 16,9 mil toneladas do produto.

Para atender a essa demanda, a Copacol conta com duas Unidades de Produção de Alevinos (UPA), uma instalada em Nova Aurora e outra em Quarto Centenário, que produziram juntas 56,2 milhões de alevinos no ano passado. “O pioneirismo da Copacol em atuar na piscicultura de forma integrada permitiu que muitos produtores passassem a acreditar e a produzir o peixe” conta Pitol.

O início de tudo

Com forte atuação em grãos e na avicultura, o presidente da Copacol menciona que a ideia de atuar também na piscicultura veio a partir de um trabalho de conclusão de uma pós-graduação ofertada pela cooperativa para colaboradores, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas. “Um dos grupos estudou a viabilidade e importância da atividade para diversas famílias da região. O trabalho foi apresentado em 2006 e dois anos depois, em junho de 2008, a Unidade Industrial de Peixes de Nova Aurora foi inaugurada” relembra Pitol, enfatizando que o investimento, na época, foi de R$ 15 milhões em uma área de 2,3 mil metros quadrados, gerando mais de 100 empregos. “A capacidade de abate era de 10 toneladas de tilápia por dia. Hoje, nesta estrutura são abatidas em média 150 mil tilápias/dia, com mais de 1,2 mil colaboradores”, diz orgulhoso da trajetória da cooperativa na atividade.

Inovações tecnológicas e sustentabilidade

No Oeste do Paraná, polo da produção de tilápias no Brasil, a Copacol iniciou em 2023 a operação da UPA de Quarto Centenário com um sistema inovador, inspirado em uma tecnologia israelense, no Oriente Médio, região em que a água doce é extremamente escassa. A estrutura foca no reaproveitamento máximo da água usada nos processos, por meio de um tratamento altamente eficiente com filtros, meios de sedimentação e clarificação, voltando aos tanques produtivos.

Presidente da Copacol, Valter Pitol: “O modelo de integração garante a eficiência e a qualidade de produção”

A obra com 22 mil metros quadrados preza pela biosseguridade aliada à economia de água e energia. Foram R$ 60 milhões destinados ao projeto. Os ciclos ocorrem dentro de estufas, com total controle produtivo, em uma área menor quando comparada aos projetos tradicionais. Além disso, as barreiras são mantidas com rigor de visitantes – e até mesmo dos colaboradores -, tanto na entrada, quanto na saída.

Com um consumo médio de água de apenas 83 metros cúbicos, equivalente a 10% do volume utilizado em sistemas tradicionais, a instalação se destaca como referência em eficiência hídrica. “A água é reutilizada após passar por filtros, meios de sedimentação e clarificação, voltando aos tanques produtivos” explica Pitol.

Com a operação de duas UPAs, a Copacol se tornou autossuficiente no fornecimento de alevinos aos produtores, com controle de 100% do banco genético e capacidade anual de 100 milhões de unidades produzidas.

Outro fator importante é a utilização de poços artesianos para abastecer os tanques elevados, o que reduz de forma significativa os riscos de contaminação. O sistema de aeração por ar difuso e aerotube proporciona baixo consumo de energia na aeração da água, benefício também oferecido pelo sistema Airlift, que recircula 100% da água dos tanques. Considerada uma das mais modernas do mundo, a estrutura é totalmente automatizada, permitindo o controle em tempo real de parâmetros como oxigenação e temperatura.

Suporte técnico e desenvolvimento dos cooperados

Engenheiro de Pesca e gerente de Integração Peixes Copacol, Nestor Braun: “Precisamos produzir tilápia que atendam a um conjunto de requisitos e que façam brilhar os olhos dos clientes”

Com uma equipe técnica qualificada, com engenheiros de pesca e extensionistas, a cooperativa oferece todo o suporte técnico necessário para os cooperados. O sistema de integração desenvolvido pela cooperativa em suas atividades garante que o cooperado receba o alevino, ração e a assistência necessária para a produção. Constantemente os cooperados participam de treinamentos e capacitações para se desenvolverem na atividade, como a Tecnotilápia, evento destinado aos piscicultores durante o Copacol Agro, maior evento da família cooperada; e o Conecta Peixe, projeto desenvolvido com os filhos e netos de cooperados para conhecerem melhor as atividades e novidades da piscicultura, além de visitas técnicas a espaços da cooperativa para conhecerem o processo produtivo completo.

Foco na tilápia e diversificação de produtos

No sistema de integração, em que o cooperado recebe o alevino, ração e toda assistência técnica, desde o recebimento do alevino, passando pela despesca até a comercialização, a tilápia é a única espécie cultivada pelos 286 cooperados integrados à Copacol. “O modelo de integração garante a eficiência e a qualidade de produção. No entanto, a cooperativa também oferece um catálogo diversificado de produtos de revenda sob a sua marca, com alimentos de procedência e certificações de qualidade. Entre as espécies disponíveis estão bacalhau, camarão, merluza, cação, sardinha e salmão. Esses produtos são oferecidos em diversas gramaturas e embalagens, que atendem tanto refeições quanto porções para até quatro pessoas, adaptando-se às demandas do mercado”, salienta Pitol.

Marca preferida dos consumidores

Em uma pesquisa realizada em parceria com a Nestlé, a Copacol foi eleita a marca preferida de pescados congelados pelos consumidores brasileiros. Com uma ampla variedade de produtos, a cooperativa possui três linhas diferentes em peixes: Tilápia, Mar e Rio.

Além disso, para incentivar o consumo de pescados, a Copacol tem o portal DiadePeixe.com.br que conta com dicas e receitas que simplificam a rotina na cozinha. Cozinhar se torna uma atividade mais divertida e prazerosa e não apenas uma obrigação. Lá o consumidor encontra receitas completas, combinações com bebidas e dicas de como fazer receitas, além de dicas, por exemplo, como eliminar o cheiro de peixe da cozinha e qual o tempero ideal.

Atualmente, a cooperativa exporta para sete países. Entre os produtos exportados estão o filé refrigerado, além de pele e escamas.

Oeste do Paraná: berço da tilapicultura no Brasil

Fatores como clima favorável, água em abundância, incentivos governamentais e o forte sistema cooperativista abriram caminho para o Paraná se tornar o berço da tilapicultura no Brasil. Antes da atuação das cooperativas, a produção de peixes em tanques era realizada sem planejamento adequado, muitas vezes se limitando a pesca-pagues, em que os produtores não tinham garantia de venda e enfrentavam problemas com excedentes. Conforme explica Pitol, essa atividade se tornou inviável sem um suporte completo, que envolve desde a produção até a comercialização.

Através de um estudo aprofundado, a Copacol estabeleceu metas de implementação de uma piscicultura de forma estruturada, organizada e sustentável na região Oeste paranaense. “Investimos em toda a cadeia produtiva, que envolve genética, desenvolvimento de rações, infraestrutura industrial, assistência técnica a campo e estratégias de comercialização. Esse investimento consolidou a Copacol como uma das maiores produtoras comerciais de tilápias do Brasil” ressalta.

A abundância de recursos hídricos é um dos grandes diferenciais da região, tendo muitas propriedades rurais margeadas por ​rios de água limpa, fundamentais para a produção de peixes de alta qualidade. “Esse foi um fator determinante, pois com água boa se produz peixe bom”, frisa Pitol, salientando que a cooperativa atua de forma intensiva na preservação dos rios antes mesmo da implantação da piscicultura. “Possuímos um trabalho intenso na preservação de nossos rios, um trabalho iniciado muito antes da implantação da piscicultura na nossa cooperativa, o que garantiu essa abundância de água nas propriedades, com matas ciliares e reservas legais adequadas”.

Pitol menciona que propriedades rurais que antes tinham áreas subutilizadas, como várzeas sem valor econômico significativo, foram transformadas em fontes de renda. “Com a escavação adequada e a criação de tanques, pequenos produtores rurais alcançaram uma nova atividade lucrativa. Essa atuação valorizou de maneira significativa as áreas rurais da região”, afirma.

No entanto, a mudança mais significativa ocorreu no campo, com os produtores alcançando uma nova fonte de renda e melhores condições de vida. “A cooperativa trouxe oportunidades para famílias que agora enxergam futuro na propriedade: os filhos estão cursando ou concluindo graduações em áreas como Agronomia e Medicina Veterinária, alinhando suas carreiras com o propósito de permanecer e prosperar no campo”, assegura Pitol.

Avanços na criação sustentável de tilápias

Com foco em práticas que unem eficiência e sustentabilidade ambiental, a Copacol tem alavancado sua produção de tilápias, consolidando sua posição no mercado. De acordo com o engenheiro de Pesca e gerente de Integração Peixes Copacol, Nestor Braun, a criação de peixes deve ser estruturada de acordo com os órgãos regularizadores do meio ambiente. “Os peixes são rigorosamente avaliados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e precisam atender a todos os padrões de qualidade exigidos para o consumo”, evidencia, enaltecendo: “O sucesso do nosso negócio depende da escolha estratégica de locais onde o projeto será desenvolvido. A qualidade da infraestrutura é primordial e diversos fatores devem ser considerados e analisados antes de sua implantação, como relevo, acesso, disponibilidade hídrica e energia elétrica”.

Braun também destaca que fatores biológicos como a qualidade da água e do ambiente desempenham um papel primordial na obtenção de um arraçoamento ideal e, consequentemente, de um desempenho superior na produção de tilápias de alta qualidade. “Precisamos produzir tilápia que atendam a esse conjunto de requisitos e que façam brilhar os olhos dos clientes” reforça.

A tecnologia tem sido uma aliada fundamental na transformação do setor de aquicultura, impulsionando práticas mais sustentáveis ​​e eficientes. “A tecnologia, engloba conhecimento científico, e consciência social e ambiental, que convergem para melhorar o produto, de maneira que não cause impactos à natureza” afirma Braun, acrescentando: “A necessidade de preservação dos recursos naturais, aliada à otimização do uso do solo e da água na produção, tem resultado na implantação de sistemas mais sustentáveis de cultivo”.

Inovações como o uso de fontes de energia renováveis ​​e tecnologias avançadas de rastreabilidade do produto não só aumentam a confiança dos consumidores, mas também são positivas para um processo produtivo mais responsável e transparente. Braun destaca que essas mudanças não são apenas demandas do mercado consumidor, mas também uma evolução necessária na indústria alimentícia, que busca alternativas modernas e elevadas para atender às expectativas cada vez mais exigentes dos consumidores conscientes.

Crescimento e expansão no mercado de piscicultura

Em 2023, a Copacol produziu quase 17 mil toneladas de carne de peixe e para 2024 a meta é ainda mais ambiciosa: atingir a marca de 21 mil toneladas. Conforme o presidente da Copacol, o processo de produção é contínuo e ajustado de acordo com a demanda do mercado, acompanhando o crescimento do consumo. “Avançamos muito no setor: quando a Copacol iniciou a produção de tilápias, as gôndolas ofereciam pouco espaço para peixes congelados. Hoje, muito além da geração de renda para famílias produtoras e colaboradores, a cooperativa se orgulha em saber que também contribuiu de maneira significativa para uma mudança no hábito alimentar dos brasileiros, com uma proteína saudável. Esse pioneirismo abriu portas para o setor como um todo, conquistando paladares com uma enorme variedade de produtos” enfatiza Pitol.

A produção da Copacol não se limita ao mercado interno. Atualmente, uma parte expressiva é destinada à exportação, atendendo a mercados internacionais como dos Estados Unidos, China, Japão, Curaçao nas Antilhas Neerlandesas, Aruba, Taiwan e Coreia do Sul.

Desafios atuais e futuros

Apesar do crescimento, a Copacol enfrenta desafios como restrições e custos de capital, governança e regulamentação, desenvolvimento de novas tecnologias, volatilidade do mercado, mudanças climáticas, além de práticas de manejo não guiadas e não monitoradas.

Com um olhar para o futuro, a Copacol aposta no progresso tecnológico contínuo para manter seu crescimento e consolidar sua posição de liderança no mercado de piscicultura e avicultura no Brasil e no exterior. “Como a Copacol tem uma grande proporção de pequenas propriedades familiares, promover a inovação que leva a um maior crescimento da produção é essencial para garantir um manejo produtivo e sustentável. A longo prazo, o crescimento da produtividade na aquicultura como um todo requer progresso tecnológico contínuo” enfatiza Pitol.

Atuação da Copacol

Com atividades de agricultura e integração, a Copacol atua em municípios do Oeste e do Sudoeste do Paraná, com indústrias para processamento de aves e peixes, matrizeiros, incubatórios, laboratórios, indústria de processamento de soja, unidades para produção de alevinos e suínos, graneleiros, fábricas de rações, centros de distribuição e estações de tratamentos de resíduos. Com mais de seis décadas de atuação, a cooperativa possui Unidades de Vendas em Bebedouro (São Paulo), Cafelândia (Paraná), Campo Grande (Mato Grosso do Sul), Brasília (Distrito Federal), Curitiba (Paraná), São Paulo (São Paulo), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) e Dubai (Emirados Árabes Unidos).

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor cooperativista, acesse a versão digital de especial cooperativismo, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Apesar dos custos de produção em queda, desafios persistem na suinocultura

Na gestão de uma granja de suínos, o controle de custos desempenha um papel extremamente importante. A médica-veterinária Nicolle Andreassa Wilsek reforça que a gestão financeira e de dados é
essencial para tomar decisões assertivas, gerenciar recursos e garantir uma maior lucratividade para o produtor.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A suinocultura, um dos pilares da agroindústria nacional, enfrenta desafios constantes, entre os quais o custo de produção se destaca como um dos mais significativos. O setor, altamente dependente de fatores como preços de insumos, produtividade e condições de mercado, é fortemente influenciado pelas variações desses elementos. Nesse contexto, o custo de produção afeta a rentabilidade dos produtores e a competitividade do setor no mercado global.

Médica-veterinária e técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Nicolle Andreassa Wilsek: “Os desafios relacionados ao custo de produção na suinocultura residem na manutenção do equilíbrio entre os gastos e as receitas” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

O último ano encerrou com os custos de produção na atividade atingindo a marca de R$ 6,20 por quilo vivo, queda de 23,16% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves.

Santa Catarina, líder nacional na produção de suínos e referência para os cálculos do CIAS, registrou em março uma queda de 1,42% em relação a fevereiro, com o custo de produção por quilo de suíno vivo chegando a R$ 5,61 em sistema de ciclo completo. No acumulado do ano, houve uma redução de -9,52%, fazendo com que o ICPSuíno atingisse 321,12 pontos. Essa diminuição foi impulsionada pelo custo da alimentação dos suínos, que caiu para R$ 4,09, representando 73,33% do custo total.

Composição dos custos de produção

A médica-veterinária e técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Nicolle Andreassa Wilsek, explica que os custos de produção na suinocultura são compostos por quatro categorias principais: os custos variáveis, que flutuam de acordo com o nível de produção, englobam despesas diretas do produtor e têm o maior impacto nos custos, incluindo genética, produtos veterinários, mão-de-obra, alimentação, transporte, energia e combustíveis, manutenção e conservação, EPIs, seguros, equipamentos, despesas financeiras, administrativas e ambientais; os custos fixos, por outro lado, ocorrem independentemente da produção e incluem depreciação de máquinas, equipamentos e edificações, além de pagamentos de capital investido na atividade; já os custos operacionais são a soma dos custos variáveis e depreciação; enquanto o custo total é a soma dos custos variáveis e fixos, excluindo o custo operacional.

Impacto direto

O preço dos insumos tem um impacto direto no custo de produção, especialmente porque a alimentação representa uma parcela significativa dos custos no setor, variando de 60 a 70%. “O aumento dos preços do milho e da soja tem um impacto imediato no aumento do custo de produção. Esse efeito também se estende a outros tipos de insumos, como energia elétrica, produtos veterinários, EPIs, entre outros”, expõe Nicolle, que tratou sobre o tema no início de abril durante o Inovameat Toledo, que se destaca como um dos principais encontros dedicados à proteína animal no Paraná.

Gestão financeira

Na gestão de uma granja de suínos, o controle de custos desempenha um papel extremamente importante. A médica-veterinária reforça que a gestão financeira e de dados é essencial para tomar decisões assertivas, gerenciar recursos e garantir uma maior lucratividade para o produtor. “É muito importante para obter um retorno maior, para atenuar os gastos desnecessários e para conservar o patrimônio, preconizando a eficiência econômica e financeira da granja”, enfatizou.

Quanto às estratégias para diminuir os custos de produção na suinocultura, a profissional destaca a importância de identificar os gargalos dentro da granja, isso inclui evitar desperdícios, como de ração, vazamentos de água e a presença de fêmeas improdutivas, entre vários outros fatores que devem estar no radar do produtor.

E da porteira para fora da granja, Nicolle cita a necessidade de pensar na organização industrial, que envolve adequação do peso de abate, adequação de formulações nutricionais e logística de transportes.  “Os desafios relacionados ao custo de produção na suinocultura residem na manutenção do equilíbrio entre os gastos e as receitas, o que é alcançado por meio de bons índices zootécnicos, práticas eficientes de gestão e considerações ambientais equilibradas”, evidencia.

A profissional menciona que a suinocultura se beneficia de diversas tecnologias que podem contribuir para diminuir os custos da atividade. “Nas granjas a automação ajuda a reduzir a necessidade de mão de obra, enquanto o uso de energias renováveis, como solar e biodigestor, auxilia na diminuição dos custos com energia elétrica e combustíveis”, relata, acrescentando: “E a escala de produção influência de forma direta os custos na suinocultura, por isso que quanto mais animais produzindo, mais eficiência terá a propriedade e, consequentemente, maior rentabilidade. Além de otimizar logística de transporte, alimentação e demais suprimentos”, aponta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos / Peixes No Paraná

Vizinhos compartilham biodigestor para produzir energia limpa da suinocultura

Para viabilizar um sistema de produção de energia limpa, dois produtores de Itaipulândia, no Oeste, decidiram compartilhar um biodigestor e um gerador. Com isso, ambos conseguem baratear contas de luz e ainda manejar os resíduos da produção de maneira ambientalmente responsável.

Publicado em

em

A cerca que divide as propriedades de José Valdir Genaro e Ari Facioni, em Itaipulândia, no Oeste do Paraná, é uma mera formalidade quando o assunto é sustentabilidade na suinocultura. Para viabilizar um sistema de produção de energia limpa, os produtores decidiram compartilhar um biodigestor e um gerador. Com isso, os dois conseguem baratear suas contas de luz e ainda manejar os resíduos da produção de maneira ambientalmente responsável.

Usina de BioGás – produção de energia gerada a partir, neste caso, dos dejetos de suínos -, em Itaipulândia, região Oeste do Paraná.- Fotos: Roberto Dziura Jr./AEN

O compartilhamento do sistema também permite que o investimento feito pelos produtores se pague mais rápido, com uma produção diária de energia ainda maior. O modelo também serve de exemplo para pequenos produtores, que individualmente não teriam fôlego financeiro ou volume de dejetos para manter um sistema sozinho.

A história dos produtores é tema da série de reportagens “Paraná, energia verde que renova o campo”, que mostra exemplos de adesão ao programa RenovaPR e ao Banco do Agricultor Paranaense para implantar sistemas de energias sustentáveis em suas propriedades.

“Para o meu vizinho montar o gerador, a quantidade de suínos que ele tinha não seria suficiente para a finalidade que ele tinha imaginado, então ele me convidou para fazer uma parceria, cedendo o esterco dos meus animais para aumentar a capacidade de geração de energia”, explica Ari Facioni.

Com a soma dos dejetos dos 3 mil suínos da propriedade de Genaro e de 1,8 mil da propriedade de Facioni, o gerador instalado por eles produz cerca de 75 kilowatts por hora, funcionando mais de 12 horas por dia. O volume é suficiente para dar independência energética para as duas propriedades de maneira limpa e renovável. “É algo que dá conforto para nós. É uma despesa a menos que nós temos, com perspectiva, inclusive, de render uma renda extra com a venda da energia excedente para a rede”, conta Genaro.

Sistema

A geração de energia a partir dos dejetos e resíduos orgânicos acontece em duas etapas. Na primeira, os restos de ração, fezes, urina e carcaças são depositados em um poço cavado no chão e coberto por uma lona especial, chamado de biodigestor, onde passar por reações químicas que produzem o biogás. Depois, os gases passam por um gerador que os transforma em energia.

Além da energia, o sistema garante o manejo adequado dos dejetos dos animais, um dos maiores passivos da suinocultura atualmente. Com os biodigestores, todos os resíduos têm uma destinação ambientalmente correta, dentro da propriedade. “Dar destino para os dejetos e as carcaças era um serviço complicado, quase insalubre, com muita mosca e mau cheiro. Hoje o material é depositado no biodigestor e o manejo é muito mais limpo e fácil”, explica Genaro.

Os processos químicos do sistema também produzem um composto que pode ser devolvido à lavoura ou ao pasto da propriedade como um fertilizante rico em nutrientes. “Os resíduos voltam como um adubo tratado, de boa qualidade, que não queima a terra”, afirma o produtor Ari Facioni.

Sem este processo, o depósito destes dejetos é altamente prejudicial ao meio ambiente. Por causa disso, muitos suinocultores só conseguem aumentar suas produções ao construírem biodigestores nas suas propriedades. “Muitos agricultores não produzem mais porque isso significa dar destinação a mais dejetos. Sem este processo, os dejetos produzem muitos agentes contaminantes. Por outro lado, quando ele passa pelo biodigestor, ele se transforma em um fertilizante natural que deixa de ser agressivo ao meio ambiente”, explica o diretor ambiental da Prefeitura de Itaipulândia, Altair Ruschel.

Apoio

O investimento feito para a instalação de todo o sistema, que também conta com um triturador de carcaças, foi de cerca de R$ 800 mil e contou com o incentivo do Programa Paraná Energia Renovável (RenovaPR), do Governo do Estado.

O empréstimo para a construção do sistema foi feito a juro zero, por meio do Banco do Agricultor Paranaense, como forma de estimular a transformação energética no campo. O programa é uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, e conta com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), administrado pela Fomento Paraná.

Ao todo, a subvenção de juros por meio do Governo do Estado para projetos deste tipo já passou de R$ 231 milhões desde 2021. Com este estímulo, já foram investidos mais de R$ 4,2 bilhões em 34 mil projetos de energia renovável em todo o Estado.

Em Itaipulândia, um programa da prefeitura da cidade em parceria com a Itaipu Binacional também oferece subsídio para a instalação dos biodigestores e fornece os geradores em consignação aos suinocultores. “Era uma vontade antiga instalar um sistema destes para gerar energia e dar a destinação para os resíduos da produção. Só assim a gente vai conseguir aumentar a nossa produção. Graças ao subsídio do RenovaPR a gente conseguiu concluir um projeto como este”, diz José Valdir Genaro.

Economia

A produção de suínos para corte é a quinta cultura agropecuária com maior Valor Bruto da Produção (VBP) do Paraná, com R$ 8,45 bilhões movimentados em 2023, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral). Este valor representa 4,27% de toda a economia do campo paranaense.

A região Oeste do Paraná, onde fica Itaipulândia, concentra a maior parte desta produção. A cidade é a sétima maior produtora de suínos do Estado, com R$ 246 milhões em VBP a partir da suinocultura. Toledo (R$ 1,25 bilhão), Santa Helena (R$ 560 milhões), Missal (R$ 482 milhões) e Marechal Cândido Rondon (R$ 450 milhões) são as maiores produtoras do Paraná.

Na comparação com outros estados, o Paraná é o segundo maior produtor do Brasil, com 3,1 milhões de suínos abatidos no primeiro trimestre de 2024, segundo dados da Pesquisa Trimestral de Abate de Animais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Santa Catarina lidera a produção nacional, com 4,1 milhões de animais abatidos. Rio Grande do Sul (2,3 milhões) e Minas Gerais (1,4 milhão) e São Paulo (735 mil) completam a lista de cinco maiores produtores do Brasil.

Série de reportagens

A série de reportagens “Paraná, energia verde que renova o campo” está mostrando exemplos de produtores rurais de todo o Estado que aderiram ao programa RenovaPR para implantar sistemas de energias sustentáveis em suas propriedades. Criado em 2021, o RenovaPR apoia a instalação de unidades de geração distribuída em propriedades rurais paranaenses e, junto ao Banco do Agricultor Paranaense, permite que o produtor invista nesses sistemas com juros reduzidos. Todas as reportagens da série podem ser conferidas aqui.

Confira o vídeo

Fonte: AEN-PR
Continue Lendo

Suínos / Peixes

Codigestão de dejetos e plantas: a nova era na produção de biogás

A expansão da produção de biogás por meio da codigestão de dejetos e culturas energéticas em áreas rurais não apenas promove avanços ambientais, mas também traz impactos sociais e econômicos significativos.

Publicado em

em

Foto: Geraldo Bubniak

Em busca de explorar o potencial de culturas energéticas como o sorgo e o capim elefante combinados com resíduos da produção animal para a produção de biogás, pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Embrapa Milho e Sorgo e da Embrapa Gado de Leite apresentaram os primeiros resultados do estudo realizado na Bioköhler Biodigestores durante o Dia de Campo sobre codigestão de culturas energéticas e resíduos da produção animal para produção de biogás, que integrou a programação do Inovameat Toledo, um dos principais eventos dedicados à proteína animal no Paraná, realizado em meados de abril na região Oeste do estado.

Doutor em Química Ambiental e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kunz: “Todos os envolvidos na cadeia compreendem a importância desse movimento e estão comprometidos com seu sucesso, visando um futuro mais sustentável para todos” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Liderada pelo doutor em Química Ambiental e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kunz, a iniciativa visa avaliar a viabilidade de culturas energéticas na produção sustentável de biogás para validar essa nova abordagem. “A codigestão de resíduos da produção animal com as culturas energéticas representa uma alternativa promissora para melhorar a eficiência da produção de biogás. Essa nova abordagem envolve a mistura de vários resíduos para otimizar a produção de biogás. Ao combinar dejetos suínos, aves ou de bovinos, por exemplo, com culturas energéticas como o sorgo e o capim elefante, podemos alcançar resultados significativos em termos de produção sustentável de energia”, explicou Kunz.

Em comparação com outras formas de produção de biogás, o pesquisador ressalta os benefícios ambientais associados à codigestão de dejetos e culturas energéticas, destacando sua capacidade de conferir maior estabilidade aos processos de geração de biogás. “Isso é fundamental para a implementação bem-sucedida de novos arranjos de produção e utilização do biogás”, afirma.

Desafios técnicos e operacionais

Em relação aos desafios técnicos e operacionais associados ao uso de culturas energéticas na codigestão com dejetos, Kunz destaca a importância de compreender os arranjos produtivos específicos dessas culturas. Ele ressalta a necessidade de considerar as peculiaridades de cada cultura, incluindo seus ciclos de cultivo e colheita, assim como os processos de silagem, para garantir um suprimento consistente desse substrato para a geração de biogás.

Com o uso das culturas energéticas, o pesquisador diz que se busca não apenas melhorar a estabilidade da composição do biogás, mas também dos volumes produzidos em comparação aos processos de monodigestão, que se restringem apenas aos dejetos. “Essa abordagem objetiva aprimorar tanto a qualidade quanto a consistência do biogás gerado. Ao introduzir culturas energéticas na codigestão, espera-se minimizar as variações na composição do biogás e otimizar os volumes produzidos, proporcionando uma fonte de energia mais confiável e previsível”, expõe Kunz.

Impactos sociais e econômicos

A expansão da produção de biogás por meio da codigestão de dejetos e culturas energéticas em áreas rurais não apenas promove avanços ambientais, mas também traz impactos sociais e econômicos significativos. De acordo com Kunz, esse processo impulsiona o desenvolvimento e a criação de empregos, especialmente nas regiões onde as cadeias de produção de proteína animal, como no Sul do Brasil, estão consolidadas, com modelos de integração bem estabelecidos que geram oportunidades de trabalho. “A integração de culturas energéticas e outros resíduos nesse contexto não só diversifica as atividades econômicas, mas também contribui para a geração e agregação de renda”, salienta, frisando: “Essa abordagem não apenas fortalece os elos existentes na cadeia produtiva, mas também abre novas perspectivas para a comunidade rural, promovendo um desenvolvimento mais sustentável e equilibrado”.

Abordagem em evidência

Foto: Monalisa Pereira/Embrapa Suínos e Aves

A adoção da codigestão de dejetos e culturas energéticas para a produção de biogás está ganhando destaque em diversas partes do mundo, com a Europa liderando o caminho. Países como a Alemanha se sobressai, contando com aproximadamente 10 mil plantas de geração de biogás, muitas das quais fundamentadas no uso de culturas energéticas como substrato.

No entanto, o Brasil se diferencia ao adotar uma abordagem adaptada às suas condições tropicais. Aqui, explica o pesquisador, cultivares específicas são desenvolvidas com genética local, dedicadas à geração de biogás. “Esse foco em cultivares adaptadas garante uma eficiência ainda maior no processo de codigestão”, evidencia.

Os pesquisadores brasileiros estão empenhados no desenvolvimento de tecnologias que garantam a eficiência operacional da codigestão, dimensionando cuidadosamente os parâmetros técnicos envolvidos. Isso inclui a determinação precisa da produção de biogás por hectare, a relação ideal entre os materiais dentro dos biodigestores e a quantidade de biogás produzida. “Essa abordagem orientada para a eficiência técnica não apenas impulsiona a inovação no campo da produção de biogás, mas também facilita a adoção dessas tecnologias pelo setor produtivo. A equipe da Embrapa trabalha focada no aprimoramento contínuo desse processo, para posicionar o Brasil como um líder na produção sustentável de biogás, contribuindo desta forma para um futuro energético mais limpo e resiliente”, salienta Kunz.

Na vanguarda

O pesquisador ressalta que a equipe da Embrapa está empenhada em estabelecer arranjos completos para a codigestão de dejetos com culturas energéticas, considerando todos os parâmetros técnicos e as nuances de toda a cadeia produtiva. “Entendemos que este é um processo dinâmico, com espaço para inovação contínua. Uma das áreas-chave de foco da pesquisa é o desenvolvimento de processos de tratamento para aumentar a capacidade de geração de biogás a partir dessas culturas energéticas”, expõe.

Além disso, a Embrapa está conduzindo trabalhos de melhoramento genético de cultivares especificamente voltadas para a produção de biogás. “Este investimento em pesquisa visa otimizar ainda mais o desempenho dessas culturas em termos de produção de biogás”, constata Kunz.

O doutor em Química Ambiental reforça que uma das razões fundamentais para adotar a codigestão de culturas energéticas junto aos dejetos é a complementaridade entre esses materiais. “Enquanto os dejetos líquidos, como dos suínos, têm uma alta concentração de água, em torno de 98%, as culturas energéticas possuem uma porcentagem entre 20 a 27% de matéria seca. Ao combinar esses dois materiais, aumentamos a concentração de sólidos no biodigestor, resultando em processos mais otimizados e maior rendimento na produção de biogás”, sustenta, acrescentando: “Essa abordagem é fundamental para garantir um fornecimento estável de substrato, permitindo o estabelecimento de arranjos para diversos fins, desde a geração de energia elétrica até a produção de biometano, que nada mais é que o biogás purificado, e que está ganhando destaque como uma solução de mobilidade sustentável”.

Para o setor agropecuário, a sustentabilidade dessa operação é especialmente relevante, uam vez que contribui para a redução da dependência de combustíveis fósseis, fortalecendo a competitividade das commodities tanto no mercado nacional como internacional, ao mesmo tempo que o país avança na descarbonização das cadeias de produção animal. “Todos os envolvidos na cadeia compreendem a importância desse movimento e estão comprometidos com seu sucesso, visando um futuro mais sustentável para todos”, exalta Kunz.

A pesquisa da Embrapa representa um importante avanço no setor de energia renovável, oferecendo uma alternativa econômica e ambientalmente sustentável para a produção de biogás. Com a continuidade dos estudos e o apoio de instituições parceiras, espera-se que essa tecnologia contribua significativamente para a transição para um futuro energético mais limpo e eficiente.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo
IFC

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.