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Controle eficiente de plantas daninhas pode ajudar no manejo da lagarta-do-cartucho

Em ensaios com milho, pesquisadores descobriram que plantas daninhas podem manter lagarta-do-cartucho no campo durante a entressafra

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Marina Pessoa

Plantas invasoras prejudicam não somente pela competição por recursos naturais com a lavoura, elas também podem ser meio para manter pragas e doenças no campo. Pesquisadores verificaram que a persistência e a alta dispersão de plantas daninhas com resistência a herbicidas na área de cultivo são capazes de favorecer a sobrevivência de pragas e doenças que ameaçam diversas culturas no Brasil. Isso foi demonstrado para a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) em lavouras de milho durante uma pesquisa da Embrapa Milho e Sorgo (MG).

Publicada no periódico Florida Entomologist Bio One, sob o título “Survival and Development off farm armyworm (Lepidoptera: Noctuidae) in weeds during the off-season” – “Sobrevivência e desenvolvimento da lagarta-do-cartucho (Lepidoptera: Noctuidae) em ervas daninhas durante a entressafra” – o trabalho procurou investigar, em condições de laboratório e casa de vegetação, a capacidade adaptativa do inseto ao milho. Foram analisadas seis plantas daninhas com histórico de resistência ao glifosato, como buva, capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e caruru, todas elas comumente encontradas em agroecossistemas brasileiros. Justamente pela dificuldade de controle, elas podem permanecer por maior tempo no campo. Por isso, os cientistas quiseram saber se essas plantas seriam também hospedeiras da lagarta-do-cartucho.

 A pesquisa demonstrou que a sobrevivência e a biomassa de S. frugiperda foram significativamente maiores em capim-pé-de-galinha, milho e sorgo selvagem, tanto em laboratório como em casa de vegetação. Por outro lado, a boa notícia é que buva, trapoeraba, capim-amargoso e caruru foram as plantas menos adequadas para o desenvolvimento de S. frugiperda. Ou seja, não são plantas hospedeiras adequadas para a praga no campo.

Além da capacidade adaptativa dessa lagarta, os resultados sugerem que sua persistência no campo pode estar diretamente relacionada à ineficiência no controle de plantas daninhas durante a entressafra, reforçando a importância do manejo integrado de pragas e ervas daninhas durante esse período.

“O manejo de plantas daninhas durante a entressafra é prática negligenciada por muitos produtores. Devido à ausência de culturas de interesse agrícola durante alguns meses do ano, áreas de lavouras são deixadas em pousio, sendo dessecadas próximo à data de plantio da nova safra”, explica o pesquisador da Embrapa Alexandre Ferreira da Silva, também da Embrapa Milho e Sorgo.

O cientista alerta que, durante esse período, plantas daninhas podem se desenvolver, completar seu ciclo de vida e aumentar o seu banco de sementes. “Esse fato pode ocasionar prejuízos econômicos aos produtores, pois implica maiores gastos com herbicidas e perda de eficácia desses produtos na dessecação, além de aumentar a incidência de plantas daninhas durante o desenvolvimento da cultura, devido ao aumento do banco de sementes”, frisa o pesquisador.

A lagarta-do-cartucho

A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é uma das principais pragas polífagas que tira proveito do sistema de plantio direto e de outros sistemas de cultivo com a presença de plantas hospedeiras o ano todo no campo. Esse inseto é praga não apenas em lavouras de milho, mas também de sorgo, algodão, arroz, soja e outras lavouras de importância econômica.

A pesquisadora Simone Martins Mendes, da Embrapa Milho e Sorgo, explica que nessas culturas ela pode atacar as plantas na fase de germinação, retirando o estande da lavouras; no estádio vegetativo, quando provoca grande desfolha nas lavouras de milho, sorgo e arroz; e nas estruturas reprodutivas, como no caso das espigas do milho e do algodão, causando prejuízos ao agricultor.

Além disso, existem registros em literatura da ocorrência dessa praga se alimentando em mais de 300 espécies de plantas no campo. Assim, esse inseto tem grande facilidade de se estabelecer na área de cultivo”, diz a cientista.

“Nesse contexto, entender como a praga se comporta – se alimentando de plantas daninhas que apresentam resistência à herbicidas – pode ajudar o produtor a manejar melhor a praga, estando atento também ao controle dessas plantas para facilitar seu manejo no campo.” Outro detalhe ressaltado pela pesquisadora é que essa praga tem histórico de seleção de resistência às principais tecnologias disponíveis para seu controle. Estão registradas a seleção de resistência para algumas tecnologias Bt, expressas em milho, e também a algumas moléculas de inseticidas, daí a grande dificuldade de manejo da lagarta-do-cartucho.

Resistência ao glifosato

Segundo Silva, esse cenário se torna ainda mais complicado ao tratarmos de espécies que possuem biótipos resistentes a glifosato, tendo em vista que essa é a principal molécula herbicida utilizada na agricultura.

“Biótipos com resistência a glifosato se encontram amplamente dispersos pelas principais regiões produtoras de grãos do País. Atualmente, no Brasil há 11 espécies que possuem biótipos resistentes à molécula: buva (Conyza canadensisC. bonariensisC. sumatrensis), azevém (Lollium perenne ssp. multiflorum), caruru (Amaranthus palmeri, A. hybridusA retroflexus), capim-amargoso (Digitaria insularis), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), capim-branco (Chloris elata) e leiteiro (Euphorbia heterophylla)”, enumera o pesquisador.

“Para o adequado manejo de plantas daninhas na entressafra, o pesquisador recomenda medidas integradas de controle para evitar crescimento e produção de sementes durante o período. “Entre as medidas estão: a possibilidade de uso de herbicidas residuais após a colheita, uso de plantas de cobertura e práticas de controle mecânico”, orienta Silva.

“Nesse cenário em que as plantas daninhas estão se tornando mais comuns durante a entressafra, favorecendo a sobrevivência das pragas, nós realizamos um estudo no qual avaliamos os aspectos biológicos de S. frugiperda em plantas daninhas específicas comuns nos agroecossistemas brasileiros  e inferimos como a presença dessas plantas pode influenciar a sobrevivência dessa praga nos sistemas agrícolas”, complementa a pesquisadora Simone Mendes.

Plantas daninhas como ponte-verde

“A chamada ponte-verde ocorre quando o inseto-praga encontra no campo plantas que são hospedeiras, ou seja, nas quais as pragas podem se alimentar e até se reproduzir. Por causa disso, a manutenção de plantas hospedeiras no campo pode ser uma fonte para que os insetos-praga mantenham a sua população no campo”, informa a pesquisadora Simone Mendes.

“Os achados desse trabalho mostram que por causa do manejo inadequado, as plantas daninhas resistentes ao glifosato tendem a permanecer verdes por mais tempo na área de cultivo, tornando-se potenciais hospedeiras de pragas polífagas. Portanto, conhecer a aptidão e a biologia da lagarta-do-cartucho nessas plantas infestantes nos ajuda a adequar o manejo da planta daninha e do inseto-praga”, comenta a pesquisadora

De acordo com ela, conhecendo previamente quais plantas daninhas estão presentes na área é possível ajustar o monitoramento realizado antes do plantio da lavoura principal.  “Se essas espécies estiverem na área, a praga pode permanecer se alimentando e causar problemas na lavoura recém-implantada, reduzindo o estande e causando injurias que reduzem o potencial produtivo.”

Como as plantas daninhas se comportam e como fazer o manejo

O pesquisador Alexandre Silva comenta que estudos realizados por membros da equipe de herbologia da Embrapa estimam que o custo da resistência de plantas daninhas a herbicidas no sistema de produção da soja seja de, aproximadamente, R$ 5 bilhões ao ano. Acrescentando as possíveis perdas de rendimento da cultura em função da matocompetição, esse valor total pode atingir R$ 9 bilhões anualmente.

“Diante desse contexto, é importante que os produtores realizem o adequado enfretamento do problema, adotando as estratégias de manejo e seguindo as diretrizes do Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD), que consiste na integração dos diferentes métodos de controle, levando em consideração a realidade local”, diz o pesquisador.

Segundo ele, entre os principais métodos de controle destacam-se o manejo preventivo, que são os cuidados na aquisição de sementes, limpeza de máquinas e implementos agrícolas advindos de áreas com histórico de infestação, manutenção de beiradas de estradas, carreadores e manter os terraços livres de plantas daninhas; e o manejo cultural, que implica reduzir o período de pousio, fazer a produção de palha para cobertura do solo, escolher cultivares adaptadas à região, usar o espaçamento e a população de plantas recomendadas e fazer rotação de cultura.

Além desses métodos, o pesquisador também inclui o manejo mecânico, quando são feitas capinas de repasse e roçadas para evitar a propagação das plantas na área; e o controle químico, que consiste na utilização de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, em diferentes sistemas de controle, como por exemplo o uso de herbicidas pré e pós-emergentes na mesma área.

“Para evitar que as plantas daninhas possam servir como ponte-verde e não aumentem o seu banco de sementes na área é necessário realizar o adequado monitoramento da praga e promover o controle das infestantes durante o período de entressafra. É importante que a dessecação seja realizada de maneira antecipada, preferencialmente de 15 a 20 dias antes do semeio da cultura, e que seja realizado o monitoramento próximo à data de semeio para verificar se há necessidade de aplicação de inseticida para controle da praga-alvo” , orienta Silva.

Além disso, ele aponta que entre as espécies que apresentam biótipos resistentes a glifosato, o capim pé-de-galinha e o caruru foram as plantas daninhas mais adequadas como hospedeiras para a praga.

“Dessa forma, é importante que o produtor tenha atenção especial para saber se essas plantas estão presentes na sua propriedade. O adequado manejo da comunidade infestante, integrando os diferentes métodos de controle e realizando a adequada rotação de herbicidas com mecanismos efetivos no controle das plantas daninhas-alvo, auxilia o produtor no manejo de biótipos resistentes. Esse biótipo, por sua vez, ajuda a reduzir o alimento e a ponte-verde para a praga, permitindo seu melhor manejo na lavoura”, relata Ferreira.

Os estudos foram realizados pelos pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (MG) Alexandre Ferreira da Silva, Decio Karam e Simone Martins Mendes; pela doutoranda Tâmara Moraes, do departamento de Entomologia da Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz (Esalq/USP); e pela bolsista de pós-doutorado Natália Alves Leite, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS).

Fonte: Embrapa Milho e Sorgo

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É preciso repensar a exportação de gado vivo

A exportação com valor agregado não é apenas uma escolha ética, mas uma estratégia inteligente para garantir que o país prospere de maneira sustentável no cenário internacional

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Foto: Arquivo OPR

O episódio recente na Cidade do Cabo trouxe à tona o velho debate sobre a exportação de gado vivo pelo Brasil. Enquanto a cidade sul-africana se via envolta em um odor desagradável proveniente do navio cargueiro, carregado com 19 mil cabeças de gado procedentes do Brasil, o incidente reacendeu as controvérsias em torno dessa prática.

Este não é apenas um problema local, mas um reflexo de questões mais amplas que precisam ser abordadas. O transporte de animais vivos por longas distâncias sempre esteve no centro de debates sobre ética, bem-estar animal e sustentabilidade. No entanto, o momento atual exige uma revisão mais profunda do modelo de exportação brasileiro.

A discussão vai além das fronteiras da Cidade do Cabo e alcança os campos e fazendas do Brasil. Enquanto o país mantém seu papel como um dos principais exportadores globais de gado vivo, com clientes por todo o Oriente Médio, é crucial avaliar os impactos sociais, econômicos e ambientais dessa prática.

O bem-estar dos animais é uma preocupação evidente. O transporte em massa, muitas vezes em condições adversas, levanta questões éticas sobre a humanidade com que tratamos os seres vivos que são parte integrante de nossa indústria agropecuária. A reputação do Brasil como um país comprometido com práticas sustentáveis e éticas está em jogo, à medida que as imagens de navios cheios de animais estressados se espalham pelo mundo.

Além disso, há a questão da imagem internacional. A exportação de carne processada em vez de gado vivo pode ser uma alternativa mais vantajosa em termos de reputação global. O Brasil precisa posicionar-se como um líder não apenas em termos de quantidade, mas também em qualidade, responsabilidade ambiental e respeito aos direitos dos animais.

Investir em práticas que agreguem valor à cadeia de produção pode ser mais benéfico a longo prazo para a economia brasileira do que simplesmente exportar grandes volumes de animais vivos. Isso proporciona uma resiliência econômica diante das flutuações do mercado e destaca o país como um produtor comprometido com a sustentabilidade e o bem-estar.

O episódio na Cidade do Cabo deve servir como um chamado à ação. O Brasil tem a oportunidade de liderar não apenas em produção, mas em responsabilidade e inovação no agronegócio. A exportação com valor agregado não é apenas uma escolha ética, mas uma estratégia inteligente para garantir que o país prospere de maneira sustentável no cenário internacional.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na bovinocultura acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por: Editor-Chefe Do Jornal O Presente Rural, Jornalista Giuliano De Luca
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Eficiência nutricional é sustentabilidade e lucro

A jornada rumo à eficiência alimentar é de comprometimento, aprendizado contínuo e inovação constante

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Foto: Arquivo OPR

A pecuária, essencial para suprir a crescente demanda alimentar, enfrenta o desafio constante de otimizar seus processos para garantir eficiência econômica e sustentabilidade ambiental. Nesse contexto, a eficiência alimentar surge como um pilar fundamental, demandando precisão e inovação para enfrentar os desafios do presente e construir um futuro mais sustentável.

O aprimoramento da eficiência alimentar não é apenas uma busca por redução de custos, mas uma necessidade intrínseca para garantir a utilização máxima dos recursos disponíveis. Este desafio se torna mais crucial diante da demanda global por proteínas animais, onde cada grama de alimento consumido pelos animais precisa ser convertida da maneira mais eficiente possível em produtos para consumo humano.

No âmbito da pecuária leiteira, onde a pressão sobre os recursos naturais é significativa, a eficiência alimentar não é apenas uma estratégia econômica, é uma resposta ao apelo pela produção sustentável. Estratégias que envolvem o manejo nutricional, a busca por dietas balanceadas e a incorporação de tecnologias tornam-se essenciais para atingir esse equilíbrio entre produtividade e responsabilidade ambiental.

Os desafios são muitos, desde a coleta precisa de dados até a compreensão profunda da estrutura da fazenda. A implementação bem-sucedida da eficiência alimentar requer não apenas conhecimento técnico, mas também uma visão holística da propriedade, alinhada com metas claras e sustentáveis.

Os produtores, verdadeiros pilares da pecuária, enfrentam diariamente desafios complexos. A qualidade do volumoso, a gestão de custos e a questão da mão de obra são aspectos cruciais que precisam ser equacionados para que a eficiência alimentar se torne uma realidade concreta.

A precisão na implementação dessas práticas não é apenas uma estratégia, é uma necessidade para garantir o bem-estar dos animais, a saúde do negócio e a preservação dos recursos naturais. A eficiência alimentar não é um conceito abstrato, é a resposta tangível para a pecuária moderna que busca maximizar resultados sem comprometer o equilíbrio ambiental.

Diante desses desafios, é imperativo que todos os envolvidos na pecuária estejam engajados na busca constante por práticas mais eficientes. A jornada rumo à eficiência alimentar é de comprometimento, aprendizado contínuo e inovação constante. Ao enfrentarmos esses desafios com resiliência e determinação, estamos não apenas construindo um setor mais eficiente, mas também um futuro mais sustentável para a produção pecuária.

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Fonte: Por: Editor-Chefe Do Jornal O Presente Rural, Jornalista Giuliano De Luca
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Coasul: A ascensão silenciosa de uma gigante cooperativa

Trajetória meteórica da cooperativa destaca não apenas seu impressionante crescimento financeiro, mas também sua capacidade de inovação e adaptação em um mercado altamente competitivo

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Foto: Divulgação

Longe dos holofotes que tradicionalmente iluminam as grandes cooperativas brasileiras, uma nova gigante vem silenciosamente tomando forma. A Coasul, com sede na cidade de São João, no Sudoeste do Estado, tem experimentado um crescimento que desafia até mesmo gigantes consolidadas como Lar, Coamo, Aurora e Frimesa.

Em 1996, quando a cooperativa experimentou sua primeira aceleração, a Coasul contava apenas com seis unidades de negócios. Hoje, esse número multiplicou-se para 96. Os anos entre 2010 e os dias atuais marcaram um segundo boom, período em que seu faturamento disparou 15 vezes, saltando de R$ 360 milhões para R$ 5,64 bilhões.

A trajetória meteórica da Coasul destaca não apenas seu impressionante crescimento financeiro, mas também sua capacidade de inovação e adaptação em um mercado altamente competitivo. Atuando fortemente em 32 municípios, onde é líder em negócios agropecuários, como soja, milho, trigo, feijão, rações para bovinos e produção de frangos, a Coasul emerge como uma força a ser reconhecida não apenas no cenário regional, mas também no panorama nacional do cooperativismo agropecuário.

O jornal O Presente Rural entrevistou com exclusividade o vice-presidente da Coasul, Paulo Roberto Fachin, que compartilha detalhes sobre as estratégias adotadas pela cooperativa para consolidar sua presença entre as gigantes do cooperativismo brasileiro.

“A Coasul surgiu em 1969 para resolver o problema de comercialização do excedente de trigo produzido na região. A cooperativa permaneceu pequena até 1996, com apenas seis unidades de negócios. A Coasul era pequena, mas estava capitalizada, diferente de outras cooperativas da região, que no final dos anos 90 começaram a deixar de existir. Foi a partir de 1996 que começamos a adquirir mais unidades de negócios e a Coasul começou sua expansão”, conta o vice-presidente Fachin.

Nos anos seguintes, a cooperativa ganhou terreno e cooperados. O volume de negócio aumentava e a Coasul já se destacava em industrialização de rações, mas ainda faltava alguma coisa. Em 2010 foi inaugurada então a unidade para beneficiar frangos de corte, aproveitando o know-how e a estrutura de avicultores que anos antes haviam ficado desamparados com a falência de antigas integradoras.

A partir de 2010, revela o presidente, a Coasul entrou em sua segunda e mais acelerada fase de crescimento. “Desde o início a Coasul já enxergava que a industrialização era o caminho, tanto que fomos uma das fundadoras da Sudcoop, que hoje é a Frimesa. Éramos muito pequenos na época, então a Sudcoop acabou ficando apenas com as cooperativas do Oeste. Por não termos continuado na Sudcoop, em 2010 a Coasul inaugurou sua indústria de frango. Isso foi um dos motivos que aceleraram nosso crescimento”, explica Fachin.

Hoje a Coasul abate 165 mil frangos por dia, cinco dias por semana, e comercializa sob a marca LeVida. Mas não penas o frango foi responsável por tirar a Coasul de um faturamento de R$ 360 milhões para R$ 5,64 bilhões em 2023. A produção de grãos e a indústria de rações para bovinos também se agigantava. Atualmente a Coasul produz 27 mil toneladas de ração por mês, consolidada entre as maiores indústrias do segmento no Brasil, e tem sob seu guarda-chuva o cultivo de aproximadamente 350 mil hectares de grãos.

“A partir de 2010 entramos em uma ascendente também em grãos e rações e nosso faturamento cresceu 15 vezes nesse período. Foi um ritmo de crescimento mais rápido do que muitas grandes cooperativas. Crescemos em área de ação, mas especialmente em participação de mercado. Temos como métrica ser líder onde estamos presentes para depois pensar em expandir para outros municípios, temos que ter o maior market share onde atuamos, isso reduz nossos custos operacionais. Quanto mais produtores a Coasul atende, mais dilui seus custos. Com essa receita fomos agregando cooperados. Hoje temos 200 mil hectares de soja, 60 mil hectares de trigo, 35 mil de feijão safrinha, que é produzido após a soja, e 50 mil hectares de milho nas duas safras, entre grãos e silagem.

O COOPERADO CRESCE PARA A COOPERATIVA CRESCER

Ter mais de 16 mil cooperados produtores de grãos exigiu da Coasul a formação de um vigoroso time de assistentes técnicos para o homem do campo. O vice-presidente explica que fortalecer a profissionalização é também uma das chaves para o crescimento. Isso porque a proposta da Coasul, explica Fachin, é não apenas fortalecer a cooperativa, mas fomentar o crescimento do próprio cooperado “ao menos no ritmo de crescimento da cooperativa”.

“Nossos produtores recebem assistência técnica especializada, Do total de cooperados, 12,5 mil são pequenos produtores, que têm assistência técnica constante. A Coasul tem um departamento técnico robusto, unidades de negócios próximas do cooperado, temos investido em treinamento e em pesquisas em nosso campo experimental onde desenvolvemos as melhores práticas agrícolas. Temos investido na conservação de solo, que é o maior patrimônio do cooperado. Tudo para ele crescer. A Coasul cresce sem perder a essência da valorização do pequeno e fazer ele produzir cada vez mais. Nossa preocupação é expandir o cooperado, não a cooperativa. Ele tem que crescer ao menos no ritmo do crescimento da cooperativa”, aponta.

FIDELIZAÇÃO

Outra fonte para a trajetória meteórica de crescimento da Coasul é a estratégia de fidelização que a cooperativa adota, premiando aqueles que fazem mais negócios. A novidade é que o produtor acompanha por um aplicativo em tempo real quanto vai receber de volta no fim do ano.

“Queremos que o produtor tenha retorno financeiro com suas atividades. A gente começa o ano garantindo sobras mínimas. Por exemplo, garantimos R$ 2 para cada saca de soja comercializada. Se o produtor vender mil sacas, já entra no app e sabe que tem garantido R$ 2 mil no fim do ano. Se o produtor estiver dentro do nosso no programa +coop, garante mais R$ 1,20 para cada saca. Se for do Pronaf, garante mais R$ 1,50. Ou seja: ele pode ter até R$ 4,70 de volta por cada saca vendida. Cada cultura tem sua regra, cada atividade agro tem sua regra definida para garantir esse retorno ao produtor”, exemplifica.

Outro ponto importante para a cooperativa, explica Fachin, é a remuneração do capital social, que precisa, segundo ele, ser bastante clara para garantir fidelização dos produtores.

“Esse ano a Coasul garante que ganho do capital social vai ser de 10%. Isso gera um grau de pertencimento ao produtor, tem que participar do resultado de forma clara e transparente”, frisa. Para 2024 a Coasul espera entregar R$ 80 milhões em sobras.

Quanto mais trabalha com a Coasul, mais ganha. “O produtor que realiza todas as operações na Coasul recebe de volta, facilmente, R$ 1,2 mil por alqueire. É uma estratégia de sucesso para aumentar a fidelização. Quanto mais transparência nas sobras e participação no resultado financeiro, maior é nossa fidelização. Quanto mais distribuímos, mais crescemos”, aponta o vice-presidente da Coasul.

DO TIME DAS GIGANTES

Ao seguir uma trajetória que transcende os padrões convencionais do cooperativismo, a Coasul destaca-se como uma história inspiradora de resiliência, inovação e comprometimento. Enquanto as grandes cooperativas tradicionais continuam a dominar os holofotes, a Coasul emerge como uma força silenciosa, mas inegavelmente poderosa, consolidando seu lugar no seleto grupo das gigantes do cooperativismo brasileiro.

NÚMEROS DA COASUL

16.397 associados

3.650 funcionários

Recebimento de 22 milhões de sacas de grãos

Faturamento de R$ 5,64 bilhões

UNIDADES DE NEGÓCIOS

39 Unidades de Recebimento de Grãos

40 Lojas de Insumos/Entrepostos

Abatedouro de Aves

2 Fábricas de Rações

Unidade de Beneficiamento de Sementes

3 Supermercados

8 Postos de Combustíveis

TRR de Combustíveis

Transportadora de Cargas

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Fonte: O Presente Rural
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