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Coopeavi inaugura Condomínio Leiteiro no Espírito Santo
Esse modelo de negócio permite aumentar a escala de produção sem imobilização em terras ou outras estruturas diretamente pelo produtor, proporcionando um investimento sustentável ao cooperado.

No mês em que comemora 58 anos, a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi) inaugura, oficialmente, o primeiro Condomínio Leiteiro do Espírito Santo. A cerimônia de inauguração foi realizada na última sexta-feira (09), em Sooretama, no Norte do Estado, com a presença da diretoria, cooperados e convidados. Quarenta e sete cotistas participam do módulo de estreia desse projeto inovador, que visa diversificar a renda dos associados com produção de leite a pasto com foco na performance técnica e econômica.
O Condomínio Leiteiro Coopeavi é uma das principais entregas da cooperativa em 2022 e estava previsto no Planejamento Estratégico. Situado na localidade de Córrego do Chumbado, ocupa uma área de 54 hectares, com pastejo irrigado no sistema de pivô central na maior parte do terreno. A unidade conta ainda com moderna sala de ordenha e toda infraestrutura necessária para realizar as melhores práticas junto ao rebanho. São 330 vacas em lactação nesse primeiro módulo.
Segundo o gerente executivo de Produção da Coopeavi, Luis Carlos Brandt, o Condomínio Leiteiro foca nas melhores práticas de manejo para alcançar os máximos resultados técnicos e econômicos, fornecendo informações precisas e confiáveis aos cooperados cotistas, como já ocorre com o Condomínio Avícola.
Os 47 cotistas são originários de 14 diferentes municípios capixabas, sendo que muitos destes municípios não têm a cadeia de pecuária leiteira estruturada faltando, principalmente, a viabilidade para captação e processamento do leite produzido. “Esses fatores inviabilizavam, até então, o investimento desses produtores no segmento. No modelo da cooperativa, o leite é produzido onde a cadeia de suporte já existe, com a participação dos produtores de outras regiões do Espírito Santo, ampliando, assim, a produção geral do Estado de forma viável”, avalia o presidente da Coopeavi, Denilson Potratz.
Os produtores cotistas terão retornos equivalentes à participação. Os custos de operação (mão de obra, nutrição, sanidade animal, utilização da infraestrutura, entre outros) serão rateados entre os investidores de acordo com a respectiva participação de cada um.
Investimento sustentável
O modelo de negócio do Condomínio Leiteiro permite aumentar a escala de produção sem imobilização em terras ou outras estruturas diretamente pelo produtor, proporcionando um investimento sustentável ao cooperado. Além de diversificar a atividade econômica, por meio de uma estrutura profissionalizada para produção de leite, o Condomínio permite aumento da renda e conveniência, e dessa forma contribui com a melhoria da qualidade de vida da família cooperada.
Esse conforto do investimento é o motivo que levou o cooperado Walter Francisco Delai, produtor de café em Santa Maria de Jetibá e
Itarana, a participar do Condomínio Leiteiro. “Já faço parte do Condomínio Avícola, e o novo empreendimento da Coopeavi é muito importante porque dá oportunidade aos associados de diversificarem sua produção. É uma maneira de investir em área específica do agronegócio com recurso menor e sem preocupar com demanda de pessoal para trabalhar”, diz.
O cooperado Daniel Pagung, produtor de leite de Vila Pavão, compartilha da mesma ideia de Delai. “Agora, passo a ter um segundo curral, mas sem a dor de cabeça e a preocupação com a rotina que a atividade exige”, avalia. Pagung afirma que pretende adquirir novas cotas do Condomínio Leiteiro à medida em que a Coopeavi abrir editais de participação. “O projeto atendeu minhas expectativas com tecnologia e produção de alimento para as vacas por sistema de pivô central”.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores (as) de Santa Maria de Jetibá e cooperado, Egnaldo Andreatta, o modelo de negócio é a realização de um sonho familiar. “Investi na cota porque confio na cooperativa, pois sei que tudo o que ela faz é para o melhor do cooperado. A Coopeavi nos proporcionou sermos produtores de leite, mesmo não tendo a propriedade adequada e o investimento seria muito maior. É a realização de um sonho”, diz.
O médico e fruticultor cooperado Eudayr Alves Moreira Júnior, de Santa Teresa, já participa do Condomínio Avícola e entrou no projeto do Condomínio Leiteiro com a intenção de diversificar renda. “Sou muito satisfeito com o Condomínio Avícola e o novo projeto é bastante promissor. Sou fã da Coopeavi, entusiasta das suas iniciativas, e observo uma gestão muito técnica e cuidadosa. Sem contar que a produção de leite já tem destino certo, que são os laticínios da própria cooperativa”, destaca.
Modernização e sustentabilidade da pecuária
A Coopeavi ampliou sua participação na cadeia da pecuária leiteira a partir de 2019. Nos últimos anos, a cooperativa detectou a necessidade de modernização do setor através da inserção de novas soluções que envolvam tecnologia, melhoria genética e qualidade do leite e, consequentemente, aumento da produtividade e rentabilidade para os cooperados produtores de leite.
O Condomínio Leiteiro é um projeto muito similar ao Condomínio Avícola, do ponto de vista do modelo de negócio, ao proporcionar ganhos de produtividade e eficiência através do aumento de escala. Ele propõe o aumento da produtividade a pasto, com eficiência em uma área intensificada, que conta com um pivô central que é operado por meio de moderno software para melhor gestão técnica do recurso hídrico, de forma constante, além de toda a estrutura para contribuir com o bem-estar do rebanho, que se alimenta livremente no pasto, sendo a dieta complementada com uso de ração concentrada e suplementos minerais fabricados pela Cooperativa.
Além disso, o diferencial do projeto da Coopeavi é a gestão de negócios fundamentada no tripé da sustentabilidade: social, ambiental e econômico, destaca o gerente de Bovinocultura e Assistência Técnica da cooperativa, Filipe Ton Fialho.
“Essa é a base do Condomínio Leiteiro. Socialmente falando, ocorre um êxodo muito grande na pecuária leiteira nacional. Pessoas indo para outras atividades que exigem mão de obra menos rotineira, por exemplo. Em termos econômicos, o Condomínio é uma forma de o produtor ter renda com leite sem necessariamente estar à frente da produção, ou então, ampliar sua produção atual através da participação no Condomínio. Por fim, o terceiro aspecto, o ambiental, tem grande impacto na agropecuária. O nosso modelo realiza a gestão eficiente do uso da água e dos resíduos da atividade através das melhores práticas. Até porque o consumidor a cada dia busca mais a transparência do uso dos recursos naturais”, analisa Fialho.
O projeto tem ainda outra vantagem para os cooperados cotistas. Além do leite produzido e da remuneração mensal proporcional às cotas, os animais que nascerem ou forem desligados do sistema, eventualmente vendidos para outros produtores, vão gerar receita para os participantes do modelo de negócio da Coopeavi.
Tecnologia acessível e animais com aptidão genética
Os bovinos selecionados para o Condomínio Leiteiro têm aptidão genética para garantir maior produtividade e serão monitorados por tecnologias que, muitas vezes, produtores de leite de menor escala não conseguem viabilizar. O rebanho é Girolando é monitorado digitalmente.
A tecnologia permite diversas aplicações focadas na saúde e bem-estar do rebanho. Graças a um chip instalado na orelha dos bovinos, é possível monitorá-los desde a entrada no ambiente de ordenha, identificando e separando automaticamente aqueles indivíduos que serão ordenhados ou, então, necessitam de algum cuidado especial, como um tratamento específico.
Além disso, são gerados dados individualizados por animal, como por exemplo, quantidade de leite produzida por dia, entre outros. “São controles que dificilmente um produtor teria numa pequena propriedade com tamanha precisão e automação”, salienta Filipe Ton Fialho.
A instalação de novos módulos do Condomínio Leiteiro será feita conforme a demanda dos cooperados.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



