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Cooperativas saem otimistas do ENCA 2019
Evento realizado nos dias 4 e 5 de junho, em Campinas, recebeu quase 500 participantes

Os participantes do Encontro Nacional de Cooperativas Agropecuárias (ENCA) 2019, no Royal Palm Hall, em Campinas, levaram muito dever de casa. O evento reuniu quase 500 pessoas ligadas às principais cooperativas e lideranças cooperativistas do Brasil, além de empresas parceiras e palestrantes de destaques do setor. Ao todo, foram 12 palestras, 6 painéis e 2 mesas redondas, com temas contemporâneos que ajudaram os cooperados a entender o mercado e a direcionar o negócio a partir de temas que expõem o agronegócio no Brasil e no mundo.
O ENCA foi aberto pelo superintendente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Renato Nobile, que afirmou que os dirigentes e executivos das cooperativas são caixa de ressonância e precisam defender o melhor resultado da atividade dos cooperados. Nobile falou sobre o contexto da agropecuária brasileira, trouxe uma reflexão sobre o Congresso Brasileiro do Cooperativismo que ocorreu em maio, o cenário em Brasília nos ambientes legislativo e executivo, atualizando os cooperados de como estão no processo de relacionamento no ambiente federal.
Quem também abrilhantou o ENCA 2019 dando uma verdadeira aula sobre economia foi Ricardo Amorim, economista, apresentador e colunista da revista IstoÉ. “O principal ponto que tentei reforçar foi que o Brasil viveu nos últimos anos a crise mais dura, mais longa e aguda da história, mas isso ficou para trás. Desde que não ocorra uma nova crise, que aconteceria caso não seja aprovada a reforma da previdência, é provável que a economia cresça e gere melhores oportunidades. Independente, o agro irá melhor que o resto da economia brasileira”, explicou.
Seguindo a linha de raciocínio de positividade para o agro, o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, que também é embaixador especial da FAO para as cooperativas e grande defensor da agropecuária brasileira, o evento mostra a importância do papel das cooperativas. “O agro brasileiro representa 22% do PIB nacional. O agro tem o antes, o depois e o dentro da porteira. O depois da porteira é armazenagem, industrialização, embalagem, distribuição e exportação, que já representa mais de 60% do PIB do agronegócio, ou seja, a renda do agro está depois da porteira da fazenda. As cooperativas têm um papel crescente nesse pedaço para agregar valor. A participação brasileira nessa área é tímida. Isso implica na integração entre as cooperativas para fazer indústrias. A interoperação é essencial, bem como olhar mercados interno e externo é fundamental. Antes, é preciso pensar na tecnologia, que ocorre de forma rápida e não dá tempo de aprender e aplicar. Os pequenos, assim como os grandes, precisam ter acesso a essas tecnologias”, avaliou.
Propósito
Antes da palestra da diretora da MPrado Coopers, Luciana Martins, dançarinos invadiram o palco numa apresentação acrobática no tecido de encher os olhos. Mas, o movimento artístico suave, que exige treino, elasticidade e força serviu para que Luciana fizesse uma analogia tendo como ponto de partida o tema de sua palestra: “A Incrível Arte de Encontrar Propósito”. Num entendimento contemporâneo como a dança, Luciana explicou o que é propósito e porque é importante encontrá-lo. Durante sua apresentação, ela citou dados de uma pesquisa que fez com os cooperados, trazendo uma reflexão nos campos profissional e pessoal. “Cerca de 80% de vocês disseram que após sair da cooperativa, vão retomar às atividades agrícolas da família. O propósito é tão importante que Martin Luther King Jr disse que se um homem não descobriu nada pelo qual morreria, não está pronto para viver. Pelo que morreríamos? Quantas pessoas terão que nos ajudar a subir no tecido? O propósito não é o topo, mas a escalada, o que consegue produzir enquanto está subindo”, enfatizou.
Luciana deixou muitos pensativos. Um deles foi Vanderlei Cadore, diretor executivo da cooperativa Cotrimaio do Rio Grande do Sul. “Luciana mexeu bastante com meus sentimentos, conseguiu tocar meu coração em relação à necessidade de enxergar mais longe as dificuldades que temos no dia a dia enquanto diretores de cooperativas. Preciso repensar meu propósito, porque ela deu várias dicas de como administrar esses problemas, vencendo etapas, pensando na vida pessoal, nas obrigações que temos dentro das cooperativas e também pensar na saúde mental e física e na família. O evento foi nota 10”, afirmou.
Quem também ficou intrigada com a palestra foi Andreia Yuko Eguchi Ito, da cooperativa Coana de Petrolina. “Que palestra sensacional. Confesso que fiquei pensando muito em tudo que a Luciana disse. Eu sei qual o meu propósito, mas é preciso agir, não apenas saber. Já fazendo uma análise geral sobre o Enca 2019, criei coragem para expandir por conta dos números e perspectivas. É um evento agregador. Parabéns ao Grupo Conecta pela excelente escolha dos palestrantes”.
Mercado de trabalho
O administrador de empresas e escritor articulista da revista Época, apresentador do quadro semanal no programa Fantástico, da Rede Globo, Max Gehringer, também encantou a plateia com sua simpatia, bom humor e conhecimento. “Precisamos de pessoas que compartilhem com o fato de que a cada ano enfrentaremos um mundo diferente. Contrate pessoas que tenham vontade de ficar. Existem jovens que entram e logo saem sim. Mas também temos jovens com características indispensáveis como confiabilidade, lealdade, atenção às necessidades da empresa e tendo isso se preenche o resto. Contrate alguém que não tenha conhecimento técnico perfeito. É mais fácil ensinar a ser tecnicamente melhor do que a sorrir e ter empatia. O profissional do futuro é qualquer coisa que a pessoa escolher. Se estiver dentro do escopo do agro e se não souber, contrate uma consultoria para que não se leve pela emoção. O principal é descobrir se quer chegar para ir embora ou se quer ficar. Em troca, doe a ela confiança”, orientou.
Resultados positivos
No balanço geral, Luciana Martins enfatizou que o ENCA 2019 foi mais que especial. “Foi um momento de debatermos várias vertentes ligadas à gestão, mercado, economia, inovação, mercado externo, apresentarmos cases de sucesso e, a partir de todo esse vasto conteúdo, ajudar no direcionamento para o crescimento do agronegócio”.
Para Danilo Bomfim, diretor do Grupo Conecta, realizador do ENCA e de outros eventos, o cooperativismo é um modelo de gestão sem igual. “Primamos em reunir todos num só lugar, para que trocassem ideias e conhecimento, vivenciassem experiências, refletissem sobre o mercado em que estão inseridos, recebessem informações valiosas para aplicá-las em suas empresas, afinal toda cooperativa é uma empresa, cujo modelo tem se mostrado sustentável no contexto econômico em que o país vive”.

Notícias
Brasil explora inovação agrícola na Coreia do Sul
Delegação visita LG e CJ Bio para conhecer tecnologias de bioinsumos e soluções sustentáveis que podem transformar o futuro do agro brasileiro.

Em missão oficial à Coreia do Sul, a delegação brasileira liderada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Goulart, realizou, na segunda-feira (24), visitas técnicas a fábricas e centros de pesquisa das empresas LG e CJ Bio.
A agenda teve como objetivo aprofundar a cooperação entre os dois países nas áreas de inovação em agrotóxicos, bioinsumos e tecnologias voltadas à agricultura sustentável, com foco no desenvolvimento de produtos mais modernos, seguros e eficientes.
Para o secretário Goulart, as visitas reforçam o interesse mútuo do Brasil e da República da Coreia em ampliar a parceria técnica e comercial no setor agropecuário. “A agricultura brasileira é baseada em inovação. Somos a potência que somos por conta da inovação. Por isso, estreitar relações entre os países é essencial para manter a competitividade do agro”, afirmou.
Compõem a delegação pelo Mapa o coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins, José Victor Torres, e a coordenadora de Registro, Tatiane Nascimento. Pela Anvisa, participam a gerente-geral de Toxicologia, Cassia Fernandes, a gerente de Avaliação de Segurança Toxicológica, Marina Aguiar, o gerente de Produtos Equivalentes, Juliano Malty e a assessora da Terceira Diretoria, Letícia Filier.
Visita ao parque de inovações da LG
Na LG, a delegação conheceu a estrutura global do grupo, que atua em setores como eletrônicos, telecomunicações, química e soluções para agricultura. A empresa apresentou sua visão de gestão baseada em inovação, sustentabilidade e governança, além dos investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento.
A LG também destacou o papel da LG Chem e da FarmHannong, divisão agrícola líder na Coreia em proteção de cultivos, sementes e fertilizantes. A companhia reforçou o interesse em ampliar sua atuação no Brasil e dar continuidade às parcerias com o Mapa e a Anvisa.
CJ Bio apresenta avanços em biotecnologia e soluções sustentáveis
A delegação visitou ainda a CJ Bio, referência mundial em biotecnologia aplicada à agricultura, nutrição e biomateriais. A empresa apresentou seus laboratórios e plataformas de desenvolvimento de microrganismos, fermentação, purificação e produção de bioinsumos.
Foram demonstradas tecnologias voltadas à produção de inoculantes, pesticidas e bioestimulantes, com foco em soluções de baixo impacto ambiental, redução de emissões e recuperação de solos. A CJ Bio também reforçou o interesse em desenvolver produtos biológicos para soja, milho e outras culturas estratégicas para o Brasil.
Colunistas
Saiba por que fungos e nematoides seguem tirando bilhões do agro
Organismos invisíveis avançam silenciosamente sobre as raízes, derrubam a produtividade e já geram prejuízos acima de R$ 35 bilhões por ano, enquanto a biotecnologia ganha espaço no manejo.

No agronegócio brasileiro, algumas das maiores ameaças à produtividade estão escondidas sob os nossos pés. Fungos e nematoides do solo são organismos microscópicos que, muitas vezes, sem darem sinais aparentes, comprometem as raízes, reduzem a absorção de água e nutrientes e minam o vigor das plantas. Quando os sintomas se tornam visíveis, os prejuízos já estão instalados.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), doenças fúngicas radiculares, como as causadas por Rhizoctonia, Fusarium e Sclerotium, podem permanecer no solo por longos períodos graças às suas estruturas de resistência, dificultando o controle e impactando culturas como soja, milho, feijão e hortaliças.

Artigo escrito por Bruno Arroyo, engenheiro agrônomo, com pós-graduação em Agronegócio.
Entre os inimigos invisíveis do solo, os nematoides ocupam lugar de destaque. Esses vermes microscópicos parasitam as raízes, formando galhas ou causando lesões que reduzem a eficiência do sistema radicular. Os reflexos são diretos: menor absorção de nutrientes, estresse hídrico precoce e queda na produtividade.
Pesquisas da Embrapa apontam que áreas infestadas por Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões radiculares) podem ter perdas médias de 21% na soja, o equivalente a 12 sacas por hectare. Além das evidências experimentais, estimativas da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN) indicam que os prejuízos anuais no agro superam R$ 35 bilhões, sendo cerca de R$ 16,2 bilhões apenas na soja.
O desafio do manejo
O controle de nematoides e doenças fúngicas é particularmente complexo porque não existe uma solução única. A própria Embrapa recomenda o manejo integrado, combinando práticas, como rotação de culturas com espécies não hospedeiras, para reduzir a população de patógenos no solo; o uso de cultivares resistentes, quando disponíveis; adubação equilibrada e correção do solo, que fortalecem as defesas naturais da planta; e o controle biológico, por meio de microrganismos benéficos (bactérias e fungos), que competem com fungos patogênicos e estimulam o crescimento vegetal. Essas práticas, quando aplicadas em conjunto, aumentam a resiliência do sistema produtivo e reduzem a dependência exclusiva de defensivos químicos.
Biotecnologia como aliada

Foto: SAA SP
A biotecnologia vem se consolidando como parceira estratégica do produtor. O uso de bioinsumos, seja via aplicação direta ou tecnologia On Farm, permite ampliar populações de microrganismos benéficos e fortalecer a saúde do solo.
Já desde 2023, dados da Spark Inteligência Estratégica citados pela Embrapa, indicam que o uso de bionematicidas no Brasil ultrapassou o de nematicidas químicos em importantes culturas. Na soja, os produtos biológicos já representavam cerca de 94% do mercado de nematicidas, enquanto no milho esse índice chegava a 100%, consolidando a liderança dos biológicos no controle de nematoides.
Esse movimento continua se ampliando em outras cadeias produtivas. Levantamento da Kynetec mostra que, em 2024, mesmo com a retração de 18% no mercado de defensivos para cana-de-açúcar, os produtos de matriz biológica já respondiam por 7% do total financeiro do setor, com bionematicidas e bioinseticidas representando 75% desse segmento. Esses números confirmam que a biotecnologia deixou de ser apenas uma alternativa e passou a ocupar papel central nas estratégias de manejo do solo e de controle de nematoides no agronegócio brasileiro.
Quando adotamos práticas integradas e combinamos biotecnologia com as recomendações científicas, damos passos importantes para preservar a produtividade e a sustentabilidade do agro. Em um cenário de custos crescentes de insumos, pressão por sustentabilidade e exigência de maior eficiência, deixar de lado esses inimigos invisíveis também significa renunciar margens que fazem diferença no resultado da safra.
A boa notícia é que hoje temos conhecimento científico e tecnologias biológicas robustas para transformar esse desafio em oportunidade. O futuro do agronegócio passa pela capacidade de unir ciência, inovação e sustentabilidade. Não se trata apenas de controlar patógenos, mas de preservar o potencial produtivo de cada hectare, garantindo alimento de qualidade e competitividade para o Brasil no cenário global.
Notícias 02, 03 e 04 de dezembro
Dia de Campo da C.Vale estreia formato antecipado em dezembro
Mudança busca evitar conflito com a colheita de soja e reforça a participação dos produtores.

Para evitar a coincidência com o início da colheita de soja no Oeste do Paraná, a C.Vale decidiu antecipar seu principal evento técnico. A primeira edição do Dia de Campo no novo formato será realizada nos dias 02, 03 e 04 de dezembro, no Campo Experimental da cooperativa, em Palotina (PR).
A programação inclui lançamentos de máquinas e implementos com condições diferenciadas de compra, além da apresentação de novilhas leiteiras, gado de corte, caprinos e ovinos. O evento também mostrará resultados de trabalhos técnicos conduzidos no local. Entre as novidades estão concurso de receitas, maior interação com o público, ações ampliadas das empresas parceiras e mais áreas de sombra para quem aguarda o deslocamento nos ônibus internos.
A edição realizada em janeiro de 2025 reuniu 12 mil visitantes nas proximidades do complexo agroindustrial da C.Vale.
Antecipação estratégica
A decisão de mudar o calendário para dezembro ocorreu porque o plantio mais cedo das lavouras vinha aproximando o início da colheita da soja do período tradicional do evento, em meados de janeiro. A sobreposição afetava a participação dos produtores, levando a cooperativa a estabelecer, a partir de 2025, a realização do Dia de Campo sempre no último mês do ano.
Raio X – Dia de Campo 2025/26
147 empresas participantes
45 cultivares de soja
58 híbridos de milho
16 cultivares de mandioca
65 parcelas de agroquímicos
17 parcelas de produtos biológicos
63 parcelas de programas nutricionais
17 parcelas com tratamento de sementes
14 parcelas de tecnologia de aplicação
16 espécies forrageiras
9 parcelas de plantas de cobertura de solo
4 instituições de pesquisa
1 instituição de ensino
4 instituições financeiras



