Avicultura Produção Animal
Controle de temperatura e ventilação mínima: pontos-chave no manejo inicial de frangos de corte
Independente da estrutura e ferramentas disponíveis, precisamos entender a dinâmica de funcionamento do galpão para bom desenvolvimento inicial das aves

Artigo escrito por Thalys Eduardo Noro Vargas de Lima, médico veterinário e assistente Técnico de Aves da De Heus, e Joel Schwertz, médico veterinário e supervisor Técnico Comercial de Aves da De Heus
Dois pontos importantes durante a fase inicial de criação são o controle da temperatura e a renovação do ar. Ambos os fatores são essenciais durante o manejo das primeiras semanas e têm relação direta com o ciclo de atividade das aves. Para que possamos visualizar os ciclos de atividade, precisamos fornecer um microclima confortável para as aves, o que resultará na otimização do consumo de ração e água a fim de garantir um desenvolvimento inicial adequado.
Na fase inicial, as aves de corte são incapazes de produzir e/ou manter sua temperatura corporal, além de serem muito sensíveis às variações térmicas. Nesse período, o empenamento não está completamente formado, o que dificulta a retenção do calor. O tempo de pré-aquecimento da cama depende de diversos aspectos, como temperatura da cama, vedação e isolamento da granja, tipo de aquecedor, combustível utilizado, temperatura externa, cama nova ou reutilizada, entre outros.
O material utilizado na cama precisa estar seco e livre de contaminações. Temos sempre que lembrar que em razão da menor densidade da cama nova, existe um grande volume de oxigênio entre as partículas, necessitando que o período de pré-aquecimento seja maior – normalmente entre 24 e 48 horas.
Para camas reutilizadas, o manejo entre lotes é fundamental para a redução de atividade de água. Quanto melhor forem realizados os procedimentos de intervalo, menor serão os níveis de gases nocivos, tempo de aquecimento da cama e a necessidade de renovação do ar, o que facilitará o aquecimento das aves – normalmente entre 12 e 24 horas.
Em caso de utilização de fornalhas de aquecimento a ar, a cama será a última parte a ser aquecida, pois é preciso aquecer primeiramente todo o ar interno da área a ser alojada. Por isso, o pré-aquecimento através de fornalhas requer maior tempo quando comparado com campânulas a gás.
Uma ferramenta útil e de fácil aplicação a campo para avaliar se as condições de pré-aquecimento da cama e do ambiente estão adequadas é a aferição da temperatura retal das aves. A temperatura corporal ideal é de 40,5 – 41°C. Temperaturas retais abaixo dos valores citados indicam que o manejo de aquecimento não esteja adequado às necessidades das aves.
Densidade
Outro aspecto importante é a densidade das aves no alojamento. Existem algumas recomendações para o verão e outras para o inverno, variando entre 45 e 55 aves/m². Entretanto, isso não pode ser usado como regra geral, pois cada galpão possui estrutura e equipamentos diferentes, e de nada adianta nos preocuparmos apenas com a quantidade de aves/m², relação aves/comedor e aves/nipple, se não conseguirmos proporcionar um ambiente confortável às aves. Além disso, aumentar o estímulo e avaliar a luminosidade podem ser estratégias fundamentais para otimizar o desempenho inicial.
Relação entre a ventilação mínima e o controle da temperatura
Apesar de serem avaliados de maneiras diferentes, o manejo da ventilação mínima e o controle de temperatura sempre devem ser trabalhados em conjunto, pois ambos podem influenciar um ao outro de maneira positiva ou negativa.
Primeiramente, precisamos de equipamentos que sejam capazes de fazer uma leitura que expresse a realidade interna do galpão, para isso, se faz necessário uma quantidade e localização adequada das sondas de temperatura e umidade, principalmente.
O grande desafio na fase inicial não está na quantidade de oxigênio demandado pelas aves, mas sim na necessidade de renovação do ar interno em decorrência da elevação da umidade do ar e dos gases nocivos, o que poderá acarretar a diminuição da temperatura interna. Diante disso, entender a dinâmica da renovação do ar é de extrema importância para oferecer um microclima confortável para as aves.
A ventilação mínima pode ser feita via entradas de ar frontais (Figura 1) ou via inlet (Figura 2) nos galpões pressão negativa e/ou através da abertura das cortinas laterais no caso de galpões pressão positiva (Figura 3). Independente do sistema, um dos princípios da ventilação mínima é que o ar externo entre na granja pela parte superior do galpão.

Fonte: Divulgação Cobb

Fonte: Divulgação Cobb

Fonte: Divulgação Cobb
Desta maneira, além de ter a mistura e posterior “aquecimento” do ar externo, teremos a diminuição da sua umidade (para cada 1°C de ar aquecido, diminui até 5% de umidade), facilitando, assim, o aquecimento das aves, a melhoria da qualidade do ar e da cama, além de economias quanto à queima de combustíveis para aquecimento.
Atualmente muito tem se discutido sobre a utilização de circuladores de ar, que propiciam uma maior uniformidade da temperatura interna do galpão. O circulador de ar possui a função de melhor reaproveitar o ar quente presente na parte superior do galpão, e pode ser utilizado tanto no sistema convencional como no climatizado – sua instalação depende da dinâmica de cada galpão. (Figura 4).

Fonte: Divulgação Cobb
Considerações finais relação entre a ventilação mínima e o controle da temperatura
Independente da estrutura e ferramentas disponíveis, precisamos entender a dinâmica de funcionamento do galpão, bem como os conceitos básicos e a relação entre o controle da temperatura e ventilação mínima, tópicos essenciais para o bom desenvolvimento inicial das aves.
Referencia bibliográfica: COBB. Manual de manejo de frango de corte. São Paulo: Cobb-Vantress Brasil, 2018. 105p.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de julho/agosto de 2021 ou online.

Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

Foto: Shutterstock
Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik
Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.




